sábado, 24 de janeiro de 2009

A Fúria da Besta


Nuno Serras Pereira

24 de Janeiro de 2009


A Besta sedenta de sangue expeliu o seu primeiro bafo pestilento autorizando o financiamento do homicídio/aborto, com o dinheiro dos contribuintes norte americanos, às organizações e agências que o promovem no estrangeiro. Na sua fúria, ainda inicial, a Besta-fera empenha-se em liquidar os pobres em vez de combater a pobreza. Muita centena de milhares senão mesmo milhões de crianças nascituras irão ser esfaqueadas, envenenadas, esmigalhadas e de muitos outros modos trucidadas por esta decisão do fantoche da Besta tenebrosa. Durante a campanha e depois na tomada de posse era já patente o domínio da Besta enganadora sobre o seu candidato quer pelo poder de sedução que lhe conferia quer pela aparência de messias universal que lhe prodigalizava quer pela escandalosa manipulação da fé cristã e da Palavra de Deus a que recorreu.

Se a Besta peçonhenta mantiver o império sobre o seu escravo ou cúmplice levando-o a cumprir o que prometeu durante a campanha para a presidência as coisas ainda irão piorar muito mais. Bem fazem os crentes e pró vida daquele país em levantar instantes preces, em praticar rigorosos jejuns e em oferecer sacrifícios contínuos para resgatar Barak Obama da tirania da Besta asquerosa. O mesmo deveríamos fazer nós, não só por amor do próprio e das vítimas em risco lá mas também pelas consequências catastróficas que se repercutirão em todo o mundo.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Estamos de parabéns. Comemoramos o décimo aniversário do Infovitae

Nelson Pereira

Estamos de parabéns. Comemoramos o décimo aniversário do Infovitae, uma obra que durante todos estes anos deu forças à nossa esperança e à nossa fé e nos desafiou a não ignorar a sorte dos mais fracos e indefesos entre os homens - as crianças não-nascidas. Incansável, inabalável, teimoso contra tudo e contra todos, sem nunca baixar braços mesmo confrontado com críticas e ataques, desprezo ou desamparo, o padre Nuno tem sido para os leitores do Infovitae genuíno arauto da Boa Nova, mensageiro da civilização da vida, eco dos apelos de João Paulo II, Madre Teresa de Calcuta ou Bento XVI, discípulo autêntico do Evangelho da Vida.

Ocupados com o formigueiro de assuntos menores e tarefas pessoais, sufocados pelo lixo pseudo-informativo dos chamados meios de comunicação sociais, dispersos com preocupações secundárias ou artificiais da macro-economia ou da crise ecológica planetária, o Infovitae devolve-nos sempre à justa e verdadeira proporção do "mundo real". Tal papel indicador de pH, nos artigos que nos traz restitui a medida certa das alegrias e esperanças, alerta para as autênticas ameaças, recupera em nós a vigilância e a urgência de combate.

Para aqueles que conhecem o boletim e o empenho corajoso do padre Nuno, esta data evoca principalmente um enorme sentimento de gratidão. Estamos gratos a Deus que tem dado força e teimosia ao padre Nuno e o tem guardado da desesperança e da indiferença. Estamos gratos também porque esta pequena obra é uma das pérolas lindas da pequena e frágil Igreja portuguesa, sacudida e atacada, por fora como do interior, por inimigos e falsos amigos.

Para alguns o padre Nuno não passará de um doido varrido, insuportável e obcecado, figura de um catolicismo intragável e desestabilizador da chamada "paz social". Para muitos outros tem sido encorajador sinal de contradição, figura de pastor-que-caminha-à-cabeça-do-rebanho, homem inteiro e adverso a calar verdades incómodas em troca de um suculento prato de lentilhas.

Louco? Creio que sim. E por isso o seu testemunho permanece uma razão de alegria: vive na inquietude que vem do Espírito, o mesmo que animava os iorodivi da tradição cristã oriental,
o mesmo que empurrava à loucura profetas.

O cristianismo, caros senhores, não é um clube de bridge para a nata burguesa da urbe - veio trazer o fogo à terra, gritar a fome de Deus e justiça, desmascarar o complot contra a verdade. Esta incapacidade de aceitar compromissos inevitavelmente exaspera os ânimos daqueles que anseiam pela paz podre. Provocados a defendê-la, vêem-se obrigados a mover calúnias e intrigas, a isolar no ostracismo e solidão. Um pão negro cujo sabor não é desconhecido ao padre Nuno e a todos aqueles que se empenham nesta batalha.

