sábado, 12 de janeiro de 2013

Católica suspende pós-graduação após críticas de activistas antiaborto

In Público

A Universidade Católica Portuguesa (UCP) suspendeu uma pós-graduação na área da saúde mental que estava prestes a lançar e que teria como docentes e conferencistas várias personalidades que defenderam publicamente a interrupção voluntária da gravidez (IVG). 

A decisão foi tomada esta semana, depois de um grupo de activistas antiaborto ter criticado a instituição de ensino superior pela escolha destas individualidades, que no seu entender viola a doutrina da Igreja Católica relativamente ao aborto.

Em comunicado divulgado esta semana, o Movimento Mulheres em Acção sustenta que a Faculdade de Ciências Humanas daquela universidade está a lançar uma pós-graduação em Serviço Social na Saúde Mental, em parceria com a Associação dos Profissionais de Serviço Social, que terá como formadores e conferencistas “destacados e públicos opositores da posição da Igreja Católica sobre a inviolabilidade do valor e da dignidade da vida humana”.

Em causa estão, segundo o movimento, personalidades que “colaboraram notoriamente pelo 'sim'" no referendo sobre o aborto, casos de António Leuschner (presidente do Conselho Nacional de Saúde Mental), Álvaro de Carvalho (coordenador do Programa Nacional de Saúde Mental), Francisco George (director-geral da Saúde) e José Miguel Caldas de Almeida (director da Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa).

Considerando que a universidade é “uma instituição da Igreja”, integrada na missão da Igreja, “enquanto serviço específico à comunidade eclesial e humana”, o movimento defende que devem “ser escolhidos docentes e investigadores que, além da idoneidade profissional, primem pela integridade da doutrina”, citando os estatutos da UCP.

O curso acabou por ser suspenso esta semana, logo após a tomada de posição das Mulheres em Acção. Para Álvaro de Carvalho, um dos especialistas que tinham sido contratados pela Católica para leccionar o novo curso, trata-se de uma situação lamentável e comparável a “uma atitude de ayatollahs no mundo muçulmano”.

A instituição de ensino superior justificou a suspensão da pós-graduação por “um lapso de tramitação formal no processo de aprovação interna, pelos órgãos legalmente competentes da faculdade”. Sem fazer qualquer referência às acusações das Mulheres em Acção, numa resposta enviada por escrito à Rádio Renascença, os responsáveis da Católica referem apenas que “o curso já não está a ser oferecido pela faculdade, e não irá sê-lo até que a proposta científica seja aprovada nos termos correctos”. Contactada nesta sexta-feira pelo PÚBLICO, Inês Romba, a responsável pelo gabinete de comunicação da Faculdade de Ciências Humanas da Católica, adiantou que “a universidade não irá fazer mais comentários sobre este assunto”.
  
Outras universidades interessadas

Para Álvaro de Carvalho, é difícil acreditar que não exista uma relação entre as críticas do movimento de activistas e a suspensão da pós-graduação que, apesar da “justificação formal”, estará assente numa “decisão profundamente ideológica”. “Estava tudo preparado para avançar, com financiamento assegurado e os convites feitos e aceites”, confirma ao PÚBLICO, acrescentando que ainda não recebeu qualquer comunicação formal da universidade quanto à suspensão do curso, que deveria iniciar-se em Fevereiro e tinha inscrições abertas até 25 de Janeiro.

“O assunto é grave. Trata-se da expressão de uma sociedade portuguesa e de um sectarismo inaudito”, considera Álvaro de Carvalho, que é o actual coordenador do Programa Nacional para a Saúde Mental. “Lamento que uma instituição universitária que respeito confunda de forma grave posições pessoais com perspectivas ideológicas e religiosas e com a actividade científica”, diz ainda.

De resto, o especialista adianta que sempre esteve e estará disponível para colaborar com todas as iniciativas científicas relacionadas com a saúde mental e acrescenta que esta pós-graduação era um importante contributo. Aliás, segundo adianta, existem já outras universidades interessadas em avançar com esta formação, que permite uma especialização dos assistentes sociais na área da saúde mental.

