Mostrar mensagens com a etiqueta Demónio. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Demónio. Mostrar todas as mensagens

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Apostei tudo no estandarte do Crucificado - por Nuno Serras Pereira


É possível invocar milhentos motivos (estou escrevendo isto antes de conhecer as ressonâncias que pedi aos amigos) para não embarcar com o Crucifixo (= Crucificado) nesta aventura aparentemente temerária de O pôr à vista de todos na praça pública, nas ruas da cidade, dependurado de varandas e demais locais altos, entre o céu e a terra. Mas a verdade é que me parece que todo esse enorme amontoado se desfaz e pulveriza com um grãozinho de Fé, eminentemente razoável.

De facto, podemos interrogar-nos se a morte e morte de Cruz, contrariamente ao fascínio exercido pelo nascimento do Menino Jesus, não repugnará à sensibilidade e não amedrontará as pessoas. Mas o mesmo Cristo respondeu a esta dúvida ao afirmar, referindo-Se profeticamente à Sua crucifixão, “quando for elevado da terra atrairei todos a Mim”. E assim sucedeu. E continua a acontecer ao longo dos séculos.


Outra questão, é a de se não será “obsceno” mostrar um homem cruelmente morto à multidão. Importará, creio eu, recordar que todos os dias somos bombardeados com imagens mais ou menos semelhantes nas televisões, sem que alguém proteste. Convirá ainda adiantar que aqui não se trata de um homem qualquer mas do Homem, o Novo e definitivo Adão, que ao entregar-Se livremente por Amor (Caridade) para nos libertar mostra, pelo menos duas coisas relevantíssimas: em primeiro lugar, onde pode chegar a selvajaria e perversidade humana capaz de assim se assanhar, encarniçar, maltratar, torturar e assassinar o próprio Deus que Se humanou para nos redimir do pecado e da morte; em segundo, revela o Amor (Caridade) infinito de Deus, que se dispôs a padecer tanto para salvar aqueles mesmos que O crucificaram, isto é, não só aqueles que imediatamente, naquele tempo, o supliciaram mas cada um de nós, por mor dos nossos pecados.


Mas numa altura de profunda crise económica não seria melhor entregar os custos dessa campanha a uma instituição de solidariedade social para acorrer aos mais desfavorecidos? Esta é a objecção que Judas colocou aquando do derrame do rico unguento sobre Jesus, antes da Sua Paixão. A ela já o próprio Cristo tinha respondido quando no deserto derrotou o demónio dizendo-lhe que “nem só de pão vive o homem, mas sim de toda a palavra que são da boca de Deus”. Ora, Jesus Cristo é a Palavra eterna, completa e definitiva de Deus. O então Cardeal Ratzinger explica, numa das suas meditações, que a resposta que Jesus dá ao demónio é que nos esclarece sobre o conteúdo da tentação: o demónio insinuava que o pão, o alimento, o bem-estar material seriam suficientes para salvar o homem. Jesus com a Sua réplica afirma a prioridade da Verdade, de Deus. Só na Verdade que é o próprio Cristo é que encontraremos a iluminação, a vontade e a capacidade de resolver não só os problemas pessoais mas também os sociais. Na esplêndida mensagem do Papa Bento XVI para esta Quaresma ele ensina que a mais eminente forma de Caridade é a comunicação da Fé, a Evangelização, proporcionando o encontro, a relação e a amizade com Jesus.
 

E que consolo não poderão tirar os pobres, os desempregados, os doentes, os reformados ao olharem para Aquele que conhece e experimentou as suas mortificações e penas, e os acompanha, amparando-os, nas suas vias-sacras? E sabendo que o crucificado Ressuscitou, vencendo definitivamente o sofrimento e a morte, não será isso uma admirável nutrição para a Esperança? E quantas orações silenciosas e sentidas não poderão brotar daqueles peitos amargurados implorando o socorro Divino? E quem calculará o número dos que, ao contemplarem o Crucificado, serão impelidos por uma comoção verdadeira a reparar nos desprovidos e a dedicar-se aos indigentes e necessitados?