Mas graças a sacerdotes como ele a Igreja não terá que se envergonhar quando o pano cair e a humanidade for confrontada com a bestialidade dos actos que actualmente consente e pratica. Tal como aconteceu com a escravatura e as câmaras de gás dos campos de concentração, chegará a hora da vergonha e ninguém vai poder dizer que não sabia. Graças a obras como o Infovitae.

Por estas e muitas outras razões, quero aproveitar esta ocasião para expressar aqui o meu agradecimento. E apelar a que o Infovitae continue a inspirar a nossa acção e oração, neste nobre combate por aqueles que Bento XVI, no recente discurso ao Corpo Diplomático acreditado junto à Santa Sé, chamou "os mais pobres dentre os seres humanos": as crianças não-nascidas.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Música “Luca era gay”, composta e cantada por um ex-homossexual, revela que homossexualidade tem cura

O cantor italiano Povia que conseguiu abandonar as práticas homossexuais e casou-se com uma moça chamada Teresa declarou: "Os homossexuais vivem um frenético nomadismo sentimental. É compreensível: como qualquer outro, buscam algo diferente de si mesmos. Se encontram no outro apenas algo parecido, a relação não pode ser mais que efêmera e compulsiva. Não pode existir estabilidade e fidelidade no mundo gay”.

Pode ler o resto das declarações e ver o vídeo no blog de Júlio Severo

Suaves como o Azeite e Mais Doces que o Mel

Nuno Serras Pereira

21. 01. 2009

1. José Sócrates, segundo me garantem, já afirmou, mais do que uma vez, o seu orgulho e o do partido socialista pela liberalização do aborto em Portugal. Está pois satisfeito e vaidoso com o seu contributo e o do resto do partido, considerando-o imprescindível para o alcance desse objectivo conseguido.

Nada mais natural, portanto, que se celebrasse o segundo aniversário do referendo sobre o aborto, a 11 de Fevereiro, colocando em destaque cartazes agigantados, móveis ou não, com uma fotografia da sua cara sorridente e emproada contemplando embevecido um conjunto de fotografias de alguns dos 23 mil bebés nascituros espatifados, decapitados, mutilados ou de qualquer outro modo sanguinariamente mortos ao abrigo da famigerada liberalização. Do outro lado poderia também colocar-se a fotografia de Cavaco Silva observando o resultado da “lei” que ele promulgou. Pois se o fez, só pode ser porque não a considera gravemente injusta e não lhe arrepia admitir e autorizar a matança de inocentes. Poderia ainda figurar-se um conjunto de mães dilaceradas e melancólicas entregues às consequências nefastas para si próprias do acto homicida que perpetraram ou consentiram.

Eu não vejo (mas toda a gente já sabe no mundo inteiro que em Portugal existe o fenómeno estranhíssimo de um padre franciscano que é míope, tem cataratas, glaucoma e que para além disso nem sequer tem olhos), como se possa considerar ofensiva uma mostra como essa que descrevi. Pois se eles se gabam ou pelo menos acham bem, em que pode consistir a desconsideração ou afronta? Está-se simplesmente a mostrar aquilo de que se orgulham. Deveriam pois ficar contentes e agradecer. Mas não. Se há coisa de que podemos ter a certeza absoluta é de que eles não só não querem como ficam apavorados só de imaginar a possibilidade de que tal aconteça.

2. Toda a propaganda feita a favor da liberalização do homicídio/aborto foi-o de maneira a associá-la à liberdade, ao bem, à beleza, à seriedade, à honestidade, ao amor, à misericórdia, ao sentido de responsabilidade e de justiça. E muitos de nós fizemos o favor de não os desmentir escondendo o que eles queriam que permanecesse oculto. Eles construíram uma imagem de suavidade, doçura e mansidão. Parafraseando os salmos, as suas palavras e imagem são mais brandas que a nata, mais suaves que o azeite e mais doces que o mel, trazem, contudo, no coração a hostilidade sendo na verdade espadas desembainhadas ou bisturis afiados. E muitos de nós contribuímos, nem que mais não seja por omissão, para que essa imagem passasse e continuamos a ajudar que ela permaneça.

