Mostrar mensagens com a etiqueta Santos. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Santos. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Bernardes - por Nuno Serras Pereira

Nos dias de hoje lê-se de tudo. Basta entrar numa livraria para nos depararmos com um número infindável de títulos que interminavelmente se vão renovando a uma velocidade vertiginosa. Ele são best-sellers, ele são prémios nobel, eles são escritores de há muito consagrados, eles são inovadores no estilo, nos temas, nas sensibilidades… A literatura como um maremoto implacável submerge-nos numa ansiedade que freneticamente bulímica quer estar a par de tudo, não descurando nada, pelo menos, daqueles inumeráveis autores que nos são solene e indiscutivelmente apontados como os melhores e os mais autorizados.

E, no entanto, é imensa a palha e as bolotas que nos apresentam como nutrimento intelectual e que por jejum rigoroso de excelência, deliberadamente desdenhada e oculta, nos sabem como delícias do chefe José Avillez.

Já me referi num outro texto ao conselho avisado do excelente escritor P. João Maia, SJ, sobre os livros e autores a ler e a reler: Homero, Dante, Cervantes, Shakespeare, Dostoievski e poucos mais. Hoje porém desejaria indicar alguns autores dotados de uma excelência singularíssima na arte de escrever, tanto na forma como no conteúdo, e que, estranhamente, muitos deles não são tidos em conta na generalidade das apreciações. De facto, como é possível ignorar a correspondência de S. Jerónimo, as obras de S. Cipriano de Cartago, de Tertuliano, de Lactâncio; e que dizer das Confissões ou da Cidade de Deus de Sto. Agostinho? Dos sermões de S. João Crisóstomo? Das Homilias de S. Pedro Crisólogo? Da Moralia in Job de S. Gregório Magno? Das cartas de S. Pedro Damião? Do comentário ao Cântico dos cânticos e aos escritos sobre a Virgem Maria de S. Bernardo de Claravalle? Das poesias e dos comentários aos Evangelhos de S. Tomás d’ Aquino? Da biografia de S. Francisco de Assis por S. Boaventura, do seu Itinerário da Mente em Deus? Do Cântico das criaturas do mesmo S. Francisco? Como é possível fazer tábua rasa das obras de S. João da Cruz? De Santa dos Diálogos de Santa Catarina de Sena? Das obras de Santa Teresa de Jesus? De Frei Luiz de Granada? De Frei Luiz de Leão? Do nosso Frei Luís de Souza? Do P. Manuel Bernardes? Dos Manuscritos Autobiográficos de Santa Teresa do Menino Jesus? Estes, e os mais que podíamos indicar, são desprezados pela intelligentzia contemporânea e mesmo eclesial e no entanto são os alicerces, os fundamentos do que somos como cultura. Felizmente, embora não aparecem nas estatísticas oficiais, muitas destas obras têm tido incomparavelmente mais leitores do que os best-sellers; infelizmente muitos os desconhecem cada vez mais tendo cada vez menos acesso a eles.

As obras do P. Manuel Bernardes, por exemplo, que foram durante muito tempo alimento literário e espiritual de gerações encontram-se esgotadas e não são reeditadas. A Lello que tinha o mérito de as ter editado (apesar dos erros e gralhas), com a grafia actual, em cinco volumes de papel bíblia, de há muito que as não reedita. Hoje, mesmo em alfarrabistas, é extremamente difícil topá-las. Provavelmente, a crítica ferozmente iníqua que Jorge de Sena e outros lhe dirigiram terá contribuído para isso. Castilho, injustamente votado ao esquecimento, provavelmente por causa da “questão coimbrã”, numa página em que só peca por ser demasiado severo para o P. António Vieira, compara Bernardes e Vieira: 

“É Vieira sem contradição mestre guapíssimo de nossa língua, e o mesmo Bernardes assim o conceituava; que, porém, a si o propusesse como exemplar, nem o indica, nem consta, nem se pode com indução plausível suspeitar; eram ambos engenhosos no discorrer, puros e esmerados no exprimir; — eis aí a sua única semelhança; — no demais pareciam-se como entre si se podem parecer duas árvores de espécies diversíssimas.

