sábado, 28 de março de 2009

Uma Peregrinação Absurda?

1. Neste torpor eclesial nacional em que habitualmente vivemos surgiram 3 mães e uma amiga das mesmas com a ideia rara de promover uma peregrinação nacional a Fátima, numa quarta-feira à noite, mais precisamente ontem, com o lema Acorda Família, em acção de graças pelos 50 anos da Consagração de Portugal ao Sagrado Coração de Jesus e 25 da Consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria, com o propósito de as renovar e de reparar pelas ofensas feitas a ambos ao longo destes anos. Ideias de mulheres beatas e irrealistas!, foi a reacção de muitos. Uma coisa feita em cima da hora, num dia de semana em que ninguém pode ir, sem coordenação com as Dioceses ou pelo menos com as Paróquias, nem a presença de qualquer Senhor Bispo. Não se percebe o ímpeto, a vertigem precipitada, a corrida desacompanhada.

Eu confesso que acho admirável este tipo de saídas estilo Astérix que irrompe contra as imensas centúrias romanas que cercam a sua aldeia para a destruir, acabando afinal por serem elas destroçadas. Claro que o segredo está no elixir, isto é na Graça de Cristo, que nos imuniza e fortalece contra toda a espécie de inimigos espirituais. No entanto, elas ao que parece não foram aí buscar a sua inspiração; dar-se-á até, talvez, o caso de não conhecerem este “santo” da minha particular “devoção”. Acharam muito simplesmente que tinha sido o Céu, isto é, Nosso Senhor a marcar a data. De facto, dia da Anunciação, ou melhor, da Encarnação do Deus Filho no seio da Virgem Maria, e 25º aniversário da Consagração feita pelo Papa João Paulo II, em união com os Bispos de todo o mundo, diante da Imagem de Nossa Senhora de Fátima, em Roma… Era, pois, preciso obedecer, isto é, entrar em comunhão com o Amor de Deus. E vai daí avançarem com Fé inabalável.

A vida, a família, as liberdades de educação e religiosa são objecto de agressão violenta, sistemática e planificada por todo o mundo, e em Portugal também. Hoje pendem sobre nós graves ameaças, em parte diferentes, mas de modo nenhum menores do que as de há 25 anos. E, como então, só o Sagrado Coração de Jesus e o Coração Imaculado de Maria, que são um só (como gosta de repetir o Professor Armindo Neves da Silva) nos podem salvar. São realmente um só no Amor, que é Deus, pois Aquela Mãe quer de tal modo a Seu Filho, que se despojou, por virtude do Espírito Santo, irreversível e totalmente de si mesma para completamente se deixar apropriar e identificar com Aquele que deu à luz.

2. Confluíram à Capelinha das Aparições cerca de mil pessoas vindas um pouco de todo o país. As belíssimas meditações do mesmo, feitas pelo P. João Tavares, da Diocese de Setúbal, foram lidas por casais e alguns dos mistérios rezados por crianças. Depois da Procissão das Velas, 3 sacerdotes concelebraram na Basílica que estava cheia de gente cheia de Fé. Presidiu o P. Gonçalo Portocarrero, que não conheço, um Prior do Entroncamento e um sacerdote suíço. A esplêndida homilia abordou muito certeiramente o essencial, tocou os corações dos presentes e confirmou-nos na fidelidade a Jesus Cristo. No final fez-se um belíssimo acto de Consagração ao Sagrado Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria. A Graça desse momento só quem lá esteve a pode balbuciar, que a mais não chegam as capacidades humanas. Foi como um abrir de uma porta ao Céu, que entrou a jorros de Luz e Verdade, inundando todos de imensa confiança e Amor. A intensidade do momento é indizível. Mas ficou a certeza da actualidade e perenidade da Mensagem de Fátima, ou melhor, do Evangelho explicado e comunicado pela Virgem Mãe de Deus naquele lugar sagrado. A segurança de que por fim o Seu Imaculado Coração sempre triunfará.

3. Não era necessário que Portugal inteiro acorresse ontem ao Santuário de Fátima, mas era essencial que lá estivesse representado por aqueles que lá foram, para que a Graça superabundante que lhes foi dada transborde para todos. Quem quiser dispor-se ao acolhimento dessas bênçãos e dons especiais medite a homilia e reze o acto de Consagração, de preferência em família.

Nuno Serras Pereira

26. 03. 2009

sexta-feira, 27 de março de 2009

Acorda, Família Cristã!

Homília na Basílica do Santuário de Fátima, na Solenidade da Anunciação do Senhor - 25 de Março de 2009

P. Gonçalo Portocarrero de Almada

1. Introdução. Depois de termos recitado o terço de Nossa Senhora, na Capelinha, e de termos acompanhado a sua veneranda imagem pela esplanada da Cova da Iria, abençoada pelas repetidas aparições de Maria e pela oração e penitência de milhões de peregrinos, reunimo-nos agora nesta Basílica, junto às sepulturas dos três Pastorinhos, para a celebração da Eucaristia e o acto da consagração das famílias ao Sagrado Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria.

Fazemo-lo no âmbito desta jornada de oração pela família, nesta hora difícil para tantas gentes portuguesas, não apenas pelas carências materiais que experimentam no seu dia-a-dia, mas também e principalmente pelas muitas dificuldades que a cultura dominante opõe à dignidade e santidade da família cristã.

