quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

O poder das palavras - por Nuno Serras Pereira



01. 01. 2014

Já escrevi por mais de uma vez que se tem que dizer das coisas aquilo que elas são, e se agora torno a insistir no mesmo é por me parecer que muitos, incluindo eu mesmo, ainda não se dão conta da importância do assunto. De facto, abalizados e argutos sociólogos têm vindo a declarar cada vez mais repetidamente que a transformação da cultura não depende tanto da persuasão ou mesmo conversão individual mas sim do poder de nomear as coisas e de se organizar e trabalhar em rede.

Não tratarei agora da “rede” mas limitar-me-ei a dar algumas dicas sobre alguns termos que julgo deverem ser usados não somente para nós ganharmos uma consciência maior dos problemas com que nos defrontamos mas também para desmascarar as manipulações dos inimigos da Família e da pessoa humana, impedindo-os assim de induzirem as mentes em erro.

Não dizer:

Embrião, nem embrião humano (o que já é melhor), mas sim: pessoa humana na sua fase (ou etapa ou estado) embrionária.

Feto, mas sim criança ou bebé nascituro (ou em processo de nascimento).

IVG, mas sim aborto propositado (ou provocado). Com a banalização que impera nos dias de hoje a palavra aborto perdeu muito do horror que evocava. Por isso, ao falar do aborto provocado deve-se dizer homicídio/aborto ou homicídio na forma de aborto (cf. S. João Paulo II, Evangelium vitae, 58).

Grávida ou mulher grávida, mas sim Mãe grávida.

Vou ser pai, ou mãe (ou avô ou avó), quando sabem da concepção de um novo filho/a, mas sim sou pai ou mãe, ou sou de novo pai e mãe, etc.

À espera de um filho deficiente ou portador de deficiência, mas sim gerei ou gerámos, ou, melhor, Deus deu-nos um Seu predilecto, um amigo particular de Jesus, participante de uma missão especial.

PMA – procriação medicamente assistida, quando referido à fecundação extracorpórea, mas sim procriação tecnicamente substituída – os pais são substituídos pelos médicos, pela técnica, no acto de fecundação. Deverá também usar-se a expressão de Ortega y Gasset, a este propósito, “terrorismo dos laboratórios”.

Embriões excedentários, mas sim pessoas humanas na sua fase mais vulnerável, totalmente indefesas e inocentes, que são condenadas ao horror de um concentracionário inferno gelado.

Experimentação embrionária, mas sim cruéis experiências mortais em pessoas, em debilidade extrema, no início das suas vidas. 

Abstractamente, defesa da vida, mas sim defesa da vida de cada pessoa humana desde a sua etapa unicelular até à morte natural.

Dignidade da pessoa, mas sim dignidade, isto é, valor excepcional e transcendente, de cada pessoa.

Uniões homossexuais, mas sim emaranhados (depravados) homossexuais (ou melhor sodomitas).

Casais homossexuais ou do mesmo sexo, mas sim cumplicidades depravadas (legalmente reconhecidas); ou simetrias sexuais incompatíveis.

Divorciados recasados, mas sim pessoas em estado objectivo (independentemente da culpabilidade subjectiva) de adultério. De facto, ou houve casamento rato e consumado ou não o houve; se existiu é impossível contrair novo matrimónio; se pelo contrário não existiu, não houve recasamento nenhum.

Claro que havia muito mais a acrescentar mas não vos quero cansar, prolongando maçudamente a lista. Espero, no entanto, que não só fique claro o que no início dizia, a recordar, a guerra cultural em que nos encontramos será vencida por quem diz a verdade sobre a realidade, nomeando-a adequadamente, mas também que tem sido uma enorme falta de Caridade e de Misericórdia deixarmos que este magnetismo mentiroso a que os nossos inimigos recorrem submeta as multidões e os próprios que a ele recorrem.

À honra e glória de Cristo. Ámen.

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Um jesuíta corrige outro que é Papa: Islam and Christianity. Where Dialogue Stumbles - by Sandro Magister

In Chiesaespresso 

In "Evangelii Gaudium," Pope Francis dictates the rules for the relationship with Muslims. The Jesuit Islamologist Samir Khalil Samir examines them one by one. And he criticizes their limitations

ROME, December 30, 2013 – In the Christmas message "urbi et orbi," Pope Francis lifted up this prayer:

"Lord of life, protect all who are persecuted for your name."

And at the Angelus for the feast of Saint Stephen, the first of the martyrs, he again prayed “for the Christians who undergo discrimination because of witness rendered to Christ and to the Gospel.”

Pope Jorge Mario Bergoglio has repeatedly manifested his sorrow for the fate of Christians in Syria, in the Middle East, in Africa, and in other places of the world, wherever they are persecuted and killed, not rarely "in hatred for the faith" and at the hands of Muslims.

To all of this the pope responds by incessantly invoking "dialogue as a contribution to peace."

In the apostolic exhortation "Evangelii Gaudium" of September 24, the most important of the documents he has published so far, Francis dedicated to dialogue with Muslims the following two paragraphs:

252. Our relationship with the followers of Islam has taken on great importance, since they are now significantly present in many traditionally Christian countries, where they can freely worship and become fully a part of society. We must never forget that they “profess to hold the faith of Abraham, and together with us they adore the one, merciful God, who will judge humanity on the last day”. The sacred writings of Islam have retained some Christian teachings; Jesus and Mary receive profound veneration and it is admirable to see how Muslims both young and old, men and women, make time for daily prayer and faithfully take part in religious services. Many of them also have a deep conviction that their life, in its entirety, is from God and for God. They also acknowledge the need to respond to God with an ethical commitment and with mercy towards those most in need.

