sábado, 24 de dezembro de 2011

O Natal e S. Francisco - Bento XVI


Amados irmãos e irmãs!

A leitura que ouvimos, tirada da Carta do Apóstolo São Paulo a Tito, começa solenemente com a palavra «apparuit», que encontramos de novo na leitura da Missa da Aurora: «apparuit – manifestou-se». Esta é uma palavra programática, escolhida pela Igreja para exprimir, resumidamente, a essência do Natal. Antes, os homens tinham falado e criado imagens humanas de Deus, das mais variadas formas; o próprio Deus falara de diversos modos aos homens (cf. Heb 1, 1: leitura da Missa do Dia). Agora, porém, aconteceu algo mais: Ele manifestou-Se, mostrou-Se, saiu da luz inacessível em que habita. Ele, em pessoa, veio para o meio de nós. Na Igreja antiga, esta era a grande alegria do Natal: Deus manifestou-Se. Já não é apenas uma ideia, nem algo que se há-de intuir a partir das palavras. Ele «manifestou-Se». Mas agora perguntamo-nos: Como Se manifestou? Ele verdadeiramente quem é? A este respeito, diz a leitura da Missa da Aurora: «Manifestaram-se a bondade de Deus (…) e o seu amor pelos homens» (Tt 3, 4). Para os homens do tempo pré-cristão – que, vendo os horrores e as contradições do mundo, temiam que o próprio Deus não fosse totalmente bom, mas pudesse, sem dúvida, ser também cruel e arbitrário –, esta era uma verdadeira «epifania», a grande luz que se nos manifestou: Deus é pura bondade. Ainda hoje há pessoas que, não conseguindo reconhecer a Deus na fé, se interrogam se a Força última que segura e sustenta o mundo seja verdadeiramente boa, ou então se o mal não seja tão poderoso e primordial como o bem e a beleza que, por breves instantes luminosos, se nos deparam no nosso cosmos. «Manifestaram-se a bondade de Deus (…) e o seu amor pelos homens»: eis a certeza nova e consoladora que nos é dada no Natal.

Na primeira das três leituras desta Missa de Natal, a liturgia cita um texto tirado do livro do Profeta Isaías, que descreve, de forma ainda mais concreta, a epifania que se verificou no Natal: «Um Menino nasceu para nós, um filho nos foi concedido. Tem o poder sobre os ombros, e dão-lhe o seguinte nome: “Conselheiro admirável! Deus valoroso! Pai para sempre! Príncipe da Paz!” O poder será engrandecido numa paz sem fim» (Is 9, 5-6). Não sabemos se o profeta, ao falar assim, tenha em mente um menino concreto nascido no seu período histórico. Mas isso parece ser impossível. Trata-se do único texto no Antigo Testamento, onde de um menino, de um ser humano, se diz: o seu nome será Deus valoroso, Pai para sempre. Estamos perante uma visão que se estende muito para além daquele momento histórico apontando para algo misterioso, colocado no futuro. Um menino, em toda a sua fragilidade, é Deus valoroso; um menino, em toda a sua indigência e dependência, é Pai para sempre. E isto «numa paz sem fim». Antes, o profeta falara duma espécie de «grande luz» e, a propósito da paz dimanada d’Ele, afirmara que o bastão do opressor, o calçado ruidoso da guerra, toda a veste manchada de sangue seriam lançados ao fogo (cf. Is 9, 1.3-4).

Deus manifestou-Se… como menino. É precisamente assim que Ele Se contrapõe a toda a violência e traz uma mensagem de paz. Neste tempo, em que o mundo está continuamente ameaçado pela violência em tantos lugares e de muitos modos, em que não cessam de reaparecer bastões do opressor e vestes manchadas de sangue, clamamos ao Senhor: Vós, o Deus forte, manifestastes-Vos como menino e mostrastes-Vos a nós como Aquele que nos ama e por meio de quem o amor há-de triunfar. Fizestes-nos compreender que, unidos convosco, devemos ser artífices de paz. Amamos o vosso ser menino, a vossa não-violência, mas sofremos pelo facto de perdurar no mundo a violência, levando-nos a rezar assim: Demonstrai a vossa força, ó Deus. Fazei que, neste nosso tempo e neste nosso mundo, sejam queimados os bastões do opressor, as vestes manchadas de sangue e o calçado ruidoso da guerra, de tal modo que a vossa paz triunfe neste nosso mundo.

Natal é epifania: a manifestação de Deus e da sua grande luz num menino que nasceu para nós. Nascido no estábulo de Belém, não nos palácios do rei. Em 1223, quando Francisco de Assis celebrou em Greccio o Natal com um boi, um jumento e uma manjedoura cheia de feno, tornou-se visível uma nova dimensão do mistério do Natal. Francisco de Assis designou o Natal como «a festa das festas» – mais do que todas as outras solenidades – e celebrou-a com «solicitude inefável» (2 Celano, 199: Fontes Franciscanas, 787). Beijava, com grande devoção, as imagens do menino e balbuciava-lhes palavras de ternura como se faz com os meninos – refere Tomás de Celano (ibidem). Para a Igreja antiga, a festa das festas era a Páscoa: na ressurreição, Cristo arrombara as portas da morte, e assim mudou radicalmente o mundo: criara para o homem um lugar no próprio Deus. Pois bem! Francisco não mudou, nem quis mudar, esta hierarquia objectiva das festas, a estrutura interior da fé com o seu centro no mistério pascal. Mas, graças a Francisco e ao seu modo de crer, aconteceu algo de novo: ele descobriu, numa profundidade totalmente nova, a humanidade de Jesus. Este facto de Deus ser homem resultou-lhe evidente ao máximo, no momento em que o Filho de Deus, nascido da Virgem Maria, foi envolvido em panos e colocado numa manjedoura. A ressurreição pressupõe a encarnação. O Filho de Deus visto como menino, como verdadeiro filho de homem: isto tocou profundamente o coração do Santo de Assis, transformando a fé em amor. «Manifestaram-se a bondade de Deus e o seu amor pelos homens»: esta frase de São Paulo adquiria assim uma profundidade totalmente nova. No menino do estábulo de Belém, pode-se, por assim dizer, tocar Deus e acarinhá-Lo. E o Ano Litúrgico ganhou assim um segundo centro numa festa que é, antes de mais nada, uma festa do coração.