E fazemo-lo numa data especialmente feliz, porque cumprem-se hoje vinte e cinco anos sobre a consagração do mundo inteiro ao Imaculado Coração de Maria, realizada pelo saudoso João Paulo II em Roma, diante da imagem de Nossa Senhora do Rosário que se venera na Capelinha deste santuário. A essa consagração, há tanto tempo pedida por Maria e finalmente realizada pelo anterior Papa, seguiu-se, quase de imediato, a pacífica revolução do Leste europeu que, depois de várias décadas de opressão e de perseguição religiosa, recuperou a liberdade pela mão da Mãe do Céu.

É com análoga esperança que hoje nos dirigimos a Nossa Senhora, na certeza de que a nossa prece não deixará de ser atendida pela Senhora mais brilhante do que o Sol e de que, mais uma vez, Ela irá fazer brilhar a sua luz sobre esta noite de trevas por que passa a nossa sociedade. Cremos em Maria; cremos no seu amor misericordioso; cremos na sua poderosa intercessão junto de Deus!

Acreditamos que esta nossa consagração ao seu Imaculado Coração e ao Sagrado Coração de Jesus é prenúncio de um novo tempo, a aurora de uma nova evangelização, de um renascimento espiritual do mundo inteiro, de uma autêntica conversão de todas a cada uma das nações, das nossas famílias e dos nossos corações!

2. O poder da oração. Fátima é o lugar em que a Omnipotência suplicante, título que alguns autores espirituais atribuíram muito certeiramente a Maria, escolheu para nos ensinar a lição do verdadeiro poder.

Quando, há quase um século, a Europa debatia-se numa impiedosa luta fratricida, a primeira guerra mundial, Nossa Senhora marcou aqui, na Cova da Iria, um encontro com três crianças analfabetas que, despreocupadamente, pastoreavam as suas ovelhas por estas paragens. A Mãe do Céu não apareceu aos poderosos deste mundo, não se fez ver nos campos de batalha, não se dirigiu aos Estados-Maiores nem aos parlamentos, não convocou os governantes, nem chamou os ricos. Preferiu aquelas três crianças, que escolheu para suas interlocutoras, para que depois fossem elas as portadoras da sua mensagem para o mundo inteiro e as primeiras fiéis executantes dos seus ensinamentos. Elas, que mal sabiam rezar as contas que seus pais lhes tinham vivamente aconselhado; elas, que viviam alheias à guerra em que também se vertia sangue português; elas, que na sua ignorância desconheciam a existência da Rússia, bem como a impiedade da sua tirania; elas, que na sua inocência pensavam que os pecados da carne fossem a omissão da abstinência, foram, não obstante a sua objectiva insignificância, as escolhidas para confidentes da Senhora do doce nome!

E, porque responderam afirmativamente ao chamamento mariano, como dois mil anos antes o fizera a donzela da Nazaré (cf. Lc 1, 26-38), foram os instrumentos fiéis da divina Providência para derrotar o materialismo ateu. A elas, à sua oração e penitência, se ficou também a dever a mudança realizada por essas datas no nosso país, a braços com um regime manifestamente anticristão. Com efeito, pouco tempo depois, foram restabelecidas as relações diplomáticas da Santa Sé com esta nação fidelíssima, que o foi sempre no seu povo e em alguns dos seus chefes, permitiu-se de novo que a Igreja cumprisse a sua missão pastoral e autorizou-se o regresso da quase totalidade dos nossos Bispos, então exilados pelo poder político.

3. O sinal de Fátima. Queridas famílias cristãs! Neste nosso tempo trava-se uma guerra mundial contra a santidade da vida humana e contra a natureza e dignidade da família e do matrimónio cristão, ignobilmente equiparado a uniões que repugnam até ao mais elementar bom senso! É verdade que poderosíssimas organizações internacionais e não poucos Estados, alguns até de nações com tradição cristã, com a cumplicidade de múltiplos órgãos de comunicação social, estão empenhados em destruir a família e a Igreja. Não vos deixeis contudo desalentar pela vossa fraqueza e exiguidade, nem olheis com temor para o poder de tantos e tão poderosos inimigos, porque o Senhor «dispersa os homens de coração soberbo, depõe do trono os poderosos e eleva os humildes, enche de bens os famintos e aos ricos despede de mãos vazias» (cf Lc 1,51-53).

Agora, como em 1917, ou como há dois mil anos, Deus quer servir-se de vós, como o fez há dois milénios com aquela pobre e humilde virgem de Nazaré (cf Lc 1, 26-27) ou, mais recentemente, com aquelas três crianças que aqui foram as confidentes da Rainha do Céu!

Em pleno Ano Paulino, vem a propósito recordar o ensinamento do Apóstolo das Gentes aos cristãos de Corinto, também eles ínfimos, em quantidade e qualidade, sobretudo se comparados com as hostes que os acossavam e perseguiam: «entre vós – constatava Paulo de Tarso – não há muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos nobres; mas as coisas loucas, segundo o mundo, escolheu-as Deus para confundir os sábios; e as coisas fracas, segundo o mundo, escolheu-as Deus para confundir as fortes; Deus escolheu as coisas vis e desprezíveis segundo o mundo e aquelas que não são nada, para destruir as que são, para que nenhuma criatura se glorie diante d’Ele. É por Ele que estais em Jesus Cristo, a Quem Deus tornou, para nós, em sabedoria, justiça, santificação e redenção» (1Cor 1, 26-30).