Lendo-os com atenção, sente-se que Vieira, ainda falando do céu, tinha os olhos nos seus ouvintes; Bernardes, ainda falando das criaturas, estava absorto no Criador. Vieira vivia para fora, para a cidade, para a corte, para o mundo, e Bernardes para a cela, para si, para o seu coração. Vieira estudava graças a louçainhas de estilo; achava-as, é verdade, tinha boa mão no afeiçoá-las e uma graça no vesti-las como poucos; Bernardes era como estas formosas de seu natural que se não cansam com alindamentos, a quem tudo fica bem; que brilham mais com uma flor apanhada ao acaso, do que outras com pedrarias de grande custo. Vieira fazia a eloquência; a poesia procurava a Bernardes. Em Vieira morava o génio; em Bernardes o amor, que, em sendo verdadeiro, é também génio. Vieira sacrificava tudo à sua necessidade suprema, ao empenho de ser original e único; sacrificava-lhe a verdade, sacrificava-lhe a verossemelhança; sacrificava-lhe até a possibilidade; não hesitava em propor o princípio mais absurdo, como fosse ou parecesse novo, e como para lá não achava caminho pela lógica, fabricava-o com pontes sobre pontes, através de um oceano de sofismas, de argúcias, de puerilidades, de indecências, de quase heresias, e, contente de lá chegar por entre os aplausos, não se detinha a reflectir se não tinha sido aquilo um grandíssimo abuso da grande alma que Deus lhe dera, uma dúplice vaidade aos olhos da religião e da filosofia, um exemplo ruim, mais perigoso pelo agigantado de quem o dava. Bernardes não tomava tese que da consciência lhe não brotasse, e a desenvolvê-la aplicava todas as suas faculdades intelectuais, que eram muitas, e todas as faculdades morais que eram mais, tresdobradamente. Vieira zomba frequentes vezes da nossa credulidade, podemos desconfiar da convicção de Vieira, ainda quando nos fala certo; Bernardes é um amigo cândido e liso, que, ainda quando nos ilude, não nos mente.
Por tudo isso se admira Vieira: a Bernardes admira-se e ama-se.

Também Camilo Castelo-Branco, de resto admirador incondicional de Castilho, nutria um carinho muito especial por Bernardes preferindo-o a Vieira.

Acresce que a suculenta e saborosa doutrina ascético-mística, presente nas obras de Bernardes, no seu essencial (tendo embora em conta a mudança dos tempos), é de muitíssimo proveito para as almas cristãs, em particular para Sacerdotes e Religiosos.

Antero de Quental grande amigo de Eça lamentava a sua pobreza de vocabulário e exortava-o a ler os Clássicos. Mais tarde Eça, em Paris, começará a ler Vieira (aliás o seu conto do enforcado é um desenvolvimento de uma narração de Vieira num dos seus sermões do Rosário) e confidencia-o a António Nobre pedindo-lhe que quando voltasse a Portugal recomendasse a todos a leitura dos seus sermões.

A literatura portuguesa, em grande parte, afastou-se de tal modo das suas raízes que nos dias de hoje um leitor comum deparar-se-á com uma enorme dificuldade em compreender e saborear um texto de Bernardes, de Vieira, de Luís de Souza, de Heitor-Pinto. E como lhe servem quotidianamente repasto de ruim qualidade pode inclusive sentir-se enjoado e mesmo tomar asco aos escritos dos autores referidos. Não se deixe porém vencer desistindo pois se for constante e persistir a recompensa será grande. Então encontrará palavras que lhe enchem a alma, que trazem dentro em si as realidades que significam possibilitando-lhe experiências e vivências de transcendência. Eça, não obstante, todo o mérito literário, faz da religião um ornamento, um mero elemento estético. Mesmo o Suave Milagre e a Vida de Santos, não obstante a sua beleza e o facto de representarem claramente um avanço e uma aproximação ao religioso, carecem de densidade e profundidade (Raúl Brandão nas suas Memórias refere que estando com Eça lhe viu bentinhos, medalhas religiosas, no pescoço). 

