terça-feira, 3 de junho de 2014

O celibato do Papa Francisco - por Nuno Serras Pereira


03. 06. 2014

1. Eu confesso que não estava habituado (culpa minha, ou dos outros Papas que conheci?) a declarações e gestos papais improvisados que se prestam invariavelmente grandes ambiguidades.

Um dos mais recentes foi o da concelebração e do beija-mão de Francisco a um sacerdote activista marxista e promotor de depravações sexuais de homens com homens e de mulheres com mulheres. O que me provocou maior perplexidade não foi, nem por sombras, o facto do Papa beijar a mão a um sacerdote, coisa, de resto, que S. Francisco de Assis fazia, por reverência à Santíssima Eucaristia, a qualquer Padre, por maior pecador que fosse. Nestes gestos de enorme devoção ao Santíssimo Sacramento, que naquele tempo só podia ser tocado por mãos sacerdotais, S. Francisco afirmava contra os hereges cátaros e albigenses a validade da Eucaristia, com a consequente presença real de Jesus Cristo em Corpo, Alma e Divindade, na aparência do pão e do vinho, independentemente da virtude e santidade do sacerdote que a celebrava. Deus que se quis e quer dar a nós não podia, não queria, ficar dependente das disposições do ministro do Sacramento para o fazer – tanto mais que assim o fiel nunca saberia se tinha participado ou não do Sacrifício único do Redentor, que se torna presente na celebração da Missa, se tinha ou não comungado com o Senhor (isto não significa, de modo nenhum, que o sacerdote que celebre em pecado mortal o deva fazer; pelo contrário, comete um gravíssimo sacrilégio se assim procede). Era, pois, muito clara a razão pela qual S. Francisco de Assis procedia desse modo. Hoje, porém, as circunstâncias são muitíssimo diferentes. O activismo da ideologia “gay”, congénere da do “género” é poderosíssima, dominando e manipulando a política, as finanças, a cultura, a comunicação social, a educação, a jurisprudência e uma parte significativa de membros da hierarquia da Igreja. De modo que inclinar-se e beijar a mão (ou a pata? Se a “mão” promove coisas próprias de brutos irracionais, deverá adquirir a designação própria desses) de um padre que tem dedicado o seu ministério à promoção dessas ideologias, sem uma palavra que esclareça o sentido ou o propósito desse acto, certamente se prestará às interpretações mais desvairadas e até à propaganda fotográfica/internética para o avanço da tirania e do totalitarismo “gay”. Isto, independentemente da vontade de quem o fez, cujas intenções podiam ser as melhores, ou cuja ignorância, sobre o sujeito, objecto das mimosices, podia ser supina – o que é de estranhar grandemente. Como não há esclarecimentos mas tão só um silêncio enigmático podemos supor que o Santo Padre quisesse desse modo prestar a sua homenagem a quem tanto tem feitos pelos enfermos de sida/aids e outras maleitas, frutos do estilo sodomita e afins que essas gentes têm. No entanto, não se pode deixar de reparar que o tal padre com uma mão (ou pata) promove isso mesmo que principalmente provoca as tais doenças enquanto com a outra se mostra “caridoso” com os que as contraíram. É, de facto, extraordinário; imaginem-me de cacete na mão (ou pata, neste caso) rachando cabeças a torto e a direito enquanto que com a outra construía um hospital para tratar de crânios traumatizados... Não creio, posso evidentemente estar enganado, como em tudo o mais, que Francisco me beijasse a pata por uma atitude tão reles e hipócrita.

Mas o mais inquietante, para mim, não é, como já referi, o beija-mão, ou o beija-pé, ou o que mais quiserem. O que não acabo de entender é como é possível que há tantos anos um sacerdote que contradiz a Revelação transmitida pela Sagrada Escritura e pela Tradição, constantemente e unanimemente ensinada pelo Magistério da Igreja, desde há dois milénios, tem licença do seu Bispo para exercer o seu ministério, não é alvo de nenhuma sanção canónica e é admitido pelo Papa a uma concelebração eucarística, dando-lhe ainda por cima a ler o Evangelho. Não há dúvida de que o mistério da iniquidade é mesmo um grande Mistério. Claro que eu parto do princípio de que o Santo Padre de nada sabia e foi, digamos assim, armadilhado. Não entendo todavia porque é que agora, seguramente já ciente da situação, não determina um esclarecimento que a todos sossegue. Mas importa muito advertir que a minha incapacidade de compreensão não é evidentemente a medida das decisões de Francisco.

2. Há poucos dias, no regresso da sua viagem à terra santa, o Papa Francisco deu uma conferencia de imprensa a bordo do avião. Segundo as agências o Santo Padre terá dito que o celibato sacerdotal não é um dogma e que por isso, apesar de ser um dom para a Igreja, uma regra de vida, que ele muito estima, há uma abertura para uma possível mudança.