Mas, objectar-se-á, a Quaresma passa num instante, e depois não faz sentido manter o estandarte durante o tempo Pascal, no qual se celebra a Ressurreição. A esta dificuldade responde-se de vários modos: A Páscoa, passagem da morte à vida, celebra-se solenissimamente na Missa da Vigília Pascal e solenemente nas Eucaristias do Domingo de Páscoa e sua oitava. A Missa ou Eucaristia não é simplesmente uma recordação ou lembrança do que aconteceu no Calvário mas é o tornar realmente presente, de um modo incruento, o único e definitivo Sacrifício de Cristo na Cruz. Nesse Santíssimo Sacrifício em que a Igreja participa, associando-se, se torna verdadeira, real e substancialmente Jesus Cristo Ressuscitado nas aparências de pão e de vinho cujas substâncias foram transmutadas n’ Ele próprio, permanecendo os acidentes. Sabereis que a enumeração dos 40 dias da Quaresma prescinde da contagem dos Domingos, por ser este o dia do Senhor, isto é da Sua Ressurreição. E, no entanto, na celebração Eucarística dos Domingos o Crucifixo (o Crucificado) está sempre visível, ou em cima do altar ou a seu lado. A auréola dourada que rodeia a cabeça do Crucificado, no estandarte, significa a Sua Ressurreição Gloriosa, pelo que nos está dizendo que o Crucificado e o Ressuscitado são uma e a mesma Pessoa. Mas será apropriado um fundo vermelho para o estandarte do Crucificado? Afinal o encarnado é uma cor viva, que transmite de algum modo alegria. Assim é, e precisamente por isso parece muito apropositado. Primeiro, porque é da cor do Sangue que o Senhor derramou para nos salvar. O sangue nas Sagradas Escrituras simboliza a vida, e o sangue livremente derramado indica a vida entregue por Amor, dada por Amizade. As mesmas também referem que o vinho é o sangue das uvas e, noutro passo, que aquele “alegra o coração dos homens”. Quer isto dizer que a alegria brota de uma vida entregue, doada, concretizada em serviço dos outros, em amor operante. O preciosíssimo Sangue derramado por Cristo é a causa de toda a nossa alegria. Se com Ele comungamos, aceitando e acolhendo a “transfusão” espiritual/vital seremos também causa de alegria para muitos. Tudo isto constitui um catecumenato visual que nos ensina (de um modo implícito, intuitivo), entre muitas outras coisas, que a felicidade não estar no ter, no acumular, na cobiça, mas, pelo contrário, no ser com e como Jesus, no partilhar, na entrega inteira a Deus, no dom sincero e verdadeiro de si mesmo aos outros, a todos os outros, sem excepção.


Muitas mais coisas haveria a escrever, mas uma vez que o texto já vai muito longo deter-me-ei, ainda que brevissimamente, numa outra dúvida: poderá um “trapo” pintado influir tanto nas almas, nos entendimentos, nas vontades? Respondo que “trapo pintado”, embora de modo sobrenatural, é a Virgem Nossa Senhora de Guadalupe e as profundas e imensas conversões que tem operado e os portentosos milagres realizados ao longo dos séculos não acabam de nos espantar e maravilhar. 


Jesus Cristo figurado no estandarte não é um mero pedaço de tecido imprimido mas é um sinal que remete para a própria Pessoa, um instrumento que o Senhor na Sua infinita bondade e humildade usa para Se comunicar e encontrar com muitos. É verdade que, como quando Ele viveu na Terra Santa, muitos o ignorarão ou até o odiarão, afinal Ele é e sempre será Sinal de Contradição, mas muitos outros O acolherão nas suas vidas e se calhar a única oportunidade de O “verem” será esta.


Finalmente gostava de recordar que tanto o Papa João Paulo II como o Papa Bento XVI repetidamente insistiram na presença pública do Crucificado (Crucifixo).


Falta somente explicar o título do texto que parecerá misterioso. Desde que decidimos avançar com este projecto do Crucificado mostrado aos olhos de todos para a todos abençoar, as dificuldades, contrariedades e incompreensões não deixaram de surgir, e, quando tudo parecia estar pronto e decidido tudo se desmoronou. Foi então, quando parecia impossível avançar, que decidimos fazê-lo sozinhos, sem garantias algumas de sucesso, somente confiados no seguinte: Estamos a trabalhar com recta intenção por Amor a Jesus Cristo e aos nossos concidadãos, por isso Deus não nos faltará com a Sua Providência. 


A obra não está perfeita mas procuraremos melhorar, se Deus quiser, para o ano.


À honra de Cristo. Ámen.