Pelo contrário, quem conhece a obra de Camilo não estranhará os Clássicos nem a sua religiosidade pois que a linguagem dos seus textos está toda ela embebida dos escritos clássicos e religiosos, mesmo quando (ele ou o narrador) se atiça contra a Igreja ou mesmo quando blasfema. Será esta a razão do seu saneamento dos estudos de português? É verdade que nalgumas das suas obras ele recorre à linguagem religiosa para através dela incutir o contrário das suas verdades, por exemplo, a justificação do adultério.

Quanto mais aprofundo os textos e a vida do P. Manuel Bernardes mais me persuado da enorme conveniência de que seja mais conhecido e estudado. Desconfio mesmo que seja Santo, um Santo ainda não canonizado que pediu ao Senhor, com receio de perder a Graça da perseverança final, que o pusesse em estado de inocência antes da morte o que lhe foi concedido, salvo erro, dois anos antes de adormecer em Cristo. Como o pai de Santa Teresa de Lisieux, que também padeceu a mesma cruz, já beatificado, esperemos que Manuel Bernardes também o possa vir a ser.


 13. 08. 2012

sábado, 16 de junho de 2012

«Nadie, que yo sepa, ha quedado indiferente tras explorar la colosal figura del Padre Pío»


El 16 de junio de 2002 tuvo lugar en la Plaza de San Pedro, en Roma, la mayor ceremonia de canonización jamás vista. Fue honrado así uno de los más grandes santos del siglo XX, nacido en 1887 en Pietrelcina (Italia) y muerto en 1968 en el convento de San Giovanni Rotondo donde pasó, prácticamente sin salir, su último medio siglo de vida.

Su confesonario y su misa reunían a multitudes venidas de todo el mundo, atraídas por la santidad que evidenciaban, entre otros signos, los estigmas de la Pasión que le acompañaron desde muy joven y las conversiones y milagros obtenidos por su intercesión.

Y eso ocurrió en vida, pero sobre todo después de muerto, como explica a ReL el escritor José María Zavala, autor de Padre Pío. Los milagros desconocidos del santo de los estigmas (LibrosLibres).

¿Ha hecho más ruido el Padre Pío en estos diez años que en vida, como prometió una vez con sentido del humor?
Se cuentan ya por centenares, e incluso por millares, las conversiones y/o curaciones por intercesión de este gran santo en todo el mundo desde su canonización por Juan Pablo II, tal día como hoy pero de hace diez años. Y aun así, da la impresión de que sólo conocemos la punta del iceberg de la gran obra que, por su intercesión, sigue haciendo hoy el Señor en las almas de todos los pecadores.

De hecho, la quinta edición de su libro hubo de incluir un capítulo especial con casos conocidos presicamente a raíz de su publicación. A punto de salir la séptima edición, ¿tendría nuevos casos que contar?
Anteayer mismo recibí el último testimonio en mi correo electrónico: el de Irene, quien, tras leer el libro del Padre Pío empezó a rezar la novena al santo para que ella y su marido encontrasen trabajo. Pues antes incluso de terminarla hallaron los dos un empleo... ¡en plena crisis económica! ¿Acaso no es un verdadero milagro?

¿Y alguna curación milagrosa?
Hablando de milagros, puede usted imaginarse la ilusión que me hizo constatar que Ricardo, un viejo compañero de estudios al que no veía desde el colegio, se ha curado por fin de un cáncer de colon por intercesión del Padre Pío. Tras treinta años sin verle, apareció en una de las charlas sobre el Padre Pío que dio el también sacerdote capuchino Elías Cabodevilla. Al final, Ricardo se acercó a verme para darme la tremenda noticia: "José María, me estoy muriendo", sentenció. Acto seguido, me explicó que los médicos le habían dado tan sólo un 5 por ciento de posibilidades de seguir con vida tras extirparle parte del hígado a causa de una metástasis.
En la última cirugía, le abrieron en canal para echarle quimioterapia "a granel" y quemar las células cancerígenas con más bien nulas esperanzas de salvación.
  
¿Cuál era su estado de ánimo?
"José María", añadió él, con una serenidad que me conmovió, "no me da miedo morir; lo tengo asumido. Lo único que me preocupa es dejar viuda y dos niños de once y diez años..." Pensé entonces, emocionado, en que yo también tenía dos hijos de esa misma edad.

