Homossexuais Activos na Vida Religiosa
Nuno Serras Pereira
17. 10. 2002
Muito se tem falado nestes últimos meses dos escândalos provocados por abusos sexuais da parte de alguns sacerdotes, felizmente uma pequena minoria, nos EUA. A acusação, como já dissemos noutro lugar, passa ao lado da questão central porque denomina de pedofilia casos que o não são - de facto, 90 por cento das vítimas são jovens do sexo masculino, com 16/17 anos -, sendo certo, no entanto, que, percentualmente, o número de pedófilos é nos homossexuais activos três a cinco vezes superior ao dos heterossexuais; e, também, porque a generalidade da comunicação social somente apontou o dedo a uma categoria de casos reputados abusivos, isto é, de situações em que não houve consentimento de uma das partes ou em que esta é considerada incapaz de o conceder; no caso em apreço o menor de idade é, evidentemente, julgado incapaz de verdadeira anuência (assim também os casos esporádicos sucedidos com deficientes mentais).
O problema da homossexualidade activa é também, por várias razões, muito grave quando atinge a vida Religiosa Consagrada. E, por isso, nos EUA, a procura de resolução daquele não passa somente pelo clero diocesano, mas também pelos membros de Ordens e Congregações Religiosas.
Tendo em consideração o que se pôde colher, ao longo destes meses, consideremos, ainda que brevemente, alguns tópicos que nos ajudem a tomar consciência da gravidade da questão. Geralmente falando parece que o quadro é o seguinte:
1 – O facto de a vida Religiosa exigir, por sua própria natureza, uma convivência intensa entre os seus membros proporciona uma ocasião de tentação e um ambiente favorável ao incremento das fragilidades do homossexual activo.
a) Este ao apaixonar-se facilmente pelos seus confrades, ou tão-somente porque experimenta a compulsão de desafogar as suas paixões desordenadas, torna-se um assediador e um sedutor. Daqui derivam parcialidades, ciúmes, possessividades, divisões, intrigas, discórdias, vinganças, calúnias, mentiras, etc.
b) Por vezes o cerco insistente tem como finalidade fazer cair o outro – um superior, um formador, alguém que está perto de ascender a cargos, etc. -, para o poder calar, chantagear e manipular.
c) Outras vezes o homossexual activo acha-se um apóstolo do evangelho do prazer, o verdadeiro evangelho que “a Igreja repressora persegue cruelmente”; chega a defender, em círculos fechados, que o próprio Cristo era homossexual e que a perseguição (todo aquele que deles discorda é um perseguidor homofóbico) a que, segundo eles, estão sujeitos é uma verdadeira crucifixão.
d) Com frequência invocam a terapia para justificarem diante de si mesmos e dos outros o assédio a que submetem terceiros. A “partilha de sentimentos com o corpo” teria uma função curativa e libertadora.
e) Os jovens constituem o alvo preferencial da sua predação. Por isso:
i) Procuram infiltrar-se na Pastoral juvenil e nos colégios para os assediar, e na Pastoral vocacional para recrutar os que lhes são semelhantes ou podem vir a sê-lo;
ii) Infiltram-se na formação para efeitos semelhantes ao que fica dito.
2 - Habilidosos, astutos e sonsos desabafam fazendo-se de vítimas, incompreendidos, discriminados e odiados por toda a gente, para ganhar simpatias, aliados e defensores. Mas entre eles e perante alguns de fora gabam-se das suas proezas e conquistas, que se contam pelas centenas ou mesmo milhares.
3 – Formam uma rede. Têm, entre eles, um código de “honra” e um pacto de silêncio, semelhante ao das sociedades secretas. Espiolham a vida alheia e trocam informações. Qualquer pecado de qualquer confrade, em qualquer fase da vida, é ou pode ser usado para o chantagear, para o ter atrelado, para alcançarem os seus objectivos.
4 – Conseguem que um considerável número de superiores façam desaparecer as provas que contra eles existem.
5 – Ascendem a cargos de responsabilidade em Seminários chegando a reitores, na formação chegando a Mestres, como superiores de conventos e mosteiros, e nos governos das Províncias. Com estes sinais que os formandos vão recebendo ao longo dos anos que se pode esperar deles no futuro?
