quinta-feira, 29 de setembro de 2011

O Verão de um Eremita

Que há-de fazer um “eremita” como eu, continuamente “enclausurado”, para espairecer o espírito do combate continuado com o Maligno, a que se vê sujeito em virtude do seu “ofício” apostólico de informação e formação, e do estudo atento do Magistério, dos Padres da Igreja e da doutrina dos Santos em geral, senão ler poemas, romances, novelas, biografias

Não falo somente das obras de grandes escritores conhecidos como Dostoiévsky, Tolstoi, Shakespeare, Camões, Gil Vicente, Frei Luís de Sousa, Frei Heitor Pinto, Cervantes, Stendhal, Flaubert, Unamuno, Ortega, Juan Manuel de Prada, Castilho, Garret, Ramalho, Raul Brandão, Pascoaes, Torga, Pessoa, Manuel Ribeiro, António Nobre, Cesário Verde, Antero, Oliveira Martins, Herculano, Eça ou Camilo, Tolkien, C.S. Lewis, Chesterton, Flannery O’ Connor, para dar alguns exemplos. Refiro-me sobretudo a excelentes escritores católicos praticamente desconhecidos em Portugal, sem, tanto quanto me é possível saber, livros traduzidos na nossa língua.

Foi para mim uma surpresa descobrir magníficos escritores como Louis de Wohl com os seus inúmeros romances históricos sobre a vida de Santos e outras personagens ligados com a Bíblia e o cristianismo. Altamente recomendável não só para jovens mas também para adultos. Com rigor histórico mas também com imensa leveza somos fascinados e transportados às épocas e ao coração das personagens, mergulhadas em Deus, sobre quem escreve.

Um escritor excepcional, nosso contemporâneo, praticamente desconhecido em Portugal, de quem já tinha lido ensaios mas que somente este ano é que descobri as esplêndidas novelas é Michael D. O'Brien. De uma das suas obras escreve o filósofo Peter Kreeft: “O'Brien is a superior spiritual story teller worthy to join the ranks of Flannery O'Connor, Graham Greene, Evelyn Waugh, and C. S. Lewis. No novel since Dostoyevski has nourished my soul like Strangers and Sojourners.” Da mais recente diz o seguinte: “This is a magnum opus in quality as well as quantity. All of O’Brien’s large and human soul is in this book as in none of his shorter ones: father, Catholic, Russophile, Canadian, personalist, artist, storyteller, romantic. There is not one boring or superfluous page. When you finish The Father's Tale you will say of it what Tolkien said of The Lord of the Rings: it has one fault: it is too short. A thousand pages of Michael O'Brien is like a thousand sunrises: who's complaining?” E o P. Joseph Fessio, SJ acrescenta: “The best of Michael O’Brien’s novels. He creates characters like Dickens, explores human relationships like Austen, and has the epic scope of Tolstoy and Dostoevsky. I believe this novel will merit inclusion in any list of the world’s greatest novels.”

Parte da obra novelesca de Michael O’ Brien está traduzida, pelo menos, em espanhol, francês e italiano. É uma pena que um escritor tão profundamente católico (ainda para mais um “best-seller”) não esteja traduzido em português.

Feliz ou infelizmente acabei o Verão com uma descida ao Inferno, não acompanhado por Virgílio, como na Divina Comédia, mas pela judia Judith Reisman, através do seu último livro Sexual Sabotage. São trezentas e trinta e oito páginas de texto, com mil cento e três notas! Muitíssimo bem documentado, já se vê, é uma mina de informação rigorosa e implacável que mostra à exaustão como chegámos ao estado em que estamos. Não tenho dúvidas em afirmar que esta obra deveria ser lida por todos os Bispos e Sacerdotes, pelos pais de família, pelos médicos, professores e políticos. É essencial para todos os que se preocupam com a defesa das crianças, da juventude, da família e da vida. Seria um grande serviço editá-la em português, juntamente com as novelas de M. O’ Brien.

Nuno Serras Pereira

29. 09. 2011