¿Y le habló del Padre Pío?
"Tranquilo, que te vas a curar", osé decirle. Y añadí, de corazón: "Esta misma noche empezamos a rezar mi esposa, mis hijos y yo la novena al Padre Pío por ti; haz tú lo mismo". Las pruebas médicas posteriores evidenciaron su inexplicable curación.

¿Y alguna conversión de la que haya tenido noticia recientemente?
¿Más milagros? Esther ha experimentado su propia conversión y la de su pareja con la que convivía desde hacía siete años sin estar casada por la Iglesia. Hace unos meses contactó conmigo para anunciarme que acababa de poner en marcha su proceso de nulidad para que tanto ella como él pudiesen contraer santo matrimonio algún día si era la voluntad de Dios. “Desde que leí el libro, rezo todos los días al Padre Pío para que me ayude a ser mejor”, me dijo Esther. Gloria a Dios.

¿Cuándo conoció usted al Padre Pío y cómo ha influido en su vida?
Hace poco más de cuatro años, unos amigos nos invitaron a ver una película sobre el Padre Pío en su casa, producida por la RAI italiana para la televisión. Por el camino, le dije ya a mi esposa que me parecía un rollazo tragarnos la película de un fraile, que encima duraba más de tres horas. Pero, a medida que la veía, sentí que algo se removía en mi interior. Hasta el punto de que esa misma noche, al regresar a casa, me puse a investigar en Internet la vida del Padre Pío. Me impactó que tuviese los estigmas del Señor en manos, pies y costado durante cincuenta años consecutivos, y que hubiese muerto como quien dice “anteayer”, en 1968, sin que yo tuviese la menor noticia de su existencia.

Y se puso a trabajar...
El Padre Pío irrumpió así en mi vida y me eligió, pese a todas mis miserias, como instrumento para darle a conocer en España y hacer el bien a tanta gente necesitada de Dios a través de un libro que no para de venderse. Desde que conozco al Padre Pío, recibo su ayuda para ser mejor persona y preocuparme por los demás. Nadie, que yo sepa, ha permanecido indiferente tras explorar la colosal figura del Padre Pío. 

Para este libro y posteriormente ha visitado varias veces la tumba del santo de Pietrelcina. ¿Vale la pena ir allí como lugar de peregrinación?
En San Giovanni Rotondo se encuentra el convento donde el Padre Pío vivió más de cincuenta años. Si uno acude allí con fe y sencillez de espíritu, sentirá su presencia. Igual que Teresa, quien, pese a estar alejada de Dios, viajó allí con su madre en busca del gran milagro que curase a ésta de un tumor en el cerebelo. Cuando regresaron a Madrid, tras una semana implorando la intercesión del Padre Pío, la madre estaba curada y la hija, convertida. El caso se relata con todo detalle en el libro; como muchos otros que yo mismo he presenciado.

Más allá de los favores obtenidos por su intercesión, ¿cuál es el mensaje del Padre Pío que lo hace tan actual para nuestro tiempo?
Como dijo el Papa Benedicto XV, “el Padre Pío es uno de esos hombres extraordinarios que el Señor envía de vez en cuando a la tierra para convertir a las almas”. Y sin remontarnos tanto en el tiempo, monseñor José Ignacio Munilla, obispo de San Sebastián, aseguró en la presentación del libro que el santo italiano fue suscitado por Dios “para sacudir la incredulidad de nuestro siglo y para escándalo de las mentes secularizadas”. El Padre Pío nos recuerda que Jesucristo murió en la cruz por Amor, para salvarnos del pecado, y que con ayuda de la gracia santificante debemos parecernos lo más posible a Él.
  

sábado, 24 de dezembro de 2011

¡Feliz nacimiento! 10 partos con milagros modernos oficialmente aprobados por la Iglesia

Casos asombrosos del siglo XX y XXI, médicamente acreditados ante la Congregación para la Causa de los Santos, que implican a madres y bebés en la era de la tecnología pre-natal y las ecografías.

