sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Revelações de abusos fazem "rolar cabeça" de dois bispos em Los Angeles

In RR

Actual bispo de Los Angeles, Jose Gomez, aplica mão firme na diocese. Documentos relativos a abusos vão ser divulgados sem restrição de nomes de clérigos envolvidos.

O arcebispo de Los Angeles, Jose Gomez, emitiu um comunicado em que explica que dois bispos ligados à diocese vão ser destituídos de todas as suas obrigações eclesiásticas. Entre eles está o seu próprio antecessor, o Cardeal Roger Mahony e o actual bispo-auxiliar Thomas Curry, responsável pela área de Santa Barbara.

A medida de Gomez prende-se com a revelação recente de documentos que provam que Mahony, quando ainda era Arcebispo de Los Angeles, e Curry, na altura um padre e conselheiro do Arcebispo, conspiraram para evitar que padres, comprovadamente culpados de abusos sexuais sobre menores, não fossem denunciados às autoridades civis. Os esquemas incluíam a mudança de padres de local para evitar que fossem identificados pelas suas vítimas e a recomendação de que não fossem a consultas com terapeutas que pudessem ter a obrigação legal de os denunciar à polícia.

Aquando destas revelações, a semana passada, Mahony pediu publicamente desculpas pelo seu papel nessa época.

Agora o actual Arcebispo de Los Angeles tomou a decisão, sem precedentes, de suspender o seu próprio antecessor. É de sublinhar que Mahony é cardeal, mas Gomez não. Mahony fica assim impedido de desempenhar qualquer função clerical pública na arquidiocese, como por exemplo presidir a celebrações de crisma ou de primeiras comunhões.

Na mesma nota em que dá conta desta decisão Gomez afirma que aceitou a resignação do bispo-auxiliar Thomas Curry.

Gomez tomou ainda a decisão de mandar publicar todos os documentos relativos a abusos sexuais praticados por padres, sem apagar os nomes de qualquer envolvido, algo que Mahony sempre evitou fazer.

Jose Gomez explica que os ficheiros dizem respeito a abusos cometidos há décadas, “o que não os torna menos sérios”.

“Estes documentos constituem uma leitura brutal e dolorosa. O comportamento neles descrito é tremendamente triste e mau. Não há desculpas para o que aconteceu a estas crianças. Os padres envolvidos tinham a obrigação de serem os seus pais espirituais, mas falharam”, escreve o bispo.

“Hoje temos de reconhecer estes terríveis falhanços. Temos de rezar por toda a gente que foi ferida por membros da Igreja. E precisamos de continuar a apoiar o processo longo e doloroso de cura das suas feridas, restaurando a confiança que foi quebrada”.

Gomez diz mesmo que “ler estes documentos, pensando nas feridas que foram causadas, tem sido a experiências mais triste que tive desde que me tornei vosso Arcebispo em 2011”.