Tudo isto não tem nada de sentimentalismo. É precisamente na nova experiência da realidade da humanidade de Jesus que se revela o grande mistério da fé. Francisco amava Jesus menino, porque, neste ser menino, tornou-se-lhe clara a humildade de Deus. Deus tornou-Se pobre. O seu Filho nasceu na pobreza do estábulo. No menino Jesus, Deus fez-Se dependente, necessitado do amor de pessoas humanas, reduzido à condição de pedir o seu, o nosso, amor. Hoje, o Natal tornou-se uma festa dos negócios, cujo fulgor ofuscante esconde o mistério da humildade de Deus, que nos convida à humildade e à simplicidade. Peçamos ao Senhor que nos ajude a alongar o olhar para além das fachadas lampejantes deste tempo a fim de podermos encontrar o menino no estábulo de Belém e, assim, descobrimos a autêntica alegria e a verdadeira luz.

Francisco fazia celebrar a santíssima Eucaristia, sobre a manjedoura que estava colocada entre o boi e o jumento (cf. 1 Celano, 85: Fontes, 469). Depois, sobre esta manjedoura, construiu-se um altar para que, onde outrora os animais comeram o feno, os homens pudessem agora receber, para a salvação da alma e do corpo, a carne do Cordeiro imaculado – Jesus Cristo –, como narra Celano (cf. 1 Celano, 87: Fontes, 471). Na Noite santa de Greccio, Francisco – como diácono que era – cantara, pessoalmente e com voz sonora, o Evangelho do Natal. E toda a celebração parecia uma exultação contínua de alegria, graças aos magníficos cânticos natalícios dos Frades (cf. 1 Celano, 85 e 86: Fontes, 469 e 470). Era precisamente o encontro com a humildade de Deus que se transformava em júbilo: a sua bondade gera a verdadeira festa.

Hoje, quem entra na igreja da Natividade de Jesus em Belém dá-se conta de que o portal de outrora com cinco metros e meio de altura, por onde entravam no edifício os imperadores e os califas, foi em grande parte tapado, tendo ficado apenas uma entrada com metro e meio de altura. Provavelmente isso foi feito com a intenção de proteger melhor a igreja contra eventuais assaltos, mas sobretudo para evitar que se entrasse a cavalo na casa de Deus. Quem deseja entrar no lugar do nascimento de Jesus deve inclinar-se. Parece-me que nisto se encerra uma verdade mais profunda, pela qual nos queremos deixar tocar nesta noite santa: se quisermos encontrar Deus manifestado como menino, então devemos descer do cavalo da nossa razão «iluminada». Devemos depor as nossas falsas certezas, a nossa soberba intelectual, que nos impede de perceber a proximidade de Deus. Devemos seguir o caminho interior de São Francisco: o caminho rumo àquela extrema simplicidade exterior e interior que torna o coração capaz de ver. Devemos inclinar-nos, caminhar espiritualmente por assim dizer a pé, para podermos entrar pelo portal da fé e encontrar o Deus que é diverso dos nossos preconceitos e das nossas opiniões: o Deus que Se esconde na humildade dum menino acabado de nascer. Celebremos assim a liturgia desta Noite santa, renunciando a fixarmo-nos no que é material, mensurável e palpável. Deixemo-nos fazer simples por aquele Deus que Se manifesta ao coração que se tornou simples. E nesta hora rezemos também e sobretudo por todos aqueles que são obrigados a viver o Natal na pobreza, no sofrimento, na condição de emigrante, pedindo que se lhes manifeste a bondade de Deus no seu esplendor, que nos toque a todos, a eles e a nós, aquela bondade que Deus quis, com o nascimento de seu Filho no estábulo, trazer ao mundo. Amen.


Homilia na Missa do Galo
24. 12. 2011

¡Feliz nacimiento! 10 partos con milagros modernos oficialmente aprobados por la Iglesia

Casos asombrosos del siglo XX y XXI, médicamente acreditados ante la Congregación para la Causa de los Santos, que implican a madres y bebés en la era de la tecnología pre-natal y las ecografías.

In Religión en Libertad

Como el Nacimiento del portal de Belén no se conoce ningún otro, y sin duda es el más asombroso en los anales de la ciencia obstétrico-ginecológica. Pero también en tiempos modernos, de partos medicalizados, supervisados y con ecografías se han dado partos en los que la medicina se declaró impotente y sólo pudo ser testigo y acompañante de hechos inexplicables.

Recogemos diez nacimientos con final feliz que han sido reconocidos oficialmente como milagros por la Iglesia Católica, al estudiarlos dentro de causas de canonización o beatificación.