A propósito destas declarações (não se trata de um comentário às mesmas, mas tão só de um apontamento que a ocasião proporciona) aproveito o ensejo para dizer o seguinte, uma vez que uma ingente multidão o ignora.

a) Na Igreja existem muitas verdades irreformáveis, infalíveis, que não foram até agora definidas dogmaticamente. Por outras palavras, não é suficiente afirmar que uma coisa não é dogma de Fé para poder concluir que pode ser mudada.

b) Não é verdade que os Padres ortodoxos podem casar. O cristianismo ortodoxo, no século VIII, rejeitou a Tradição ao admitir que os varões casados, Ordenados Sacerdotes, podiam manter relações conjugais com as suas esposas. Uma coisa é Ordenar Sacramentalmente um varão casado, outra, que nunca foi admitida quer nas Igrejas ortodoxas quer na Católica, muito diferente é admitir um varão, já Ordenado Sacerdote, ao Sacramento do Matrimónio (só o admitem desde que o Padre seja “reduzido ao estado laical”; isto é, que nunca mais possa execercer o sacerdócio a não ser na assistência a um moribundo.). Pelo que é erróneo falar de se vir a admitir o casamento dos Padres.

c) Muito antes da Igreja decidir conferir a Ordenação Sacerdotal somente aos varões celibatários, desde o início exigiu que todo aquele que fosse casado renunciasse à comunhão de casa, ou não sendo possível à comunhão de leito, com a esposa e a passasse a tratar como irmã. Com o passar das épocas, para combater abusos, fruto da fragilidade humana ou até da pura ignorância invencível, se começou a permitir tão somente a convivência com a mãe ou com uma filha que se tivesse Consagrado na Ordem das Virgens. S. Pedro e outros apóstolos que eram casados deixaram profissão, propriedades, mulher e filhos por causa do Reino, isto é de Jesus. Mais tarde, muitos outros como, por exemplo, S. Paulino de Nola ou S. Gregório de Niza, fizeram o mesmo. E assim ininterruptamente até que a Igreja teve por bem escolher e admitir somente varões celibatários.

d) É preciso dizê-lo com toda a clareza e frontalidade: a Igreja Católica, a Igreja de Cristo, desde sempre reconheceu - esta é a minha convicção baseada nos estudos que tenho feito (confesso que quando era jovem sacerdote estive baralhado sobre o assunto em virtude do que me foi erroneamente ensinado) -, como Tradição Apostólica, principiada no próprio Jesus Cristo, a castidade na forma de continência absoluta como essencial para o ministério sacerdotal. Aliás, o mesmo era exigido aos diáconos e, evidentemente aos Bispos. A questão não tinha tanto a ver com o precedente da pureza ritual exigida ao Sumo Sacerdote aquando do sacrifício anual e com a entrada no Santo dos Santos, mas sim com o Sacrifício da Eucaristia e com o exemplo de Jesus Cristo. O Sacramento da Ordem, de facto, configura o Padre com Jesus Cristo Sumo Sacerdote, Cabeça da Igreja e Esposo da mesma para agir na Pessoa do próprio Cristo, na celebração dos Sacramentos, e para ser uma Sua presença sacramental junto a todos.

Se de facto se trata como julgo de Tradição dos Apóstolos, então não vejo como será possível modificar esse depósito da Fé que nos foi transmitido. Há coisas sobre as quais a Igreja não tem poder porque assim dispostas e determinadas pelo Seu fundador.

e) Há relativamente pouco tempo, tendo em conta os dois milénios de da sua existência, a Igreja tem não só Ordenado Diáconos casados, sem lhes exigir qualquer mudança de comportamento em relação às suas esposas, como tem conferido o Sacerdócio a Pastores protestantes casados, convertidos ao Catolicismo, sem lhes pedir qualquer alteração na relação sexual com as esposas. Se a memória não me atraiçoa o argumento para assim proceder será o de que a questão do celibato Sacerdotal é de lei eclesiástica e não Divina. E, de facto, se assim é a Igreja tem obviamente a faculdade de conceder essas dispensas. Não saberei garantir se esta é uma questão disputada ou se está bem enraizada na Tradição. Na longa história da Igreja houve tempos em que a hierarquia tomou decisões, durante períodos mais ou menos longos, hoje reconhecidas como inválidas porque não concordantes com o Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.


f) Para quem quiser aprofundar este tema sem ter que ler uma grande quantidade de textos, já aproveitará muito lendo este livro: Celibacy in the Early Church: The Beginnings of Obligatory Continence for Clerics in East and West .

segunda-feira, 19 de maio de 2014

O cruel surrealismo do Cardeal Kasper - por Nuno Serras Pereira

19. 05. 2014

Há muitos pontos por onde pegar, para a refutar, no que diz respeito à proposta surrealista do cardeal W. Kasper de admitir à Comunhão Sacramental os casados validamente pela Igreja que se divorciaram pelo civil e se voltaram a “casar” civilmente e que vivem, não como irmãos, mas sim mantendo comércio carnal, isto é, fornicando adulteramente um com o outro.

O cardeal mostra , em primeiro lugar, uma concepção mágica da realidade. De facto, afirma que a sua proposta não muda em nada a Doutrina da Igreja e, para o provar, afirma em entrevista a validade do primeiro casamento mas recusa terminantemente, contrariando a Palavra expressa de Jesus Cristo, que a convivência posterior seja adulterina. Na sua parca, ou delirante?, imaginação basta mudar o nome a uma coisa para ela deixar de ser o que é e transformar-se em qualquer outra coisa que ele decidir.

Mas deixemos isso e infinitas outras coisas que se poderiam dizer acerca do que ele avança e atendamos somente às invocadas responsabilidades morais respeitantes aos filhos que resultaram da cumplicidade adulterina, as quais obrigariam, sob pena de impotência Divina, a uma suposta misericórdia de Deus que não poderia deixar de compactuar e selar o facto consumado.