Por isso eles aparecem como os benfeitores e salvadores e as nossas propostas e intervenções surgem como excentricidades, extravagâncias ou insignificâncias. Somos as sevandijas da sociedade que envergonham inclusive muitos prelados e a que os meios de comunicação social da Igreja, quando não censuram abertamente, mostram um paternalismo confrangedor.

Há que mostrar as coisas tal qual elas são: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8, 32).

Infovitae nos dois dígitos!


Fernando Castro


Muitos parabéns ao Infovitae por ter entrado nos dois dígitos, o que, em “economês”, significa “fazer 10 anos”.

Como é sabido, o “economês”, a par com o “eduquês” e o “politiquês”, é o dialecto praticado pelos “Homos Estratosfericus”, uma condição já atingida por vários indígenas e aspirada por muitos.


Os “Homos Estratosfericus” vivem a muitas dezenas de quilómetros de altitude, em plena ausência de gravidade e de onde a Terra parece toda azul. Tem ainda a vantagem de, a essa altitude, não se verem as pessoas, quanto mais os seus problemas!


Nada de grave aconteceria se não fosse o facto de o "poder" ser por eles gerido.

Volta e meia, um ou outro, por qualquer razão lá vem estampar-se cá em baixo.

Esta condição atravessa toda a sociedade, não sendo exclusiva de qualquer grupo social, assim como nenhum grupo parece estar imune.


Também, sempre ocorreu ao longo dos tempos; como, também ao longo dos tempos, sempre houve alguém a opor-se aos “Homos Estratosfericus” e a procurar chamar à razão os comuns dos mortais, alvos privilegiados da sua acção, dominados através do narcotizante “politicamente correcto”.


Há dois mil anos, esse papel foi desempenhado por João Baptista, na continuidade dos profetas da Antiguidade, a preparar os caminhos do Senhor, depois seguido pelos apóstolos, entre os quais S. Paulo, cuja acção actualmente se celebra.

É nessa mesma linha que o Infovitae se enquadra, com a mesma intolerância pela mentira e meias tintas com que os “Homos Estratosfericus” nos vão embrulhando, porque “parece mal”, “não é oportuno”, “não se pode ser assim”, etc.


Nesta época de combate, em que tantos se encontram cansados, desmotivados ou simplesmente acomodados ou acobardados, o Infovitae atinge os dez anos de vida, já com algumas cicatrizes de que se pode orgulhar.

Oxalá continue com força redobrada e maior experiência, como bandeira da Verdade onde mantermos os olhos.


Uma coisa é certa, e que é reconfortante para o Infovitae: podem atirar-lhe muitas pedras, mas nunca lhe será atada uma mó de moinho ao pescoço e atirado ao fundo do poço, ou vomitado da Sua boca…

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

10 anos de Infovitae = 10 anos de informação sobre a Vida


Sofia C. Guedes


Celebrar uma data é celebrar o tempo, porque cada dia é único e irrepetível. O tempo é sinal de vida, e ao mesmo sinal de um outro que não é Tempo, mas Eternidade.


Quando me pediram para escrever sobre os 10 anos do Infovitae, vieram-me à mente milhares de acontecimentos, lembranças, experiências, tanta coisa que não consegui escolher nenhuma em particular. Mas como o faço na maior parte das vezes, rezei ao Espírito Santo para que fosse Ele o autor das minhas palavras. E aqui vou eu:


Estes 10 anos lembram-me antes de mais o tempo logo após o Referendo ao Aborto em Portugal em 1998, em que o Não ganhou. 10 anos depois, tudo mudou e agora é de lei matar os filhos. Sem vergonha, sem dó nem piedade querem hoje tornar o aborto, um direito do homem, como que nesse pequeno ser humano estivesse o maior inimigo. Estamos perante uma verdadeira catástrofe. Pior do que um genocídio, é um suicídio colectivo. Matar os nossos!?? O Aborto é o acto mais abominável de que o ser humano é capaz. Mas isto dizemo-lo dia após dia, todos os dias. É nosso dever, é nossa Salvação…


Hoje e passado 10 anos prefiro falar de Vida, de Amor. E não posso faze-lo senão falando de Deus, de Jesus. O Deus que se fez homem, e percorreu em tudo a vida de qualquer homem. Deus que fazendo-se Homem, inverteu toda a lógica humana. Deus que para ser de todos se fez pobre, frágil, dependente. Desde o primeiro momento da sua Humanidade, tudo foi escândalo. Tudo foi difícil para Ele e para a Sua Sagrada Família, porque tudo experimentou.


