domingo, 23 de setembro de 2012
A Visita de sua Santidade o Papa, ao Líbano - João J. Brandão Ferreira
sábado, 10 de abril de 2010
O Ataque à Igreja
João José Brandão Ferreira
TCor/Pilav(Ref)
6/4/2010
O grande alarido que por aí vai por causa dos hipotéticos e dos provados, casos de pedofilia em que estão envolvidos padres católicos poderia parecer mais um ataque daqueles recorrentes que se fazem à Igreja de Roma, sobretudo desde que uns revolucionários em Paris deram em cortar cabeças a esmo.
A extensão, organização e o alvo dos ataques leva, contudo, a que se deva prestar mais atenção ao fenómeno e em formas de actuação. A pedofilia é a desculpa, o objectivo a atingir é enlamear o Papa e com isso vibrar um golpe, eventualmente, mortal na Igreja de Cristo. A estratégia parece visar mais alto ainda: a vitória do laicismo sobre a religião. E não é contra o islamismo, o judaísmo, o cristianismo ou o budismo, que os laicistas empedernidos se viram, não, é contra o cristianismo. Porque será?
Os laicistas não estão satisfeitos com a separação do Estado e das confissões religiosas; não pretendem o respeito e a harmonia entre as pessoas, modos de vida e crenças, não, o que eles querem é domínio absoluto e para isso não hesitam em abrir as guerras que julgarem necessárias. Ainda não é uma guerra no sentido literal do termo – com mortos e feridos – mas lá poderemos chegar.
Como estão organizados os laicistas (que não os laicos…) e como se manifestam? Que organizações os representam? Eis perguntas que carecem de respostas explícitas. Os instigadores têm que passar a ter nomes, caras, identidade. Um dia um qualquer tribunal terá que apurar responsabilidades.
Casos, reais ou fictícios, de pedofilia envolvendo membros da Igreja Católica (os ocorridos com outros ramos do cristianismo, são curiosamente mais poupados…), viraram a brecha por onde entraram os Hunos!
Diga-se em abono da verdade que algum encobrimento e lentidão em reagir adequadamente aos casos conhecidos e provados, não abonam à hierarquia da Igreja. Mas esta, na sua prudência milenar e culto dos preceitos de indulgência, caridade e perdão, que a enformam, tentou talvez resolver as questões no seu seio sem causar escândalo público. Entende-se, mas uma coisa é o conceito de pecado e outra o de crime, abrangido pelas leis penais.
Por isso a Igreja só tem que fazer uma coisa nestes casos: é aplicar ela própria o direito canónico e deixar as autoridades aplicarem o direito público. E isto, tem que ser rápido porque afecta terceiros que ainda por cima são menores. O arrependimento, a reconciliação e o perdão, farão o seu caminho, mais tarde.
Quis a Igreja garantir todos os meios de defesa aos acusados, não se lhes pode levar a mal, já que a sociedade está cheia de leis onde os direitos prevalecem sobre os deveres e onde até os delinquentes estão mais defendidos do que os cidadãos honestos. Achar o contrário é hipocrisia política e social.
Ora a sociedade tem que olhar para estes casos como pontuais e circunscritos. Não deve aproveitá-los para se fazer um libelo contra a Igreja como Instituição e um julgamento público contra os sacerdotes e o seu múnus, no seu todo. E não podemos desligar do facto da Igreja, como Instituição, ser servida por homens. Homens que devem pautar o seu comportamento por preceitos elevados de conduta – o magistério de Cristo é exigente – nos homens. Só raros vão a Santos…
Ora não é isto que se tem tentado fazer. E o despautério chega ao ponto de querer responsabilizar Sua Santidade o Papa como se ele tivesse decretado alguma lei iníqua no sentido dos abusos sexuais, ou a Igreja fosse uma associação de malfeitores. Os advogados americanos e ingleses que querem julgar o Papa, porque não exigem também julgar o Presidente Obama e a Rainha Elisabete, pelos pedófilos de todas as profissões existentes nos respectivos países? Se um dia destes houver um caso de pedofilia numa unidade militar, vai-se pedir a cabeça do Chefe de Estado-Maior ou acabar com a tropa?
Tudo isto já foi longe demais.
Curioso também é verificar a tentativa de considerar como de causa/efeito, os abusos pedófilos com o celibato exigido aos sacerdotes. Outra demagogia, que pretende atacar indirectamente um preceito que parece preocupar tanto, os não católicos, sem lhes dizer minimamente respeito. Fica sem explicar, os casos de membros de outras confissões, que são casados ou podem casar e também foram acusados de pedofilia.
E é curioso verificar que nenhuma preocupação existe em ponderar os casos de pedofilia, com o desregramento das relações, o relativismo moral, a pornografia, a propaganda explícita e descarada que passa nos “media”, cinema, etc. Nem sequer afloram o facto de cerca de 80% dos casos de pedofilia registados, em geral, serem ocasionados por homossexuais…
Ora perante toda esta avalanche de ataques – que não vão parar – há que cerrar fileiras e passar ao contra ataque.
E para isto resultar bem, é imperioso que a hierarquia da Igreja passe a funcionar e dê as suas ordens. A Igreja já fez o número de genuflexões suficientes e já pediu perdão que baste. Ser humilde, reconhecer erros e pedir perdão por pecados, fica bem, até ao momento em que passe o limiar da dignidade, do decoro e da justiça.