253. In order to sustain dialogue with Islam, suitable training is essential for all involved, not only so that they can be solidly and joyfully grounded in their own identity, but so that they can also acknowledge the values of others, appreciate the concerns underlying their demands and shed light on shared beliefs. We Christians should embrace with affection and respect Muslim immigrants to our countries in the same way that we hope and ask to be received and respected in countries of Islamic tradition. I ask and I humbly entreat those countries to grant Christians freedom to worship and to practice their faith, in light of the freedom which followers of Islam enjoy in Western countries! Faced with disconcerting episodes of violent fundamentalism, our respect for true followers of Islam should lead us to avoid hateful generalisations, for authentic Islam and the proper reading of the Koran are opposed to every form of violence.

The commentaries on "Evangelii Gaudium" have paid scarce attention to these two paragraphs.

Few, for example, have noted the unusual vigor with which Pope Francis demands in Muslim countries as well that freedom of worship which the faithful of Islam enjoy in Western countries.

Those who have highlighted this "courage" of the pope - like the Egyptian Jesuit and Islamologist Samir Khalil Samir - have also emphasized, however, that he has limited himself to asking only for freedom of worship, remaining silent about the denial of freedom of conversion from one religion to another that is the real sore spot of the Muslim world.

Fr. Samir teaches in Beirut, Rome, and Paris. He is the author of books and essays on Islam and on its relationship with Christianity and with the West, the latest published this year by EMI with the title: "Those tenacious Arab springs." During the pontificate of Benedict XVI he was one of the experts most closely listened to by the Vatican authorities and by the pope himself.

Last December 19, he published on the important agency "Asia News" of the Pontifical Institute for Foreign Missions an extensive commentary on the passages of "Evangelii Gaudium" dedicated to Islam.

A commentary with two faces. In the first part, Fr. Samir brings to light the "many positive things" said by the pope on this issue.

But in the second part, he surveys their limitations. With rare frankness.

The following is the second part of his commentary.

__________



POINTS OF "EVANGELII GAUDIUM" THAT REQUIRE CLARIFICATION

by Samir Khalil Samir



1. Muslims "together with us adore the One, merciful God" (No. 252)

I would advise caution here. It is true Muslims worship one and merciful God. However, this sentence suggests that the two conceptions of God are equal. Yet in Christianity God is the Trinity in its essence, plurality united by love: He is a bit more than just clemency and mercy. We have two quite different conceptions of the Divine One. Muslims characterize God as inaccessible. The Christian vision of the Oneness of the Trinity emphasizes that God is Love which is communicated: Father-Son-Spirit, or Lover-Beloved-Love, as St. Augustine suggested.

Moreover, what does the mercy of the God of Islam mean? He has mercy for whom he wants and not on those whom displease him. "Allah might admit to His mercy whom He willed" (Koran 48:25). These expressions are, almost literally, in the Old Testament (Exodus 33:19). But never arrive at saying that "God is love" (1 John 4:16), like St John.

Mercy in the case of Islam is that of the rich man who stoops over the poor and gives him something. But the Christian God is the one who lowers Himself to the level of the poor man in order to raise him up; He does not show his wealth to be respected (or feared) by the poor: he gives Himself in order the poor should live.


2. "The sacred writings of Islam have retained some Christian teachings" (No. 252)

This is true in a sense, but it is somewhat ambiguous. It is true that Muslims retain words or facts from the canonical gospels, such as the story of the Annunciation which is found almost literally in chapters 3 (The Family of Imr?n) and 19 (Mariam).

But more frequently the Koran is inspired by the pious tales of the apocryphal Gospels, and do not draw from them the theological sense they contain, and do not give these facts or words the meaning that they actually have, not out of malice, but because they do not contain the overall vision of the Christian message.


3. The figure of Christ in the Koran and the Gospel (No. 252)

The Koran refers to "Jesus and Mary [who] are the object of profound veneration". To tell the truth, Jesus is not an object of veneration in the Muslim tradition. Instead, Mary is venerated, especially by Muslim women, who willingly go to the places of pilgrimage.

The lack of veneration for Jesus Christ is probably explained by the fact that, in the Koran, Jesus is a great prophet, famous for his miracles on behalf of a poor and sick humanity, but he is not the equal of Muhammad. Only mystics have a certain devotion to him, as the sol-called "Spirit of God".

In fact, all that is said of Jesus in the Koran is the exact opposite of Christian teachings. He is not the Son of God, but a prophet and that's it. He is not even the last of the prophets, because instead the "seal of the prophets" is Muhammad (Koran 33:40). Christian revelation is only seen as a step towards the ultimate revelation brought by Muhammad, i.e. Islam.


4. The Koran is opposed to all the fundamental Christian dogmas

The figure of Christ as the second person of the Trinity is condemned. In the Koran it says explicitly to Christians: " O People of the Scripture! Do not exaggerate in your religion nor utter aught concerning Allah save the truth. The Messiah, Jesus son of Mary, was only a messenger of Allah, and His word which He conveyed unto Mary, and a spirit from Him. So believe in Allah and His messengers, and say not 'Three' - Cease! (it is) better for you! - Allah is only One God. Far is it removed from His Transcendent Majesty that "(Koran 4:171). These verses against the Trinity are very clear and need no interpretation.

The Koran denies the divinity of Christ: "O Jesus, Son of Mary, did you say to the people, 'Take me and my mother as deities besides Allah?'” (Koran 5:116). And Jesus denies it!

Finally, the Koran negates Redemption. It even says that Jesus Christ did not die on the Cross, but it was a look-alike: "And they did not kill him, nor did they crucify him; but [another] was made to resemble him to them" (Koran 4:157). In this way God saved Jesus from the wickedness of the Jews. But then Christ did not save the world!

In short, the Koran and Muslims deny the essential dogmas of Christianity: the Trinity, the Incarnation and Redemption. It should be added that this is their most absolute right! But you can not then say that "The sacred writings of Islam retain part of Christian teachings". You simply must speak of the "Jesus of the Koran" which has nothing to do with the Jesus of the Gospels.