A suspensão da pós-graduação também já terá levado António Leuschner, outro dos docentes escolhidos, a cancelar a sua participação numa outra pós-graduação (Psicogeriatria) na mesma universidade.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Coração de cão - Nuno Serras Pereira

Desde a mais tenra idade que fui habituado a conviver com cães nas casas das minhas avós, de um tio, de uma vizinha e de um outro propínquo, sendo que com eles sempre me dei bem e eles comigo. Nunca nutri porém um vínculo de intimidade identificando-me à sua condição canina ou imaginando-os dotados de uma dignidade transcendente igual à dos seus donos.

Quando tinha quinze anos, os meus irmãos mais velhos bem como vários amigos falavam da existência de uma temível fera, um “lobo d’ Alsácia” avantajado, de nome Apolo, que aterrorizava os transeuntes daquela zona da praia da Parede, onde estávamos de férias. Ora sucedeu que um dia indo eu sozinho pelo passeio à beira da linha do caminho-de-ferro avisto do outro lado da rua um homem passeando o que me pareceu ser um “pastor alemão”. Num repente desatou numa corrida furiosa em minha direcção. O dono bem o chamava: Apolo! Apolo! Apolo; mas ele continuou a sua investida doida, enquanto eu, literalmente gelado, paralisei. Chegado ao pé de mim afirmando-se nas patas traseiras ladrava-me à volta do pescoço e da cara, que bem senti a quentura do seu espumoso bafo feroz. O proprietário do “melhor amigo do homem”, mantendo-se no passeio contrário, bradava-me: Não se mexa! Não se mexa! Apolo! Por amor de Deus, por amor de Deus, não se mexa, mas não se mexa mesmo. Apolo! Apolo! A mim bem me apetecia responder-lhe: pode ter a certeza (absoluta) que não vasquejarei, nem mesmo tremerei. Mas se até a respiração continha, arreceado da minúscula oscilação pulmonar, como me atreveria a articular uma palavra que fosse. Não saberei dizer quanto tempo aquilo demorou, poderei, não obstante, adiantar que para mim foram séculos de pavor, milénios de terror. Alfim, a besta ferina acatou as imperiosas vozes de “sargento dos comandos” que o dono lhe vociferou. Permaneci, no entanto, por bastante tempo, numa imobilidade marmórea preventora da probabilidade de novos ataques sanhudos. O homem seguiu impávido o seu caminho, sem colocar um açaimo, uma trela que fosse, naquele embravecido animal; sem sequer um pedido de desculpas, um conforto psicológico que fosse a um adolescente amedrontado com a iminência de ser despedaçado pelo melhor “amigo” do dono, mas indubitavelmente o mais selvagem inimigo de desconhecidos.

A comunicação social informou, há pouco tempo, que um cão trucidou a dentadas cruéis uma criança de 18 meses de idade. Era de esperar que se levantasse um enorme clamor - tanto mais que todos os anos somos confrontados com matanças semelhantes de idosos e de crianças pelos “melhores amigos dos homens”, de indignação e de reivindicação de uma proibição das perigosas raças caninas em território nacional (já sei que há um coro bem orquestrado de vozes que afirmam peremptoriamente que tal coisa não existe, mas é indesmentível que os cães matadores são sempre de determinadas cepas, bem identificadas). Seria de esperar que houvesse movimentos maciços lastimando esta vítima tão inocente e indefesa. Mas, não. Em vez disso, uma petição na Inter-rede recolheu, num dia ou dois, dez mil assinaturas para que a besta-fera não fosse abatida, como manda a lei. Monstruosa afinal é a criança! A vítima é o cãozarrão! Abaixo e morte às crianças! Viva e liberdade aos brutos canídeos! De facto, numa sociedade que se acostumou, com o alto patrocínio do estado e dos políticos que nele mandam, a liquidar com fervor e alegria as crianças nascentes, a que foi abocanhada e estraçalhada só pode surgir como mais uma temerosa inimiga não só das mulheres como dos cães. 