Recorrendo a esta mesma lógica teríamos de concluir que um pai ou uma mãe ou ambos, que fossem ameaçados de morte caso não negassem a Fé em Cristo não só poderiam como porventura deveriam renunciá-la, para não faltar às responsabilidades para com os filhos.

(Também no caso de um pai ou de uma mãe que cometessem crimes, talvez terroristas, cujas penas incluiriam prisão efetiva, talvez perpétua, a Igreja deveria proclamar a imoralidade de tal coação por parte do estado, uma vez que inibiam os pais de cumprir as suas responsabilidades para com os filhos. Pela mesma lógica, uma mobilização geral em tempos de emergência nacional prolongada e com risco de vida colocaria de fora qualquer pai. E não seria mesmo de excluir que os viúvos ou viúvas com filhos fossem moralmente obrigados pela Igreja a contrair um novo enlace matrimonial de modo a realizar melhor as suas responsabilidades paternais.)

Recomendar e admitir à Sagrada Comunhão quem vive em estado de pecado mortal é induzir as pessoas, como ensina S. Paulo a condenarem-se, convencendo-as que o mal é bem, que o errado é certo, que a pecaminosidade é santidade, é estorvar-lhes a conversão a Jesus Cristo. Todas estas coisas, aprendi no Catecismo e ao longo de toda a minha vida, são manhas do Demónio, que tem como fim a perdição das almas, a sua condenação eterna. E importa muito não esquecer que S. Pedro, o fundamento visível do Papado, ensina que a finalidade da nossa Fé é a salvação das almas.

À honra de Cristo e de Sua Mãe. Ámen.

domingo, 4 de maio de 2014

Matrimonio e Famiglia - Seminario di studi su Giovanni Paolo II - di Cardinal Carlo Caffarra

In Caffarra.it

Desidero premettere subito che la mia relazione avrà un carattere testimoniale. In un duplice senso. Dirò cose che si basano su numerosi colloqui personali col b. Giovanni Paolo II, ed anche cose che vi comunico non principalmente attraverso ragionamenti formalmente corretti, ma attraverso l’invito ad un reditus ad seipsum. Una comunicazione più agostiniana che scolastica.

1. La vicenda di questo Istituto ebbe inizio la sera del 20 gennaio 1981 quando, durante la cena, Giovanni Paolo II mi chiese di realizzare il suo progetto di fondare un Istituto di studi sul matrimonio e la famiglia.

Da quel momento iniziò un dialogo molto profondo, che da parte mia nasceva dall’esigenza che sentivo assai forte, di capire fino in fondo il progetto concepito dalla mente di quel grande pontefice, le sue ragioni ultime. Non era solo in questione la costituzione di un istituto accademico, ma la testimonianza che il Papa desiderava rendere alla Chiesa e al mondo circa il matrimonio e la famiglia. Una testimonianza di cui Egli avvertiva drammaticamente la necessità: una testimonianza alla verità circa il bene dell’amore coniugale. Egli un giorno mi disse: "l’amore coniugale non è amato". Intendeva dire, non è più riconosciuto nella sua preziosità propria. Non si sbagliava, se ora consideriamo a quali relazioni oggi esso è equiparato.

Vorrei fermarmi un momento su questo punto, perché è di fondamentale importanza. Egli non voleva – ne esistevano già tanti, anche nella Chiesa – un luogo dove si producessero nuove opinioni da contrapporre ad altre opinioni, a riguardo del matrimonio e della famiglia. Ma un luogo di ricerca di una verità, di un bene che Adamo aveva scoperto "fin dal principio", quando vide per la prima volta la donna. Verità e bene che anche oggi l’uomo e la donna riscoprono in se stessi, quando diventano "una sola carne". E’ questo un punto di vista molto difficile da fare proprio, tentati come siamo di pensare la ricerca comune della verità come una controversia fra rivali, anziché di compagni di viaggio incamminati verso la meta, e la questione, cui oggi assistiamo, una questione alla fine di leggi, non una quaestio de veritate amoris.

Giovanni Paolo II ci chiedeva di essere scopritori – testimoni della verità circa il bene inscritto nella relazione uomo-donna. Ritornerò più avanti su questo "punto sorgivo". Ho detto relazione. Il bene di cui stiamo parlando è un bene relazionale, della persona in quanto è-in-relazione. Non un bene individuale.

La prima, grande testimonianza che il Santo Pontefice diede sono state le 134 catechesi sull’amore umano, che saranno la "carta topografica", per così dire, della vita intellettuale dell’Istituto. Alla fine della prima catechesi [5 settembre 1979], Giovanni Paolo II dice:


"Il ciclo di riflessione che iniziamo oggi, coll’intenzione di continuarlo durante i successivi incontri del mercoledì, ha anche come scopo fra altri, accompagnare, per così dire, da lontano i lavori preparatori del Sinodo, non affrontando direttamente il suo tema, ma dirigendo l’attenzione alle radici profonde".

Il testo è di grande importanza.

La Chiesa stava affrontando per la prima volta a livello sinodale il tema del matrimonio e della famiglia. Quale aiuto dà il Papa ai futuri Padri Sinodali? Li conduce "al principio"; li guida verso l’inizio, là dove nasce l’uomo e la donna nel matrimonio.

