sexta-feira, 13 de março de 2009

O contra-catolicismo de alguns Bispos

A católica, assim ela se definiu a si mesma, Catalina Pestana na coluna que escreve semanalmente no periódico Sol insurgiu-se, no sábado ante-passado, contra a Nota da Conferência Episcopal por esta se opor ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. Como é que uma pessoa que contradita explicitamente Verdades Reveladas, e a própria razão, se considera católica é algo que ultrapassa as minhas capacidades de entendimento. Que depois desta posição pública se apresente à Sagrada Comunhão e esta não lhe seja negada só poderá ser “explicável” tendo em conta o mistério da iniquidade.

Catalina Pestana não se limitou, porém, a sovar o Magistério da Igreja senão que fairmou conhecer Bispos que concordam com a sua posição. Não adiantou nomes, limitou-se a levantar a suspeição. É certo que podemos não acreditar na sua asserção, dando-a como sujeita a alucinações. Se assim fora, todo o seu testemunho em relação às vítimas da Casa Pia, ficaria seriamente descredibilizado. Mas podemos também fiar-nos do que ela diz e ser levados a concluir que, como já aconteceu na história da Igreja, existem Bispos em Portugal que hipocritamente recorrem à dissimulação enquanto combatem e minam a Igreja por dentro. Já tivemos não poucos indícios disso, nestes últimos anos, relacionados com vários temas fracturantes, como hoje se costuma dizer, que foram surgindo.

Aliás o problema não é só português. A carta que o Papa Bento XVI escreveu aos Bispos de todo o mundo, e que hoje foi dada a conhecer, é um exemplo eloquente, num linguajar forte mas diplomático, disso mesmo. É muito importante que num momento como este cerremos fileiras em torno do sucessor de S. Pedro, rezando mais assiduamente por ele, manifestando-lhe a nossa comunhão e obediência, combatendo o seu combate.

Nuno Serras Pereira

12. 03. 2009

quarta-feira, 11 de março de 2009

Tribunal Constitucional ao serviço da Inviolabilidade da Morte


O tribunal constitucional (tc) que deveria velar pelo cumprimento da nossa constituição, que afirma a inviolabilidade da vida (humana), deu, segundo noticia a agência Lusa, mais uma vez, e de um modo totalmente abominoso, o seu alto contributo para a perpetuação e consolidação da inviolabilidade da morte cometida sobre uma classe de pessoas humanas totalmente inocentes e indefesas. A institucionalização do crime organizado dá cobertura legal ao homicídio em massa, através da indecorosamente chamada procriação médica assistida (pma), torna o estado cúmplice no genocídio, e mesmo carrasco, coage e força os contribuintes a pagarem a matança, e, como se não bastara, faz-se garante da protecção policial e judicial dos verdugos, perseguindo, julgando e condenando todos aqueles que tentarem por algum meio moralmente lícito, como por exemplo recusando-se ao pagamento de parte dos impostos ou fazendo cerco às “clínicas” para estorvar o seu funcionamento, proteger essa multidão de pessoas concretas, únicas e irrepetíveis, que se encontram na fase inicial da sua existência. Garante, pois, que ninguém viole o massacre discricionário e ilimitado que alguns se dispõem a realizar, como já acontece também com a liberalização do aborto.

Já há dias pudemos ver a terrível fotografia de Goebbels, refiro-me àquela que percorreu o mundo inteiro, com um Obama, rodeado de gente respeitável manifestando efusivamente a sua alegria e contentamento aplausível, enquanto assinava a tremenda sentença de morte para muitas centenas de milhares de pessoas, se não mesmo milhões, produzidas com o objectivo crudelíssimo de as retalhar. Cientistas eminentes não vêm sequer utilidade nenhuma para o avanço da medicina curativa, mas afirmam convictamente que a única explicação para essa decisão é a quantidade imane de lucros que se obterão enquanto não for evidente para todos a sua inutilidade.