1. Marie-Josee, Québec, Canadá, 1962
Intercesora: Maria Catalina de San Agustín (1632-1668)

El Hospital Hotel Dieu de Québec fue fundado en 1639 por los primeros misioneros de Canadá, los agustinos hospitalarios, aunque en 1962 era un hospital moderno y bien equipado. Marie-Josée era una niña que nació con fórceps el 6 de mayo de ese año y al principio parecía sana, pero al día siguiente empezó a escupir sangre por la boca. Había sufrido un derrame sanguíneo dentro del craneo a causa del fórceps, y una puntura lumbar confirmó la hemorragia. Tampoco conseguía coagular la sangre. Tuvo convulsiones su tercer día de vida y una parada respiratoria el quinto día. Vitamina K intravenosa, masajes en el torax, oxígeno... no eran más que medidas paliativas, insuficientes.

Pero no murió, ni tampoco sufrió ningún daño cerebral como todo hacía pensar. Al cumplir 12 días, estaba perfectamente sana. Y siete años después, cuando los testigos médicos explicaron el caso, aún lo estaba. Y también 22 años después, cuando la Iglesia revisó el caso.

La familia había pedido la intercesión celestial de la valiente misionera francesa en Québec María Catalina de San Agustín (en el mundo, Catherine Longpre), que había sido enfermera en ese hospital tres siglos antes, en medio de las guerras con los indios iroqueses.Este fue el milagro que sirvió para beatificar a Sor María Catalina en 1989.

2. Solano Favarin, Santa Caterina, Brasil, 1979
Intercesora: Gertrudis Comensoli (1847-1903)

Solano Favarin nació en el hospital Sao Sebastiao de Turvo (en Santa Caterina, Brasil) el 26 de julio de 1979. Su padre, Donato, era agricultor humilde, y su madre Anadir, ama de casa. El doctor Aroldo Duarte, que asistió al parto constató la malformación del niño: no podía mover sus piernas, plegadas en alto, si se le tocaba lloraba de dolor y en esa postura (la única que podía) no se le podía amamantar. El masajista Angelo Tomasi constantó que no se podían estirar las piernas. En el hospital Sao Josè de Criciuma las radiografías asombraron a los ortopedas: sólo con carísimas cirugías y largas terapias podía lograrse alguna mejora parcial.

Las Hermanas Sacramentinas, con su superiora, visitaron al bebé y organizaron una novena y grupos de intercesión y oración, en los que participaron miembros de Cursillos de Cristiandad, niños de la escuela infantil, grupos del Apostolado de la Oración... y la intercesión de la Madre Gertrudis Comensoli, fundadora de las religiosas. Sin ninguna terapia ni medicina, el 9 de agosto, último día de la novena, para asombro de todos, el niño dejó de llorar: las piernas se habían alargado, se habían soltado y funcionaban con absoluta normalidad. El médico Marcello Meschita constató que no había explicación médica, como confirmó la comisión médica de Roma en 1988. El milagro sirvió para beatificar a Madre Gertrudis. Luego realizaría otro en 2001 con un niño de 4 años que sirvió para su canonización.

3. Valeria Atzori, Cagli, Italia, 1986
Intercesor: Nicolás Gesturi (1882-1958)

Valeria no nació pequeña, sino diminuta: 30 centímetros y 550 gramos. Ni siquiera era seismesina: era una prematura de solo 23 semanas de gestación. Su piel era roja-gelatinosa, transparente. No respiraba por sí misma. El doctor Franco Chappe, allí en la Clínica Universitaria de Cagli, aseguró que moriría y que, si no fuese así, sufriría graves daños cerebrales. Sufrió paradas respiratorias y cardíacas, y osteoporosis. En pocas horas se había deshidratado y pesaba ya solo 410 gramos. La alimentaron por vena umbilical y luego por sonda nasogástrica. Y no solo no murió, sino que cuatro meses después, la daban de alta.

Pero un año después, y dos años después, los controles eran claros: la niña no había sufrido ninguna secuela. Los informes de 1989 de las doctoras Melania Puddu y Liuliana Palmas lo confirmaron a los 3 años. Los médicos no se lo explicaban.

Pero los padres, Giovanni y Pietro, sí lo entendían: habían estado rezando en la tumba de fray Nicolás de Gesturi, muy conocido en Cagli. Juan Pablo II beatificó al fraile en 1999, cuando Valeria tenía 13 años.

4. María Solís Quirós, Costa Rica, 1994
Intercesora: María Romero Meneses

Claudia Quirós, de Costa Rica, estaba embarazada en su cuarto mes de gestación, cuando revisando las ecografías del 22 de junio de 1994 su médico detectó ya un exceso de líquido amniótico que podía afectar en la boca del bebé, el tercero de la familia. El 5 de septiembre, en San José de Costa Rica, el doctor Orlando Sánchez le previno de que la niña nacería con el grado más grave de labio leporino y malformaciones del paladar. Tendría dificultades de lenguaje, oído, deformación de maxilares, infecciones... y la cirugía era necesaria para cerrar el paladar. Enviaron copias de la película ecográfica a dos especialistas del Baylor University Medical Center y del Children´s Medical Center de Dallas (Texas), que confirmaron los diagnósticos.

Claudia y su esposo, Álex Solís Fallas, abogado, ex-diputado y profesor de la Universidad de Costa Rica, rezaron y pidieron oración. Claudia decidió comulgar cada día "para que la Sangre de Jesús bendijese a la niña". Además, su madre, que había sido alumna y amiga de la Sierva de Dios María Romero Meneses le animó a pedir su intercesión. Las religiosas de la iglesia de María Auxiliadora, por impulso de la abuela, también rezaban.