7 – Uma vez que, segundo eles, o seu “estilo de vida” não só não tem mal nenhum, senão que é um bem - embora incompreendido pelos “homofóbicos”-, não se vê que problema haja em organizarem actividades apostólicas e missionárias que mascarem “encontros amorosos” e “caçadas” aos efebos.
8 – Padecendo de um forte complexo de inferioridade tornam-se exibicionistas, com uma excessiva preocupação pela imagem e pela publicitação de tudo o que fazem. Não suportam quem lhes faça sombra, são autoritários, possessivos, egoístas e egocêntricos, controladores, difamadores, sempre carentes de elogios, louvores e lisonjas.
9 – Alguns destes homossexuais activos são infiltrações do movimento “gay” na Igreja com a finalidade de a minar por dentro e vir a controlá-la, mas outros, que entraram para a vida Consagrada entusiasmados, castos e puros, cheios de ideal e de esperança, em busca de uma santidade verdadeira, foram pervertidos - no preciso lugar onde procuraram refúgio foram assaltados e devorados -, e, depois, apanhados pela tenebrosa ideologia “gay”. (Para uma compreensão das raízes e da perigosidade desta ideologia vide Scott Lively and Kevin Abrams, The Pink Swastika, Homosexuality in the Nazi Party, Veritas Aeterna Press, Fourth Edition Published January, 2002, 382 pp.).
10 – Alguns deles seropositivos nem por isso desistem das suas aventuras e, por isso, contagiam muitos com a sua doença fatal. Esta é uma das razões, juntamente com outras, entre as quais os ciúmes que provocam pela infidelidade constante, porque podem ser responsáveis por crimes de homicídio e ver as suas vidas ameaçadas de morte. Chegando mesmo alguns a ser assassinados.
11 – De entre aqueles que têm responsabilidades importantes nas Ordens e Congregações Religiosas são poucos, ainda, os que já se aperceberam da dimensão real do problema e que este, actualmente, não tem paralelo com os casos esporádicos que sempre, mais ou menos, terão existido.
12 – A generalidade dos religiosos viverá ingenuamente ignorante desta situação bem grave. De entre aqueles que a conhecem a maioria sente-se seriamente incomodada. Felizmente tem vindo a aumentar significativamente o número daqueles que se vão apercebendo da realidade e que compreendem que têm o dever grave de se empenhar para que as coisas não continuem assim. Nesse intuito de mudança são movidos por um triplo amor que brota do amor a Deus, a Cristo e à Sua Igreja, a saber:
i) Amor aos inocentes que têm absolutamente de ser protegidos. Nalgumas Províncias Religiosas gravemente corrompidas, alguns consagrados, positivamente, enxotam os candidatos que aspiram a nelas entrar, encaminhando-os para outras bem mais sãs. E fazem-no por que receiam que sejam pervertidos, quer doutrinalmente, quer sexualmente. No entanto, como nem todos passam pelas suas mãos, não são poucos os que entram e vêm a ser vítimas. Destes uns saem escandalizados, outros ficam, mas traumatizados, outros, ainda, são pervertidos, raros são os que permanecem incólumes. Mas aqueles religiosos consagrados vivem na esperança de que os tempos mudem e, assim, possam alegre e efusivamente acolher todos os que se sentem atraídos por uma verdadeira vocação. E se nos candidatos houver alguma vulnerabilidade, possam eles encontrar um ambiente que os ajude a superá-la e não a dilatá-la.