E’ caratteristico del grande Pontefice il tipo di aiuto che Egli ha voluto dare ai Padri Sinodali. Non è entrato nelle questioni particolari: molte, già allora, gravi e difficili. Ha desiderato che i Padri ri-scoprissero le "radici". E questo è l’aiuto che l’Istituto ha sempre cercato di dare alla Chiesa, secondo la proposta del Santo Pontefice.

Devo fermarmi un momento su questo punto. La nostra ragione è talmente indebolita che sentendo parlare di verità, pensa subito ad opinioni circa il matrimonio, ad una qualche teoria della famiglia. Opinioni alla quali si contrappongono altre opinioni; teorie contestate con altre teorie. E così è accaduto nel mondo di oggi. Il risultato non poteva che essere la convinzione che non esiste alcuna verità circa il matrimonio.

Quando siamo invitati a guardare "all’inizio", "alle radici" il Santo Pontefice non sta costruendo una sua e nuova antropologia. Più semplicemente ci dice: "guarda te stesso guardando al "Principio"" e "guarda il "Principio" guardando te stesso". E’ l’agostiniano "in interiore homine habitat Veritas".

Posso esprimermi anche nel modo seguente. Se uno avesse chiesto a Giovanni Paolo II se stava facendo un’esegesi dei primi due capitoli della Genesi, sia pure coll’autorevolezza propria del Papa, alla quale comunque si potevano opporre altre esegesi, egli – penso – si sarebbe meravigliato della domanda. Egli si vedeva nel ruolo di chi conduce gli altri a scoprire se stessi alla luce del "Principio".

Se non si percorre questa via, è inevitabile che si imbocchi la via dei farisei che interrogano Cristo sul matrimonio, cioè la via della casistica.

Esiste certo una legge sull’indissolubilità, ma quando è lecito eccepirvi? Che gravità devono avere le ragioni per farlo? L’uomo visto alla luce della legge. E in questa visione è comunque eliminato l’uomo. Anche se si allargano le maglie delle eccezioni.

Se penso secondo la prospettiva della casistica, nel momento in cui mi prendo cura della persona e delle sue relazioni, il problema che diventa centrale è: la persona è in grado di osservare la norma oppure questa è un peso da cui in parte o in tutto può essere dispensata? Mi infilo dentro al dilemma: o la legge morale o il bene della persona.

Studi storici ormai a portata anche dei non "esperti" hanno dimostrato che questo modo di accostarsi alla persona umana è iniziato, col Nominalismo, quando si negò che l’essenza delle proposizioni normative della morale si trova nella verità del bene che in esse è oggettivato.
Accettando questa prospettiva, si può giungere perfino a svuotare il Vangelo della grazia in nome del Vangelo della grazia.

Uno dei momenti in cui ho visto più chiaramente tutto questo, fu durante un dialogo con Giovanni Paolo II. Si parlava di Humanae Vitae. Egli disse – e me lo ripeté più volte – che la grande Enciclica di Paolo VI arrivò in un momento in cui la Chiesa non possedeva una robusta, adeguata antropologia. L’Enciclica stessa argomentava sulla base di un concetto di legge naturale quanto meno assai fragile. E il Santo Pontefice aggiungeva che bisognava riscoprire e ripensare la verità antropologica implicata in quell’insegnamento della Chiesa, oggettivata nell’Enciclica.

Il Santo Pontefice considerava questo non un dettaglio secondario della grande quaestio de veritate circa il bene del matrimonio. Ma uno dei punti in cui questo bene poteva essere riconosciuto in tutto il suo splendore o negato gravemente. Non sto parlando del comportamento del singolo coniugato\a. Se non è chiaro questo si finisce per parlare fra sordi.

Giovanni Paolo II era così consapevole della gravità della questione che nella Cost. Ap. Magnum matrimoni sacramentum [10 ottobre 1981], che fondò canonicamente l’Istituto, è detto esplicitamente che uno dei suoi compiti è l’elaborazione di una antropologia adeguata alla base dell’Enc. Humanae Vitae.

Tutto questo appare chiaramente anche in un’altra pagina del Vangelo, dove uno scriba fa la domanda: chi è il mio prossimo? La domanda è in ordine all’estensione del secondo comandamento: "quali persone comprende?". Lo scriba era fuori dalla prospettiva giusta; guardava in una direzione sbagliata. Non guardava al soggetto-uomo, ma ai vari attributi che possiamo predicare del soggetto: il prossimo sono gli ebrei o anche i pagani? Sono gli amici o anche i nemici? E così via. Il samaritano della parabola esce dalla "prospettiva dei predicati"; si libera di conseguenza dalla tirannia delle opinioni anche consolidate riguardo all’uomo, ed accede alla verità dell’uomo. Quando e come? Quando si commuove per il ferito. E’ questa commozione che fa scoprire al samaritano la semplice verità dell’uomo, alla quale appartiene sia il samaritano sia il ferito. Un’appartenenza che respinge ogni forma di relativismo.

Il Santo Pontefice ha voluto questo Istituto perché fosse possibile creare un luogo dove, nella comunione di studenti e docenti, fosse aperto il sentiero verso il "Principio": un sentiero che non si interrompesse.

In questo contesto – l’ho già detto in vari modi – la vera, più profonda intenzionalità di Giovanni Paolo II nel volere l’Istituto, era l’offerta alla Chiesa di una antropologia adeguata. Fu interessante nei primi anni di vita dell’Istituto sentirmi dire: "ma voi che cosa fate? Siete un Istituto di filosofia, o di teologia, o di etica?". Questa domanda, vi dico sinceramente, mi meravigliava molto. La risposta la diede Giovanni Paolo II stesso nella catechesi del 2 aprile 1980 [n. XXIII], che conclude e riassume tutto il primo ciclo.