Eis o verdadeiro milagre de Fátima: a sabedoria dos ignorantes, a força dos fracos e o poder dos humildes - numa palavra, a eficácia sobreabundante da graça de Deus! Há porventura coisa mais maravilhosa do que o feito daquelas três crianças?! Houve porventura alguém que ganhasse uma tão espantosa batalha como a que os videntes alcançaram com a derrota do totalitarismo que, durante décadas, oprimiu todos as nações da Europa do Leste?!

Conta-se que um poderoso dirigente da Rússia soviética, ao ser advertido da previsível oposição do Papa a uma sua medida contrária à liberdade e à justiça, teria comentado:

- Mas onde estão os exércitos do Papa?!

Se pensava em tanques e em armas de destruição, razão tinha para se rir da diminuta força de segurança que tem a seu cargo a defesa do minúsculo Estado do Vaticano. Mas não são os guardas suíços o exército do Santo Padre, porque o verdadeiro exército do Papa somos nós, todos os cristãos, todos os membros vivos da Igreja militante, cuja principal arma é a oração e o sacrifício, nomeadamente a recitação do terço de Nossa Senhora! Foram estas as divisões e os blindados que venceram o tenebroso regime soviético! Foi a oração dos Pastorinhos, e de quantos seguiram o seu exemplo, a força que venceu o ateísmo e alcançou, imprevisivelmente, a conversão de tantos povos e nações! As nossas balas são as contas que desfiamos ao rezar o terço de Nossa Senhora e é com a força do amor a Deus e a intercessão maternal de Maria que declaramos guerra ao ódio e à injustiça! Porque «esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé!» (1Jo 5, 4).

4. Apelo à conversão. Não é possível vir a Fátima e não ficar gratamente espantado com o espectáculo habitual das multidões ingentes que ininterruptamente acorrem a este santo lugar. Como explicar a sua presença se aqui, na Cova da Iria, não há outros milagres do que a edificante penitência dos peregrinos, nem outra sabedoria do que a das suas singelas preces?! Mas é este, precisamente, o verdadeiro milagre de Fátima, que permanece oculto para os néscios e poderosos, mas que para nós, pela graça de Deus, brilha mais do que o sol dançante daquele 13 de Outubro de 1917!

Se nos enaltece a recordação das aparições de Nossa Senhora e nos anima a generosa resposta dos Pastorinhos e de quantos aqui reencontraram o caminho do Céu, não esqueçamos que também nós, aqui e agora, somos interpelados por Deus, através de Maria: «Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a Minha voz e Me abrir a porta, entrarei em sua morada, cearei com ele e ele comigo» (Ap 3, 20).

Esta é a conversão que agora importa, mais do que a conversão de longínquos Estados ou nações: o milagre da nossa conversão pessoal, o milagre da nossa fé em Deus, o milagre sempre renovado da nossa esperança filial em Maria, o milagre do amor que se abre à vida e se dá sem condições, como Nossa Senhora neste dia da Anunciação: «Eis a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra» (Lc 1, 38).

Naquela hora bendita da encarnação do Verbo, tudo mudou na realidade, mas quase ninguém se apercebeu da chegada do Rei do Universo, já feito homem verdadeiro no seio virginal de sua Mãe. Na aparente monotonia da vida sempre igual daquela pequena localidade da Galileia, quase ninguém foi capaz de compreender que as tão desejadas promessas messiânicas já se tinham cumprido, não ao jeito de um novo império terreno, como alguns erradamente pensavam, mas na discreta intimidade da alma e do bendito ventre da «cheia de graça» (Lc 1, 28), a virgem, desposada com São José, que concebe do Espírito Santo o Filho unigénito de Deus e em cuja família, humana e divina, se inicia a salvação da humanidade! Só Aquela que, pela graça de Deus, se entregou ao mistério e nele viveu pela fé, pela esperança e pela caridade, viveu a experiência daquele Amor que em si tudo renova.

5. Conclusão.

Família cristã, sê fiel à grandeza da tua vocação!

Sê fiel ao desígnio de Deus que, na unidade da sua única essência e na trindade das suas Pessoas é a família por excelência, o paradigma da verdadeira comunhão de vida e de amor!

Família cristã, sê fiel à tua missão evangelizadora e grita a beleza do verdadeiro amor, que se realiza na doação a Deus e aos outros até ao fim, e não na mentira precária do prazer, que mais não é do que expressão do mais cruel egoísmo.

Família cristã, sê fiel à tua condição de igreja doméstica, santuário da civilização do amor, segundo o bendito exemplo de Jesus, Maria e José, a Sagrada Família de Nazaré!

Família cristã, converte-te e consagra-te ao Sagrado Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria, que será o teu refúgio e o caminho que te levará até Deus!

Famílias cristãs, em nome de Deus, que é Pai, Filho e Espírito Santo, eu vos abençoo, porque vós sois verdadeiramente o «sal da terra» e a «luz do mundo»! (cf. Mt 5, 13.14).