Não cuidem precipitadamente que eu seria incapaz de firmar uma petição para salvar da morte matada um cão. Posso muito bem fazê-lo com a maior das boas-vontades, desde que não haja discriminação e se incluam por isso outras criaturas igualmente preciosas tais como porcos, javalis, cabritos, borregos, vacas, vitelas, perus, galinhas, perdizes, codornizes, formigas, vespas, melgas, moscas, mosquitos, etc., etc.

Neste país, tão humanista, seis meses não são suficientes para recolher quatro mil assinaturas para uma petição que pretende acabar com o criminoso abate, legalmente organizado e financiado, de dezenas de crianças quotidianamente, mas dois dias são-no para conseguir dez mil firmas de modo a evitar o abate duma besta furiosa. Lá diz o Evangelho: onde estiver o teu tesouro aí está o teu coração. Se o tesouro de muitos é o perro, como está à vista de todos, então será caso para concluir que essa gente tem um coração de cão.

11. 01. 2013

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Grupo pró-vida questiona escolha de docentes na Universidade Católica - por Filipe d' Avillez

In RR 

Quatro dos médicos que vão leccionar uma pós-graduação na Católica defenderam publicamente posições éticas contrárias às da Igreja, alerta a Associação Mulheres em Acção.  

A Associação Mulheres em Acção, que, entre outras causas, defende a inviolabilidade da vida humana desde a concepção até à morte natural, questiona a escolha de quatro médicos conhecidamente defensores da despenalização do aborto para leccionarem uma pós-graduação na Universidade Católica Portuguesa (UCP).

Em causa está uma pós-graduação sobre Serviço Social na Saúde Mental, organizada em parceria pela Faculdade de Ciências Humanas da UCP e a Associação dos Profissionais de Serviço Social, que deverá arrancar em Fevereiro.

Entre os docentes estão os médicos António Leuschner, Álvaro de Carvalho e Caldas de Almeida, que fizeram parte do 'Médicos pelo Sim', um movimento que promoveu a liberalização do aborto no mais recente referendo realizado sobre o assunto em Portugal.

O outro médico cuja presença é questionada é o director-geral de Saúde, Francisco George, que não foi signatário da mesma plataforma, pela posição que ocupava na altura, mas cujas posições em favor da despenalização do aborto são públicas.

“A UCP é uma instituição da Igreja, integrada no ‘conjunto da missão da Igreja, enquanto serviço específico à comunidade eclesial e humana’, que visa a ‘realização integral do Homem, inspirada nos valores cristãos’. Aliás, esses Estatutos estabelecem que o ‘ensino da UCP inspirar-se-á na visão cristã do homem e do mundo’, pelo que ‘devem ser escolhidos docentes e investigadores que, para além da idoneidade profissional, primem pela integridade da doutrina’”, pode ler-se no comunicado da Associação Mulheres em Acção.

A associação duvida da possibilidade de pessoas “que tão assumidamente propugnaram a liberalização do aborto, consigam ensinar em sintonia com a visão cristã em matérias como por exemplo 'Valores, princípios e ética do Serviço Social'” e alerta para o facto de a sua participação poder gerar “no mínimo, perplexidade e confusão”, esclarecendo contudo que o alerta visa “a decisão da Universidade, e não as pessoas envolvidas, cujas opções livres não são aqui objecto de apreciação”.

A Renascença contactou a direcção da Faculdade de Ciências Humanas da UCP e aguarda uma resposta.


segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

El Papa reitera rechazo al aborto y critica fallo de CIDH pro fecundación in vitro

VATICANO, 07 Ene. 13 / 11:46 am (ACI/EWTN Noticias).- El Papa Benedicto XVI reiteró su rechazo al aborto y expresó su grave preocupación por el reciente fallo, dado en los días de Navidad, de la Corte Interamericana de Derechos Humanos (CIDH) a favor de la fecundación in vitro en Costa Rica.

En su discurso esta mañana al Cuerpo Diplomático acreditado ante la Santa Sede, el Papa dijo que "compruebo con tristeza como en diversos países de tradición cristiana se pretenden introducir o ampliar legislaciones que despenalizan o liberalizan el aborto. El aborto directo, es decir, querido como fin o como medio, es gravemente contrario a la ley moral". 