The Koran mentions Jesus because it aims to complete the revelation of Christ to exalt Muhammad. Besides, seeing what Jesus and Mary do in the Koran, we notice that it is no more than apply the prayers and fasting according to the Koran. Mary is certainly the most beautiful figure among all those presented in the Koran: she is the Virgin Mother, whom no man has ever touched. But she can not be the Theotokos; instead she is a good Muslim.


MORE DELICATE POINTS


1. Ethics in Islam and in Christianity (252)?

The last sentence of this point of "Evangelii gaudium" states with regard to Muslims: "They also acknowledge the need to respond to God with an ethical commitment and with mercy towards those most in need". This is true and compassion toward the poor is a requirement of Islam.

There is, in my opinion however, a double difference between the Muslim and Christian ethics.

The first is that the Muslim ethic is not always universal. It is often a question of solidarity within the Islamic community, while according to Christian tradition, solidarity is universal. We note, for example, when natural disaster strikes a given region of the world, countries of Christian tradition help regardless of the religious convictions of those who are in need of help, while rich Muslim countries (those of the Arabian Peninsula, for example) do not.

The second is that Islam links ethics to legality. Those who do not fast during the month of Ramadan are guilty of having committed a crime and go to jail (in many countries). If you observe the fast, from dawn to dusk, you are perfect, even if you eat from sunset until dawn the next day, more and better than usual: "the best things to eat and plenty of it," as some Egyptian Muslim friends told me. The Ramandan fast seems to lose all meaning if it becomes the period in which Muslims eat more, and eat the most delicious things. The next day, given that no-one has sept because they were up all night eating, no-one works. However, from the formal point of view, all have fasted for several hours. It is a legalistic ethics: if you do this, you are right. It is an exterior ethics.

Instead Christian fasting is something that aims to bring us closer to Christ's sacrifice, in solidarity with the poor and does not allow for a period during the day or night when we can make up for the food we have not eaten.

As long as believers observe Islamic law, everything is in order. The believer never seeks to go beyond the law. Justice is required by law, but it is not exceeded. This is also why there is no obligation to forgive in the Koran, whereas, in the Gospel, Jesus asks us to forgive an infinite number of times (seventy times seven; cf. Mt 18, 21-22). In the Koran mercy never reaches the point of being love.

The same goes for polygamy: you can have up to four wives. If I want to have a fifth wife, then all I have to do is repudiate one of those that I have already, maybe the oldest, and take a younger bride. And thus because I only ever have four wives at any one given time, everything is perfectly legal.

There is also the opposite effect, for example for homosexuality. All religions consider it a sin. But for Muslims, it is also a crime that should be punished with death. In Christianity it is a sin but not a crime. The reason is obvious: Islam is a religion, culture, social and political system, it is an integral reality. And it clearly states as much in the Koran. The Gospel instead clearly distinguishes the spiritual and ethical dimension of socio-cultural and political life.

The same applies to purity, as Christ clearly explains to the Pharisees: "What goes into someone's mouth does not defile them, but what comes out of their mouth, that is what defiles them" (Mt 15, 11).


2. "The fundamentalists on both sides" (no. 250 and 253)

Finally, there are two points that I would like to criticize. The first is where the Pope groups together all fundamentalisms. In No. 250 he says: "An attitude of openness in truth and in love must characterize the dialogue with the followers of non-Christian religions, in spite of various obstacles and difficulties, especially forms of fundamentalism on both sides".

The other is the conclusion of the section on relations with Islam that ends with this sentence: "Faced with disconcerting episodes of violent fundamentalism, our respect for true followers of Islam should lead us to avoid hateful generalisations, for authentic Islam and the proper reading of the Koran are opposed to every form of violence"(n. 253).

Personally, I would not put the two fundamentalisms on the same level: Christian fundamentalists do not carry weapons; Islamic fundamentalism is criticized, first of all by Muslims themselves precisely because this armed fundamentalism seeks to replicate the Mohammedan model. In his life, Muhammad waged more than 60 wars, and now if Muhammad is the super model (as the Koran claims 33:21), it is not surprising that some Muslims also use their violence in imitation of the founder of Islam.


3. Violence in the Koran and the life of Muhammad (No. 253)

Finally, the Pope mentions the violence in Islam. In No. 253 he writes: "True Islam and the proper interpretation of the Koran oppose all violence".

This phrase is beautiful and expresses a very benevolent attitude on the Pope's part towards Islam. However, in my humble opinion, it expresses more a wish than a reality. The fact that the majority of Muslims are opposed to violence, may well be true. But to say that " the true Islam is against any violence," does not seem true: there is violence in the Koran. To say then that "for authentic Islam and the proper reading of the Koran are opposed to every form of violence" needs a lot of explaining. It is enough to cite Chapters 2, 9 of the Koran.

What the Pope says about Islam needing a "proper interpretation" is true. Some scholars have chosen this path but not enough to counter the power of the majority. This minority of scholars is trying to reinterpret Koranic texts that speak of violence, showing that they are related to the context of Arabia at the time and were in the context of the political-religious vision of Muhammad.

If Islam wants to remain within this vision still linked to the time of Muhammad, then there will always be violence. But if Islam - and there are quite a few mystics who have done it - wants to find a deep spirituality, then violence is not acceptable.

Islam is at a crossroads: either religion is a way towards politics and towards a politically organized society, or religion is an inspiration to live and love more fully.

Those who criticize Islam with regard to the violence are not making an unjust and odious generalization: as evidenced by the present bloody and ongoing issues in the Muslim world.

Here in the East we understand very well that Islamic terrorism is religiously motivated, with quotes, prayers and fatwas from imams who encourage violence. The fact is that there is no central authority to counter this manipulation in Islam. This means that every imam is considered a mufti, a national authority, who can make judgments inspired by the Koran and even give orders to kill.