Benditas sejais!

terça-feira, 24 de março de 2009

A prostituição eclesiástica e a Paixão do Papa


1. Haverá aí alguém que não tenha ouvido falar num Bispo, até há pouco desconhecido, chamado Williamson? Creio que ninguém ignorará o grande clamor que se levantou por todo o mundo e mesmo na Igreja a propósito das suas disparatadas, ingénuas ou imbecis, maliciosas ou simplesmente apatetadas, afirmações sobre o holocausto perpetrado pelos nazis ao povo judeu. É fácil de compreender a grave apreensão que esse pronunciamento público provocou, principalmente nos sobreviventes e familiares dos que padeceram e morreram vítimas daquela monstruosa injustiça. Se hoje é ponto assente, não subsistindo dúvidas, sobre a enormidade e extensão daquele genocídio maquiavélico, entende-se também, muito bem, a perigosidade de tais declarações, uma vez que poderá contribuir, em certa medida, para gerar ou incrementar movimentos anti-semitas que advoguem que tudo não tenha passado de um delírio ou de uma propaganda dolosa, por parte desse povo, com objectivos inconfessáveis. Concebida a suspeita, a desconfiança, e com esta a hostilidade, tende a crescer dando à luz desentendimentos, discórdias, agressividades, perseguições, etc.

No entanto, tanto quanto nos é dado saber, este Bispo, que recordemo-nos está suspenso a divinis, nunca promoveu a ideologia nazi, aceitando plenamente as pesadas e implacáveis condenações que da mesma fizeram os Papas Pio XI e Pio XII, e nunca matou nenhum judeu.

Nos dias de hoje há um outro holocausto – a palavra é do Papa João Paulo II – o do aborto. Este genocídio foi advogado, propagandeado, promovido e votado por muitos que várias instituições católicas, desde a RR à UCP, têm como colaboradores ou convidados a debater e palestrar sobre os mais variados assuntos, inclusive acerca da licitude deste crime que João Paulo II classificou como o mais perverso e abominável.

O Bispo Williamson nunca, mas mesmo nunca, seria convidado ou autorizado a palestrar sobre qualquer tema, mesmo que fosse o do amor aos inimigos, como o são os promotores do holocausto contemporâneo.

Parece-me, pois, que isto só poderá significar o seguinte: quem manda na Igreja em Portugal não se rege por princípios e valores, mas pela popularidade e benefícios que pode ganhar. O que me leva a concluir que se o anti-semitismo estivesse de moda, contasse com maiorias, tivesse a comunicação social a seu favor e mandasse no estado, o Bispo Williamson e outros como ele, talvez mesmo Goebbels, caso fosse vivo, seguramente teriam as mesmas atenções e gozariam da mesma presença na RR, na UCP e em outras instituições da Igreja. As Sagradas Escrituras ao indicarem este tipo de comportamento chamam-lhe prostituição.

2. O Papa Bento XVI tem aquele traço que caracterizava Jesus Cristo, de Quem é vigário na Terra. Quando ensina, pela palavra ou pelo exemplo, desencadeia vendavais. Foi o que aconteceu agora, mais uma vez, a propósito de preservativo. Porque disse a verdade, a comunidade internacional, constituída por políticos, grandes multinacionais farmacêuticas, comunicação social, membros da hierarquia da Igreja, movimentos de controlo demográfico, instituições eugenistas, etc., formaram furacões, cuja característica parece ser a de, por incapacidade de se abrirem para irem ao encontro do outro, rodopiarem sobre si mesmos levando a destruição e desolação a toda a parte. O Santo Padre foi, de novo, flagelado pelos grandes deste mundo, acusado injustamente, condenado na praça pública. O semanário português Expresso ultrapassou ignobilmente em infâmia os algozes que coroaram Cristo de espinhos, ao encapuzar o representante do mesmo Cristo com aquele látex posto ao serviço da promiscuidade imunda que domina grande parte do mundo.

O Norte e o Ocidente rasgaram hipocritamente as faustosas e luxuriosas vestes arguindo o Papa de ser responsável por um genocídio sexual, como se a castidade e a fidelidade no matrimónio pudessem liquidar alguém! Este mesmo multimilionário Noroeste que atulha África de preservativos mas que é incapaz de auxiliar esse continente num verdadeiro combate à malária que mata muito mais que a sida; que ignora as mães que têm de andar 40 quilómetros a pé para arranjarem uma aspirina para o seu filho doente, ou 10 quilómetros para irem buscar água; que assistiu impávido e sereno aquele tenebroso e imenso genocídio do Ruanda. Este Noroeste que censura a informação verdadeira e cientificamente comprovada do incentivo à promiscuidade que as suas campanhas do látex imundo têm promovido com o consequente aumento exponencial das doenças sexualmente transmissíveis, algumas incuráveis e outras mais mortais que a sida. Em 20 anos, por exemplo, nos USA elas subiram de três para cerca de vinte. O preservativos é incapaz de deter o vírus do papiloma humano (HPV) que é responsável por muito mais mortes que a sida. E o vírus desta, com o decorrer do tempo, acabará inevitavelmente, mesmo com o uso consistente do preservativo, em virtude do chamado “efeito roleta russa”, por contagiar quem o usa. Isto quem o afirma não é a Igreja mas sim a IPPF a maior organização não governamental do mundo que se dedica ao incentivo do aborto, da promiscuidade sexual, da contracepção e do preservativo.