El 28 de noviembre de 1994 había 11 médicos en el parto, preparados para operar a la niña... ¡que nació sana! El médico Jorge Márquez-Máximo Díaz, director del equipo, habló con la prensa costarricense emocionado: "me quedé desconcertado al ver que era una niña sana y normal, especialmente en la parte de la boca y el paladar donde esperábamos malformaciones". El diagnóstico, confirmado en Dallas, era irrefutable. Pero la salud de la niña también. Los doctores Gonzalo Montero y Ana Cecilia de Cavallini revisaron todas las pruebas en 1997 y 1998 para el arzobispado, y los médicos Carlos Alú y Nino Pasetto lo revisaron para la Santa Sede. El Papa Juan Pablo II beatificó a María Romero Meneses el 14 de abril del 2002, cuando la pequeña María tenía 8 años.

5. Milagros Candelaria Bermúdez, Altagracia de Orituco, Venezuela, 1995
Intercesora: Madre Candelaria de San José

Era 6 de septiembre de 1995 y los médicos estaban provocándole el parto a Rafaela Meza de Bermúdez en el Hospital Juan Francisco Torrealba, donde ella llevaba 8 días recluida y monitorizada. Y esperaban encontrar un bebé muerto. Los ecosonogramas mostraban que el corazón del bebé se había parado. “El bebé tenía una disminución importante del líquido amniótico. No encontré signos de vitalidad fetal, no tenía movimientos corporales, ni respiratorios, ni actividad cardiaca”, declaró luego el ginecobstetra Carlos Limonghia la prensa venezolana. El médico tratante, Pedro Rojas; Rafael Gallardo; obstetra, Marcos Ramírez, internista; la jefa de enfermería, Maribel Mena, y los médicos residentes fueron testigos de las condiciones adversas del bebé.

“Los médicos me hacían muchos exámenes y me decían que mi bebé estaba muerto porque no sentían los latidos del corazón. No tenía líquido y aquello estaba seco, las enfermeras también se acercaron para ver lo que sucedía”, rememora Rafaela Mesa, que entonces tenía 34 años, un cuadro clínico de hipertensión arterial crónica, anemia y preeclampsia y otros cuatro hijos.

“En el hospital trabajaba una mujer que perteneció a la congregación de las Carmelitas, llamada Yurima Cañizal. Ella me entregó una estampita de la Madre Candelaria y me dijo: “Vamos a rezar, Rafaela, no llores, vamos a pedirle un milagro a la Madre Candelaria". Antes de darme esa estampita ya yo venía con mi fe y tenía confianza en Dios y en ella de que me iba a hacer el milagro, a pesar de que me decían que el bebé estaba muerto".

Sorpresa. A las 8 de la noche la niña salió viva, y lloró. Pesaba un kilo 300 gramos y medía 32 centímetros. Estuvo tres meses en incubadora y soportó varios paros respiratorios. Al escuchar el llanto de la pequeña, el padre, José Bermúdez, salió del hospital y abrió los brazos. Le dio alabanzas a Dios y dijo: “Hija, te llamarás Milagros del Valle Candelaria". La niña hoy sigue sana y es buena estudiante, aunque su familia sigue siendo pobre: el padre es agricultor y la madre planchadora.

“¿Qué pasó? No lo sé”, se interrogaba con insistencia el doctor Carlos Limonghi en radios y diarios venezolanos. “Había cerca de 14 personas observando que el feto estaba muerto y yo busqué argumentos para tratar de negar el diagnóstico, estimulándole la barriga, moviéndola y colocándole una solución glucosada para mover al bebé, pero no había actividad cardíaca. Lo aseguro. Cuando se movió y respiró ocurrió un hecho extraordinario”.

Madre Candelaria de San José, fundadora de la Congregación Hermanas Carmelitas, en Venezuela, fue beatificada el 28 de abril de 2008 en Venezuela, con la presencia de 30.000 fieles y la notoria ausencia de las autoridades bolivarianas.

6. Sandra Grossi de Almeida, Sao Paulo, Brasil, 1999
Intercesor: Antonio de Sant´Anna Galvao, "Fray Galvao" (1739-1822)

Aquí el milagro no reside en el bebé, sino en la madre, Sandra Grossi. A San Fray Galvão, el primer santo brasileño, canonizado en 2007, se le atribuye el milagroso parto de Sandra Grossi, de 37 años, licenciada en química y madre también de una niña adoptada. Ella tenía un«útero bicorde», un cartílago que se forma en medio del útero, separándolo en dos partes, lo que imposibilita el crecimiento del feto por falta de espacio, lo que le había causado ya tres abortos naturales.

Sandra comenzó a rezar las oraciones llamadas "píldoras de Fray Galvao". En la primera noche de la primera novena a Fray Galvão, la hemorragia paró y los dolores cesaron. Sandra reconoció a este hecho : «Fue una señal de la intercesión de Fray Galvao por mí». En el cuarto mes de gestación la sometieron a una cirugía para cerrar el cuello del útero. Sandra siguió encomendándose a Dios por intercesión de Fray Galvao. En el quinto mes de gestación se dio un riesgo de aborto a causa del tamaño del bebé.

Después de pasar por esa fase crítica, consiguió llegar a la 32ª semana de gestación, algo inimaginable para su caso. «Para los médicos parecía imposible pero no para Dios», reconoce Sandra. También parecía inimaginable la conservación del útero tras el parto, ya que el cartílago imposibilitaría la expulsión de la placenta y la única salida sería una histerectomía (extracción total del útero). El parto fue por cesárea el 11 de diciembre de 1999. Enzo padeció al nacer un problema pulmonar grave, una de las principales causas de muerte entre los prematuros. Su madre volvió a encomendarse al futuro santo. Al pequeño le quitaron los tubos al día siguiente, algo que en casos similares sucede sólo después de varias semanas. Hoy Enzo es un niño sano. Y Fray Galvão fue canonizado en Brasil personalmente por Benedicto XVI en su viaje del 11 de mayo de 2007: el primer santo brasileño.