In Religión en Libertad

Como el Nacimiento del portal de Belén no se conoce ningún otro, y sin duda es el más asombroso en los anales de la ciencia obstétrico-ginecológica. Pero también en tiempos modernos, de partos medicalizados, supervisados y con ecografías se han dado partos en los que la medicina se declaró impotente y sólo pudo ser testigo y acompañante de hechos inexplicables.

Recogemos diez nacimientos con final feliz que han sido reconocidos oficialmente como milagros por la Iglesia Católica, al estudiarlos dentro de causas de canonización o beatificación.

1. Marie-Josee, Québec, Canadá, 1962
Intercesora: Maria Catalina de San Agustín (1632-1668)

El Hospital Hotel Dieu de Québec fue fundado en 1639 por los primeros misioneros de Canadá, los agustinos hospitalarios, aunque en 1962 era un hospital moderno y bien equipado. Marie-Josée era una niña que nació con fórceps el 6 de mayo de ese año y al principio parecía sana, pero al día siguiente empezó a escupir sangre por la boca. Había sufrido un derrame sanguíneo dentro del craneo a causa del fórceps, y una puntura lumbar confirmó la hemorragia. Tampoco conseguía coagular la sangre. Tuvo convulsiones su tercer día de vida y una parada respiratoria el quinto día. Vitamina K intravenosa, masajes en el torax, oxígeno... no eran más que medidas paliativas, insuficientes.

Pero no murió, ni tampoco sufrió ningún daño cerebral como todo hacía pensar. Al cumplir 12 días, estaba perfectamente sana. Y siete años después, cuando los testigos médicos explicaron el caso, aún lo estaba. Y también 22 años después, cuando la Iglesia revisó el caso.

La familia había pedido la intercesión celestial de la valiente misionera francesa en Québec María Catalina de San Agustín (en el mundo, Catherine Longpre), que había sido enfermera en ese hospital tres siglos antes, en medio de las guerras con los indios iroqueses.Este fue el milagro que sirvió para beatificar a Sor María Catalina en 1989.

2. Solano Favarin, Santa Caterina, Brasil, 1979
Intercesora: Gertrudis Comensoli (1847-1903)

Solano Favarin nació en el hospital Sao Sebastiao de Turvo (en Santa Caterina, Brasil) el 26 de julio de 1979. Su padre, Donato, era agricultor humilde, y su madre Anadir, ama de casa. El doctor Aroldo Duarte, que asistió al parto constató la malformación del niño: no podía mover sus piernas, plegadas en alto, si se le tocaba lloraba de dolor y en esa postura (la única que podía) no se le podía amamantar. El masajista Angelo Tomasi constantó que no se podían estirar las piernas. En el hospital Sao Josè de Criciuma las radiografías asombraron a los ortopedas: sólo con carísimas cirugías y largas terapias podía lograrse alguna mejora parcial.

Las Hermanas Sacramentinas, con su superiora, visitaron al bebé y organizaron una novena y grupos de intercesión y oración, en los que participaron miembros de Cursillos de Cristiandad, niños de la escuela infantil, grupos del Apostolado de la Oración... y la intercesión de la Madre Gertrudis Comensoli, fundadora de las religiosas. Sin ninguna terapia ni medicina, el 9 de agosto, último día de la novena, para asombro de todos, el niño dejó de llorar: las piernas se habían alargado, se habían soltado y funcionaban con absoluta normalidad. El médico Marcello Meschita constató que no había explicación médica, como confirmó la comisión médica de Roma en 1988. El milagro sirvió para beatificar a Madre Gertrudis. Luego realizaría otro en 2001 con un niño de 4 años que sirvió para su canonización.

3. Valeria Atzori, Cagli, Italia, 1986
Intercesor: Nicolás Gesturi (1882-1958)

Valeria no nació pequeña, sino diminuta: 30 centímetros y 550 gramos. Ni siquiera era seismesina: era una prematura de solo 23 semanas de gestación. Su piel era roja-gelatinosa, transparente. No respiraba por sí misma. El doctor Franco Chappe, allí en la Clínica Universitaria de Cagli, aseguró que moriría y que, si no fuese así, sufriría graves daños cerebrales. Sufrió paradas respiratorias y cardíacas, y osteoporosis. En pocas horas se había deshidratado y pesaba ya solo 410 gramos. La alimentaron por vena umbilical y luego por sonda nasogástrica. Y no solo no murió, sino que cuatro meses después, la daban de alta.