Não por acaso Edward C. Green, Director do projecto de investigação sobre a sida do Centro de Estudos, da Universidade de Harvard (USA), para a População e Desenvolvimento veio a terreno defender o Papa Bento XVI: “O Papa tem razão, ou dito de outra maneira, as melhores provas que temos estão de acordo, suportam, as palavras do Papa”. E continuou “ os nossos estudos, incluindo o US – funded Demographic Healt Surveys’, mostram uma associação consistente entre a maior disponibilidade e uso de preservativos e uma taxa mais alta (não mais baixa) de infecção por HIV.”[1]

Os médicos que trabalham em África sabem-no bem. Em entrevistas, por estes dias, ao Avvennire afirmaram categoricamente que não é possível diminuir o contágio sem uma alteração radical dos comportamentos. E que só onde ela se deu é que se verificou uma diminuição substancial do mesmo. Sendo porventura os exemplos mais eloquentes o Uganda, em África, e as Filipinas, no Pacífico.

Acima falei de vendaval e logo a seguir dos furacões. Espero que não se tenha entendido que eu atribuía a responsabilidade por estes últimos ao Santo Padre. Não! Estes devastadores como são devem ser atribuídos ao império que as potestades malignas exercem sobre os grandes deste mundo. Os vendavais, pelo contrário, são causados pelo Espírito Santo, como no Pentecostes, e suscitam conversões e adesão a Jesus Cristo e à Sua Igreja. É isso mesmo que verificamos com o Papa Bento XVI. Bem podem as autoridades mundanas e algumas eclesiásticas arreganhar-lhe o dente e rosnar-lhe impropérios que o povo simples está com ele e segue-o avidamente, como outrora seguia Jesus.

Nuno Serras Pereira

23. 03. 2009

sexta-feira, 20 de março de 2009

Director of the AIDS Prevention Research Project at the Harvard Center: Pope is Correct on Condom Distribution Making AIDS Worse


By John-Henry Westen

March 19, 2009 (www.LifeSiteNews.com) - Edward C. Green, director of the AIDS Prevention Research Project at the Harvard Center for Population and Development Studies, has said that the evidence confirms that the Pope is correct in his assessment that condom distribution exacerbates the problem of AIDS.

See Dr. Green's impressive credentials and list of publications at
http://www.harvardaidsprp.org/faculty-staff/edward-c-green-bio.html

"The pope is correct," Green told National Review Online Wednesday, "or put it a better way, the best evidence we have supports the pope's comments."

"There is," Green added, "a consistent association shown by our best studies, including the U.S.-funded 'Demographic Health Surveys,' between greater availability and use of condoms and higher (not lower) HIV-infection rates. This may be due in part to a phenomenon known as risk compensation, meaning that when one uses a risk-reduction 'technology' such as condoms, one often loses the benefit (reduction in risk) by 'compensating' or taking greater chances than one would take without the risk-reduction technology." ( see the full interview with Green here: http://article.nationalreview.com/?q=MTNlNDc1MmMwNDM0OTEzMjQ4NDc0ZGUyOWYxNmEzN2E= )

The Harvard AIDS Project's webpage on Green lists his book "Rethinking AIDS Prevention: Learning from Successes in Developing Countries". It is stated that Green reveals, "The largely medical solutions funded by major donors have had little impact in Africa, the continent hardest hit by AIDS. Instead, relatively simple, low-cost behavioral change programs--stressing increased monogamy and delayed sexual activity for young people--have made the greatest headway in fighting or preventing the disease's spread."

The full text of Pope Benedict XVI's exchange with the reporter, which has set off a firestorm around the world in the media, has been released by the Vatican press office.

The pope was asked, "Holy Father among the many evils that affect Africa there is also the particular problem of the spread of AIDS. The position of the Catholic Church for fighting this evil is frequently considered unrealistic and ineffective.?"

Benedict XVI replied, "I would say the opposite.

"It is my belief that the most effective presence on the front in the battle against HIV/AIDS is precisely the Catholic Church and her institutions. I think of the Community of Sant' Egidio, which does so much, visibly and invisibly to fight AIDS, of the Camillians, of all the nuns that are at the service of the sick.

"I would say that this problem of AIDS cannot be overcome with advertising slogans. If the soul is lacking, if Africans do not help one another, the scourge cannot be resolved by distributing condoms; quite the contrary, we risk worsening the problem. The solution can only come through a twofold commitment: firstly, the humanization of sexuality, in other words a spiritual and human renewal bringing a new way of behaving towards one another; and secondly, true friendship, above all with those who are suffering, a readiness - even through personal sacrifice - to be present with those who suffer. And these are the factors that help and bring visible progress.

"Therefore, I would say that our double effort is to renew the human person internally, to give spiritual and human strength to a way of behaving that is just towards our own body and the other person's body; and this capacity of suffering with those who suffer, to remain present in trying situations.

"I believe that this is the first response [to AIDS] and that this is what the Church does, and thus, she offers a great and important contribution. And we are grateful to those that do this."

