Não há duvidar que a condição
essencial da possibilidade da perfeição, ou plenitude, pessoal, familiar,
social, financeira, económica e política é o Amor, a Amizade. É a Verdade daquele
e desta que geram o abandono confiante da criança no colo da mãe, da introdução
que esta lhe faz ao pai, aos irmãos, aos demais, ao mundo. Confiantes no
chamamento e no amparo da mãe se dão os primeiros passos, se aprende a falar,
se come sossegadamente os alimentos por ela providenciados; se aprendem limites,
regras; se acredita que há um bem a fazer, um mal a evitar; se crê que a sua
vida, a da mãe, a do pai, a dos irmãos e a de todos os demais com quem foi
ensinado a socializar é sempre um bem. Deus que é Amor, Amor/Amigo, vai assim
modelando-nos à Sua semelhança para que toda a nossa vida alicerçada na rocha
firme do Amor/Confiança se desenvolva na doação, no acolhimento, na complementaridade
recíproca. Tudo isto é essencial para a construção do Bem Comum, isto é, aquele
conjunto de condições solidárias e subsidiárias, alicerçadas na igual
transcendente dignidade de cada ser humano, que permitem e promovem o bem
integral, material e Espiritual, de cada ser humano, coadjuvando-o na prossecução
do seu último fim, na possibilidade de gozar do Sumo Bem.
Em Portugal em virtude da cobiça
de multidões, nutrida por bandos de vigaristas totalitários e mafiosos tiranos,
alçados aos mais altos cargos do estado, encontramo-nos numa calamitosa situação
de rigoroso inverno (ou Inferno?) demográfico, de tragédia familiar por tantos divórcios
por dá cá aquela palha, pela queda vertiginosa de matrimónios, por violência
doméstica inaudita, por traumatismos inomináveis de filhos que crescem sem pai,
ou em ambientes de permanente guerra "familiar", crescimento dramático do
desemprego e enorme alastramento da pobreza, tudo tribulações intoleráveis.
A enorme e monstruosa
desconfiança incutida no âmago das mentalidades pela contracepção,
pelo divórcio expresso/sem culpa e pela legalização do aborto provocado corroeu
os fundamentos da confiança e rompeu os vínculos base da sociabilidade, da
justiça, da política e da economia. Se esposo e esposa não podem confiar um no
outro, se
os pais não têm escrúpulos em abandonar seus filhos, se as mães, com ou sem
o consentimento do pai da criança, recorrem à violência extrema de matar seus
filhos, se o estado se organiza para proteger e promover estes destrambelhos e
desconcertos quem pode confiar em quem? Introduzida a desconfiança radical nas
relações básicas da pessoa humana é impossível que isso não se repercuta a
todos os níveis minando os fundamentos da convivência social, económica e política.
A superação desejável, mesmo imperiosa, desta suspeição universal, desta insegurança
total, desta duvidança existencial, requer uma mudança urgente, uma conversão
incondicional, só possível com o concurso de Deus, nas mentalidades e na acção
dos partidos, dos políticos, das instituições, dos agentes da justiça, dos médicos,
do estado, e, enfim, da população em geral.
Tenhamos Esperança, sem medo de
diagnósticos realistas por mais impiedosos que nos pareçam, pois eles são uma
condição indispensável para a cura, exigindo verdade e seriedade. Dêem-nos
provas de que podemos confiar neles, de que respeitam, amam e promovem a vida,
dignidade e direitos de cada ser humano, de que são verdadeiros, pois, como diz
o povo, gato escaldado por água a ferver até da água fria desconfia e tem medo.
28. 01. 2013