"Abbiamo cercato di chiarire nel modo più profondo possibile il significato di questo Principio, che è la prima presenza di ogni uomo nel mondo, maschio e femmina, la prima testimonianza dell’identità umana secondo la parola rivelata".
Nel momento in cui ha origine il matrimonio, ha origine la persona umana nella sua intera verità. Il matrimonio è il sentiero che conduce dentro l’uomo; la visione plenaria dell’uomo è il sentiero che conduce alla Verità del matrimonio.

Come è stato scritto "non possiamo rendere conto filosoficamente dell’essenza dell’uomo, finché non comprendiamo la vera essenza dell’amore. Poiché solo nell’amore l’uomo si desta alla sua piena esistenza personale, solo nell’amore egli attualizza la totale pienezza della sua essenza" [D. von Hildebrand, Man and Woman, Franciscan Herald Press, Chicago 1966, pag. 32].

E’ una correlazione sulla quale il Santo Pontefice mi richiamava spesso, perché essa fosse la chiave di volta dell’Istituto. L’errore antropologico coinvolge inevitabilmente il matrimonio [ed il lavoro, ma di questo non devo parlare]. Non è un caso dunque il fatto che l’uomo perdendo se stesso ha di conseguenza perduto il matrimonio.

E’ assai importante quanto Giovanni Paolo II dice nella stessa catechesi succitata:


"Penso che fra le risposte che Cristo darebbe agli uomini del nostro tempo e alle loro domande, nonostante siano tante urgenti, ci sarebbe tuttavia quella che diede ai farisei. Rispondendo a questi interrogativi, Cristo si rimetterebbe sopra tutto al "principio". Lo farebbe in un modo anche più deciso ed essenziale, in quanto la situazione spirituale e culturale dell’uomo di oggi sembra estraniarsi da quel "principio" e assumere forme e dimensioni che divergono dall’immagine biblica di quel "principio" in punti sempre più chiaramente più distanti".
E’ un richiamo molto forte ad una vera metodologia pastorale, sempre valida.

2. In che modo il Santo Pontefice ricostruisce la verità circa il bene dell’uomo alla luce del "Principio", e quindi risponde alle questioni odierne circa il matrimonio? Il dramma Raggi di paternità comincia da questo interrogativo, che denota la condizione dell’uomo.


"Da tanti anni ormai vivo come un uomo esiliato dal più profondo delle mia personalità e nello stesso tempo condannato ad indagarla a fondo. In tutti questi anni l’ho penetrata a prezzo di incessanti fatiche, spesso però pensando con sgomento che l’avrei perduta; che sì, verrà cancellata in mezzo ai processi della storia, in cui decide la quantità o la massa".
[K. Wojtyla, Tutte le opere letterarie, Bompani ed. Milano 2001, pag. 887]

E’ questa la condizione paradossale della persona umana: costretta a cercarsi sempre perché sempre nel rischio di perdersi. E Giovanni Paolo II ritiene che l’uscita da questa condizione, la via per trovare finalmente se stessi è la via dell’amore, di cui l’amore coniugale è la forma arche-tipica, della quale Dio stesso si è servito per rivelare Se stesso. Ci aiutano a capire tutto questo due testimonianze.

Il Santo Pontefice mi raccontò che alcuni suoi sacerdoti di Cracovia, dopo aver letto Amore e responsabilità, gli dissero che questa opera esigeva una riflessione sull’uomo che mostrasse che quella dottrina era veramente radicata nell’uomo. "Fu in quel momento" mi disse " che nacque Persona e atto".

Un’altra volta, eravamo a Castel Gandolfo, mi disse che la verità antropologica più profonda che il Concilio aveva detto stava espressa nel seguente testo: "l’uomo non trova pienamente se stesso se non nel dono sincero di se stesso" [ Cost. Past. Gaudium et spes 24].
La via della ricostruzione di un’antropologia adeguata è trovata: il dono di sé. Nel Canto del Dio nascosto, K. Wojtyla scriveva:


"L’amore mi ha spiegato ogni cosa,
l’amore ha risolto tutto in me –
perciò ammiro questo Amore
dovunque esso si trovi".
[Tutte le opere, cit., pag. 49]

Egli si ferma in particolare sull’amore coniugale; sulla relazione che si istituisce nel matrimonio; sul dono di sé quale propriamente accade nel matrimonio.

E’ necessario uscire da un uso eccessivamente analitico della ragione per cogliere il "centro" della visione di Giovanni Paolo II, e compiere un atto di intelligenza sintetico. E’ al contempo antropologiaeticateologia.

Non è questo il momento di fare un’esposizione completa della costruzione dell’antropologia. Desidero richiamare la vostra attenzione su due punti.

Il primo. La via per ritrovare l’uomo, imboccata da Giovanni Paolo II, doveva incrociare la realtà del corpo e della diversità sessuale. Credo che sia stato uno dei più grandi apporti che il Santo Pontefice ha lasciato in eredità alla Chiesa, di aver costruito una profonda teologia del corpo e della diversità sessuale. Sono tentato di pensare infatti che la difficoltà che il pensiero cristiano trova non raramente nell’affrontare le tematiche odierne, sia dovuta alla dimenticanza pressoché totale della teologia del corpo.