03. 02. 2013

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

La fragancia del nardo - por Juan Manuel de Prada

"Y esta carnalidad insultante de la fe halla su expresión más subversiva y escandalosa en la institución del papado, que es la consecuencia más extrema del misterio de la Encarnación"

In ABC

Seguramente sea el Evangelio de San Marcos el más cercano en el tiempo a los hechos que relata; y es, desde luego, el más liberado de florituras literarias, el más «pegado al terreno», con esa sequedad esencial que sólo poseen las grandes crónicas periodísticas. Al principio de su Evangelio, Marcos nos narra con su habitual despojamiento un episodio muy inquietante y revelador. Jesús se halla en Carfarnaún, enseñando en la sinagoga. De repente, un endemoniado se pone a gritar: «¿Qué tenemos nosotros contigo, Jesús de Nazaret? ¿Has venido a destruirnos? Sé quién eres: el Santo de Dios». Jesús manda callar al espíritu inmundo que habla por boca del endemoniado y le ordena abandonar su cuerpo; orden que el espíritu inmundo acata a regañadientes, no sin antes ofrecer el numerito que uno se espera del demonio: «El espíritu inmundo lo retorció violentamente y, dando un grito muy fuerte, salió de él».

Nada más nos dice Marcos; pero en lo poco que nos dice se desprende una enseñanza jugosísima. Pocos fueron los que en vida reconocieron a Jesús: «Vino a los suyos, pero los suyos no lo recibieron». La incredulidad o desconcierto de los discípulos de Jesús contrasta, sin embargo, con la lucidez de este endemoniado de Carfarnaún, que afirma sin dubitación: «Sé quién eres: el Santo de Dios». Pocas afirmaciones tan contundentes hallaremos en el Evangelio sobre la identidad de Jesús; mientras la mayoría de sus seguidores se hace la picha un lío —que si Juan el Bautista, que si Elías, que si Jeremías, que si alguno de los profetas—, el endemoniado de Cafarnaún revela un conocimiento sobre su naturaleza digno de un doctor en teología. Y esta misma certeza teológica es la que demuestran, ante la visita de Benedicto XVI a Madrid, los sedicentes «ateos». Es probable que muchos escépticos (y aun muchos católicos) confundan la naturaleza de esta visita; pero quienes desde luego la conocen sin dubitación son quienes se llaman a sí mismos «ateos», pero que en realidad son católicos vueltos del revés: saben que Benedicto XVI es el signo vivo del «Santo de Dios», y reaccionan en consecuencia, como aquel pobre hombre de la sinagoga de Cafarnaún, retorciéndose violentamente y dando gritos muy fuertes. Ciertamente, desde el Cafarnaún que visitó Jesús al Madrid que visita Benedicto XVI muchas cosas han cambiado: ahora ciertos numeritos se ofrecen con aprobación gubernativa, en lo que se demuestra que la filantropía ha avanzado una barbaridad; y también que la teología es una ciencia muy apreciada por nuestros gobernantes, de lo cual debemos congratularnos.

Los «ateos» e «indignados» —en realidad, católicos vueltos del revés— que quieren jorobar a Benedicto XVI pasearán pancartas con el lema: «De mis impuestos, al Papa cero»; que viene a ser una adaptación chunga de aquellas palabras de Judas, en la unción de Betania, cuando contempla con fingido escándalo cómo María, la hermana de Lázaro, derrama una libra de perfume sobre los pies de Jesús, mientras la casa se llena con LA FRAGANCIA DEL NARDO: «¿Por qué no se ha vendido este perfume por trescientos denarios para dárselos a los pobres?». Judas, al menos, utilizaba como coartada a los pobres; estos católicos vueltos del revés quieren los impuestos para ellos, reclamación que, si bien se nos antoja poco filantrópica, resulta coherente con la cultura vigente de la subvención y el pilla-pilla. Sólo que estos «ateos» e «indignados» se equivocan de ventanilla en la reclamación; pues la visita de Benedicto XVI les va a costar, en efecto, cero, como sus organizadores se han encargado de explicar con rigor hasta la saciedad, y hasta es posible que de rebote les procure algunas monedillas. Pero la reclamación de estos católicos vueltos del revés, como la queja de Judas en Betania, es hipócrita; pues lo que a los «ateos» e «indignados» subleva de la visita de Benedicto XVI es que los deja en evidencia: al «ateo», porque la fe de la que reniega se manifiesta en su verdadera naturaleza, que no es —como a él, ¡ay!, le gustaría— «ideológica», sino magisterio vivo; al «indignado», porque le muestra el camino verdadero para regenerar el mundo.