CONCLUSION: A " PROPER READING OF THE KORAN"


Finally, the really important point is "a proper reading." In the Muslim world, the most heated debate - indeed most forbidden - is precisely about the interpretation of the holy book. Muslims believe that the Koran descended upon Muhammad, complete, in the form we know. There is the concept of inspiration of the sacred text, which leaves room for interpretation of the human element present in the word of God.

Let's take an example. At the time of Muhammad, with tribes that lived in the desert, the punishment for a thief was the cutting off of hands. What purpose did this serve? To stop the thief from stealing again. So we must ask: how can we preserve this purpose today, that the thief will no longer steal? Can we use other methods instead of cutting off the hand?

Today all religions have this problem: how to re-interpret the sacred texts, which have an eternal value, but goes back centuries or even millennia.

When meeting Muslim friends, I always point out that today we must ask what "purpose" (maqased), the indications in the Koran had. The Muslim jurists and theologians say that you should search for the "purposes of the law of God" (maq?sid al-shar?'a). This expression corresponds to what the Gospel calls "the spirit " of the text, as opposed to the "letter". We must seek the intent of the sacred text of Islam.

Several Muslim scholars talk about the importance of discovering "the purpose" of Koranic texts to adjust the Koranic text to the modern world. And this, it seems to me, is very close to what the Holy Father meant to suggest when he writes of "a proper reading of the Koran."

Um jesuíta corrige outro que é Papa: Islam y cristianismo. Donde trastabilla el diálogo- por Sandro Magister

In Chiesaespresso 

En la "Evangelii gaudium" el papa Francisco dicta las reglas de la relación con los musulmanes. El jesuita islamólogo Samir Khalil Samir las examina exhaustivamente una por una, y denuncia los límites

ROMA, 30 de diciembre de 2013 – En el mensaje "urbi et orbi" de Navidad el papa Francisco elevó esta oración:

"Tú, Señor de la vida, protege a cuantos sufren persecución a causa de tu nombre".

Y en el Angelus de la fiesta de san Esteban, el primero de los mártires, rezó de nuevo "por los cristianos que sufren discriminaciones a causa del testimonio brindado por Cristo y por el Evangelio".

Muchas veces el papa Jorge Mario Bergoglio manifestó su dolor por la suerte de los cristianos en Siria, en Medio Oriente, en África y en otros lugares del mundo, en todas partes que son perseguidos y asesinados, no pocas veces “en odio a la fe” y por obra de los musulmanes.

A todo esto el Papa responde invocando incesantemente "el diálogo como contribución para la paz".

En la exhortación apostólica "Evangelii gaudium" del 24 de setiembre, el más importante de los documentos publicados hasta ahora por él, Francisco ha dedicado al diálogo con los musulmanes los dos siguientes parágrafos:

252. En esta época adquiere gran importancia la relación con los creyentes del Islam, hoy particularmente presentes en muchos países de tradición cristiana donde pueden celebrar libremente su culto y vivir integrados en la sociedad. Nunca hay que olvidar que ellos, «confesando adherirse a la fe de Abraham, adoran con nosotros a un Dios único, misericordioso, que juzgará a los hombres en el día final». Los escritos sagrados del Islam conservan parte de las enseñanzas cristianas; Jesucristo y María son objeto de profunda veneración, y es admirable ver cómo jóvenes y ancianos, mujeres y varones del Islam son capaces de dedicar tiempo diariamente a la oración y de participar fielmente de sus ritos religiosos. Al mismo tiempo, muchos de ellos tienen una profunda convicción de que la propia vida, en su totalidad, es de Dios y para Él. También reconocen la necesidad de responderle con un compromiso ético y con la misericordia hacia los más pobres.

253. Para sostener el diálogo con el Islam es indispensable la adecuada formación de los interlocutores, no sólo para que estén sólida y gozosamente radicados en su propia identidad, sino para que sean capaces de reconocer los valores de los demás, de comprender las inquietudes que subyacen a sus reclamos y de sacar a luz las convicciones comunes. Los cristianos deberíamos acoger con afecto y respeto a los inmigrantes del Islam que llegan a nuestros países, del mismo modo que esperamos y rogamos ser acogidos y respetados en los países de tradición islámica. ¡Ruego, imploro humildemente a esos países que den libertad a los cristianos para poder celebrar su culto y vivir su fe, teniendo en cuenta la libertad que los creyentes del Islam gozan en los países occidentales! Frente a episodios de fundamentalismo violento que nos inquietan, el afecto hacia los verdaderos creyentes del Islam debe llevarnos a evitar odiosas generalizaciones, porque el verdadero Islam y una adecuada interpretación del Corán se oponen a toda violencia.

Los comentarios a la "Evangelii gaudium" han prestado escasa atención a estos dos parágrafos.

Pocos, por ejemplo, han advertido el insólito vigor con el que el Papa Francisco reclama también en los países musulmanes esa libertad de culto de la que gozan los creyentes del Islam en los países occidentales.

Pero quien ha puesto en evidencia este "coraje" del Papa – tal es el caso del jesuita e islamólogo egipcio Samir Khalil Samir – también ha avisado que él se ha limitado a pedir la sola libertad de culto, silenciando la privación de la libertad que obliga a convertirse de una religión a otra y que es el verdadero punto doloroso del mundo musulmán.

El padre Samir enseña en Beirut, Roma y París. Es autor de libros y de ensayos sobre el Islam y sobre su relación con el cristianismo y con Occidente, el último de los cuales fue publicado este año por EMI con el título: "Quelle tenaci primavere arabe" [Esas tenaces primaveras árabes]. Durante el pontificado de Benedicto XVI fue uno de los expertos más escuchados por las autoridades vaticanas y por el mismo Papa.