See Dr. Green's impressive credentials and list of publications at
http://www.harvardaidsprp.org/faculty-staff/edward-c-green-bio.html

quinta-feira, 19 de março de 2009

Polémica a propósito da da menina de 9 anos Arcebispo brasileiro e jornal do Vaticano

O Bispo Rino Fisichella escreveu um artigo no l' Osservatore Romano muito crítico em relação à atitude do seu confrade Arcebispo de Recife. Este responde-lhe à letra aqui .

segunda-feira, 16 de março de 2009

O que a comunicação social omitiu sobre a menina brasileira submetida ao abortamento de gêmeos


Grávida de gêmeos em Alagoinha
O lado que a imprensa deixou de contar

Há cerca de oito dias, nossa cidade foi tomada de surpresa por uma trágica notícia de um acontecimento que chocou o país: uma menina de 9 anos de idade, tendo sofrido violência sexual por parte de seu padrasto, engravidou de dois gêmeos. Além dela, também sua irmã, de 13 anos, com necessidade de cuidados especiais, foi vitima do mesmo crime. Aos olhos de muitos, o caso pareceu absurdo, como de fato assim também o entendemos, dada a gravidade e a forma como há três anos isso vinha acontecendo dentro da própria casa, onde moravam a mãe, as duas garotas e o acusado.


O Conselho Tutelar de Alagoinha, ciente do fato, tomou as devidas providências no sentido de apossar-se do caso para os devidos fins e encaminhamentos. Na sexta-feira, dia 27 de fevereiro, sob ordem judicial, levou as crianças ao IML de Caruaru-PE e depois ao IMIP (Instituto Médico Infantil de Pernambuco), de Recife a fim de serem submetidas a exames sexológicos e psicológicos. Chegando ao IMIP, em contato com a Assistente Social Karolina Rodrigues, a Conselheira Tutelar Maria José Gomes, foi convidada a assinar um termo em nome do Conselho Tutelar que autorizava o aborto. Frente à sua consciência cristã, a Conselheira negou-se diante da assistente a cometer tal ato. Foi então quando recebeu das mãos da assistente Karolina Rodrigues um pedido escrito de próprio punho da mesma que solicitava um “encaminhamento ao Conselho Tutelar de Alagoinha no sentido de mostrar-se favorável à interrupção gestatória da menina, com base no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e na gravidade do fato”. A Conselheira guardou o papel para ser apreciado pelos demais Conselheiros colegas em Alagoinha e darem um parecer sobre o mesmo com prazo até a segunda-feira dia 2 de março. Os cinco Conselheiros enviaram ao IMIP um parecer contrário ao aborto, assinado pelos mesmos. Uma cópia deste parecer foi entregue à assistente social Karolina Rodrigues que o recebeu na presença de mais duas psicólogas do IMIP, bem como do pai da criança e do Pe. Edson Rodrigues, Pároco da cidade de Alagoinha.


No sábado, dia 28, fui convidado a acompanhar o Conselho Tutelar até o IMIP em Recife, onde, junto à conselheira Maria José Gomes e mais dois membros de nossa Paróquia, fomos visitar a menina e sua mãe, sob pena de que se o Conselho não entregasse o parecer desfavorável até o dia 2 de março, prazo determinado pela assistente social, o caso se complicaria. Chegamos ao IMIP por volta das 15 horas. Subimos ao quarto andar onde estavam a menina e sua mãe em apartamento isolado. O acesso ao apartamento era restrito, necessitando de autorização especial. Ao apartamento apenas tinham acesso membros do Conselho Tutelar, e nem tidos. Além desses, pessoas ligadas ao hospital. Assim sendo, à área reservada tiveram acesso naquela tarde as conselheiras Jeanne Oliveira, de Recife, e Maria José Gomes, de nossa cidade.


Com a proibição de acesso ao apartamento onde menina estava, me encontrei com a mãe da criança ali mesmo no corredor. Profunda e visivelmente abalada com o fato, expôs para mim que tinha assinado “alguns papéis por lá”. A mãe é analfabeta e não assina sequer o nome, tendo sido chamada a pôr as suas impressões digitais nos citados documentos.


Perguntei a ela sobre o seu pensamento a respeito do aborto. Valendo-se se um sentimento materno marcado por preocupação extrema com a filha, ela me disse da sua posição desfavorável à realização do aborto. Essa palavra também foi ouvida por Robson José de Carvalho, membro de nosso Conselho Paroquial que nos acompanhou naquele dia até o hospital. Perguntei pelo estado da menina. A mãe me informou que ela estava bem e que brincava no apartamento com algumas bonecas que ganhara de pessoas lá no hospital. Mostrava-se também muito preocupada com a outra filha que estava em Alagoinha sob os cuidados de uma família. Enquanto isso, as duas conselheiras acompanhavam a menina no apartamento. Saímos, portanto do IMIP com a firme convicção de que a mãe da menina se mostrava totalmente desfavorável ao aborto dos seus netos, alegando inclusive que “ninguém tinha o direito de matar ninguém, só Deus”.


Na segunda-feira, retornamos ao hospital e a história ganhou novo rumo. Ao chegarmos, eu e mais dois conselheiros tutelares, fomos autorizados a subirmos ao quarto andar onde estava a menina. Tomamos o elevador e quando chegamos ao primeiro andar, um funcionário do IMIP interrompeu nossa subida e pediu que deixássemos o elevador e fôssemos à sala da Assistente Social em outro prédio. Chegando lá fomos recebidos por uma jovem assistente social chamada Karolina Rodrigues. Entramos em sua sala eu, Maria José Gomes e Hélio, Conselheiros de Alagoinha, Jeanne Oliveira, Conselheira de Recife e o pai da menina, o Sr. Erivaldo, que foi conosco para visitar a sua filha, com uma posição totalmente contrária à realização do aborto dos seus netos. Apresentamo-nos à Assistente e, ao saber que ali estava um padre, ela de imediato fez questão de alegar que não se tratava de uma questão religiosa e sim clínica, ainda que este padre acredite que se trata de uma questão moral.