Al «ateo» le gustaría que el cristianismo fuese un puro «espiritualismo», una ideología compendiada en un corpus doctrinal, sin cuerpo palpable alguno, que pudiese ser refutada o combatida mediante otra ideología o corpus doctrinal adverso. Pero resulta que es exactamente lo contrario: la predicación de Jesús se llevó a cabo mediante la presencia de un Cuerpo tangible; la presencia de Jesús entre sus seguidores se realiza a través de los sacramentos, que exigen la proximidad corporal y aun el contacto físico; los dones supremos de la fe reclaman el encuentro con el prójimo, la mediación de esta pobre carne perecedera nuestra, magra o rolliza, lozana o arañada por las varices y el cólico de riñón. Y esta carnalidad insultante de la fe halla su expresión más subversiva y escandalosa en la institución del papado, que es la consecuencia más extrema del misterio de la Encarnación y la refutación más apabullante del «espiritualismo», tan querido por quienes «CREEN Y TIEMBLAN». ¡Eso de que un anciano octogenario, un vejestorio que apenas se tiene en pie sea el epicentro de la presencia divina, el tabernáculo de la fe, es en verdad exasperante para el ateo! ¡Y qué decir de esos católicos repelentes, que no se congregan en torno a unas ideas, sino en torno a ese vejestorio de carnes decrépitas y huesos endebles, en cuyo rostro arrugado como una pasa ven el rostro visible del Verbo que se ha hecho uno con nosotros! El «ateo» quisiera que el católico naufragara en un tumulto de abstracciones y consignas doctrinarias; pero hete aquí que su fe se concreta en una caridad filial, juvenil y alborozada, dirigida hacia ese vejestorio, un tipo tan frágil como ellos mismos, tan pecador como ellos mismos, tan pobre hombre como ellos mismos. ¿Cómo no va a retorcerse violentamente y a dar gritos muy fuertes el ateo ante ese Santo de Dios?

¿Y cómo no van a retorcerse y a gritar los «indignados»? Durante meses, se han multiplicado en asambleas babélicas, en manifiestos regados de anacolutos, en utópicos brindis al sol y pronunciamientos abstractos con los que trataban de regenerar —¡ahí es nada!— la política, la sociedad, las finanzas internacionales; y todo su activismo desgañitado se ha revelado huero, chirle y hebén, pese a que los medios de adoctrinamiento de masas y los pescadores en río revuelto los han mimado como a chiquilines emberrinchados. Pero a los «indignados» les ocurre lo mismo que le ocurría a H. G. Wells, según advertía Chesterton: quieren cambiar lo que está mal en el mundo, pero en lugar de empezar por sí mismos, han querido empezar por lo que está fuera de ellos. Sólo cambiando la conciencia personal, dejando que nuestra naturaleza caída se abra a la luz de la Redención, es como el mundo empieza a cambiarse; y esto es, precisamente, lo que el viejo Papa viene a decirnos y a decirles: sólo la adhesión a Jesús —una adhesión concreta, carnal, sin pronunciamientos abstractos ni utópicos brindis al sol— puede regenerar el mundo. A nadie le gusta que lo dejen en evidencia; y por eso la visita de Benedicto XVI indigna tanto a los «indignados».

Un gran escritor católico llamado Oscar Wilde escribió con palabras imperecederas que sirven por todo un tratado de teología lo que el paso de Jesús por la tierra significó: «Era tal el encanto de su personalidad que su simple presencia podía traer paz a las almas angustiadas, y que aquellos que le tocaban la túnica o las manos olvidaban su dolor; o que quienes habían sido sordos a todas las voces, salvo a la del placer, oían por primera vez la voz del amor y la encontraban tan musical como el laúd de Apolo; o que las maléficas pasiones huían ante su proximidad, y que hombres como muertos en sus tediosas vidas sin imaginación resucitaban de sus tumbas cuando Él los llamaba; o que, cuando les enseñaba desde la altura de una montaña, las multitudes se olvidaban de su hambre, de su sed y de las preocupaciones de este mundo, y que cuando sus amigos lo escuchaban mientras comían, la ruda carne les parecía delicada, y el agua tenía el gusto del vino, y toda la casa se llenaba de LA FRAGANCIA DEL NARDO». Esta misma fragancia del nardo, tan próxima, tan concreta, tan carnal, es la que nos trae Benedicto XVI a Madrid. Por eso algunos se retuercen con violencia y gritan muy fuerte. Con aprobación gubernativa, por supuesto, que la filantropía ha avanzado una barbaridad.

