domingo, 28 de abril de 2013

Frei Nuno Allen - por Nuno Serras Pereira



28. 04. 2012


Tenho recebido mensagens de correio electrónico, desde que comecei a enviar ligações para as intervenções do meu confrade frei Nuno Allen, no youtube, queixando-se de que estas são demasiado longas e que por isso ninguém as ouvirá. Na minha solicitude fraterna, de cada vez que isso acontece, logo lhe transmito as queixas ou recados recebidos. Mas, para meu grande espanto, responde-me sempre: “Que alívio!”; “Ainda bem!”.


Desta última vez, em que a sua peroração ultrapassou as duas horas, afoitei-me a perguntar-lhe por que é que, se não queria que as suas palestras fossem vistas e ouvidas, as gravava e as colocava no “teucanal”. Com enorme pasmo, ouvi a sua resposta que transmito sinteticamente (uma vez que com os desvios, as dispersões, as hesitações, as emendas, a muito custo me mantive desperto), pois tive o cuidado de a gravar discretamente, dando-lhe depois conhecimento disso mesmo e pedindo-lhe a licença para a transcrever: “Tu bem sabes como sou um grande trapalhão a falar e a incapacidade que tenho para preparar qualquer discurso.”; até aqui, não me deu novidade nenhuma, pois o que dele conheço, me diz do acerto da sua resposta; o grande desconcerto em que me deixou foi quando adiantou: “Sabes muito bem que há uns anos era continuamente solicitado para isto, para aquilo e para aqueloutro, enfim, para tudo o que era anúncio da Palavra de Deus, andando num grande rodopio. Deus sabe quantas asneiras terei dito, em quantas incorrecções terei induzido os que me escutavam… Tudo isso acabou há muito. Agora, certamente por desígnio Divino, não há, com raríssimas excepções, quem a mim recorra. A verdade é que daí tiraria grande sossego, não fora a gravíssima obrigação moral, que recai principalmente sobre nós Ordenados Sacerdotes, de exercitarmos sem desfalecer a Pregação, pois é por esta que vem a Fé, é por ela que se desenvolve, se consolida e empuxa e nutre a Caridade. Terei, seguramente, de prestar muitas contas a Deus, aquando do Juízo, mas tenho terror de ser acusado desta falta de anúncio da Verdade, pois a sua proclamação, assim o dizia o Papa Paulo VI, é uma forma eminente de Caridade. Que aqueles que podem escutar-me, clicando num computador, não estejam dispostos a fazê-lo, por muitas e boas razões que tenham para isso, já não é responsabilidade minha. Sucede que a grandíssima falta de humildade que tenho, leva-me a sentir-me aliviado por ninguém assistir às misérrimas prestações nessas alocuções.”; Mas, adiantei eu pressuroso, recordo-me perfeitamente de te ouvir em práticas Dominicais que demoravam entre três a seis minutos, não poderias fazer o mesmo no “teucanal”? Ao que ele prontamente retorquiu: “Uma coisa é sermonear diante de uma assembleia, outra bem distinta é falar para uma máquina.”


Espero poder ter contribuído para elucidar os porquês, ou se calhar sem-razões, deste excêntrico (?) confrade. De qualquer modo, mesmo sem sua autorização, aqui deixo o seu endereço electrónico, caso haja alguém que a ele se queira dirigir: FreiNunoAllen@netcabo.pt .