Já é, até, discutível se é razoável pedir desculpas colectivas. Eu não me sinto responsável, pela escravatura, pelos pecados da Inquisição, a expulsão dos Judeus, a revolta dos Albigenses ou o saque de Constantinopla. Já basta ter que herdar as consequências. Não há purismos históricos. Mais a mais, quando mais ninguém no mundo segue o exemplo do Papa e dos Católicos! Sim, ainda estou para ver um rabino ou um pregador muçulmano, pedir desculpa seja pelo que for e já agora algum membro da Maçonaria, por terem mandado o Luís XVI e a Maria Antonieta para a guilhotina!
Por isso caríssimos Bispos, V. Exªs Reverendíssimas não usam o anel e o báculo apenas como símbolos de autoridade, é vosso dever merecê-los.
Por isso eu vos incito ao bom combate. Basta de ser saco de levar pancada, e já devem ter percebido que contemporizar não leva a lado nenhum.
Entende-se a prudência mas não se pode aceitar a paralisia do medo. E por mais que isso vos possa custar, enquanto “passamos” pela terra, estamos no Reino dos Homens. Não no reino de Deus.
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
A Manifestação pela Família e contra o casamento gay
João José Brandão Ferreira
TCor/Pilav (Ref)
21/2/2010
Ocorreu no dia 20 de Fevereiro e acabou por ser um sucesso relativo. Apesar de tudo, um sucesso.
Porque a consideramos um sucesso embora relativo? Por várias razões que passaremos a dilucidar.
Em primeiro lugar porque se conseguiu tirar do conforto do seu lar uns milhares de pessoas que pertencem a um conjunto de portugueses que não tem por norma manifestar-se publicamente. Sabe-se a dificuldade existente (é um facto social/humano) que as chamadas “maiorias silenciosas” têm em defender com ardor causas de princípio até mesmo, interesses pessoais ou de grupo. Essa militância está, normalmente, reservada a minorias determinadas que visam objectivos específicos e, ou, revolucionários.
Depois porque este “feito” foi conseguido por um grupo de pessoas voluntariosas, que não estão ligadas a partidos ou grupos “de interesse” e que, aparentemente, se dispuseram a trabalhar em troca de nada. E sem o apoio objectivo e material de qualquer organização ou instituição estruturada, existente. Sequer com o apoio explícito de figuras com visibilidade pública, de nomeada (há até quem se disponha a aparecer só depois de saberem da visibilidade do sucesso…)
Depois constitui um bom augúrio a participação de centenas de jovens – que representam o futuro – faixa etária que, naturalmente, se dedica a actividades de cariz mais lúdico.
Apesar do voluntarismo e insipiências de toda a ordem, a manifestação decorreu de uma forma muito razoavelmente organizada, em boa ordem de marcha e alto grau de civilidade.
Foi até bom que tivesse havido uma mini contra manifestação por alturas do cinema S. Jorge. E foi bom porque deu para ver o contraste de (muito) poucos que estavam com ela, versus os milhares que desfilaram à sua frente, tendo-os olimpicamente ignorado com a excepção de uns poucos casos individuais prontamente circunscritos. Saíu-se por cima!
E tudo isto se passou contando-se com uma hostilidade contida e indiferença, da maioria dos órgãos de comunicação social, o que demonstra o longo caminho que há a percorrer para se atingir um grau aceitável de ética profissional na classe dos jornalistas e, ou, empresas de comunicação.
Cumpre saudar a família real nas pessoas de SAR o Sr. D. Duarte e mulher, a Duquesa D. Isabel, que estiveram na linha da frente da manifestação. Assim deve ser, pois o exemplo deve vir de cima.
Já da hierarquia da Igreja se esperava mais. É certo que a manifestação não era de católicos (e seria bom que numa próxima oportunidade se pudesse contar não só com os evangélicos, mas também com judeus, muçulmanos e hindús), mas sim de todos os portugueses que se queiram bater pelos princípios fundamentais da sua cultura, identidade e liberdades fundamentais, que lhes vêm do princípio da nacionalidade.
Sem embargo, o que está em jogo, também, são princípios doutrinários da Igreja de Cristo. Compreendemos a necessidade de prudência, de reflexão e de ponderação. Mas quando o que está em causa são coisas essenciais, vai-se à luta com tudo o que se tem. Os generais têm que se pôr à frente das tropas, senão tal facto vai-se reflectir no moral das mesmas. Dá ideia, até, que se perdeu a Fé… Há coisas com que não se pode contemporizar sob pena de derrota total e humilhação. Na dúvida, evoca-se o Espírito Santo e vai-se ao combate, porque de um combate se trata!
O sucesso foi, pois, relativo, mas o absoluto é intangível…
Há pois que perseverar, criar capacidades e manter a coesão; o entusiasmo contagia e os menos crédulos na importância do seu contributo, precisam de ver coisas acontecer.
É precioso haver acção política e cívica fora da ditadura partidária, que inquina a vida nacional e está longe de ser representativa do todo português. É de suma importância fazer trabalho doutrinário (não se combatem ideias com bombas…), e ter paciência para esperar pelo resultado, não amanhã, mas para depois de amanhã. Ninguém vai mudar as coisas por cada um de nós.
A luta está longe de estar ganha. É preciso parar a lei iníqua que foi aprovada; é necessário conseguir um referendo sobre esta abominação do desvirtuamento do casamento; é urgente parar a destruição da família tradicional. E estes são apenas alguns aspectos em que incorre a verdadeira subversão da sociedade portuguesa (e ocidental!) que está em marcha.
Tal levará à descaracterização da nossa identidade o que aliado aos constantes ataques que têm sido desferidos relativamente à nossa individualidade augura, a prazo, não o “Finis Patriae” de que falava Guerra Junqueiro, mas o definitivo.