"Cuando afirma esto, la Iglesia no deja de tener comprensión y benevolencia, también hacia la madre. Se trata, más bien, de velar para que la ley no llegue a alterar injustamente el equilibrio entre el derecho a la vida de la madre y el del niño no nacido, que pertenece a ambos por igual", agregó.

Benedicto XVI dijo también que "es una fuente de preocupación el reciente fallo de la Corte Interamericana de Derechos Humanos, relativo a la fecundación in vitro, que redefine arbitrariamente el momento de la concepción y debilita la defensa de la vida prenatal".

El fallo de la CIDH dado cerca a la Navidad en diciembre de 2012, el tribunal falló a favor de la fecundación in vitro y abrió las puertas a la despenalización del aborto en toda América Latina al afirmar que "el embrión no puede ser entendido como persona" y redefiniendo la concepción, asegurando que ésta "tiene lugar desde el momento en que el embrión se implanta en el útero".

El Santo Padre cuestionó así la sentencia de la CIDH, presidida por el peruano Diego García Sayán, duramente criticada por los Obispos costarricenses que consideran la medida del tribunal como "un lamentable ejemplo de la ideología de la cultura de muerte".

El Papa dijo también que "sobre todo en Occidente, se encuentran lamentablemente muchos equívocos sobre el significado de los derechos del hombre y los deberes que le están unidos". 

"Los derechos se confunden con frecuencia con manifestaciones exacerbadas de autonomía de la persona, que se convierte en autorreferencial, ya no está abierta al encuentro con Dios y con los demás y se repliega sobre ella misma buscando únicamente satisfacer sus propias necesidades. Por el contrario, la defensa auténtica de los derechos ha de contemplar al hombre en su integridad personal y comunitaria".

El Santo Padre recordó que "la construcción de la paz pasa siempre por la protección del hombre y de sus derechos fundamentales. Esta tarea, incluso cuando se lleva a cabo con diversa modalidad e intensidad, interpela a todos los países y debe estar constantemente inspirada por la dignidad trascendente de la persona humana y por los principios inscritos en su naturaleza. Entre estos figura en primer lugar el respeto de la vida humana, en todas sus fases". 

A este propósito, indicó, "me alegra que una Resolución de la Asamblea parlamentaria del Consejo de Europa, en enero del año pasado, haya solicitado la prohibición de la eutanasia, entendida como la muerte voluntaria, por acto o por omisión, de un ser humano en estado de dependencia".

Ficção e realidade - João César das Neves

In DN

Nas últimas semanas o País viveu o interlúdio cómico de um suposto especialista da ONU divulgando um relatório alegadamente produzido por "uma equipe de sete economistas, que trabalhou no tema durante mais de um ano" (Expresso Economia, 15/Dez, p.12). Com alguns corados de vergonha e outros vermelhos de tanto rir, poucos se debruçaram sobre o aspecto interessante do episódio: como pode acontecer uma coisa destas? Como foi possível pessoas inteligentes, cultas e informadas serem enganadas desta maneira, aceitando como boa a análise de um ignorante? Há aqui um mistério que merece investigação.

Uma possibilidade é o economista, mesmo falso, ter dito coisas certas e sensatas. Assim não admiraria que até observadores atentos e informados fossem enganados. Mas se esta solução resolve o primeiro enigma, levanta outro pior. Será que um qualquer "chico-esperto", sem estudos ou diplomas, consegue nesta situação tão complexa dizer coisas equivalentes aos grandes especialistas internacionais? Afinal todas aquelas teorias, estatísticas, equações e modelos não servem para nada? Sendo assim, para quê perder tempo e dinheiro a escrever e ler esses relatórios? Bastaria perguntar ao taxista ou ao avô surdo para ouvir o mesmo.

Mas terá o homem dito mesmo coisas acertadas? De facto as suas afirmações foram disparates monstruosos: "Desemprego de 24% em 2014" (p.1), "41% do total da dívida soberana ... advém da obrigatoriedade do cofinanciamento pelo Orçamento de Estado português" (p.12); "340% do PIB de endividamento global" (p.13), etc., etc. São atoardas tão absurdas e dislates tão exagerados que facilmente seriam desmascarados numa consideração ponderada. Se o suposto especialista tivesse usado os relatórios verdadei- ros de instituições internacionais, diria coisas opostas às que disse. Banco Mundial, FMI e OCDE (o PNUD não é conhecido pela qualidade das suas análises conjunturais de países desenvolvidos, por não ser essa a sua função) apresentam cenários muito diferentes.