7. Begoña León, Madrid, España, 2000
Intercesor: Rafael Arnáiz, "Hermano Rafael"

De nuevo aquí el milagro se centra en la madre, no en el bebé. El hermano Rafael, hoy San Rafael de Arnáiz, uno de los patronos de la JMJ de Madrid, es el santo que intercedió por la madrileña Begoña León. La cosa empezó como una historia de Navidad, pero mala. El suplemento "Fe y Razón" de La Razón lo contó con detalle.

El 25 de diciembre de 2000, Begoña León Alonso, embarazada de siete meses, ingresó de urgencias al hospital madrileño Gregorio Marañón, donde le practicaron la cesárea. La niña estaba sana, pero Begoña sufría una tensión altísima llamada «eclampsia» y no creían que el corazón aguantara. Además, se le añadía un fallo hepático y tenía hemorragias internas. Fue ingresada en reanimación: sufría el infrecuente «Síndrome de Hellp». «Yo oía decir, “corre, corre, que se nos va...» Pero no podía hacer nada», explicó Begoña a La Razón.

Una amiga, Mª Josefa González Cueva, «muy devota del beato Rafael», comenzó a rezar por ella. «Gracias a ella yo ya conocía al beato Rafael, me había dado alguna estampa y la novena, que rezaba mi madre», relata Begoña. Rezaban también en la Trapa de Dueñas, antiguo hogar del monje. «Cuando pasó todo, los médicos me llegaron a decir que en aquellos momentos no daban por mí ni medio real», asegura Begoña.

Pero como un regalo de Reyes, todo cambió el 6 de enero, cuando mejoró sin razón aparente. «Yo lo atribuyo a un milagro, pero no por el hecho de ser creyente, que lo soy, sino porque ningún médico ha sabido darme una explicación científica. Cuando salí del hospital y les di las gracias, me dijeron “nosotros no hemos hecho nada, Begoña, has sido tú”. Yo estoy convencida de que fue el beato Rafael», asegura. Fue canonizado el 11 de octubre de 2009.

8. Gianna Mª Arcolino, Brasil, 2000
Intercesora: Gianna Beretta Molla

Santa Gianna Beretta está destinada a ser una de las más populares santas "comadronas", que ayuden a las parturientas y sus bebés. Por un lado, ella era doctora y madre de familia en pleno siglo XX. Por otro, murió en 1962 por salvar a su bebé, retrasando unos tratamientos. El milagro que concedió a Gianna María Arcolino llegó apenas unas semanas después del de Begoña León en Madrid.

Elisabete Comparini, brasileña, tenía tres hijos y quedó nuevamente encinta en 1999. Pero perdía mucha sangre y el 11 de febrero del 2000, a las 16 semanas de gestación, tuvo pérdida completa del líquido amniótico. Los doctores le recomendaron un aborto para evitar riesgos de infección para ella. Primero con suavidad, luego con insistencia. Según los médicos, la posibilidad de supervivencia del niño en esas circunstancias era cero.

Pero Elisabete y su marido decidieron seguir adelante con el embarazo. Apareció por el hospital el obispo diocesano de Franca (Brasil), que les había casado, y su párroco... para darle la unción de los enfermos. Pero el obispo le dio además información sobre la beata Gianna Beretta, cuyo milagro de beatificación había sido curar a una parturienta tras una gravísima cesárea. Y el matrimonio y muchos más rezaron a la doctora Beretta.

Las semanas pasaron y la niña, contra toda lógica, seguía viva sin líquido amniótico... y así estuvo 16 semanas. Llegada la semana 32, el 31 de mayo del 2000, Elisabete fue operada y trajo al mundo una niña sana, que se llama Gianna María. La doctora Beretta fue canonizada el 16 de mayo de 2004.

9. Pietro Schiliro, Milán, Italia, 2002
Intercesores: Louis y Zelie Guérin

Louis Martin y Marie-Celie Guerin de Martin, los padres de Santa Teresita de Lisieux, perdieron a cuatro de sus nueve hijos cuando aún eran niños. Por eso es significativo el milagro que los elevó conjuntamente a los altares como beatos: la curación del bebé italiano Pietro Schiliro. Pietro nació en Milán el 25 de mayo de 2002, el quinto hijo de Walter y Adele Schiliro.

El bebé no podía respirar: "malformación congénita caracterizada por una grave subversión de estructura pulmonar". No podía respirar ni podría hacerlo nunca, según la ciencia. En teoría debía morir de un momento a otro, y cuando cumplió una semana fue bautizado de urgencia. Ese día, el sacerdote carmelita Antonio Sangalli recomendó a los padres de Pietro rezar una novena a los padres de Santa Teresa, con amigos y conocidos. Muchos se sumaron a la oración... y a partir del 29 de junio el niño mejoró. El 27 de julio estaba en casa. La beatificación conjunta se celebró el 19 de octubre de 2008 en Lisieux, con la presencia de Benedicto XVI (y del actual Ministro de Interior español, Jorge Fernández Díaz, devoto de la pareja).

