sábado, 6 de março de 2010

Algumas das minhas Devoções


1. Reparei no outro dia que à partilha que tenho vindo a fazer com os amigos através dos textos internautas nunca me referi a algumas orações que costumo rezar e que poderão porventura servir de proveito a alguém.

Sabereis que os Padres para além da celebração quotidiana da Sagrada Eucaristia têm também o encargo de rezar a Liturgia das Horas, oração oficial da Igreja, ao longo de diversas partes do dia – Ofício de leitura, Laudes, Hora Intermédia, Vésperas e Completas. Esta Liturgia é composta na sua quase totalidade por textos do Antigo e do Novo Testamento e nela predominam os Salmos. Nela, “Cristo ora em nós, ora por nós e é orado por nós”, isto é a Ele rezamos. Pode-se dizer que as Horas são de algum modo a Eucaristia preparada e prolongada ao longo da jornada. É na acção Litúrgica, particularmente no Sacrifício Santíssimo da Eucaristia, que o Sacerdote mais faz pelo mundo e pela Igreja. Nada se lhe pode comparar. É dali que dimanam todas as Graças e bênçãos de Deus para o Mundo. É ali que os Padres levam todos os pedidos que lhes são feitos, todas as intenções, todos os sofrimentos, toda a humanidade.

Deixar dito o que escrevi é infinitamente pouco para dizer da imensidade e da eficácia do culto Litúrgico. Mas convinha fazer essa introdução ainda que brevíssima e desajeitada para poder adiantar que tenho como Padre outras devoções diárias em que de algum modo especifico e explicito o que já lá está, apropriando-me de alguns aspectos particulares.

2. a) Assim, ainda antes de me levantar, mal acordo, rezo três Ave-Maria, a invocação nominal de alguns Santos e, em geral, a de todos, sigo como Glória e concluo com o Pai-nosso. Esta mesma oração faço ao anoitecer quando já deitado.

b) Depois do pequeno-almoço rezo o terço do Rosário e consagro-me a Nossa Senhora.

c) Antes da celebração da Santa Missa invoco o Espírito Santo:

“Vinde Espírito Santo, (vinde por Maria), enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor. Enviai Senhor o Vosso espírito e renovareis a face da Terra. Ó Deus que instruís os corações dos fiéis com as luzes do Espírito Santo fazei que apreciemos rectamente todas as coisas segundo o mesmo Espírito e que gozemos sempre da Sua consolação. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo. Ámen.”

Esta mesma invocação faço-a sempre antes de escrever qualquer texto daqueles que vos costumo enviar. Outrossim diante de algum problema ou de conversas difíceis.

d) Depois de dar a Sagrada Comunhão, no tempo de silêncio que antecede a oração e bênção finais, uma vez que já dei as graças logo após a ter Comungado, peço por mim próprio:

“Dai-me Senhor Fé firme e recta, Esperança certa, Caridade perfeita e humildade profunda … ” (oração de S. Francisco de Assis, diante do Crucifixo de S. Damião); dai-me Senhor que renuncie a tudo o que for necessário para que sejais tudo em mim, que Vos seja fiel para sempre, não permitas Senhor que me separe de Vós. Concede-me Senhor uma santa pureza da alma e do corpo; uma santa alegria, uma santa paz e um santo bom humor. Dai-me uma santa doçura, suavidade e mansidão no trato com os outros. Concedei-me que vos ame sobre todas as coisas e que ame a todos como Vós nos amastes.

e) Ao meio-dia rezo o Angelus:

“V. O Anjo do Senhor anunciou a Maria.
R. E Ela concebeu do Espírito Santo.

Ave Maria…

V. Eis a serva do Senhor.
R. Faça-se em mim segundo a Vossa Palavra.

Ave Maria…

V. E o Verbo fez-Se carne (homem).
R. E habitou no meio de nós.

Ave Maria…

V. Rogai por nós Santa Mãe de Deus.
R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

Oremos.
Infundi, Senhor, como Vos pedimos, a Vossa graça nas nossas almas, para que nós, que pela Anunciação do Anjo conhecemos a Encarnação de Cristo, Vosso Filho, pela sua Paixão e Morte na Cruz, sejamos conduzidos à glória da ressurreição. Por Nosso Senhor Jesus Cristo Vosso Filho que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo. Glória (3 vezes)

Que as almas de todos os fiéis defuntos pela Misericórdia de Deus repousem em paz”.