El pasado 19 de diciembre publicó en la importante agencia "Asia News" del Pontificio Instituto para las Misiones Extranjeras una amplia nota de comentario a los pasajes de la "Evangelii gaudium" dedicados al Islam.

Un comentario a dos caras. En la primera parte de la nota el padre Samir saca a la luz "las numerosas cosas positivas" dichas por el papa Francisco sobre el tema.

Pero en la segunda parte revisa los límites, con rara franqueza.

A continuación presentamos esta segunda parte de su comentario.

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PUNTOS DE LA "EVANGELII GAUDIUM" QUE REQUIEREN ACLARACIÓN

por Samir Khalil Samir



1. Los musulmanes "adoran con nosotros a un Dios único, misericordioso" (n. 252)

Tomaré con cautela esta frase. Es verdad que los musulmanes adoran un Dios único y misericordioso. Pero esta frase sugiere que las dos concepciones de Dios son iguales. Por el contrario, en el cristianismo Dios es Trinidad en su esencia, pluralidad unida en el amor. Es un poco más que la sola clemencia y misericordia. Tenemos dos concepciones bastante diferentes de la unicidad divina. La musulmana caracteriza a Dios como inaccesible. La visión cristiana de la unicidad trinitaria subraya que Dios es Amor que se comunica: Padre-Hijo-Espíritu Santo, o bien Amante-Amado-Amor, como sugería san Agustín.

Además, ¿qué significa también la misericordia del Dios islámico? Que Él practica misericordia con quien quiere y no la practica con los que no quiere. "Dios hace entrar en Su misericordia a quien Él quiere" (Corán 48:25). Estas expresiones se encuentran en forma casi literal en el Antiguo Testamento (Ex 33, 19). Pero no se llega jamás a decir que “Dios es Amor” (1 Jn 4, 16), tal como se expresa san Juan.

En el caso del Islam, la misericordia es la del rico que se inclina hacia el pobre y le concede algo. Pero el Dios cristiano es Aquél que desciende hacia el pobre para elevarlo a su nivel; no muestra su riqueza para ser respetado (o temido) por el pobre: se dona a sí mismo para hacer vivir al pobre.


2. "Los escritos sagrados del Islam conservan parte de las enseñanzas cristianas" (n. 252)

Es verdad en un cierto sentido, pero puede ser también ambiguo. Es verdad que los musulmanes retoman palabras o hechos de los evangelios canónicos, por ejemplo, el relato de la Anunciación se encuentra casi literalmente en los capítulos 3 (la familia de 'Imr?n) y 19 (Mariam).

Pero más frecuentemente el Corán se inspira en los relatos píos de los evangelios apócrifos, y no extraen el sentido teológico que se encuentra en ellos y no dan a estos hechos o palabras el sentido que tienen en realidad, no por malicia, sino porque no tienen la visión global del mensaje cristiano.


3. La figura de Cristo en el Corán y en el Evangelio (n. 252)

El Corán se refiere a "Jesús y María [que] son objeto de profunda veneración". A decir verdad, Jesús no es objeto de veneración en la tradición musulmana. Por el contrario, en el caso de María se puede hablar de una veneración, en particular por parte de las mujeres musulmanas, que van voluntariamente a los lugares de peregrinación mariana.

La ausencia de veneración para Jesucristo se explica probablemente por el hecho que, en el Corán, Jesús es un gran profeta, famoso por sus milagros a favor de la humanidad pobre y enferma, pero no es igual a Mahoma. Sólo por parte de los místicos se puede notar una cierta devoción, ellos lo llaman también "Espíritu de Dios".

En realidad, todo lo que se dice de Jesús en el Corán es lo opuesto de las enseñanzas cristianas. Él no es Hijo de Dios: es un profeta y basta. No es ni siquiera el último de los profetas, porque por el contrario el "sello de los profetas" es Mahoma (Corán 33:40). La revelación cristiana es vista sólo como una etapa hacia la revelación última, traída por Mahoma, es decir, el Islam.


4. El Corán se opone a todos los dogmas cristianos fundamentales

La figura de Cristo como segunda persona de la Trinidad es condenada. En el Corán se dice en forma explícita a los cristianos: "Oh, gente de la Escritura, no se excedan en su religión y digan de Dios nada más que la verdad. El Mesías Jesús, hijo de María, no es más que un mensajero de Dios, una de sus palabras que Él pone en María, un Espíritu [que proviene] de Él. Crean entonces en Dios y en sus mensajeros. No digan ‘Tres’, ¡deténganse! Será mejor para ustedes. En verdad Dios es un dios único. ¿Tendría un hijo? Gloria a Él (Corán 4:171). Los versículos contra la Trinidad son muy claros y no tienen necesidad de tantas interpretaciones.

El Corán niega la divinidad de Cristo: "Oh, hijo de María, ¿eres tú quien dijo a la gente: 'tomadme a mí y a mi madre como dos divinidades además de Dios'?" (Corán 5:116). ¡Jesús lo niega!

Por último, en el Corán se niega la redención. Directamente se afirma que Jesucristo no murió en la cruz, sino que fue crucificado un doble: "No lo han matado, no lo han crucificado, sino que les pareció" (Corán 4:157). De este modo Dios salvó a Jesús de la malicia de los judíos. ¡Pero entonces Cristo no ha salvado al mundo!

En síntesis, el Corán y los musulmanes niegan los dogmas esenciales del cristianismo; la Trinidad, la Encarnación y la Redención. ¡Se debe agregar que éste es su derecho más absoluto! Pero entonces no se puede decir que "los escritos sagrados del Islam conservan parte de las enseñanzas cristianas". Se debe hablar simplemente del “Jesús coránico” que no tiene nada que ver con el Jesús de los Evangelios.