Agora que acabamos de festejar o Natal, se olharmos profundamente o mistério do Seu nascimento, veremos um escândalo. Um Menino envolto em panos (cheio de frio), deitado numa manjedoura cheia porcaria de animais, varrido por correntes de ar, escura, sem água, sem ajuda. Apenas Sua Mãe, seu pai José, um burro e uma vaca. Quando olho e vejo isto, fico paralisada, espantada porque eu não nasci assim!!!??? . E imediatamente lembro os milhões de pessoas que nasceram e nascem nestas horríveis condições por esse Mundo fora, porque não há lugar para elas... e muitas sem a família… Deus quis identificar-se com estas. Sobreviveu e continuou vivendo embalado nos braços de Sua Mãe Maria e da protecção de Seu pai José.


Teve de fugir, para não ser morto por Herodes, que não teve o mínimo de escrúpulos em matar todas as crianças que hipoteticamente podiam ser Jesus. A lei do mais “forte”, sobre o mais “fraco”. Este mistério onde a maldade parece soberana, lembra-me a matança dos inocentes pelo aborto que hoje acontece em quase todos os cantos do Mundo, com a mesma autoridade perversa e maldosa que tinha Herodes naquele tempo. Deus não esquece este sangue dos inocentes. Sobreviveu porque partiu para o Egipto, sempre suportado por sua mãe e pelo seu pai putativo. E em todos os episódios Jesus precisou da Família. Ela foi o garante da sua “sobrevivência”. Ela foi, é e será o garante da nossa sobrevivência.


E é neste “cenário” que quero lembrar estes 10 anos. Também porque este ano será a 10ª edição do Presépio na Cidade, um projecto de leigos católicos que começou para lembrar tudo isto e porque Deus quis que acontecesse ano após ano. Marcar a gravidez de Maria, marcar a importância da Família, marcar aquilo que mais torna os homens semelhantes a Deus: a Sua encarnação, embora gerado e não criado, porque Ele é o Criador, começou sendo um embrião, depois um feto e por aí fora, o palpitar de um coração igual a qualquer um de nós, o paradoxo, do mais poderoso, se tornar o mais fraco; do mais rico se tornar o mais pobre, do mais Tudo se tornar o quase nada, do Eterno se tornar capaz de caber em nós para nos tomar para Ele. Fazer com que a nossa vida, se torne semelhante à d’ Ele, porque todos somos frágeis, dependentes e necessitados dos outros. Experimentar este Amor tão absurdo aos homens que só pela Fé, é possível aceitar, mesmo sem compreender. Foi o que o Presépio na Cidade veio fazer. Irmão do Infovitae!!!


Tal como nasceu o Infovitae, para servir a Deus e aos homens, também para mim é um privilégio trabalhar para Jesus e para os homens. É tudo o que quero! E cada vez tenho mais a certeza que sem Ele, não podemos salvar outras vidas. Não basta ser contra o Aborto, contra a Eutanásia, contra a maldade. Precisamos de Fé, de nos aproximar dia a dia de Deus e dos homens, pois só assim nos perceberemos da sacralidade da vida. Não precisamos de mais argumentos. O Homem sem Deus, perde humanidade e, só quando houver verdadeira conversão no seu coração sobretudo daqueles que têm a responsabilidade de decidir por outros poderemos cantar a vida de todos os homens.


Estes 10 anos, dão-me ainda muita Paz interior. Embora no meio de todas estas tribulações, sinto que estamos no Caminho certo. Que o sangue de todos estes mártires não está a correr em vão. Infelizmente derramado, mas que salvará muitos dos que o provocaram.


Nestes 10 anos passei de quarentona a cinquentona, acrescentei ao meu curriculum de afinidades, a condição de Avó (bi). E sinto-me muito feliz porque sei que um dia também fui salva por Jesus e sei que isso está ao alcance de todos. Acredito que a Humanidade não morre, enquanto houver homens e mulheres capazes de com Jesus, ir semeando a Esperança de um Futuro melhor. E acredito que esta crise, que o Mundo sofre e que não é fácil, vem lavar as almas. Precisamos de estar atentos… Precisamos de semear o sorriso da Esperança. Não esquecer nunca de que Ele já venceu!