As previsões da taxa de desemprego para 2014 andam entre 15,9% e 16,6%, ainda muito elevadas, mas já a descer. A economia portuguesa estará a crescer nesse ano, mesmo que muito pouco (0,8%-0,9%) e a enorme dívida bruta total do País ao exterior não deve atingir sequer os 250% do PIB, quanto mais 350%. Nenhuma organização séria sugeriria a Portugal repudiar ou renegociar a sua dívida externa, o que lhe destruiria a credibilidade junto dos credores e agravaria os financiamentos externos por muitos anos.

Assim a resposta simples não colhe: o relatório fictício nunca poderia ter passado por verdadeiro. Voltamos então ao problema inicial: como conseguiu ele aldrabar tanta gente boa? A resposta é fácil. Aquilo que constava nas suas conferências e entrevistas (porque parece não haver relatório) era uma asneira pegada, mas que não destoa das asneiras que andam a dizer-se por aí em comícios, jornais e conversas de café. O burlão da ONU foi recebido de braços abertos simplesmente por trazer credibilidade institucional às convicções exageradas que hoje dominam a opinião pública.

Assim, involuntariamente, o caso mostra como o rei vai nu. De repente vemos que o que discursos, notícias e comentários afirmam está ao nível das tolices de um falsário. Na raiva, ninguém quer uma análise séria e ponderada da situação. Ninguém lê os verdadeiros relatórios das organizações reputadas, e as reportagens sobre eles incluem frases soltas, enviezadas e fora do contexto apenas das secções mais negativas, porque é isso que o público quer ler. Todas as antevisões positivas são descartadas como ilusórias, empolando-se qualquer contorno mau. Os catastrofistas são aplaudidos, enquanto se troça e insulta de quem tentar estimular, confortar e serenar os ânimos.

Todos anseiam por ser confirmados na sua certeza macabra de que isto vai de mal a pior. A esperteza do impostor, como dos discursos, foi dizer aquilo que as pessoas querem ouvir. Preferem a ficção à realidade, mesmo que seja pior que a realidade.

Destruyen 1,7 millones de embriones humanos en Gran Bretaña

LONDRES, 07 Ene. 13 / 03:25 am (ACI/EWTN Noticias).- El Ministro de Salud de Gran Bretaña, Earl Howe, informó que 1,7 millones de embriones humanos creados a través de la fertilización in vitro han sido desechados en los últimos años en el país.

Esta información se dio a conocer ante las interrogantes sobre el destino de los desechos de las clínicas y hospitales de fertilización, presentadas por el diputado Lord David Alton, reconocido por su activismo pro-vida.

Según informa el Daily Mail, desde agosto de 1991 se han generado más de 3,5 millones de embriones, de los cuales 235 480 han terminado en embarazos. En promedio, para cada mujer que desea tener un hijo se usan hasta 15 embriones, de los cuales casi la mitad se descarta durante o después del proceso de fertilización in vitro.

La Autoridad de Embriología y Fertilización Humana (HFEA) informó que “los embriones desechados ya no son necesarios para la persona o pareja en el tratamiento” y explicó que “en estas circunstancias, se puede decidir si desea donar los embriones a un proyecto de investigación, a otra pareja o pedir a la clínica que los destruya”.

Las cifras presentadas no detallan cuantos de los embarazos producidos han llegado a término, pero precisan que un 93 por ciento de ellos –más de 3,3 millones– tienen diversos usos o son simplemente almacenados.

El diputado David Alton dijo sobre estas cifras que la mayoría de las personas no conoce la gran escala de "destrucción absoluta de embriones humanos” en el Reino Unido y denunció que este proceso se hace en cantidades “industriales”.

Alton denunció que el desecho de embriones humanos se realiza “día a día y con total indiferencia”. "Mi opinión es que actualmente se puede llevar a cabo tratamientos de fertilidad sin tener que crear muchos embriones para destruirlos. Ahí es donde la tecnología tiene que avanzar", agregó.