f) Às três horas da tarde rezo, como as lembro, as orações de Santa Faustina:

“Senhor Jesus Cristo na hora da Vossa Paixão e pelos méritos da mesma Paixão peço-Vos Misericórdia para os pecadores, a conversão dos pecadores, a salvação dos pobres pecadores. Peço-Vos o vosso Espírito para fazer sempre e em tudo a vontade do Pai do Céu, e a graça de me entregar totalmente a Vós dando-me inteiramente à salvação dos pecadores. Jesus, eu confio em Vós”

g) Sempre que entro ou saio da Capela ou da Igreja rezo as orações dos Pastorinhos de Fátima:

“V. Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos.

R. Peço-Vos perdão para os que não crêem, não adoram, não esperam e não Vos amam.”

“Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, adoro-Vos profundamente e ofereço-Vos o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os Sacrários da terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos do Seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores.”

h) Antes de conduzir, da primeira vez que em determinado dia pego no carro:

St. António, S. Cristóvão, Sta. Francisca Romana, Anjo da Guarda, todos os Anjos e Santos de Deus, Sagrada Família de Nazaré, rogai por nós.

i) Ao longo do dia consoante as situações faço mentalmente orações espontâneas, rezo jaculatórias, invoco determinados Santos ou o Anjo da Guarda.

Os Santos, bem-aventurados ou servos de Deus mais invocados por mim são:

Em primeiro lugar Nossa Senhora do Ó. Depois S. José, S. Pedro e S. Paulo, S. João Evangelista, S. João Baptista, S. Francisco de Assis, St. António, Sta. Maria Goretti, S. Boaventura, Sta. Clara de Assis, S. Pedro Damião, S. Bernardo de Claravale, S. Paio, St. Agostinho, S. Tomás, Sta. Isabel de Portugal, St. Inácio de Loyola, S. Filipe Néri, Sta. Teresa de Jesus, Sta. Teresinha do Menino Jesus, Beata Isabel da Trindade, St Cura de Ars (S.joão Maria Vianney), S. Carlos Lwanga e companheiros, Sta. Joana Bereta Molla, S. Pio de Pietrelcina (Padre Pio), Santa Catarina de Sena, S. José Maria Escribá, Beatos Francisco e Jacinta, Beato Bartolomeu dos Mártires, Beata Teresa de Calcutá, João Paulo II, Irmã Lúcia.

3. Tudo isto assim escrito e por atacado parece muito, mas a verdade é que se faz muito facilmente e mesmo no meio das ocupações e rodeado de gente pode-se recolher a alma e elevá-la a Deus orando mentalmente sem que os outros se apercebam.

Todos estes pequenos exercícios espirituais são para mim de grande proveito, se a eles não recorresse seria ainda pior peste do que esta que conhecem. Mas as veredas por onde Deus conduz as almas são muito variadas, pois em Sua casa há muitas moradas. Por isso nem todos se darão bem com estas minhas práticas.

Nuno Serras Pereira

05. 03. 2010

quinta-feira, 4 de março de 2010

"Um dos teólogos mais importantes da história da Igreja" - S. Boaventura


O teólogo de Cristo


Intervenção De Bento XVI na audiência geral de 3 de Março de 2010

Queridos irmãos e irmãs:

Hoje, eu gostaria de falar de São Boaventura de Bagnoregio. Confesso que, ao propor-vos este tema, sinto certa nostalgia, porque me lembro das pesquisas, que fiz, como jovem estudante, precisamente sobre este autor, particularmente querido para mim. Seu conhecimento incidiu muito em minha formação. Com muita alegria, há poucos meses, peregrinei ao lugar do seu nascimento, Bagnoregio, uma pequena cidade italiana, no Lácio, que custodia com veneração sua memória.

Nascido provavelmente em 1217 e falecido em 1274, ele viveu no século XIII, uma época em que a fé cristã, penetrada profundamente na cultura e na sociedade da Europa, inspirou obras imperecíveis no campo da literatura, das artes visuais, da filosofia e da teologia. Entre as grandes figuras cristãs que contribuíram para a composição desta harmonia entre fé e cultura, destaca-se precisamente Boaventura, homem de ação e de contemplação, de profunda piedade e de prudência no governo.