O meu grande e estimadíssimo amigo João César das Neves é de opinião, se o interpreto bem, que os Bispos portugueses se arreceiam de proclamar algumas verdades em virtude das consequências nefastas que isso poderia acarretar para os pobres de que cuidam, uma vez que o governo poderia cortar economicamente as parcerias, patrocínios, subsídios, etc, às instituições que os auxiliam. Eu confesso humildemente que não abundo no seu parecer. Ou, se quisermos, que se a razão é essa ela me parece uma grande sem-razão. Seja como for, os nossos Bispos têm, então, agora mais uma oportunidade para se pronunciarem em defesa daqueles que o Papa Bento XVI, na sua Mensagem para o dia da Paz, ensinou serem os mais pobres de todos, os concebidos não nascidos.

Nuno Serras Pereira

11. 03. 2009

terça-feira, 10 de março de 2009

Seducidos por la Muerte: Médicos y pacientes ante el suicidio asistido y la eutanasia


Editorial Planeta acaba de publicar la traducción al castellano de un clásico sobre el suicidio asistido y la eutanasia: "Seducidos por la Muerte", de Herbert Hendin.

Es la obra en que se basó el Tribunal Supremo de los Estados Unidos para establecer que no existe derecho constitucional al suicidio asistido.

No es una obra cualquiera sobre la eutanasia. Es el informe serio y científico del Director Médico de la Suicide Prevention Internacional, y Catedrático de Psiquiatría del New York Medical College, que frenó a la administración Clinton cuando se disponía a sacar una ley financiada con fondos federales. El autor fue llamado a declarar, resumiendo las conclusiones de su obra, ante el Congreso de los Estados Unidos. Herbert Hendin se había desplazado antes a Holanda para estudiar la posibilidad de legalizar la eutanasia; el resultado fue este clarificador informe, recogido en un libro que se lee como novela, y que tuvo un enorme impacto en la opinión pública norteamericana.

Una cosa es el debate social sobre este tema en los medios de comunicación, que se produce casi siempre en torno a un caso límite. Y otra cosa es el estudio serio de los resultados reales de la eutanasia en un país, con vistas a implantarla en el propio. Continua

segunda-feira, 9 de março de 2009

O tempo favorável

Rui Corrêa de Oliveira
10. 03. 2009

Este tempo de Quaresma é bem o «tempo favorável»
para regressar às fontes, ao primeiro início,
ao instante onde tudo começou.

Não tanto ao dia em que nasci,
mas ao dia em que renasci, nascendo para Cristo,
o dia do meu Baptismo.

Essa graça primeira e definitiva que me tornou filho de Deus Pai,
irmão de Cristo e morada do Espírito Santo
e que colocou no meu coração esse desejo de Deus
de querer fazê-lo meu, sendo todo d' Ele.

Esta graça não anula a minha liberdade, antes a reclama e a provoca,
como uma pergunta a ser respondida em cada dia:
«que fiz eu do meu Baptismo»?

Às vezes parece que o que sobra desse dia
é pouco mais do que uma velha fotografia.

Mas em boa verdade, o que aconteceu
foi o maior milagre de toda a minha história: Deus estava em mim!
vindo para ficar, para me possuir
na totalidade daquilo que era e sou,
desde esse dia e para sempre.

É na morte e ressurreição de Cristo que posso reencontrar
os critérios para aferir os meus gestos e a minha adesão,
as minhas recusas e hesitações:
uma vida entregue, uma vida abraçada, um perdão completo.

É assim que quero viver esta Quaresma, diante de Cristo na Cruz,
car a Cara, olhos nos Olhos, sem fugas nem disfarces,
para que a Páscoa me encontre de novo decidido
a cumprir a vocação de santidade que o Baptismo semeou no meu coração.