En el proceso de fecundación in vitro, los embriones son creados a partir de los óvulos y el esperma masculino. La doctrina católica se opone a este procedimiento por dos razones primordiales: primero, porque se trata de un procedimiento contrario al orden natural de la sexualidad que atenta contra la dignidad de los esposos y del matrimonio.

En segundo lugar, porque la técnica supone la eliminación de seres humanos en estado embrionario tanto fuera como dentro del vientre materno, implicando varios abortos en cada proceso.

domingo, 6 de janeiro de 2013

Homilia de Bento XVI no Dia de Reis (Magos)

Amados irmãos e irmãs!

Para a Igreja crente e orante, os Magos do Oriente, que, guiados pela estrela, encontraram o caminho para o presépio de Belém, são apenas o princípio duma grande procissão que permeia a história. Por isso, a liturgia lê o Evangelho que fala do caminho dos Magos juntamente com as estupendas visões proféticas de Isaías 60 e do Salmo 72 que ilustram, com imagens ousadas, a peregrinação dos povos para Jerusalém. Assim como os pastores – os primeiros convidados para irem até junto do Menino recém-nascido deitado na manjedoura – personificam os pobres de Israel e, em geral, as almas simples que interiormente vivem muito perto de Jesus, assim também os homens vindos do Oriente personificam o mundo dos povos, a Igreja dos gentios: os homens que, ao longo de todos os séculos, se encaminham para o Menino de Belém, n’Ele honram o Filho de Deus e se prostram diante d’Ele. A Igreja chama a esta festa «Epifania» – a manifestação do Divino. Se considerarmos o facto de que desde então homens de todas as proveniências, de todos os continentes, das mais diversas culturas e das diferentes formas de pensamento e de vida se puseram, e estão, a caminho de Cristo, podemos verdadeiramente dizer que esta peregrinação e este encontro com Deus na figura do Menino é uma Epifania da bondade de Deus e do seu amor pelos homens (cf. Tt 3, 4).

Seguindo uma tradição iniciada pelo Beato Papa João Paulo II, celebramos a festa da Epifania também como dia da Ordenação episcopal de quatro sacerdotes que daqui em diante irão colaborar, em diferentes funções, com o Ministério do Papa em prol da unidade da única Igreja de Jesus Cristo na pluralidade das Igrejas particulares. A conexão entre esta Ordenação episcopal e o tema da peregrinação dos povos para Jesus Cristo é evidente. O Bispo tem a missão não apenas de se incorporar nesta peregrinação juntamente com os demais, mas de ir à frente e indicar a estrada. Nesta liturgia, porém, queria reflectir convosco sobre uma questão ainda mais concreta. Com base na história narrada por Mateus, podemos certamente fazer uma ideia aproximada do tipo de homens que, seguindo o sinal da estrela, se puseram a caminho para encontrar aquele Rei que teria fundado uma nova espécie de realeza, e não só para Israel mas para a humanidade inteira. Que tipo de homens seriam então eles? E perguntemo-nos também se a partir deles, não obstante a diferença dos tempos e das funções, seja possível vislumbrar algo do que é o Bispo e de como deve ele cumprir a sua missão.

Os homens que então partiram rumo ao desconhecido eram, em definitiva, pessoas de coração inquieto; homens inquietos movidos pela busca de Deus e da salvação do mundo; homens à espera, que não se contentavam com seus rendimentos assegurados e com uma posição social provavelmente considerável, mas andavam à procura da realidade maior. Talvez fossem homens eruditos, que tinham grande conhecimento dos astros e, provavelmente, dispunham também duma formação filosófica; mas não era apenas saber muitas coisas que queriam; queriam sobretudo saber o essencial, queriam saber como se consegue ser pessoa humana. E, por isso, queriam saber se Deus existe, onde está e como é; se Se preocupa connosco e como podemos encontrá-Lo. Queriam não apenas saber; queriam conhecer a verdade acerca de nós mesmos, de Deus e do mundo. A sua peregrinação exterior era expressão deste estar interiormente a caminho, da peregrinação interior do seu coração. Eram homens que buscavam a Deus e, em última instância, caminhavam para Ele; eram indagadores de Deus.