La tematica viene affrontata per la prima volta nella Catechesi XIV [9 gennaio 1980], e penso che fin dall’inizio se ne dà l’intuizione centrale, là dove si dice:


"Sorge allora [=quando l’uomo è di fronte alla donna] la persona umana nella dimensione del dono reciproco, la cui espressione – che è l’espressione anche della sua esistenza come persona – è il corpo umano in tutta la verità originaria della sua mascolinità e femminilità".
Il testo è semplicemente mirabile. La persona umana, in quanto costituita per il dono di sé, è espressa nella sua corporeità sessuata. Questa esprime il dono come caratteristica fondamentale della persona. La "persona-dono" e "il corpo sessuato" sono simultanei. Di conseguenza, se si separa il corpo-sesso dalla persona o la persona dal corpo-sesso, non è più possibile costruire un’antropologia adeguata. Se l’età classica, anche teologica è orientata a separare la persona dal corpo-sessuato, la modernità ha separato il corpo-sessuato dalla persona. La grande tesi di Tommaso dell’unità sostanziale della persona umana non è risultata vincente. La riprende il Conc. Vaticano II, quando dice dell’uomo: "corpore et anima unus".

Il secondo. Si comprende la grande importanza che Giovanni Paolo II dava all’insegnamento dell’Enc. Humanae Vitae ed il modo nuovo di fondarlo. Le due cose stanno in piedi o cadono assieme.

Se consideriamo l’Humanae Vitae principalmente e fondamentalmente una legge morale, entriamo necessariamente nella logica della casuistica, dell’applicazione cioè dell’universale al particolare. Il Santo Padre non l’ha mai vista in questa luce, ma piuttosto nella logica – nel logos – del dono di sé quale accade nel matrimonio. Secondo la verità propria dell’amore coniugale.

In tale modo si evade dalla logica casuistica: universale-particolare; e si evade da una considerazione biologistica. Si entra nella persona: nella verità del suo amore e dono coniugale di sé. Il dramma vero dell’uomo non è il passaggio dall’universale al particolare. E’ il rapporto fra verità e libertà.

Una volta, il Card. Gagnon, ora defunto, mostrò al Santo Pontefice – ero presente anch’io – l’articolo di una rivista statunitense – non ricordo più quale – che sosteneva la seguente tesi. Abbiamo speso milioni di dollari per diffondere una mentalità contraccettiva. I risultati sono stati scarsi. La colpa è solo di un uomo: Giovanni Paolo II. Il Santo Pontefice rispose [ricordo quasi alla lettera le sue parole]: "non è così; non sono io: è la verità dell’amore coniugale che si impone per se stessa, se detta".

Mi piace concludere questo secondo punto della mia riflessione con un testo di Fratello del nostro Dio:


"Lei ha mai cercato di penetrare in tutta la mole di quei beni ai quali l’uomo è chiamato?... Non si può pensare soltanto un frammento di verità, bisogna pensare con tutta la verità".
[Tutte le Opere, cit. pag. 713].

Non si comprende l’Humanae Vitae se non nel contesto di una antropologia adeguata. L’Es. Familiaris consortio ha offerto, in un documento del Magistero, l’esempio di questa contestualizzazione [cfr. 28-31]

Forse la cosa più profonda che il Santo Pontefice ha detto, e che esprime tutta la sua cura pastorale del matrimonio, è alla fine della Bottega dell’orefice. Teresa, una delle protagoniste, dice:


"…creare qualcosa che rispecchi l’Essere e l’Amore assoluto è forse la cosa più straordinaria che esista! Ma si campa senza rendersene conto".
[pag.869]

E’ rimasta solo la Chiesa Cattolica a farci sentire il respiro dell’eternità nell’Amore umano. E se anche essa rinunciasse a farlo sentire?

sábado, 26 de abril de 2014

George Weigel, evangelizzare l'Europa - di Maria Claudia Ferragni

In NBQ
George Weigel, già docente di teologia, Distinguished senior fellow del prestigioso Ethics and Public Policy Center di Washigton, autorevole giornalista e scrittore cattolico, insignito di numerosi Dottorati Honoris Causa, è considerato il più importante biografo del Beato Papa Giovanni Paolo II. Dando seguito a una promessa fatta al Pontefice stesso solo quattro mesi prima della sua morte, ha di recente pubblicato il libroThe End and the Beginning: Pope John Paul II - The Victory of Freedom, the Last Years, the Legacy.

Lo abbiamo incontrato a Roma, in occasione della storica canonizzazione congiunta dei due più amati Papi del Ventesimo Secolo e gli abbiamo chiesto di parlarci della crisi di fede e politica europea.

Professor Weigel, che fine ha fatto il desiderio di Papa Giovanni Paolo II della riscoperta delle radici cristiane dell'Europa, soprattutto di fronte alla crisi ucraina che riapre scenari di conflitto che ricordano la Guerra Fredda?

Il fatto che oggi l'Europa sia sempre più chiusa su se stessa, incapace di prendere importanti e serie decisioni dal punto di vista politico, è proprio indice del fatto che si è creato un enorme vuoto spirituale e morale, quello di cui parlava con lungimiranza il Beato Papa Giovanni Paolo II. Questo ci dice anche dell'attuale incapacità europea di sostenere il popolo ucraino che desidera essere libero e vivere in una società aperta e giusta. Il movimento del Maidan avrebbe dovuto, infatti, dare una profonda ispirazione a tutta l'Europa a recuperare i suoi valori costituivi, quelli cristiani, ma questo finora purtroppo non è successo.

