terça-feira, 20 de março de 2012

Assinar sem subscrever

Ao que julgo saber, o texto da petição intitulada “Defender o Futuro”, promovida pela Federação Portuguesa pela Vida, originou alguma desinteligência no seio de alguns grupos defensores e promotores da vida humana e da família. Aliás, existirá também alguma divergência quanto ao melhor caminho para alcançar a derrogação das pseudo-leis da legalização do aborto. Neste caso, há plena concordância quanto ao objectivo, nem poderia ser de outro modo. A questão do método, a saber, promover um novo referendo que revogue o anterior, por um lado, ou, por outro, apostar na abolição da pseudo-lei através do parlamento uma vez que a consulta popular de 2007 careceu substantivamente e formalmente de validade, é do domínio prudencial, sendo inteiramente legítima a discrepância de juízos. No entanto, como nestas coisas não há certezas absolutas seria avisado que houvesse uma cooperação mútua, ainda que discreta, de modo a uma possível integração e potenciação recíproca.

Mas voltando ao texto da petição, estou em que nele há que distinguir nitidamente entre as razões ou sem-razões avançadas para motivar o que se requer e aquilo que propriamente se reivindica. A argumentação a que se recorre como introdução à petição pode não ser convincente e até desatinada, mas isso não estorva que o que se reclama seja imperioso, justo e verdadeiro.

Eu confesso sem rebuço algum, que ao assinar a petição concedi a minha a aprovação somente àquilo que essencialmente a constitui (descontando a gramática - smile), isto é, aos números 5 e 6 da mesma, sem curar de subscrever os outros números que são meramente acidentais ou florados decorativos.

Tudo o que consta nesse núcleo é consonante com a Lei Moral Natural e com a Doutrina da Igreja.


Nuno Serras Pereira

19. 03. 2012