Ao Infovitae agradeço tudo o que me tem vindo a ensinar nestes últimos 10 anos e sem o qual já não consigo passar.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Há dez anos, seria impensável eu assinar electronicamente o Infovitae


Bernardo Sanchez da Motta


Há dez anos, seria impensável eu assinar electronicamente o Infovitae, ou ter gosto em ler diariamente as suas notícias e artigos. Então, eu fazia parte de um tipo curioso de católicos, pouco informados e pouco “praticantes” (eu achava que se podia ser católico sem “praticar” o catolicismo). A minha catequese ficara perdida algures a meio da adolescência, interrompida abruptamente logo após o crisma, aos quinze anos de idade. Ainda me recordo bem do primeiro referendo sobre o aborto, altura em que o tema era frequentemente debatido entre amigos, e lembro-me da minha posição juvenil: considerava a maioria dos grupos pró-vida como grupos católicos “conservadores”, “fundamentalistas” ou “radicais”. Eu então achava razoável que se pudesse abortar antes de certo prazo, e achava estranha, artificial e desnecessária a ideia de que, logo após a fecundação, se estaria perante um ser humano completo, pleno de direitos.


Como se vê, eu estava então à mercê dos estereótipos e da linguagem usada pelos media para tentar retratar uma realidade religiosa pouco conhecida da opinião pública através de etiquetas políticas ou sociológicas. A etiqueta “fundamentalista” é especialmente eficaz ainda hoje em dia, uma vez que ninguém bem formado quer ser visto na companhia de “talibãs” católicos.


Eu sentia-me bem nessa posição claramente incoerente. Incoerente, porque eu dizia ser católico enquanto rejeitava, de uma assentada, magotes de noções católicas centrais. A posição era confortável: primeiro, não me dava conta da incoerência; depois, permitia-me insuflar o meu orgulho junto de amigos não católicos, apresentando-me como um “católico progressista”, esse tipo de fantoche brilhante por fora, e atractivo para uma estética modernista, mas oco por dentro. Achava que, mostrando-me como “católico progressista”, iria afastar os fantasmas anticatólicos dos meus amigos sem fé, e assim trazê-los para a Igreja. Dava-me um certo gozo sentir-me numa espécie de “vanguarda católica”, parte integrante daqueles católicos “arejados” que julgam ser a sua opinião mais importante que todo o Magistério com dois mil anos de doutrina e história. Qualquer panfleto do “Nós Somos Igreja” enchia-me de satisfação e de entusiasmo. Qualquer sacerdote que, do seu púlpito, justamente contestasse esse movimento ou outros similares causava-me repulsa e indignação.


Mas talvez o mais confortável dessa minha posição era o aspecto moral: do alto da posição de superioridade em que me colocara, eu sentia-me senhor da minha moral; no fundo, achava-me uma “boa pessoa”, senhor do meu nariz, invocava a “consciência individual” a torto e a direito, sem ter que dar resposta a ninguém do que fazia ou do que não fazia.


No espaço de alguns anos, em virtude de várias circunstâncias, a vida atirou-me desse pedestal abaixo e confrontou-me com a minha incoerência.


E foi assim que, alguns anos mais tarde, dei por mim a gostar de ler o Infovitae e de conversar com católicos que sabem porque o são e que gostam de o ser. Aprendi, com muita ajuda do Infovitae, que um católico é um católico. Assim mesmo, sem etiquetas. Sei que, hoje em dia, as ideias que defendo fazem com que outros mal informados se apressem a colar na minha testa as habituais etiquetas de “conservador”, “fundamentalista”, ou “radical”.


Agora já é tarde demais: tanto me faz a etiqueta. A transformação interior, quando se dá, é quase sempre irreversível. Não falo de perfeição moral: estou no fim da linha nessa matéria. Falo da transformação interior que se sente quando se vê pela primeira vez a luz da Verdade, e se quer logo ir atrás dela. Depois de muitas deambulações por outras doutrinas espirituais, fruto inevitável do meu desinteresse pelo “catolicismo progressista”, regressei finalmente a casa. Foi na Igreja Católica que encontrei finalmente essa luz de Verdade. Essa luz que é Cristo.