El Corán cita a Jesús porque pretende completar la revelación de Cristo para exaltar a Mahoma. En el resto, viendo cuánto Jesús y María hacen en el Corán, nos damos cuenta que ellos no hacen más que aplicar las oraciones y el ayuno según el Corán. María es ciertamente la figura más bella entre todas las presentadas en el Corán: es la Madre Virgen, que ningún hombre jamás ha tocado. Pero no puede ser la Theotokos; más bien es una buena musulmana.


LOS PUNTOS MÁS DELICADOS


1. Ética en el Islam y en el cristianismo (252)

La última frase de este parágrafo de la "Evangelii gaudium" dice, al hablar de los musulmanes: "También reconocen la necesidad de responderle [a Dios] con un compromiso ético y con la misericordia hacia los más pobres". Esto es verdad y la piedad hacia los pobres es una exigencia del Islam.

Pero me parece que hay una doble diferencia entre la ética cristiana y la musulmana.

La primera es que la ética musulmana no es siempre universal. Se trata a menudo de ayuda dentro de la comunidad islámica, mientras que la obligación de ayuda, en la tradición cristiana, es de por sí universal. Se nota, por ejemplo, cuando hay una catástrofe natural en alguna región del mundo, que los países de tradición cristiana ayudan sin considerar la religión de quien es ayudado, mientras que los riquísimos países musulmanes (los de la Península Arábiga, por ejemplo) no lo hacen en este caso.

La segunda es que el Islam liga ética y legalidad. El que no ayuna durante el mes de Ramadán comete un delito y va a la cárcel (en muchos países). Si cumple el ayuno previsto, desde el alba hasta la puesta del sol, es perfecto, aunque luego de la puesta del sol come hasta el alba del día siguiente, más y mejor que lo que come habitualmente: "se comen las cosas mejores y en abundancia", como me decían algunos amigos egipcios musulmanes. Parece que no hay otro significado en el ayuno si no es el de obedecer a la ley mismo del ayuno. El Ramadán se convierte en el período en el que los musulmanes comen más, y comen las cosas más deliciosas. Al día siguiente nadie trabaja, dado que por comer nadie ha dormido. Pero desde el punto de vista formal todos han ayunado durante algunas horas. Es una ética legalista: si usted hace esto, usted está en lo justo. Es una ética superficial.

Por el contrario, el ayuno cristiano es algo que tiene como fin aproximarse íntimamente al sacrificio de Jesús, a la solidaridad con los pobres y no es el momento en el que se recupera cuanto uno no ha comido.

Si alguno aplica la ley islámica, todo está en orden. El fiel no pretende ir más allá de la ley. La justicia es requerida por la ley, pero no es superada. Por eso, no está en el Corán la obligación del perdón. Por el contrario, en el Evangelio Jesús pide perdonar de modo infinito (setenta veces siete, cf. Mt 18, 21-22). En el Corán la misericordia no llega jamás al amor.

Lo mismo vale para la poligamia: se puede tener hasta cuatro esposas. Si quiero tener una quinta, basta repudiar a una de las que ya tengo, quizás la más vieja, y tomar una esposa más joven. Al tener siempre sólo cuatro esposas estoy en la legalidad perfecta.

Está también el efecto contrario, por ejemplo, para la homosexualidad. En todas las religiones es un pecado. Pero para los musulmanes, es también un delito que debería ser castigado con la muerte. En el cristianismo es un pecado, pero no un crimen. El motivo es obvio: el Islam es religión, cultura, sistema social y político; es una realidad integral. Es claramente así en el Corán. Por el contrario, el Evangelio distingue claramente la dimensión espiritual y ética de la dimensión socio-cultural y política.

Lo mismo vale para la pureza, como lo explica en forma clara Cristo a los fariseos: "No es lo que entra en la boca lo que contamina al hombre, sino que es lo que sale de su boca lo que contamina al hombre" (Mt 15, 11).


2. "Los fundamentalismos de ambas partes" (n. 250 y 253)

Por último, hay dos aspectos que querría criticar. El primero es aquél en el que el Papa pone juntos a todos los fundamentalismos. En el n. 250 se dice: “Una actitud de apertura en la verdad y en el amor debe caracterizar el diálogo con los creyentes de las religiones no cristianas, a pesar de los varios obstáculos y dificultades, particularmente los fundamentalismos de ambas partes”.

El otro es la conclusión de la sección sobre la relación con el Islam que termina con esta frase: "Frente a episodios de fundamentalismo violento que nos inquietan, el afecto hacia los verdaderos creyentes del Islam debe llevarnos a evitar odiosas generalizaciones, porque el verdadero Islam y una adecuada interpretación del Corán se oponen a toda violencia" (n. 253).

Personalmente, yo no pondría los dos fundamentalismos en el mismo plano: los fundamentalistas cristianos no llevan armas; el fundamentalismo islámico es criticado ante todo y precisamente por los propios musulmanes, porque este fundamentalismo armado busca reproducir el modelo mahometano. En su vida, Mahoma libró más de 60 guerras; ahora bien, si Mahoma es el modelo excelente (como dice el Corán en 33:21), no sorprende que algunos musulmanes usen su violencia a imitación del fundador del Islam.


3. La violencia en el Corán y en la vida de Mahoma (n. 253)

Por último, el Papa menciona la violencia en el Islam. En el parágrafo 253 se lee: "el verdadero Islam y una adecuada interpretación del Corán se oponen a toda violencia".

Esta frase es bellísima, y expresa una actitud muy benévola del Papa hacia el Islam. Pero me parece que ella expresa más un deseo que una realidad. Que la mayoría de los musulmanes puede ser contraria a la violencia también puede darse. Pero decir que "el verdadero Islam es contrario a toda violencia" no me parece cierto: la violencia está en el Corán. Decir además que "una adecuada interpretación del Corán se opone a toda violencia" tiene necesidad de muchas explicaciones. Basta recordar los capítulos 2 y 9 del Corán.