O Teorema de A Canção de Lisboa


João César das Neves

In Diário de Notícias - 09. 03. 2009

Portugal está em crise. Mas qual crise? Estamos em crise há dez anos e esta é nova. Para compreender isto temos de separar duas coisas diferentes. A nossa primeira doença é a obesidade. Esta é a crise antiga, que vem da década de 90 e nunca mais se resolve. Portugal está balofo. Comeu mais do que devia e tem problemas de coração, digestão e locomoção por excesso de peso. Perdeu competitividade, empolou o orçamento, divergiu da Europa. A dívida total do país ao exterior (posição de investimento internacional) era de 8% do produto nacional em 1996. Em 2008 atingiu os 100%, sendo metade dívida pública. Isto é viver acima das posses, comendo mais do que devia!

O problema já fez fugir dois primeiros-ministros, o terceiro não teve tempo de fugir e o actual ainda não se sabe se fugirá. A história é fácil de contar. Com o eng. Guterres, que entrou em 1995, o País comeu à farta e engordou à grande. Em 2001, com a dívida já nos 50% do PIB, ele foi ao médico, recebeu o diagnóstico e... fugiu para a ONU. Depois veio o dr. Barroso, que leu a dieta e comprou fruta, mas em 2004, com a dívida nos 65%, fugiu para a UE. O dr. Santana Lopes disse que "gordura é formosura" e puseram-no fora. Tão depressa que nem mudou os 65%. O eng. Sócrates prometeu jejum, fez lipoaspiração, mas continuou a comer. Chegou-se aos 100%.

O nosso principal problema é esta terrível obesidade. Ou melhor, era. Porque de repente aconteceu algo que trouxe novos sintomas. O que sucedeu foi uma coisa impossível: uma epidemia mundial de tuberculose infecciosa, uma doença que não se via desde anos 1930. De repente, a tísica tornou-se tão dominante que temos de comer muito para ganhar forças. Para um país como Portugal isto dá a confusão. Agora o cardiologista exige dieta enquanto o pneumologista aconselha refeições reforçadas para curar a fraqueza. Que podemos fazer?

A resposta política é evidente. A prioridade neste momento tem de ser o emprego e para isso devemos usar dois instrumentos principais: orçamento e salários. Na despesa pública é preciso gastar, mas com cuidado. Devemos ajudar desempregados, empresas e pobres e é preciso salvar empregos viáveis. Mas tudo isto com o mínimo de gastos, por causa da obesidade. Relativamente aos salários é preciso moderação para enfrentar a crise, recuperar competitividade e fazer partilha justa dos sacrifícios. O dr. Silva Lopes, em conferência recente, chegou a recomendar congelamento salarial.

Tudo isto é muito bonito mas completamente fictício. Porque a real prioridade política este ano não será o emprego mas as eleições. A questão obsessiva serão três sufrágios. Por isso a política , nos dois instrumentos referidos, será muito diferente. Na despesa pública o que se fará é gastar, gastar, gastar, principalmente no que der votos. Nos salários, nos salários... bem... eh... vamos casar os homossexuais e pode ser que isso nos distraia.

Quer dizer que estamos perdidos? Claro que não. Apenas significa que não podemos contar com os políticos, coisa que sabemos desde a primeira dinastia. Entretanto, a economia e a sociedade terão de ir fazendo o necessário. Nesse sentido, a tuberculose até cria condições favoráveis para combater a obesidade. O novo rating e as taxas de juro superiores da dívida nacional implicam que a dieta será feita, quer se queira, quer não. É verdade que vem na pior altura, porque agrava as dificuldades da crise conjuntural. Mas isso também é algo que sabemos desde sempre. Quando as coisas são fáceis, metemo-nos em sarilhos, e só pomos a casa em ordem quando não há alternativa.

Este é o "teorema d'A Canção de Lisboa", formulado brilhantemente no primeiro filme sonoro português de 1933 de José Cottinelli Telmo. O "Vasquinho da Anatomia" só começou a estudar quando perdeu a mesada das tias. Nessa altura, quando tudo parecia perdido, deu a volta por cima e, com fado e um copo de tinto, até aprendeu o esternocleidomastoideu. É assim Portugal. Este teorema, aplicado em 1383, 1640, 1755, 1851, 1917, 1977 e 1983, será renovado em 2009.