___
Nota de Amor, Verdade e Vida - A citação de Óscar Wilde não deve ser interpretada como uma negação modernista dos Milagres que Jesus operou, tal como relatam os Evangelhos, mas sim como uma afirmação de Graças acrescidas neles significadas


terça-feira, 11 de janeiro de 2011

A fé dos Demónios

1. Poderá um Sacerdote ou um Bispo aconselhar em quem votar ou desaconselhar de votar. Segundo o Cardeal Pell, que recentemente se pronunciou sobre o assunto, qualquer um deles tem plena legitimidade de o fazer, em circunstancias habituais, pois qualquer um deles é cidadão, como todas as outras pessoas.

Em Maio do ano passado escrevi dois pequenos textos sobre as presidenciais[1] nos quais sugeria que não se votasse em Cavaco Silva, em virtude das “leis” injustas, iníquas e criminosas que promulgou, cooperando desse modo formalmente com o mal intrínseco das mesmas e tornando-se moralmente responsável por todos os males, previstos e imprevistos, cometidos ao abrigo dessa mesmas “leis” [2] . Neles propunha, uma vez que os restantes candidatos padecem do mesmo mal, uma abstenção generalizada, com um propósito determinado. O facto de não sugerir o voto branco não se deveu somente ao facto de ele não contar como voto expresso mas também à circunstância de me parecer praticamente impossível persuadir um número significativo de pessoas a saírem de casa para irem votar desse modo. Continuo pois a favorecer a desmobilização eleitoral, pela abstenção.[3]

2. Desde então, e agora com maior frequência, tem-se advogado a escolha de Cavaco Silva em nome do “mal menor”. Este mal dito menor é defendido fundamentalmente por dois motivos. O primeiro consiste em pensar que Cavaco Silva é uma garantia que muito poderá ajudar na resolução da grave crise económica. Mutatis mutandi essa seria uma razão para votar em Hitler em vez de Estaline, caso a eleição se disputasse entre os dois. Julgue o leitor se seria oportuno e lícito escolher o primeiro. Eu, por mim, recusar-me-ia, evidentemente, a votar em qualquer um deles. O segundo motivo prende-se com a Fé. Cavaco diz que acredita em Deus e que é um católico praticante. Alegre pelo contrário professa o ateísmo. Ora, segundo alguns sempre será melhor eleger alguém que acredita em Deus do que quem n’ Ele não crê. Esta afirmação, porém, parece esquecer duas coisas. A primeira prende-se com o que o Papa Bento XVI e toda a história da Igreja têm ensinado, a saber, que os piores inimigos da mesma se encontram dentro dela e não fora. E a segunda de que há uma fé que é pior do que a ausência dela. Trata-se da fé dos demónios, de que fala S. Tiago na sua Carta. O P. António Vieira, desenvolvendo este tema num dos seus sermões acusa, num tempo dado à perseguição dos judeus, os cristãos de serem piores do que esses nossos irmãos mais velhos, precisamente, por terem uma fé como a dos demónios[4]. Essa fé acredita em todas as verdades acerca de Deus, de Cristo, da Igreja, etc., mas não se conforma com a vontade de Deus, não é operante, ignorando não só a Caridade e a Justiça mas indo mesmo contra elas. É uma fé cadavérica, morta, aquela que não tem obras. E se as que tem são contra o Amor e a Justiça é escabrosa, macabra, pestilencial, diabólica. E essa fé, segundo um filósofo judeu, que era ateu e se converteu ao catolicismo, Fabrice Hadjadj, é pior do que o ateísmo[5].

Alguém tem dúvidas, do tipo de fé que é revelado pelas leis promulgadas pelo actual presidente da república? As árvores conhecem-se pelos seus frutos, diz o Senhor no Evangelho.