Importa, ainda, ad extra proteger as crianças e os jovens que se deixam enredar pela ascendência que um religioso, sacerdote ou não, exerce sobre eles.
ii) Amor às pessoas que praticam actos homossexuais. Estas são umas desgraçadas que desgraçam a vida de tantas outras. Infelizes, profundamente complexadas, compulsivas, escravizadas, inquietas, dúplices, ciumentas, vingativas, cobiçosas, com uma carência imensa de amor e afecto (que tanto mais cresce e se torna insaciável quanto mais são activos nas suas práticas), cercadas pelo medo, forjadas pela mentira, em contradição permanente com o seu verdadeiro Eu e com a vocação que abraçaram... - as suas vidas são um inferno. Sofrem horrores porque procuram a felicidade pelo exacto caminho que dela afasta. Mas não tem que ser assim, a sua condição não é uma inevitabilidade, existe tratamento, é possível a libertação. Podem vir a ser santos: “Onde abundou o pecado, superabundou a graça de Deus” (S. Paulo). Ponto é que assumam as suas responsabilidades e se disponham, na medida do possível, a reparar o mal feito.
O pérfido mito de que a homossexualidade não é uma doença, mas uma identidade, é um dos principais responsáveis da situação actual. Por isso um dos primeiros passos a dar consiste em ajudar esta gente a compreender que a sua identidade não é a homossexualidade. Esta, aliás, não é nenhuma orientação, mas sim uma desorientação sexual que distorce e deforma (ou inclina a, porque pode e deve ser resistida) o Eu verdadeiro – a atracção e a compulsão homossexual são sintomas de “disfunções” psíquicas e espirituais que precisam de ser tratadas. Eles são pessoas, criadas por Deus à Sua imagem e semelhança e feitos Seus filhos pelo Baptismo. Importa, pois, ajudá-los a reconhecerem a sua dignidade.
Outro mito, desmentido, também, categoricamente pelos factos e pela experiência é o que afirma a incurabilidade desta doença. A literatura que o desmente é muito abundante. Mas para quem não disponha de tempo para um estudo aturado, aqui se deixam algumas sugestões:
- John F. Harvey O.S.F.S., The Truth About Homosexuality, The cry of the faithful, (Introduction
by Benedict J. Groeschel, C.F.R.), Ignatius Press - S. Francisco, 1996, 377 pp.
- John F. Harvey O.S.F.S., The Homosexual Person, New thinking in pastoral care, Ignatius Press - S. Francisco, 1987, 255 pp.
- Gerard J. M. Van Den Aardweg, Ph.D., The Battle for Normality, A guide for (self-) therapy for homosexuality, Ignatius Press - S. Francisco, 1997, 157 pp.
- Catholic Medical Association (USA) – Task Force, An Open Letter to the Bishops, May 29, 2002. - http://www.cathmed.org/index.html
- Catholic Medical Association, Homosexuality and Hope, statement of the catholic medical association - http://www.cathmed.org/index.html
- The Courage Apostolate - http://couragerc.net/
Se, porventura, não se dispuserem a uma terapia séria têm, então, que tirar daí as devidas consequências, uma vez que o seu “estilo de vida” é totalmente incompatível com a vida Religiosa.
iii) Amor às próprias Ordens e Congregações Religiosas. Estas existem para serem escolas de santidade onde se possa aprender a melhor conhecer, amar e servir a Deus, trabalhando para Sua maior glória e para o maior bem de todos os homens. Não existem para si mesmas, mas para Cristo, para serem “lugares” que conduzam os seus membros a Ele, a fim de que conformem as suas vontades com a Sua vontade e configurem as suas vidas com a Sua. Estas obras de Deus (as Ordens e Congregações) não existem para que os que a elas pertencem se esgotem narcisicamente em planos, técnicas, projectos, dinâmicas, burocracias, organizações, obras “grandiosas” que mascaram o profundo vazio interior e servem de troféu para aqueles cuja preocupação obsessiva parece ser a procura obstinada da própria glória. Existem sim para a aprendizagem e cultivo da amizade com Cristo, da vivência na Sua graça, e, por Ele, com Ele e n’Ele, da amizade recíproca e universal. (Para um entendimento adequado da visão cristã e teológica da amizade vide Duarte da Cunha, A Amizade segundo S. Tomás de Aquino, Principia, 2000, 454 pp.) De outro modo, não servem para nada, a não ser para o esgoto e para serem espezinhadas pela comunicação social. Alinhar com ou ficar indiferente à bandalheira denota um profundo desprezo, uma intensa aversão, ultimamente um ódio, às Ordens e Congregações a que se pertence.