Quale può essere il ruolo della Chiesa Cattolica oggi, adesso in Europa?
Prima di tutto deve predicare il Vangelo. Questo é il suo compito. Dobbiamo infatti smetterla di dire che bisogna "ricristianizzare" l'Europa, perché va invece "cristianizzata": infatti l'Europa ha completamente dimenticato la fede. Ciò significa quindi che la Chiesa deve assumere un vigoroso atteggiamento missionario e deve assolutamente cominciare a farlo là dove si trova il suo centro: cioè in Europa. Però la Chiesa, proprio come diceva Giovanni Paolo II, deve proporre qualcosa di nuovo. Papa Wojtyla ha infatti letteralmente chiamato e spinto la Chiesa ad abbandonare le "acque basse" e la superficialità rappresentate dalla semplice conservazione del cattolicesimo istituzionale, a favore della ricerca della profondità data dalla nuova evangelizzazione. E ciò deve accadere in primo luogo e prioritariamente in Europa.

Quale può essere il ruolo della Chiesa statunitense anche verso l'Europa?

Sicuramente la Chiesa cattolica americana ha molti problemi, ma può assumere un ruolo estremamente importante perché é nella forma migliore fra tutti paesi occidentali. Sta vivendo un momento di grande vitalità evangelica: ci sono stati centinaia di migliaia di nuovi Battesimi nella Chiesa cattolica durante le recenti festività Pasquali e questa è una grande notizia.

Quindi la Chiesa in America ha imboccato la strada della nuova evangelizzazione e può essere di esempio per la Chiesa in Europa, in Occidente e in tutto il mondo su come si deve muovere la Chiesa nel mondo moderno.


Giovanni Paolo II, un ponte tra Cristo e il nostro cuore - di Arcivescovo Luigi Negri

In NBQ


E’ con profonda commozione e con grande gratitudine a Dio che riviviamo la grande testimonianza cristiana di magistero, di affezione agli uomini e al loro destino che si sintetizza nell’immagine dei 27 anni di pontificato del beato Giovanni Paolo II.

Si è presentato sulla scena del mondo con un amore incondizionato a Cristo presente nella Chiesa, un mistero di umiliazione che è diventato l’unica e reale possibilità di recupero dell’uomo e della sua dignità. Ma allo stesso tempo ha avuto una acutissima compassione dell’esperienza dell’umanità in quel triste passaggio dal secondo al terzo millennio che per la sua presenza e per il suo insegnamento sono stati un kairòs: una situazione eccezionale offerta da Dio alla fede dei cristiani, e offerta agli uomini nella temperie di una crisi della modernità che si era andata compiendo in modo inesorabile.

Giovanni Paolo II si è trovato di fronte al compito di dare una formulazione dell’incontro tra Cristo e il cuore dell’uomo. Questa fu la sua intuizione: la presenza della fede nel mondo non ha ragioni esclusivamente teologiche, ha ragioni profondamente antropologiche. L’affermazione della presenza di Dio in Cristo è la strada lungo la quale l'uomo Cristo rivela profondamente la sua verità e insieme insegna la verità di ogni uomo che vive in questo mondo.

A riaprire il dialogo fra Cristo e il cuore dell’uomo è il cuore annichilito ma non distrutto dalle grandi tragedie del totalitarismo moderno contemporaneo. Giovanni Paolo II ebbe la capacità di scoprire questo livello profondo della vita umana nella storia, quella tensione inesorabile dell’uomo verso il compimento della sua esperienza umana. Egli condivideva con Pascal la certezza che l’uomo supera infinitamente l’uomo.

A quest’uomo cominciò a parlare. E cominciò a parlare nella concretezza della sua esistenzialità quotidiana, andando oltre ogni formulazione ideologica, ogni tentazione umanistica, ogni tentazione di ridurre la vita umana a un problema di giustizia sociale, economica e politica. Ha parlato all’uomo scendendo con lui nelle profondità di quel cuore umano su cui l’insegnamento conciliare ha scritto pagine di straordinaria profondità che hanno trovato il loro radicale compimento teorico e pratico nelle grandi pagine della Redemptor Hominis, il grande manifesto programmatico del cristianesimo del Terzo millennio.

In Cristo l’uomo ritorna ad essere di Dio e per Dio. E mentre torna ad essere di Dio e per Dio si rivela in maniera adeguata quell’impegno antropologico che fa grande l’esperienza umana sulla terra. Solo nel mistero di Cristo e della Chiesa l’uomo è introdotto a comprendere e sperimentare quella antropologia adeguata che si è definitivamente compiuta nella Passione, nella Morte e nella Resurrezione di Gesù di Nazaret.

Quest’uomo, le cui radici sono nel mistero di Cristo, realizza la propria vocazione umana sulla Terra, nella concretezza, addirittura nella lacerazione, di una esperienza umana che senza Cristo rimane incomprensibile a se stessa. Come afferma il numero 10 della Redemptor Hominis: «L'uomo non può vivere senza amore. Egli rimane per se stesso un essere incomprensibile, la sua vita è priva di senso, se non gli viene rivelato l'amore, se non s'incontra con l'amore, se non lo sperimenta e non lo fa proprio, se non vi partecipa vivamente». 