10. Rafael de Jesús Barroso Santiago, Xalapa, México, 2002
Intercesor: Rafael Guízar y Valencia

Desde 2006, San Rafael Guízar es el primer obispo mexicano santo. Su oración desde el Cielo curó al hijo de Valentina Santiago y Enrique Barroso, de Xalapa. A los 7 meses de embarazo, los médicos dieron la noticia a Valentina: el niño nacería con labio leporino y paladar hendido. "Nos encomendamos mucho a Rafael Guízar para pedirle su intercesión para que mi hijo naciera sano", rememora Valentina. "Nunca nos cansamos de pasar a la tumba de Rafael Guizar en la catedral", dice la madre de Rafael. "Mis padres siempre fueron muy devotos a monseñor y nos inculcaron eso, venerarle y pedirle cualquier milagro", agrega la mujer.

El 2 de marzo de 2002, su vástago nació completamente sano para sorpresa de los médicos. "Por eso mi hijo se llama Rafael de Jesús", declara Enrique. Luego el postulador de la causa "nos pidió las pruebas, los dos ultrasonidos y un video, preguntó al radiólogo del ultrasonido y se basó en eso para comenzar a investigar más". El obispo Rafael Guízar fue canonizado el 15 de octubre del 2006.

Son sólo algunos de los casos asombrosos del siglo XX y XXI, médicamente acreditados ante la Congregación para la Causa de los Santos, casos que implican a madres y bebés en la era de la tecnología pre-natal, las ecografías y, tristemente, del aborto provocado.


sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

O Filho de Deus nasce ainda "hoje" - Bento XVI

Queridos irmãos e irmãs,

Tenho o prazer de recebê-los nessa Audiência Geral a poucos dias da celebração do Natal do Senhor. A saudação frequente na boca de todos nesses dias é “Feliz Natal! Boas festas natalícias!”. Façamos isso de modo que, mesmo na sociedade de hoje, a troca de saudações não perca seu profundo significado religioso, e a festa não seja absorvida pelos aspectos exteriores, que essas toquem as cordas do coração. Certamente, os sinais externos são bonitos e importantes, desde que não nos afastem, mas ajudem-nos a viver o Natal no seu sentido verdadeiro, sagrado e cristão, de modo que também nossa alegria não seja superficial, mas profunda.

Com a liturgia do Natal, a Igreja apresenta-nos o grande mistério da Encarnação. O Natal, de fato, não é simplesmente o aniversário do nascimento de Jesus, é isso também, e é mais do que isso, é a celebração de um Mistério que marcou e continua a marcar a história do homem - Deus veio habitar em meio a nós (cf. Jo 1,14), tornou-se um de nós; um mistério que afeta a nossa fé e a nossa existência, um Mistério que vivemos concretamente nas celebrações litúrgicas, sobretudo na Santa Missa.

Qualquer um poderia se questionar: como poderia viver agora, este evento que aconteceu há tanto tempo? Como posso participar ativamente no nascimento do Filho de Deus que aconteceu há mais de mil anos atrás? Na Santa Missa de Natal, repetiremos no salmo responsorial: “Hoje nasceu para nós o Salvador”. Esse advérbio de tempo “hoje”, usado repetidamente em todas as celebrações de Natal, se refere ao evento do nascimento de Jesus e a salvação que a Encarnação do Filho de Deus traz.

Na Liturgia, este evento ulrapassa os limites de espaço e de tempo e torna-se atual, presente e seu efeito é contínuo, mesmo com o passar dos dias, dos anos e dos séculos. Indicando que Jesus nasce "hoje", a Liturgia não usa uma frase sem sentido, mas destaca que este Nascimento entra e permeia toda a história, e continua ainda hoje, a ser uma realidade na qual podemos alcançar justamente pela liturgia. Para nós que acreditamos, a acelebração do Natal renova a certeza de que Deus está verdadeiramente presente em meio a nós, ainda "carne" e não distante: mesmo estando com o Pai, está perto de nós. Deus, naquele Menino nascido em Belém, se aproximou do homem: podemos encontrá-lo agora, em um "hoje" que não acabou.

Gostaria de enfatizar esse ponto, porque o homem contemporâneo, o homem do "sensível", que experimenta empiricamente, tem cada vez mais dificuldade de abrir seus horizontes e entrar no mundo de Deus.

A redenção da humanidade ocorre em um momento específico e identificado na história: no evento de Jesus de Nazaré, mas Jesus é o Filho de Deus, é o próprio Deus que não apenas falou ao homem, mostrou-o sinais admiráveis e guiou-o durante toda a história de salvação, mas se fez homem e permaneceu homem. O Eterno entrou nos limites de tempo e espaço, para permitir “hoje” o encontro com Ele.

Os textos litúrgicos natalinos nos ajudam a compreender que os acontecimentos de salvação realizados por Cristo são sempre atuais, interessa a cada homem e a todos os homens.

Quando ouvimos ou pronunciamos, nas celebrações litúrgicas que “Hoje nasceu para nós o Salvador”, não estamos usando uma expressão convencional vazia, mas entendemos que Deus nos oferece "hoje", agora, para mim, para cada um de nós a oportunidade de reconhecê-lo e acolhê-lo, como fizeram os pastores em Belém, para que Ele possa nascer em nossas próprias vidas e as renove, ilumine, transforme-as com a sua Graça, com a sua Presença.

O Natal portanto, comemora o nascimento de Jesus em carne, da Virgem Maria - e inúmeros textos litúrgicos fazem reviver aos nossos olhos este ou aquele episódio - é um evento eficaz para nós.