O Infovitae jogou um papel muito importante em tudo isto. Através dele, fui recebendo ao longo dos anos os vários reflexos dessa luz, a um ritmo quase diário, o que ajuda à eficácia do processo. Fui limando arestas, deitando fora ideias erradas, descobrindo coisas novas, crescendo em admiração pelo catolicismo, e ganhando forças para as batalhas quotidianas contra o Mal, o mal dentro de mim e o Mal que se quer, desde sempre, apoderar do Mundo e do Homem.


Quando, graças aos abanões fortes do Infovitae, finalmente olho de frente para a porta da Clínica dos Arcos, em Lisboa, antro infecto de crimes infindáveis contra seres humanos indefesos, entendo finalmente porque razão me era tão fácil noutros tempos repudiar os grupos pró-vida. É que ver o aborto como crime iria forçosamente obrigar-me a sentir o peso moral de viver numa sociedade em que se matam seres humanos impunemente. Era claramente mais fácil varrer o problema para debaixo do tapete. Dar-me conta de que o aborto é hoje um crime “legalizado”, praticado na cidade em que vivo, e noutras pelo pais fora, e pago com o dinheiro dos impostos de todos nós, introduziu uma nova e pesada preocupação no meu quotidiano. Mas apesar de tudo, é muito melhor reconhecer que o crime existe, reconhecer a vergonha que ele é, mesmo que eu sinta que quase nada faço para o impedir, do que fazer de conta que não há crime, nem criminosos, nem vítimas.


Finalmente, nesta efeméride dos dez anos do Infovitae, só me resta dizer OBRIGADO A TODOS OS SEUS COLABORADORES! E um obrigado muito especial ao Padre Nuno Serras Pereira, por tudo o que lhe devo.

O Infovitae e a virtude da preserverança


Thereza e Miguel Ameal

É espantoso pensar que o Infovitae já tem 10 anos!

É-nos impossível dizer quantos artigos interessantes aqui encontrámos, quantos textos guardámos para usar mais tarde, quanto aprendemos com este fantástico instrumento ao longo destes anos trabalho, oração e luta pela defesa da dignidade da vida humana desde o momento da concepção até à morte natural.

Mas para nós o Infovitae não foi só um órgão de comunicação e formação pro vida, não foi só um instrumento útil para o trabalho de todos, foi muitas vezes sobretudo um exemplo pessoal que nos deu forças.

Exemplo de amor à Vida e a Deus seu Criador, de trabalho incansável e empenho, de coragem e energia, de fé e esperança inabaláveis mesmo nos momentos mais difíceis.

O Infovitae inspirou-nos, ajudou-nos a também nós não baixarmos os braços perante as dificuldades.

Obrigado a todos os colaboradores, o mundo precisa de mais gente assim: gente que não desiste!

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

O estranho diálogo entre Deus e o profeta Samuel

Rui Corrêa d' Oliveira
20 de Janeiro de 2009

O estranho diálogo entre Deus e o profeta Samuel,
com o Senhor a chamá-lo com insistência
e ele incapaz de perceber Quem o chamava,
é uma impressionante metáfora da minha vida.

Porque será que demoro tanto tempo a perceber quando Ele me chama
quando Ele Se manifesta, quando me pede alguma coisa,
me desafia ou me convida?

Como Samuel, também eu frequento o Templo do Senhor,
como ele, também eu tenho quem me conduza e ensine.

Também como com Samuel,
só a terna (e eterna) paciência de Deus
salva a minha surdez e a minha distracção.

Foi numa obediência filial que Samuel reconheceu
que era o próprio Senhor que o chamava
e por isso responde sem hesitar com as palavras aprendidas:
«Falai, Senhor, que o vosso servo escuta»

É uma obediência assim que me falta,
é esta confiança que eu peço.

Porque tenho na Igreja um lugar que me acolhe e que me ensina
e porque tenho pastores a quem seguir,
basta-me a coragem de, como Samuel, livremente… obedecer.

Os Variados Inimigos da Razão

João César das Neves

In Diário de Notícias - 19. 01. 2009

Passa este ano o 80.º aniversário de um dos mais curiosos livros de história de sempre. Na vasta obra de Hilaire Belloc (1870-1953) o pequeno volume de 1929 Survivals and New Arrivals. The Old and New Enemies of the Catholic Church (reedição Tan Books, 1992; www.ewtn.com/library/ANSWERS/SURVIV.HTM) passa despercebido apesar da sua impressionante lucidez.