Chegamos assim à questão: Como deve ser um homem a quem se impõem as mãos para a Ordenação episcopal na Igreja de Jesus Cristo? Podemos dizer: deve ser sobretudo um homem cujo interesse se dirige para Deus, porque só então é que ele se interessa verdadeiramente também pelos homens. E, vice-versa, podemos dizer: um Bispo deve ser um homem que tem a peito os outros homens, que se deixa tocar pelas vicissitudes humanas. Deve ser um homem para os outros; mas só poderá sê-lo realmente, se for um homem conquistado por Deus: se, para ele, a inquietação por Deus se tornou uma inquietação pela sua criatura, o homem. Como os Magos do Oriente, também um Bispo não deve ser alguém que se limita a exercer o seu ofício, sem se importar com mais nada; mas deve deixar-se absorver pela inquietação de Deus com os homens. Deve, por assim dizer, pensar e sentir em sintonia com Deus. Não é apenas o homem que tem em si a inquietação constitutiva por Deus, mas esta inquietação é uma participação na inquietação de Deus por nós. Foi por estar inquieto connosco que Deus veio atrás de nós até à manjedoura; mais: até à cruz. «A buscar-me Vos cansastes, pela Cruz me resgatastes: tanta dor não seja em vão!»: reza a Igreja no Dies irae. A inquietação do homem por Deus e, a partir dela, a inquietação de Deus pelo homem não devem dar tréguas ao Bispo. É isto que queremos dizer, ao afirmar que o Bispo deve ser sobretudo um homem de fé; porque a fé nada mais é do que ser interiormente tocado por Deus, condição esta que nos leva pelo caminho da vida. A fé atrai-nos para dentro de um estado em que somos arrebatados pela inquietação de Deus e faz de nós peregrinos que estão interiormente a caminho para o verdadeiro Rei do mundo e para a sua promessa de justiça, de verdade e de amor. Nesta peregrinação, o Bispo deve ir à frente, deve ser aquele que indica aos homens a estrada para a fé, a esperança e o amor.

A peregrinação interior da fé para Deus realiza-se sobretudo na oração. Santo Agostinho disse certa vez que a oração, em última análise, nada mais seria do que a actualização e a radicalização do nosso desejo de Deus. No lugar da palavra «desejo», poderíamos colocar também a palavra «inquietação» e dizer que a oração quer arrancar-nos da nossa falsa comodidade, da nossa clausura nas realidades materiais, visíveis, para nos transmitir a inquietação por Deus, tornando-nos assim abertos e inquietos uns para com os outros. O Bispo, como peregrino de Deus, deve ser sobretudo um homem que reza, deve estar em permanente contacto interior com Deus; a sua alma deve estar aberta de par em par a Deus. As dificuldades suas e dos outros bem como as suas alegrias e as dos demais deve levá-las a Deus e assim, a seu modo, estabelecer o contacto entre Deus e o mundo na comunhão com Cristo, para que a luz de Cristo brilhe no mundo.

Voltemos aos Magos do Oriente. Eles eram também e sobretudo homens que tinham coragem; tinham a coragem e a humildade da fé. Era preciso coragem a fim de acolher o sinal da estrela como uma ordem para partir, para sair rumo ao desconhecido, ao incerto, por caminhos onde havia inúmeros perigos à espreita. Podemos imaginar que a decisão destes homens tenha provocado sarcasmo: o sarcasmo dos ditos realistas que podiam apenas zombar das fantasias destes homens. Quem partia baseado em promessas tão incertas, arriscando tudo, só podia aparecer como ridículo. Mas, para estes homens tocados interiormente por Deus, era mais importante o caminho segundo as indicações divinas do que a opinião alheia. Para eles, a busca da verdade era mais importante que a zombaria do mundo, aparentemente inteligente.

