segunda-feira, 19 de maio de 2014

O cruel surrealismo do Cardeal Kasper - por Nuno Serras Pereira

19. 05. 2014

Há muitos pontos por onde pegar, para a refutar, no que diz respeito à proposta surrealista do cardeal W. Kasper de admitir à Comunhão Sacramental os casados validamente pela Igreja que se divorciaram pelo civil e se voltaram a “casar” civilmente e que vivem, não como irmãos, mas sim mantendo comércio carnal, isto é, fornicando adulteramente um com o outro.

O cardeal mostra , em primeiro lugar, uma concepção mágica da realidade. De facto, afirma que a sua proposta não muda em nada a Doutrina da Igreja e, para o provar, afirma em entrevista a validade do primeiro casamento mas recusa terminantemente, contrariando a Palavra expressa de Jesus Cristo, que a convivência posterior seja adulterina. Na sua parca, ou delirante?, imaginação basta mudar o nome a uma coisa para ela deixar de ser o que é e transformar-se em qualquer outra coisa que ele decidir.

Mas deixemos isso e infinitas outras coisas que se poderiam dizer acerca do que ele avança e atendamos somente às invocadas responsabilidades morais respeitantes aos filhos que resultaram da cumplicidade adulterina, as quais obrigariam, sob pena de impotência Divina, a uma suposta misericórdia de Deus que não poderia deixar de compactuar e selar o facto consumado.

Recorrendo a esta mesma lógica teríamos de concluir que um pai ou uma mãe ou ambos, que fossem ameaçados de morte caso não negassem a Fé em Cristo não só poderiam como porventura deveriam renunciá-la, para não faltar às responsabilidades para com os filhos.

(Também no caso de um pai ou de uma mãe que cometessem crimes, talvez terroristas, cujas penas incluiriam prisão efetiva, talvez perpétua, a Igreja deveria proclamar a imoralidade de tal coação por parte do estado, uma vez que inibiam os pais de cumprir as suas responsabilidades para com os filhos. Pela mesma lógica, uma mobilização geral em tempos de emergência nacional prolongada e com risco de vida colocaria de fora qualquer pai. E não seria mesmo de excluir que os viúvos ou viúvas com filhos fossem moralmente obrigados pela Igreja a contrair um novo enlace matrimonial de modo a realizar melhor as suas responsabilidades paternais.)

Recomendar e admitir à Sagrada Comunhão quem vive em estado de pecado mortal é induzir as pessoas, como ensina S. Paulo a condenarem-se, convencendo-as que o mal é bem, que o errado é certo, que a pecaminosidade é santidade, é estorvar-lhes a conversão a Jesus Cristo. Todas estas coisas, aprendi no Catecismo e ao longo de toda a minha vida, são manhas do Demónio, que tem como fim a perdição das almas, a sua condenação eterna. E importa muito não esquecer que S. Pedro, o fundamento visível do Papado, ensina que a finalidade da nossa Fé é a salvação das almas.

À honra de Cristo e de Sua Mãe. Ámen.