O Papa São Leão Magno, demonstrando o profundo significado da festa do Natal, convidava seus fiéis com estas palavras: "Alegrai-vos no Senhor, meus queridos, e abramos nossos corações para a mais pura alegria, porque raiou o dia para nós e isso significa a nova redenção, a antiga preparação, a felicidade eterna. É renovada para nós o ciclo anual do alto mistério de nossa salvação, que, prometido no início e no final dos tempos, é destinado a não ter fim"(Sermão 22, In Nativitate Domini, 2.1:PL 54,193). E, ainda São Leão Magno, em outra grande homilia natalina, afirmava: “Hoje, o autor do mundo foi gerado do ventre de uma virgem: aquele que fez todas as coisas se fez filho de uma mulher que ele mesmo criou. Hoje, o Verbo de Deus apareceu revestido de carne, enquanto jamais foi visível ao olho humano, tornou-se também visível e palpável. Hoje, os pastores escutaram das vozes dos anjos que nasceu o Salvador, na substância do nosso corpo e da nossa alma "(Sermão 26, In Nativitate Domini, 6,1: Pl 54,213).

Há outro aspecto que gostaria de mencionar brevemente: o evento de Belém deve ser considerado à luz do Mistério Pascal: um e o outro são partes da obra redentora de Cristo. A encarnação e o nascimento de Jesus nos convidam a voltar o olhar para a sua morte e ressurreição: o Natal e a Páscoa são da mesma maneira festas de redenção. A Páscoa celebra-a como vitória sobre o pecado e sobre a morte: marca o momento final, quando a glória do Homem-Deus brilha como a luz do dia. O Natal celebra-a como a entrada de Deus na história fazendo-se homem para levar o homem a Deus: marca, por assim dizer, o momento inicial, quando se pode vislumbrar a luz da aurora. Mas, assim como a aurora precede a luz do dia, assim o Natal já anuncia a Cruz e a glória da Ressurreição. Assim como os dois períodos do ano no qual são colocados as duas grandes festas, pelo menos em algumas áreas do mundo, pode ajudar a compreender este aspecto. De fato, enquanto a Páscoa acontece no início da primavera, quando o sol vence o denso e frio nevoeiro e renova a face da terra, o Natal cai logo no início do inverno,quando a luz e o calor do sol não podem despertar a natureza; as vezes, cercado pelo frio, sob a coberta, mas a vida pulsa e começa novamente a vitória do sol e do calor.

Os Padres da Igreja ligavam sempre o nascimento de Cristo à luz de toda a obra redentora, que encontra seu ponto mais alto no mistério Pascal. A Encarnação do Filho de Deus aparece não somente como princípio e condição da salvação, mas como a própria presença do Mistério da nossa salvação: Deus torna-se homem, nasce menino como nós, assume a nossa carne para vencer a morte e o pecado.

Dois textos significativos de São Basílio ilustram-no bem. São Basílio dizia aos fiéis: "Deus assumiu a carne justamente para destruir a morte escondida nela. Assim como os antídotos de um veneno quando ingeridos eliminam seus efeitos, como a escuridão de uma casa se desfaz à luz do sol, assim a morte que dominava sobre a natureza humana foi destruída pela presença de Deus. Como o gelo, que permanece sólido na água durante a noite e reina a escuridão, logo se derrete ao calor do sol, assim a morte que reinou até a vinda de Cristo, apenas surge a graça de Deus Salvador, e levanta o sol da justiça, “foi tragada pela vitória”(1 Cor 15,54), não podendo coexistir com a Vida" (Homilia sobre o nascimento de Cristo, 2: Pg 31,1461). E ainda São Basílio, em outro texto, convida : "Celebramos a salvação do mundo, o natal do gênero humano. Hoje foi apagada a culpa de Adão. Agora, já não devemos dizer: "és pó em pó te tornarás" (Gen 3,19), mas: unido àquele que veio do céu, será admitido no Céu "(Homilia sobre o nascimento de Cristo, 6: Pg 31,1473).

No natal encontramos a ternura e o amor de Deus que se inclina sobre os nossos limites, sobre as nossas fraquezas, sobre os nossos pecados e se abaixa até nós. São Paulo afirma que Jesus Cristo “mesmo sendo homem na condição de Deus... esvaziou-se, assumindo a condição de servo, tornando-se semelhante ao homem” (Fil 2, 6-7).

Olhemos a gruta de Belém: Deus se abaixa até ser colocado em uma manjedoura, que é já o prelúdio do abaixamento na hora de sua paixão. O ápice da história de amor entre Deus e o homem, passa pela manjedoura de Belém e o sepulcro de Jerusalém.

Queridos irmãos e irmãs, vivamos com alegria o natal que se aproxima. Vivamos este maravilhoso evento: o Filho de Deus nasce ainda “hoje”, Deus está realmente próximo a cada um de nós e quer nos encontrar, quer nos conduzir a Ele. Ele é a verdadeira luz que remove e dissolve as trevas que envolvem nossa vida e a vida da humanidade. Vivamos o Natal do Senhor contemplando o caminho do amor imenso de Deus que nos eleva a Ele por meio do Mistério da Encarnação, Paixão, Morte e Ressurreição de Seu Filho, pois – como afirma Santo Agostinho – “em [Cristo] a divindade do Unigênito participa da nossa mortalidade, a fim que nós possamos participar de Sua imortalidade” (Epistola 187,6,20: PL 33,839-840).

Sobretudo, contemplemos e vivamos este Mistério na celebração da Eucaristia, centro do Santo Natal; ali está presente de maneira real Jesus, verdadeiro Pão que desceu do Céu, verdadeiro Cordeiro sacrificado para nossa salvação.