Perguntamos sobre a situação da menina como estava. Ela nos afirmou que tudo já estava resolvido e que, com base no consentimento assinado pela mãe da criança em prol do aborto, os procedimentos médicos deveriam ser tomados pelo IMI dentro de poucos dias. Sem compreender bem do que se tratava, questionei a assistente no sentido de encontrar bases legais e fundamentos para isto. Ela, embora não sendo médica, nos apresentou um quadro clínico da criança bastante difícil, segundo ela, com base em pareceres médicos, ainda que nada nos tivesse sido apresentado por escrito.


Justificou-se com base em leis e disse que se tratava de salvar apenas uma criança, quando rebatemos a idéia alegando que se tratava de três vidas. Ela, desconsiderando totalmente a vida dos fetos, chegou a chamá-los em “embriões” e que aquilo teria que ser retirado para salvar a vida da criança. Até então ela não sabia que o pai da criança estava ali sentado ao seu lado. Quando o apresentamos, ela perguntou ao pai, o Sr. Erivaldo, se ele queria falar com ela. Ele assim aceitou. Então a assistente nos pediu que saíssemos todos de sua sala os deixassem a sós para a essa conversa. Depois de cerca de vinte e cinco minutos, saíram dois da sala para que o pai pudesse visitar a sua filha. No caminho entre a sala da assistente e o prédio onde estava o apartamento da menina, conversei com o pai e ele me afirmou que sua idéia desfavorável ao aborto agora seria diferente, porque “a moça me disse que minha filha vai morrer e, se é de ela morrer, é melhor tirar as crianças”, afirmou o pai quase que em surdina para mim, uma vez que, a partir da saída da sala, a assistente fez de tudo para que não nos aproximássemos do pai e conversássemos com ele. Ela subiu ao quarto andar sozinha com ele e pediu que eu e os Conselheiros esperássemos no térreo. Passou-se um bom tempo. Eles desceram e retornamos à sala da assistente social. O silêncio de que havia algo estranho no ar me incomodava bastante. Desta vez não tive acesso à sala. Porém, em conversa com os conselheiros e o pai, a assistente social Karolina Rodrigues, em dado momento da conversa, reclamou da Conselheira porque tinha me permitido ver a folha de papel na qual ela solicitara o parecer do Conselho Tutelar de Alagoinha favorável ao aborto e rasgou a folha na frente dos conselheiros e do pai da menina. A conversa se estendeu até o final da tarde quando, ao sair da sala, a assistente nos perguntava se tinha ainda alguma dúvida. Durante todo o tempo de permanência no IMIP não tivemos contato com nenhum médico. Tudo o que sabíamos a respeito do quadro da menina era apenas fruto de informações fornecidas pela assistente social. Despedimo-nos e voltamos para nossas casas. Aos nossos olhos, tudo estava consumado e nada mais havia a fazer.


Dada a repercussão do fato, surge um novo capítulo na história. O Arcebispo Metropolitano de Olinda e Recife, Dom José Cardoso, e o bispo de nossa Diocese de Pesqueira, Dom Francisco Biasin, sentiram-se impelidos a rever o fato, dada a forma como ele se fez. Dom José Cardoso convocou, portanto, uma equipe de médicos, advogados, psicólogos, juristas e profissionais ligados ao caso para estudar a legalidade ou não de tudo o que havia acontecido. Nessa reunião que se deu na terça-feira, pela manhã, no Palácio dos Manguinhos, residência do Arcebispo, estava presente o Sr. Antonio Figueiras, diretor do IMIP que, constatando o abuso das atitudes da assistente social frente a nós e especialmente com o pai, ligou ao hospital e mandou que fosse suspensa toda e qualquer iniciativa que favorecesse o aborto das crianças. E assim se fez.


Um outro encontro de grande importância aconteceu. Desta vez foi no Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco, na tarde da terça-feira. Para este, eu e mais dois Conselheiros, bem como o pai da menina formos convidados naquela tarde. Lá no Tribunal, o desembargador Jones Figueiredo, junto a demais magistrados presentes, se mostrou disposto a tomar as devidas providências para que as vidas das três crianças pudessem ser salvas. Neste encontro também estava presente o pai da criança. Depois de um bom tempo de encontro, deixamos o Tribunal esperançosos de que as vidas das crianças ainda poderiam ser salvas.


Já a caminho do Palácio dos Manguinhos, residência do Arcebispo, por volta das cinco e meia da tarde, Dom José Cardoso recebeu um telefonema do Diretor do IMIP no qual ele lhe comunicava que um grupo de uma entidade chamada Curumins, de mentalidade feminista pró-aborto, acompanhada de dois técnicos da Secretaria de Saúde de Pernambuco, teriam ido ao IMIP e convencido a mãe a assinar um pedido de transferência da criança para outro hospital, o que a mãe teria aceito. Sem saber do fato, cheguei ao IMIP por volta das 18 horas, acompanhado dos Conselheiros Tutelares de Alagoinha para visitar a criança. A Conselheira Maria José Gomes subiu ao quarto andar para ver a criança. Identificou-se e a atendente, sabendo que a criança não estava mais na unidade, pediu que a Conselheira sentasse e aguardasse um pouco, porque naquele momento “estava havendo troca de plantão de enfermagem”. A Conselheira sentiu um clima meio estranho, visto que todos faziam questão de manter um silêncio sigiloso no ambiente. Ninguém ousava tecer um comentário sequer sobre a menina.