O autor parte de um facto evidente: "Uma única instituição, há já mil e novecentos anos, tem sido atacada, não de um princípio oposto, mas de qualquer ponto concebível. Foi denunciada de todos os lados e por razões sucessivamente incompatíveis: sofreu desprezo, ódio e triunfo efémero de inimigos tão diversos quanto a diversidade das coisas pode produzir. Esta instituição é a Igreja Católica" (p.1). Exemplos históricos desses ataques contraditórios são múltiplos. "Nestas últimas épocas ela foi furiosamente condenada por laxismo na disciplina e por extravagante severidade, por ligeireza de organização e por tirania; por combater os apetites naturais do homem e por lhes permitir excesso e até perversão" (p.1-2).

Ao considerar, numa dada era, os inimigos que confrontam a Igreja, o autor classifica-os em três partes. Além dos ataques em plena força, a que chama "oposição principal" (main opposition), existem mais dois grupos curiosos. Um é dos sobreviventes (survivals), que tiveram o seu tempo e manifestam alguma força decadente. O outro inclui os recém-chegados (new arrivals), que dominarão épocas futuras. Esta dinâmica tripartida resume a eterna e multifacetada oposição à Igreja.

O essencial do livro, como se adivinha, constitui uma análise cuidadosa das forças que em 1929 hostilizavam a fé católica. A oposição principal vinha então de três lados: o nacionalismo nazi, fascista ou galicano, o anticlericalismo maçon ou liberal e o agnosticismo superficial e irresponsável da autodenominada "mente moderna". Além disso existiam cinco sobreviventes de tendências anteriores: o ataque bíblico dos fundamentalistas literais, o materialismo marxista ou positivista e três doutrinas anticatólicas baseadas no realismo político- -social (argumento "riqueza e poder"), na evolução social (argumento histórico) e na investigação física (negação científica). Todos estes raciocínios oitocentistas, mantendo virulência, estavam em claro declínio nos inícios do século XX.

O elemento em que a argúcia de Belloc brilha é na identificação dos novos ataques. Nessa secção aparece uma única força. Décadas antes da New Age e O Código Da Vinci, o historiador antecipa que o futuro inimigo do catolicismo será o "neopaganismo".

Qual é hoje o alinhamento dos inimigos da Igreja? Seria preciso o génio do franco-britânico para responder à questão, mas algo pode ser dito. A sua estrutura permanece válida. Não há dúvida de que a oposição principal dos anos 20 está reconduzida à condição de sobrevivente, enquanto o ataque avassalador vem agora do neopaganismo triunfante. A sua influência manifesta-se precisamente no aspecto que o autor antevira: o combate contra a família e a vida humana. Belloc não tinha dúvidas em 1929 de que o neopagão "toma o homem como um animal. Para já faz do casamento um simples contrato civil dissolúvel pelo consentimento de ambas as partes. Em breve terá de o fazer dissolúvel pela vontade de apenas uma. (...) Podemos dizer que a facilidade e frequência do divórcio são o teste da medida em que uma sociedade antes cristã avançou para o paganismo" (p. 137). É impressionante o rigor fotográfico com que a nossa sociedade foi retratada à distância.

Talvez o leitor queria tentar a sorte na identificação dos recém-chegados. Belloc, pelo seu lado, identificou na linha que traçara um hiato, uma oportunidade inesperada: o embate da fé católica com o neopaganismo pode ter o mesmo desfecho que na Antiguidade teve o choque com a versão original. "Não posso acreditar que a razão humana irá permanentemente perder o seu poder. Ora a fé é baseada na razão, e em todo o la- do fora da fé o declínio da razão é patente" (p. 167).

domingo, 18 de janeiro de 2009

Que coisa são os Valores?

CIUDAD DE MÉXICO, viernes, 16 enero 2008 (ZENIT.org).- Publicamos la conferencia que dictó este miércoles, en el Congreso Teológico Pastoral que prepara el VI Encuentro Mundial de las Familias, el filósofo chileno Jaime Antúnez Aldunate, director de la revista "Humanitas" (www.humanitas.cl), con el título "¿Qué cosa es el valor?".