Sin embargo, es verdad cuanto el pontífice afirma sobre el hecho que el Islam tiene necesidad de una "adecuada interpretación". Este camino ha sido recorrido por algunos eruditos, pero no es lo suficientemente fuerte para contrastar la que recorre la mayoría. Esta minoría de eruditos busca reinterpretar los textos coránicos que hablan de la violencia, mostrando que ellos están ligados al contexto de la Arabia de la época y estaban en el contexto de la visión político-religiosa de Mahoma.

Si el Islam quiere permanecer hoy en esta visión ligada al tiempo de Mahoma, entonces siempre habrá violencia. Pero si el Islam – hay un buen número de místicos que lo han hecho – quiere encontrar una espiritualidad profunda, entonces la violencia no es aceptable.

El Islam se encuentra frente a una encrucijada: o la religión es un camino hacia la política y hacia una sociedad políticamente organizada, o la religión es una inspiración para vivir con más plenitud y amor.

El que critica al Islam a propósito de la violencia no hace una generalización injusta y odiosa: muestra las cuestiones presentes, vivas y sangrantes en el mundo musulmán.

En Oriente se comprende muy bien que el terrorismo islámico está motivado religiosamente, con citas, oraciones y fatwa por parte de imanes que fomentan la violencia. El hecho es que en el Islam no hay una autoridad central que corrija las manipulaciones. Esto hace que cada imán se crea un mufti, una autoridad nacional que puede emitir juicios inspirados por el Corán, hasta llegar a ordenar que se mate.


CONCLUSIÓN: UNA "ADECUADA INTERPRETACIÓN DEL CORÁN"


Para concluir, el punto verdaderamente importante es el de la "adecuada interpretación". En el mundo musulmán, el debate más fuerte – que es también el más prohibido – es precisamente el de la interpretación del libro sagrado. Los musulmanes creen que el Corán salió de Mahoma, completo, en la forma que conocemos. No existe el concepto de inspiración del texto sagrado, la cual da espacio una interpretación del elemento humano presente en la palabra de Dios.

Tomemos un ejemplo. En tiempos de Mahoma, con tribus que vivían en el desierto, el castigo para un ladrón era cortarle la mano. ¿Para qué servía? ¿Cuál era la finalidad de este castigo? No permitir que el ladrón siguiera robando. Ahora debemos preguntarnos: ¿cómo podemos salvaguardar hoy esta finalidad, es decir, que el ladrón no robe? ¿Podemos utilizar otros métodos en lugar del corte de la mano?

Hoy todas las religiones tienen este problema: cómo reinterpretar el texto sagrado, el cual tiene un valor eterno, pero que se remonta a siglos o a milenios.

Cuando encuentro a amigos musulmanes, saco a la luz el hecho que hoy en día es necesario interrogarse sobre la "finalidad" (maqased) que tenían las indicaciones del Corán. Los teólogos y los juristas musulmanes dicen que se deben buscar las “finalidades de la Ley divina” (maq?sid al-shar?'a). Esta expresión corresponde a lo que el Evangelio llama “el espíritu” del texto, en oposición a la “letra”. Es necesario buscar la intención del texto sagrado del Islam.

Varios eruditos musulmanes hablan de la importancia de descubrir “la finalidad” de los textos coránicos para adecuar el texto del Corán al mundo moderno. Me parece que esto está muy próximo a cuanto el Santo Padre intenta sugerir al hablar de "una adecuada interpretación del Corán".

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

El PP mantiene el aborto como un derecho - por Rafael López-Diéguez Gamoneda

In InfoCatólica

Es muy importante dar respuesta a aquellos que consideran que esta ley ha mejorado respecto de la anterior, toda vez que el aborto ha dejado de ser un derecho, porque de la lectura del anteproyecto lo que se deduce es que el proyecto del PP sigue manteniendo el aborto como un derecho.

No comparto el juicio de quienes afirman que el anteproyecto de la ley del aborto del PP es menos malo que la ley Aido, porque en el anteproyecto de Gallardón no se considera al aborto como un derecho. Una simple lectura al texto del PP es suficiente para comprobar que el PP mantiene el aborto como un derecho. Es más, lo mantiene, lo justifica y lo refuerza.

Es mi intención en este y posteriores artículos analizar las 19 hojas que conforman los siete artículos del proyecto de Ley Orgánica para «La Protección de la Vida del concebido y de los derechos de la mujer embarazada», así como dar respuesta a los argumentos favorables que desde diversos estamentos se han venido dando y por último las consecuencias letales de este Anteproyecto, que va actuar como un veneno dulce, de modo que sin notarlo anestesiará las conciencias de la sociedad española respecto al crimen del aborto.

En primer lugar es importante tener presente que este anteproyecto de Ley Orgánica no vera la luz probablemente hasta finales del año 2014 , por lo que desafortunadamente en la primera legislatura del Sr. Rajoy se habrán consumado entorno al medio millón de abortos quirúrgicos, además de los químicos, por haber mantenido durante tres años la ley Aído, a pesar de disponer de mayoría absoluta. El PP ha necesitado más de 24 meses para elaborar un anteproyecto de 19 hojas y siete artículos que, como aseguró el Sr. Rajoy en rueda de prensa, está en línea con la ley socialista del 85, ley que fue duramente criticada por el PP y también por los obispos españoles, movimientos sociales y religiosos.

A la hora de analizar el texto lo primero que sorprende es el título del anteproyecto en relación con el contenido del articulado. La Ley en sus 19 páginas habla en veintisiete ocasiones de aborto, o del eufemismo, Interrupción Voluntaria del Embarazo (IVE), mientras que en solo dos ocasiones se refiere a la «protección de la vida del concebido». Esta clara desproporción en la utilización de los dos términos o conceptos, es una consecuencia lógica de lo que en realidad es el objetivo de este anteproyecto, que no es otro que regular el aborto en una serie de supuestos. Del contenido del anteproyecto no se puede deducir que se hayan establecido medidas para proteger la vida del concebido, sino muy por el contrario lo que se regula son los supuestos en que se le puede privar de ella.