Ele se chamava Giovanni da Fidanza. Um episódio que ocorreu quando ele ainda era menino marcou profundamente sua vida, como ele mesmo relata. Ele tinha contraído uma grave doença e nem sequer seu pai, que era médico, esperava salvá-lo da morte. Sua mãe, então, recorreu à intercessão de São Francisco de Assis, canonizado há pouco. E Giovanni foi curado. A figura do Pobrezinho de Assis se tornou ainda mais familiar para ele alguns anos depois, quando se encontrava em Paris, por razões de estudo. Havia obtido o diploma de Professor de Artes, que poderíamos comparar ao de um prestigioso Liceu da nossa época. Nesse ponto, como tantos jovens do passado e também de hoje, Giovanni se fez uma pergunta crucial: “O que vou fazer com a minha vida?”.

Fascinado pelo testemunho de fervor e radicalidade evangélica dos Frades Menores, que haviam chegado a Paris em 1219, Giovanni bateu à porta do convento franciscano dessa cidade e pediu para ser acolhido na grande família dos discípulos de São Francisco.

Muitos anos depois, explicou as razões da sua escolha: em São Francisco e no movimento iniciado por ele, reconheceu a ação de Cristo. De fato, escreveu em uma carta dirigida a outro religioso: “Confesso diante de Deus que a razão que me fez amar mais a vida do beato Francisco é que se parece com o início e com o crescimento da Igreja. A Igreja começou com simples pescadores e se enriqueceu imediatamente com doutores muito ilustres e sábios; a religião do beato Francisco não foi estabelecida pela prudência dos homens, mas por Cristo” (Epistula de tribus quaestionibus ad magistrum innominatum, em Opere di San Bonaventura. Introduzione generale, Roma 1990, p. 29).

Portanto, por volta de 1243, Giovanni vestiu o hábito franciscano e assumiu o nome de Boaventura. Foi imediatamente dirigido aos estudos e frequentou a Faculdade de Teologia da Universidade de Paris, seguindo um conjunto de cursos muito difíceis. Recebeu os diversos títulos requeridos pela carreira acadêmica, os de “bacharel bíblico” e o de “bacharel sentenciário”. Assim, Boaventura estudou profundamente a Sagrada Escritura, as Sentenças de Pietro Lombardo, o manual de teologia daquela época e os mais importantes autores de teologia; e, em contato com os professores e estudantes que chegavam a Paris de toda a Europa, amadureceu sua própria reflexão pessoal e uma sensibilidade espiritual de grande valor que, no decorrer dos seguintes anos, ele soube mostrar em suas obras e sermões, convertendo-se, assim, em um dos teólogos mais importantes da história da Igreja. É significativo recordar o título da tese que ele defendeu para recebera habilitação no ensino da teologia, a licentia ubique docendi, como se dizia na época. Sua dissertação intitulava-se “Questões sobre o conhecimento de Cristo”. Este tema mostra o papel central que Cristo teve sempre na vida e nos ensinamentos de Boaventura. Podemos dizer sem hesitar que todo o seu pensamento foi profundamente cristocêntrico.

Naqueles anos, em Paris, a cidade adotiva de Boaventura, começou uma violenta polêmica contra os Frades Menores de São Francisco de Assis e os Frades Pregadores de São Domingos de Gusmão. Discutia-se seu direito de lecionar na Universidade e se duvidava inclusive da autenticidade da sua vida consagrada. Certamente, as mudanças introduzidas pelas Ordens Mendicantes na forma de entender a vida religiosa, das quais falei nas catequeses anteriores, eram tão inovadoras que nem todos chegavam a compreendê-las. Acrescentavam-se também, como às vezes acontece entre pessoas sinceramente religiosas, motivos de fraqueza humana, como a inveja e o ciúme.

Boaventura, ainda que cercado pela oposição dos demais professores universitários, já havia começado a lecionar na cátedra de teologia dos Franciscanos e, para responder àqueles que criticavam as Ordens Mendicantes, compôs um escrito intitulado “A perfeição evangélica”. Nele, demonstra como as Ordens Mendicantes, especialmente os Frades Menores, praticando os votos de pobreza, castidade e obediência, seguiam os conselhos do próprio Evangelho. Muito além destas circunstâncias históricas, o ensinamento proporcionado por Boaventura nesta obra e em sua vida permanece sempre atual: A Igreja se torna luminosa e bela pela fidelidade à vocação desses filhos seus e dessas filhas suas que não somente colocam em prática os preceitos evangélicos, mas que, por graça de Deus, estão chamados a observar seus conselhos e, assim, dão testemunho, com seu estilo de vida pobre, casto e obediente, de que o Evangelho é fonte de alegria e de perfeição.