3. Dantes, alguns manuais de moral, nos dias de hoje superados pela Encíclica O Esplendor da Verdade, diziam que entre dois males inevitáveis devia-se escolher o menor. Ora ninguém é obrigado a votar em qualquer um dos candidatos pelo que não está perante uma escolha má inevitável. A verdade, porém, é que nunca se pode escolher o mal e mesmo que alguém pense em consciência que deve escolher entre algum deles terá de fazê-lo por um bem e nunca por um mal.

De qualquer modo, parece-me claro que nas últimas décadas os eleitores têm vindo a escolher de “mal menor” em “mal menor” caindo sucessivamente nos piores males.

4. Uma vitória à primeira volta e retumbante do actual presidente-candidato constituiria uma consagração triunfal de todas as infâmias e crueldades de que foi cúmplice, uma sagração das políticas anti-vida, anti-família, anti-liberdade de ensino e de educação, anti-liberdade religiosa, anti, enfim, princípios e valores inegociáveis. Seria uma validação e premiação do maquiavelismo, da mais baixa imoralidade do falso e pernicioso axioma de que os fins justificam os meios. Seria uma proclamação de que tudo é permitido e nada impedido. Se desta vez não é penalizado nem punido nas urnas quem tanto mal fez em tão breve tempo, será imparável e irreversível, por muitos anos, a degradação e estragação dos católicos na política.

Nuno Serras Pereira

11. 01. 2011



[2] Procriação medicamente assistida (2006):
http://dre.pt/pdf1sdip/2006/07/14300/52455250.pdf

Aborto (2007):
http://dre.pt/pdf1sdip/2007/04/07500/24172418.pdf

Divórcio (2008):
http://dre.pt/pdf1sdip/2008/10/21200/0763307638.pdf
Educação sexual (2009):
http://dre.pt/pdf1sdip/2009/08/15100/0509705098.pdf
Casamento homossexual (2010):
http://dre.pt/pdf1sdip/2010/05/10500/0185301853.pdf
(Apoio do Estado aos estabelecimentos do ensino particular e cooperativo (2010):
http://dre.pt/pdf1sdip/2010/12/25001/0001300014.pdf)

[3] Nos artigos em questão explícito a finalidade de tal escolha.

[4] Num outro sermão chega a dizer que os cristãos podem ser piores do que os demónios.

[5] Vale a pena ler: Fabrice Hadjadj, La Fede Deis Demoni, ovvero il superamento dell’ ateísmo, Marietti 1820(Casa Editrice Marietti S.p.A – Genova-Milano), Julho 2010, pp. 255

quinta-feira, 17 de junho de 2010

The Demon of Child Sacrifice & the Valley of Slaughter

By Rev. Thomas J. Euteneuer

Abortion is fundamentally a business — a business based on a perverse concept of human rights. Abortion is a commodity cleverly marketed to women under the ideological rubric of "free choice" that draws in huge profits from the deaths of innocents. The abortion industry is a profit-driven, raw killing machine. The enormous amount of cash it generates is the "lifeblood" that perpetuates its existence.

The spiritual dimension of this grisly business, however, is its systematizing of ritual blood sacrifice to the god of child murder who, in the Old Testament, is called Moloch. This demon of child sacrifice appears in many forms and cultures throughout history — Phoenician, Carthaginian, Canaanite, Celtic, Indian, Aztec, and others — but it is always the same bloodthirsty beast that demands the killing of children as a form of worship.

The abortion industry is our modern-day Valley of Slaughter, where abortionists offer ritual blood sacrifice to that ancient demon of child murder. Their work is in every way the key ritual of a demonic religion. Yes, a religion: Abortion has an infallible dogma ("choice"), a ruling hierarchy (Planned Parenthood), theologians (feminist ideologues), a sacrificing priesthood (abortionists), temples (abortion mills), altars of sacrifice (surgical tables), ritual victims (babies and also women), acolytes and sacristans (clinic workers and technicians), guardian angels (police and death-scorts), congregations (leftist foundations and private supporters), and its own version of "grace" that makes everything work (money). Read more

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

De pertenecer a una secta satánica a consagrada, tras intentar asesinar a la que hoy es su fundadora

Michela, en la actualidad religiosa de la Comunidad Nuovi Orizzonti, tiene una vida de película. Abandonada por su madre cuando era un bebé, atrapada por una peligrosa secta satánica, convencida de la necesidad de asesinar a una monja por indicación de la sacerdotisa, que a la vez era su psiquiatra... Cuenta su testimonio en ReL con una intensidad y pasión, que a más de uno le dejará pensativo...