No andar térreo, fui informado do que a criança e sua mãe não estavam mais lá, pois teriam sido levadas a um outro hospital há pouco tempo acompanhadas de uma senhora chamada Vilma Guimarães. Nenhum funcionário sabia dizer para qual hospital a criança teria sido levada. Tentamos entrar em contato com a Sra. Vilma Guimarães, visto que nos lembramos que em uma de nossas primeiras visitas ao hospital, quando do assédio de jornalistas querendo subir ao apartamento onde estava a menina, uma balconista chamada Sandra afirmou em alta voz que só seria permitida a entrada de jornalistas com a devida autorização do Sr. Antonio Figueiras ou da Sra. Vilma Guimarães, o que nos leva a crer que trata-se de alguém influente na casa. Ficamos a nos perguntar o seguinte: lá no IMIP nos foi afirmado que a criança estava correndo risco de morte e que, por isso, deveria ser submetida ao procedimentos abortivos. Como alguém correndo risco de morte pode ter alta de um hospital? A credibilidade do IMIP não estaria em jogo se liberasse um paciente que corre risco de morte? Como explicar isso? Como um quadro pode mudar tão repentinamente? O que teriam dito as militantes do Curumim à mãe para que ela mudasse de opinião? Seria semelhante ao que foi feito com o pai?


Voltamos ao Palácio dos Manguinhos sem saber muito que fazer, uma vez que nenhuma pista nós tínhamos. Convocamos órgãos de imprensa para fazer uma denúncia, frente ao apelo do pai que queria saber onde estava a sua filha.


Na manhã da quarta-feira, dia 4 de março, ficamos sabendo que a criança estava internada na CISAM, acompanhada de sua mãe. O Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (FUSAM) é um hospital especializado em gravidez de risco, localizado no bairro da Encruzilhada, Zona Norte do Recife. Lá, por volta das 9 horas da manhã, nosso sonho de ver duas crianças vivas se foi, a partir de ato de manipulação da consciência, extrema negligência e desrespeito à vida humana.


Isto foi relatado para que se tenha clareza quanto aos fatos como verdadeiramente eles aconteceram. Nada mais que isso houve. Porém, lamentamos profundamente que as pessoas se deixem mover por uma mentalidade formada pela mídia que está a favor de uma cultura de morte. Espero que casos como este não se repitam mais.


Ao IMIP, temos que agradecer pela acolhida da criança lá dentro e até onde pode cuidar dela. Mas por outro lado não podemos deixar de lamentar a sua negligência e indiferença ao caso quando, sabendo do verdadeiro quadro clínico das crianças, permitiu a saída da menina de lá, mesmo com o consentimento da mãe, parecendo ato visível de quem quer se ver livre de um problema.


Aos que se solidarizaram conosco, nossa gratidão eterna em nome dos bebês que a esta hora, diante de Deus, rezam por nós. “Vinde a mim as crianças”, disse Jesus. E é com a palavra desde mesmo Jesus que continuaremos a soltar nossa voz em defesa da vida onde quer que ela esteja ameaçada. “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham plenamente” (Jo, 10,10). Nisso cremos, nisso apostamos, por isso haveremos de nos gastar sempre. Acima de tudo, a Vida!


Pe. Edson Rodrigues
Pároco de Alagoinha-PE

"Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível e de repente você estará fazendo o impossível".

sexta-feira, 13 de março de 2009

O contra-catolicismo de alguns Bispos

A católica, assim ela se definiu a si mesma, Catalina Pestana na coluna que escreve semanalmente no periódico Sol insurgiu-se, no sábado ante-passado, contra a Nota da Conferência Episcopal por esta se opor ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. Como é que uma pessoa que contradita explicitamente Verdades Reveladas, e a própria razão, se considera católica é algo que ultrapassa as minhas capacidades de entendimento. Que depois desta posição pública se apresente à Sagrada Comunhão e esta não lhe seja negada só poderá ser “explicável” tendo em conta o mistério da iniquidade.

Catalina Pestana não se limitou, porém, a sovar o Magistério da Igreja senão que fairmou conhecer Bispos que concordam com a sua posição. Não adiantou nomes, limitou-se a levantar a suspeição. É certo que podemos não acreditar na sua asserção, dando-a como sujeita a alucinações. Se assim fora, todo o seu testemunho em relação às vítimas da Casa Pia, ficaria seriamente descredibilizado. Mas podemos também fiar-nos do que ela diz e ser levados a concluir que, como já aconteceu na história da Igreja, existem Bispos em Portugal que hipocritamente recorrem à dissimulação enquanto combatem e minam a Igreja por dentro. Já tivemos não poucos indícios disso, nestes últimos anos, relacionados com vários temas fracturantes, como hoje se costuma dizer, que foram surgindo.

Aliás o problema não é só português. A carta que o Papa Bento XVI escreveu aos Bispos de todo o mundo, e que hoje foi dada a conhecer, é um exemplo eloquente, num linguajar forte mas diplomático, disso mesmo. É muito importante que num momento como este cerremos fileiras em torno do sucessor de S. Pedro, rezando mais assiduamente por ele, manifestando-lhe a nossa comunhão e obediência, combatendo o seu combate.

Nuno Serras Pereira

12. 03. 2009