Da qui la preoccupazione di rilanciare in maniera adeguata il mistero del matrimonio e il suo compimento nel matrimonio cristiano. La preoccupazione di insegnare agli uomini e ai cristiani una corretta grammatica dell’affezione, della sessualità, una corretta grammatica di quella paternità e maternità consapevoli e responsabili nella quale l’uomo esercita sulla terra il compito di reale e fondamentale collaborazione al mistero di Dio che genera ogni giorno figli all’umanità e alla Chiesa.

Il magistero di Giovanni Paolo II era sull’uomo, sul matrimonio, sulla sacralità della vita, sulla responsabilità della paternità e della maternità, sulla vocazione a realizzare nel mondo quel matrimonio cristiano che - come ricordava don Luigi Giussani in una delle sue ultime interviste - è la cosa più alta cui l’uomo possa accedere sulla terra, reale immagine ed esperienza della Trinità nel cuore dell’uomo e nei rapporti che caratterizzano la sua vita, personale e sociale.

La Chiesa riscoprì la grandezza dell’essere famiglia, famiglia di Dio per l’uomo, e la famiglia riscoprì la grandezza di essere Chiesa, di essere esperienza viva di quella comunione con Cristo e fra i fratelli che costituisce la novità della vita cristiana, cioè della vita umana redenta.

L’insegnamento sull’uomo, sulla sua vocazione matrimoniale si è articolato poi nella grande lezione della dottrina sociale, in cui l’identità dell’uomo e la sua dignità vennero insegnati nel concreto esercizio di quei fondamentali diritti umani che solo la fede cristiana rivela adeguatamente e solo l’educazione ecclesiale rende esperienza di vita nuova nel mondo.

La Veritatis Splendor, l’Evangelium Vitae, la Fides et Ratio, la Laborem Exercens, la Centesimus Annus, tutto il corpo delle encicliche sociali del Papa Giovanni Paolo II hanno ampiamente insegnato la responsabilità del cristiano e della Chiesa a calarsi dentro la storia e a costruire dentro la storia la novità umana e cristiana che il papa definì «la Civiltà della verità e dell’amore».

Rispondendo alle mie condoglianze il giorno della morte del beato Giovanni Paolo II, l’allora segretario del Papa e oggi cardinale Stanislao Dziwisz mi disse: «Giovanni Paolo II ha insegnato ai cristiani ad essere autenticamente cristiani, agli uomini ad essere uomini di buona volontà, aperti al Mistero che non escludono più dall’ambito della loro vita ma verso il quale anche misteriosamente muovono i passi in attesa dell’incontro gratificante e pacificante con il mistero di Dio che in Cristo si è fatto presenza umana, storica».

I 27 anni del pontificato di Giovanni Paolo II hanno chiuso in maniera irreversibile ogni tentazione di dualismo, estrema conseguenza del grande sbandamento del modernismo all’inizio del secolo XX. La fede genera nel cuore dell’uomo una cultura adeguata, consente la conoscenza profonda del mistero di Dio, del mistero dell’uomo nella realtà della storia, del loro reciproco connettersi ed articolarsi. Il cristiano di Giovanni Paolo II è un cristiano che è consapevole della grazia che gli è stata fatta, e che vive la fede non solo per se stesso ma per il mondo. Ecco la grande intuizione per cui la missione costituisce – come ebbe a definirla nei primi anni ’80 – l’identità e il movimento della Chiesa. La Chiesa non fa la missione come una delle possibili azioni, la Chiesa è missione, la Chiesa si autorealizza nella missione, perché nella missione la Chiesa diventa sempre più se stessa, «la fede si irrobustisce donandola», scrisse nella Redemptoris Missio.

La canonizzazione di Giovanni Paolo II è l’acquisizione definitiva nella Chiesa, di fronte a Dio e di fronte all’umanità, di un cammino cristiano e umano del quale tutto ciò che era stato operato contro Dio è stato inesorabilmente giudicato. Tutto ciò che era tensione al mistero di Dio è stato valorizzato, ma soprattutto è stata testimoniata la pienezza della fede, le condizioni della pienezza di libertà e di umanità per cui la redenzione è l’unica autentica possibilità di una antropologia adeguata, di una storia compiutamente vissuta, di una attesa piena di sacrificio e di letizia per l’instaurarsi di quel regno di Dio che nel mistero della Chiesa viene continuamente riproposto e autenticamente iniziato, portato di generazione in generazione verso il suo compimento. «Quel regno celesto – come diceva Iacopone da Todi – che compie omne festo che il cuore ha  bramato».

I cristiani che hanno seguito il Magistero e la testimonianza del Papa, hanno recuperato il senso del proprio essere uomini nuovi nel mondo, destinati proprio da questa novità a praticarla autenticamente e a comunicarla irresistibilmente, perché ogni uomo che incontra la testimonianza della Chiesa di Cristo, la testimonianza che ogni cristiano è chiamato a dare, possa se vuole accettare di inserire anche lui la sua vita e la sua libertà nel grande mistero della Chiesa in cui Cristo è continuamente presente, incontra l’uomo, riempie la sua vita di una proposta irresistibile. Soprattutto lo accompagna in quella azione educativa per cui le parole, le grandi parole della Chiesa, diventano carne e sangue, diventano esperienza reale, diventano una irresistibile fede in Dio e passione per ogni uomo che viene a questo mondo.