Como decía al principio, es muy importante dar respuesta a aquellos que consideran que esta ley ha mejorado respecto de la anterior, toda vez que el aborto ha dejado de ser un derecho, porque de la lectura del anteproyecto lo que se deduce es que el proyecto del PP sigue manteniendo el aborto como un derecho.

Derecho viene de la palabra latina «directum» lo que es conforme a la regla», por lo que cualquier acto acorde a la regla se constituye en un derecho; pero es que además para que el derecho pueda ser eficaz y se convierta en una certeza jurídica es necesario que se creen por el Estado los medios que propicien el ejercicio de tal derecho. Por último la RAE define el derecho, entre muchas de sus acepciones, como «la facultad de hacer o exigir aquello que la ley establece a nuestro favor».

Sobre estas bases analicemos si lo regulado en el anteproyecto es o no un derecho de la mujer al aborto.

El anteproyecto en su artículo cuarto, en lo que supone la nueva redacción del artículo 4 bis 3 a) de la ley 41/2002, afirma que el aborto resulta acorde al ordenamiento jurídico en los supuestos regulados en la ley, es decir, en los casos descritos en el nuevo artículo 145 bis del Código Penal (CP). El aborto, en esos supuesto, es algo conforme a la regla (Directum), pero es que además en el artículo quinto del anteproyecto, en lo que se refiere a la modificación de la ley 26/2003 en la redacción del nuevo artículo 8 bis apartado 3, se establece que la práctica del aborto, en esos supuestos, será incluida en la cartera común de servicios asistenciales del Sistema Nacional de Salud. Por lo tanto, que el Estado propicie y preste sus servicios para practicar el aborto en determinados supuestos evidencia la eficacia y certeza jurídica de que la práctica del mismo en esos supuesto es un derecho.

El carácter excepcional a abortar en unos determinados supuestos no le priva del concepto de ser un derecho, ya que son muchos los derechos comprendidos en nuestro ordenamiento jurídico que se establecen con ese carácter de excepcionalidad o por la vía de la excepción al ilícito penal.

En conclusión el aborto en los supuestos contemplados en el artículo 145 bis del CP es un derecho, toda vez es algo conforme a la regla, cuyo ejercicio protege y propicia el Estado y en consecuencia es algo exigible a este por la mujer embarazada.

El considerar que la Ley Aido reconocía el aborto como un derecho, nos lleva a que ese mismo reconocimiento lo veamos en la Ley Gallardon y ello porque la Ley Aido solo reconoce como un derecho el aborto que se practique en las condiciones previstas en la Ley Orgánica 2/2010 (véase artículo 12), es decir en los plazos establecidos (véase artículo 14) y con las condiciones formales indicadas (véase articulo 13), por lo que fuera de los plazos y condiciones formales establecidas el ejercicio del aborto perdía tal concepto de derecho y se constituía en un delito ( véase articulo 145). La Ley Aido modifica el artículo 145 y 145 bis del CP y establece que la práctica del aborto a una mujer fuera de los casos contemplados en esta Ley, constituía un delito castigado con una pena de hasta tres años, que resulta ser la misma pena que prevé el proyecto Gallardón para cuando se practica un aborto fuera de los supuestos.

La diferencia entre la ley Aido y la Gallardón está en que la primera criminaliza la actuación de la mujer embarazada que se deja practicar un aborto fuera de los plazos previstos en la ley (véase articulo 145. 3 de la Ley Orgánica 2/2010), mientras que el anteproyecto Gallardón deja impune a la mujer embarazada que con su consentimiento permite el aborto fuera de los supuestos contemplados en la futura norma ( véase el articulo 145.3 y 146.2 del anteproyecto). El proyecto Gallardón de esta forma viene a reforzar el carácter de derecho de la práctica del aborto en determinados supuestos al dejar impune, a quien los socialistas no dejaron, es decir, a la autora material e intelectual del delito, la mujer embarazada.

En definitiva el anteproyecto Gallardón, como la Ley Aido, consolida el derecho de la mujer a abortar, en el proyecto Gallardón en unos supuestos y en el de Aido en unos plazos, pero ambos reconocen el derecho de la mujer a abortar.

Rafael López-Diéguez Gamoneda
Abogado
Secretario General de Alternativa Española (AES)




domingo, 29 de dezembro de 2013

Patriarca de Lisboa: Natalidade é problema absoluto e valor primeiríssimo

In RR

Sem natalidade não há presente nem futuro. A preocupação é do Patriarca de Lisboa, que alerta para o que chama de “problema absoluto”. Em declarações à Renascença, à margem de uma conferência sobre política de família, D. Manuel Clemente pede prioridade para políticas que garantam apoios e valorização da natalidade.

“Se não tivermos uma sociedade em que a natalidade seja apreciada como um valor primeiríssimo, depois não temos a base nem para o presente, porque sem filhos também não há pais e as pessoas realizam-se pela paternidade e pela maternidade”, começa por dizer D. Manuel Clemente.

Depois, sublinha o Patriarca, “também não há futuro, porque as novas gerações é que nos trazem esse contributo indispensável, quantitativo e qualitativo, da realidade e da inovação”.

“É um problema absoluto”, alerta, cuja resolução “passa pela vinculação familiar, pelo apoio às famílias para a sua própria constituição e geração de filhos, passa também pela integração dos idosos e este papel reforçado dos avós também na educação dos netos, na colaboração com os pais”. “É um problema fundamental.”

Portugal tem um dos níveis mais baixos de natalidade da União Europeia, muito longe do que é desejável para a renovação das gerações.