O conflito se apaziguou, pelo menos por certo tempo e, por intervenção pessoal do Papa Alexandre IV, em 1257, Boaventura foi reconhecido oficialmente como doutor e professor da universidade parisiense. Contudo, teve de renunciar a este prestigioso cargo, porque nesse mesmo ano o capítulo geral da ordem o elegeu como ministro geral.

Ele desempenhou este cargo durante 17 anos, com sabedoria e dedicação, visitando as províncias, escrevendo aos irmãos, intervindo às vezes com certa severidade para eliminar os abusos. Quando Boaventura começou este serviço, a Ordem dos Frades Menores havia se desenvolvido de maneira prodigiosa: eram mais de 30 mil os frades dispersos em todo o Ocidente, com presenças missionárias no norte da África, no Oriente Médio e também em Pequim. Era preciso consolidar esta expansão e sobretudo conferir-lhe, em plena fidelidade ao carisma de Francisco, unidade de ação e de espírito.

De fato, entre os seguidores do santo de Assis, registravam-se diversas formas de interpretar sua mensagem e existia realmente o risco de uma fratura interna. Para evitar esse perigo, o capítulo geral da ordem em Narbona, em 1260, aceitou e ratificou um texto proposto por Boaventura, no qual se unificavam as normas que regulavam a vida cotidiana dos Frades Menores. Boaventura intuía, contudo, que as disposições legislativas, ainda inspiradas na sabedoria e na moderação, não eram suficientes para garantir a comunhão do espírito e dos corações. Era necessário compartilhar os mesmos ideais e as mesmas motivações. Por esta razão, Boaventura quis apresentar o autêntico carisma de Francisco, sua vida e seus ensinamentos. Por isso, recolheu com grande zelo documentos relativos ao Pobrezinho e escutou com atenção as lembranças daqueles que haviam conhecido diretamente Francisco. Daí nasceu uma biografia, historicamente bem fundada, do Santo de Assis, intitulada Legenda Maior, redigida também de maneira mais sucinta e chamada, por isso, de Legenda Minor. A palavra latina, ao contrário da italiana (e também do termo em português, “lenda”, N. do T.), não indica um fruto da fantasia, mas, pelo contrário, legenda significa um texto autorizado, a “ser lido” oficialmente. De fato, o capítulo geral dos Frades Menores, em 1263, reunido em Pisa, reconheceu na biografia de São Boaventura o retrato mais fiel do fundador e esta se converteu, assim, na biografia oficial do Santo.

Qual é a imagem de São Francisco que surge do coração e da caneta do seu filho devoto e sucessor, São Boaventura? O ponto essencial: Francisco é um alter Christus, um homem que buscou Cristo apaixonadamente. No amor que conduz à imitação, ele se conformou inteiramente com Ele. Este ideal, válido para todo cristão, ontem, hoje e sempre, foi indicado como programa também para a Igreja do terceiro milênio pelo meu predecessor, o venerável João Paulo II. Este programa, escrevia na carta Tertio Millennio ineunte, centra-se “no próprio Cristo, que temos de conhecer, amar, imitar, para n’Ele viver a vida trinitária e com Ele transformar a história até sua plenitude na Jerusalém celeste” (n. 29).

Em 1273, a vida de São Boaventura teve outra mudança. O Papa Gregório X quis consagrá-lo bispo e nomeá-lo como cardeal. Pediu-lhe também que preparasse um importantíssimo acontecimento eclesial: o II Concílio Ecumênico de Lion, que tinha como objetivo o restabelecimento da comunhão entre a Igreja latina e a grega. Ele se dedicou a esta tarefa com diligência, mas não chegou a ver a conclusão daquela cúpula ecumênica, porque morreu durante sua realização. Um anônimo notário pontifício compôs um elogio a Boaventura, que nos oferece um retrato conclusivo deste grande santo e excelente teólogo: “Homem bom, afável, piedoso e misericordioso, repleto de virtudes, amado por Deus e pelos homens (...). Deus, de fato, havia lhe dado tal graça, que todos aqueles que o viam eram invadidos por um amor que o coração não podia ocultar” (cf. J.G. Bougerol, Bonaventura, en A. Vauchez (vv.aa.), Storia dei santi e della santità cristiana. Vol. VI. L’epoca del rinnovamento evangelico, Milão, 1991, p. 91).