Desejo a todos vocês e as vossas famílias uma celebração de Natal realmente cristã, de modo que também todas as felicitações deste dia sejam expressões da alegria por saber que Deus está próximo a nós e quer percorrer connosco o caminho da vida. Obrigado.

21. 12. 2011

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

O Natal és Tu!


Sempre lhe tinham dito que o Natal era a festa da família. E de facto durante a sua infância e juventude à volta da árvore iluminada reuniam-se os parentes em lauta ceia trocando prendas requintadas embrulhadas em papéis vistosos. Depois, com o passar dos anos, os mais velhos foram desaparecendo, como hoje tontamente se diz quando morre alguém. A sua mulher tinha-o deixado, de repente, sem explicações, trocando-o por outro, sem que ele percebesse porquê. O filho, à míngua de trabalho, partira para o Brasil. Um dos irmãos, podre de rico, viria a falecer na penúria, deixara dois filhos, um emigrado na China e outro na Índia; Quanto ao outro, pouco sabia, esse sim desaparecera, corria que tinha enlouquecido: habitava uma ermida em ruínas no cimo de uma montanha escarpada em Trás-os-Montes, dizia acreditar em Deus, querer viver só para Ele, e afirmava que já não era homossexual, que se extinguiram esses desejos, - ou como ele dizia desorientação tinha-se delido -, e que agora é que estava orientado. A irmã expirara brutalmente aquando do segundo aborto “legal e seguro”. A comunicação social, como era costume nestas circunstâncias, ignorou por completo a tragédia.

Com a pobreza em que o país mergulhara desapareceram as iluminações nocturnas da época. No que restava das grandes superfícies não havia venda de brinquedos; uma vez que a natalidade descera tão drasticamente as empresas só produziam artigos para adultos de idade avançada. Uma imensidade de velhinhos vivia e morria sozinha nos seus andares feitos tugúrios. A sociedade estava caquéctica, a solidão era infinita, a tristeza imensa, a negrura espessa e profunda.

Em respeito à saudade desentrapou a árvore de Natal, já gasta, revelha. Lágrimas copiosas cascateavam-lhe pelo rosto e soluçava convulsivamente enquanto repuxava pela fantasia para que lhe pescasse na memória a imagem dos que tinham sido e dos que se foram. Era a natureza a protestar contra a morte e a ausência, tentando em vão perpetuar tempos idos.

Montado o artefacto natalício com as suas luzes e restante decoração fixou-o pensativo. Foi então que para seu grande espanto as iluminações se pagaram, a decoração caiu e a verdura desapareceu permanecendo tão só um tronco tosco e nodoso o qual antes de se prolongar um pouco mais se ramificava para um e outro lado. De repente, nele apareceu um infante desfigurado, as mãozinhas e os pezinhos eram atravessados por grossos cravos ferrugentos, e do lado esquerdo uma ferida larga e funda jorrava abundante sangue e água. E dessa fonte se formou um rio caudaloso que inundou a sala envolvendo e afogando em si o cismador. E três horas depois foi despertado e erguido por luzes incandescentes de lume que saíam daquelas feridas incendiadas do Menino que agora era todo Ele um fogo abrasador do qual se despediam deslumbrantes raios de Amor e o Amor era o Senhor, e era mais resplandecente que o sol, mais suave que a brisa, mais doce que o mel, mais pacífico do que a pomba branca. Então Gabriel, o Arcanjo, clamou Tu és Aquele que foi, que é e que será, o Cordeiro imolado que venceste a grande tribulação, que morrendo destruíste a morte e ressuscitando restauraste a vida, venceste o pecado e esmagaste a cabeça do dragão antigo, o acusador dos nossos irmãos. Vem Senhor Jesus!

Fora de si, fascinado, arrojou-se por terra e exclamou cheio de alegria: Meu Senhor e Meu Deus! O Natal és Tu, Jesus Cristo Senhor!

Nuno Serras Pereira

21. 12. 2011

Natal - poema de P. Gonçalo Portocarrero de Almada

NATAL

Há dois mil anos, nos arredores de Belém,

veio ao mundo o Deus encarnado, Jesus,

tão só na companhia de São José e sua Mãe

ao mundo das trevas veio Deus, a Luz da Luz.


É Cristo, o Rei dos Reis e Imperador

como Senhor Deus que é omnipotente

e apesar de ser do mundo grande Senhor

nasce pobre, desvalido e indigente.


Não há p’ra Ele lugar na fraca pousada

e não há outra casa para o albergar

Ele, que todas as coisas tirou do nada,

E que veio ao mundo para todos salvar!


Na fria solidão daquela amargura

apenas um estábulo encontrou José

onde só velhas tábuas e palha dura

servem de mísero berço ao Autor da fé.


No doce coração puríssimo de Maria

uma chama de amor vivo resplandece,

luz que brilha e faz da noite claro dia,

fogo que arde ao som de humilde prece:


- Meu divino Filho, meu Jesus, meu amor,

que agora vejo em provação tão atroz

confesso-Vos contudo meu Deus e Senhor

e peço-Vos que tenhais piedade de nós!


Perdoai, Senhor nosso, esta manjedoura,

o estábulo que vos serve de morada

e também a pobreza tão confrangedora

qual é a desta vossa humilde criada!


Nas palhinhas deitado, o Menino sorriu

e assim disse à Virgem Imaculada:

- Bendita aquela que a voz de Deus ouviu

e, sendo alta Rainha, se fez escrava!


Quanta riqueza, Senhora, não vale nada

se comparada com a pobreza de quem tem,

em noite escura, numa gruta gelada,

o tesouro do doce sorriso de sua Mãe!