Sua  Santidade o Papa na conferência de imprensa que deu a bordo do avião aquando da  sua viagem apostólica a Espanha em 2010, como fosse interrogado sobre as luvas  de boxe como meio de combate à violência doméstica, respondeu que a distribuição  das ditas luvas não resolvia o problema da violência e que pelo contrário  poderia agravá-la. Que o importante era mudar os comportamentos, suscitar a  educação, formar para a responsabilidade, induzir ao respeito e ao amor. A  notícia correu, pressurosa e indignada, as redacções do mundo inteiro.  Políticos, jornalistas e eclesiásticos abespinhados conclamaram à uma que o Papa  era um mata-mulheres, genocida do género feminino, ignorante troglodita,  personagem imundo, etc. Por aqui não se ouviu uma voz episcopal que denunciasse  o escárnio sacrílego com que o Santo Padre foi agredido. Pelo contrário, alguns  Bispos professaram publicamente a sua fé nas luvas de boxe e admoestaram  severamente que era não só aconselhável mas eticamente obrigatório o seu uso,  por quem não prescindisse de espancar as suas mulheres.
Nuno Serras  Pereira
 06. 04. 2009