Recolhamos a herança deste santo doutor da Igreja, que nos recorda o sentido da nossa vida com estas palavras: “Na terra, podemos contemplar a imensidão divina através da razão e do assombro; já na pátria celeste – onde seremos semelhantes a Deus –, por meio da visão e do êxtase, entraremos na alegria de Deus” (La conoscenza di Cristo, q. 6, conclusione, em Opere di San Bonaventura. Opuscoli Teologici /1, Roma 1993, p. 187).


quarta-feira, 3 de março de 2010

Ele há Mistérios


Conheceram-se nas Caldas da Rainha. Ele era fisioterapeuta, ela ceramista. Oriundo de Oeiras, filho de mãe católica e de pai ateu, foi baptizado em pequeno e tinha levado umas breves pinceladas de catequese. Ela nascida numa aldeia da Beira Baixa tinha estrutura cristã mas não praticava. Ele era convictamente anti-católico, ela indiferente. Viveram a sua paixão com as intimidades próprias dos casados, sem o serem, durante três anos.

Um dia encontrou um amigo que o persuadiu a passar um fim-de-semana especial com um grupo de gente nova, uns padres, um casal e uma freira! Quando perguntou que gente era essa o amigo respondeu-lhe que era informal, que não tinha nome mas que alguns denominavam-no K. Como confiava no conhecido achou graça ao enigma. Entrou ateu numa Sexta-feira à tarde, saiu católico no Domingo seguinte. Tinha encontrado Jesus Cristo, vivo e ressuscitado, e a Sua Igreja. A transformação foi tal que quando encontrou a amásia a deixou totalmente perplexa. Causa de tal assombro senão mesmo despeito foi a determinação com que ele decidiu viver castamente, renunciando aos actos próprios dos cônjuges. Algum tempo depois também ela participou num retiro semelhante. Reencontrando a Fé da infância, mas agora de um modo maduro, compreendeu muito bem o namorado. Viveram então numa grande sintonia com Cristo e um com o outro.

Testemunharam, em público, anos mais tarde, já casados e com filhos, por diversas vezes, que o facto de terem vivido a castidade perfeita naqueles dois anos, que decorreram entra a sua decisão e o matrimónio, tinham sido de uma importância fulcral para a sua relação e para a vivência enquanto casados. Tivemos grandes tentações, confidenciavam, mas pela graça de Deus resistimos e aprendemos a evitar as ocasiões de queda. Nisto pôde muito o jejum, a oração, a confissão sacramental frequente e a participação quotidiana na Santa Missa. Lamentavam não terem conhecido o Senhor desde sempre porque só teriam ganho em terem acolhido sempre a Sua vontade, que era afinal o bem deles, o amor verdadeiro.

Ele, entretanto, por inspiração Divina, e alguns empurrões do seu assistente espiritual, licenciou-se em Teologia com uma cuidada tese sobre os leigos na Igreja.

Vivem actualmente no Norte e têm cinco filhos. Ele lecciona Religião e Moral num colégio particular, ela realiza admiravelmente a sua vocação de mãe e de esposa. Quem tem ouvidos para ouvir que oiça. À honra de Cristo Ámen.


Nuno Serras Pereira

03. 03. 2010

terça-feira, 2 de março de 2010

Desires Natural and Unnatural: A Reply to Paul Griffiths - by R. J. Snell



February 12, 2010
A recent First Things article on natural law misses the mark.

In a recent article for First Things, Paul J. Griffiths takes aim at the notion of natural desires and their supposed role in natural law thinking. According to Griffiths, while human desires were natural before the Fall and will be natural again after the resurrection, for humans suffering from the derangement of sin, “no particular desire is natural,” even those “drives we have genetically: our urges for sex and food and violence.” Reflection on natural desire, Griffiths insists, “must begin with the fact that human desire has been deranged.” He concludes that “we lack natural desire because our desires have been removed from their proper arrangement.”

In a previous piece for Public Discourse, I responded to similar objections, typically but not always raised by Protestants of a Calvinistic bent, against the “Manhattan Declaration” and Robert P. George. Like the Catholic Griffiths, those critics think that sin renders the natural law problematic since human nature is vitiated as a moral or logical foundation. The always nuanced and brilliant Griffiths, however, requires an independent response. Read More