Vendo tal situação, como não pensar na missão do Bispo neste nosso tempo? A humildade da fé, do crer juntamente com a fé da Igreja de todos os tempos, há-de encontrar-se, vezes sem conta, em conflito com a inteligência dominante daqueles que se atêm àquilo que aparentemente é seguro. Quem vive e anuncia a fé da Igreja encontra-se em desacordo também em muitos aspectos, com as opiniões dominantes precisamente no nosso tempo. O agnosticismo, hoje largamente imperante, tem os seus dogmas e é extremamente intolerante com tudo o que o põe em questão, ou põe em questão os seus critérios. Por isso, a coragem de contradizer as orientações dominantes é hoje particularmente premente para um Bispo. Ele tem de ser valoroso; e esta valentia ou fortaleza não consiste em ferir com violência, na agressividade, mas em deixar-se ferir e fazer frente aos critérios das opiniões dominantes. A coragem de permanecer firme na verdade é inevitavelmente exigida àqueles que o Senhor envia como cordeiros para o meio de lobos. «Aquele que teme o Senhor nada temerá», diz Ben Sirá (34, 14). O temor de Deus liberta do medo dos homens; faz-nos livres!

Neste contexto, recordo um episódio dos primórdios do cristianismo que São Lucas narra nos Actos dos Apóstolos. Depois do discurso de Gamaliel, que desaconselha a violência contra a comunidade nascente dos crentes em Jesus, o Sinédrio convocou os Apóstolos e fê-los flagelar. Depois proibiu-os de pregar em nome de Jesus e pô-los em liberdade. São Lucas continua: Os Apóstolos «saíram da sala do Sinédrio cheios de alegria por terem sido considerados dignos de sofrer vexames por causa do Nome de Jesus. E todos os dias (...) não cessavam de ensinar e de anunciar a Boa-Nova de Jesus, o Messias» (Act 5, 41-42). Também os sucessores dos Apóstolos devem esperar ser, repetidamente e de forma moderna, flagelados, se não cessam de anunciar alto e bom som a Boa-Nova de Jesus Cristo; hão-de então alegrar-se por terem sido considerados dignos de sofrer ultrajes por Ele. Naturalmente queremos, como os Apóstolos, convencer as pessoas e, neste sentido, obter a sua aprovação; naturalmente não provocamos, antes, pelo contrário, convidamos todos a entrarem na alegria da verdade que indica a estrada. Contudo o critério ao qual nos submetemos não é a aprovação das opiniões dominantes; o critério é o próprio Senhor. Se defendemos a sua causa, conquistaremos incessantemente, pela graça de Deus, pessoas para o caminho do Evangelho; mas inevitavelmente também seremos flagelados por aqueles cujas vidas estão em contraste com o Evangelho, e então poderemos ficar agradecidos por sermos considerados dignos de participar na Paixão de Cristo.

Os Magos seguiram a estrela e assim chegaram a Jesus, à grande Luz que, vindo ao mundo, ilumina todo o homem (cf. Jo 1, 9). Como peregrinos da fé, os Magos tornaram-se eles mesmos estrelas que brilham no céu da história e nos indicam a estrada. Os santos são as verdadeiras constelações de Deus, que iluminam as noites deste mundo e nos guiam. São Paulo, na Carta aos Filipenses, disse aos seus fiéis que devem brilhar como astros no mundo (cf. 2, 15).

Queridos amigos, isto diz respeito também a nós. Isto diz respeito sobretudo a vós que ides agora ser ordenados Bispos da Igreja de Jesus Cristo. Se viverdes com Cristo, ligados a Ele novamente no Sacramento, então também vós vos tornareis sábios; então tornar-vos-eis astros que vão à frente dos homens e indicam-lhes o caminho certo da vida. Neste momento, todos nós aqui rezamos por vós, pedindo que o Senhor vos encha com a luz da fé e do amor, que a inquietação de Deus pelo homem vos toque, que todos possam experimentar a sua proximidade e receber o dom da sua alegria. Rezamos por vós, para que o Senhor sempre vos dê a coragem e a humildade da fé. Rezamos a Maria, que mostrou aos Magos o novo Rei do mundo (cf. Mt 2, 11), para que, como Mãe amorosa, mostre Jesus Cristo também a vós e vos ajude a serdes indicadores da estrada que leva a Ele. Amen.