Pero un año después, y dos años después, los controles eran claros: la niña no había sufrido ninguna secuela. Los informes de 1989 de las doctoras Melania Puddu y Liuliana Palmas lo confirmaron a los 3 años. Los médicos no se lo explicaban.

Pero los padres, Giovanni y Pietro, sí lo entendían: habían estado rezando en la tumba de fray Nicolás de Gesturi, muy conocido en Cagli. Juan Pablo II beatificó al fraile en 1999, cuando Valeria tenía 13 años.

4. María Solís Quirós, Costa Rica, 1994
Intercesora: María Romero Meneses

Claudia Quirós, de Costa Rica, estaba embarazada en su cuarto mes de gestación, cuando revisando las ecografías del 22 de junio de 1994 su médico detectó ya un exceso de líquido amniótico que podía afectar en la boca del bebé, el tercero de la familia. El 5 de septiembre, en San José de Costa Rica, el doctor Orlando Sánchez le previno de que la niña nacería con el grado más grave de labio leporino y malformaciones del paladar. Tendría dificultades de lenguaje, oído, deformación de maxilares, infecciones... y la cirugía era necesaria para cerrar el paladar. Enviaron copias de la película ecográfica a dos especialistas del Baylor University Medical Center y del Children´s Medical Center de Dallas (Texas), que confirmaron los diagnósticos.

Claudia y su esposo, Álex Solís Fallas, abogado, ex-diputado y profesor de la Universidad de Costa Rica, rezaron y pidieron oración. Claudia decidió comulgar cada día "para que la Sangre de Jesús bendijese a la niña". Además, su madre, que había sido alumna y amiga de la Sierva de Dios María Romero Meneses le animó a pedir su intercesión. Las religiosas de la iglesia de María Auxiliadora, por impulso de la abuela, también rezaban.

El 28 de noviembre de 1994 había 11 médicos en el parto, preparados para operar a la niña... ¡que nació sana! El médico Jorge Márquez-Máximo Díaz, director del equipo, habló con la prensa costarricense emocionado: "me quedé desconcertado al ver que era una niña sana y normal, especialmente en la parte de la boca y el paladar donde esperábamos malformaciones". El diagnóstico, confirmado en Dallas, era irrefutable. Pero la salud de la niña también. Los doctores Gonzalo Montero y Ana Cecilia de Cavallini revisaron todas las pruebas en 1997 y 1998 para el arzobispado, y los médicos Carlos Alú y Nino Pasetto lo revisaron para la Santa Sede. El Papa Juan Pablo II beatificó a María Romero Meneses el 14 de abril del 2002, cuando la pequeña María tenía 8 años.

5. Milagros Candelaria Bermúdez, Altagracia de Orituco, Venezuela, 1995
Intercesora: Madre Candelaria de San José

Era 6 de septiembre de 1995 y los médicos estaban provocándole el parto a Rafaela Meza de Bermúdez en el Hospital Juan Francisco Torrealba, donde ella llevaba 8 días recluida y monitorizada. Y esperaban encontrar un bebé muerto. Los ecosonogramas mostraban que el corazón del bebé se había parado. “El bebé tenía una disminución importante del líquido amniótico. No encontré signos de vitalidad fetal, no tenía movimientos corporales, ni respiratorios, ni actividad cardiaca”, declaró luego el ginecobstetra Carlos Limonghia la prensa venezolana. El médico tratante, Pedro Rojas; Rafael Gallardo; obstetra, Marcos Ramírez, internista; la jefa de enfermería, Maribel Mena, y los médicos residentes fueron testigos de las condiciones adversas del bebé.

“Los médicos me hacían muchos exámenes y me decían que mi bebé estaba muerto porque no sentían los latidos del corazón. No tenía líquido y aquello estaba seco, las enfermeras también se acercaron para ver lo que sucedía”, rememora Rafaela Mesa, que entonces tenía 34 años, un cuadro clínico de hipertensión arterial crónica, anemia y preeclampsia y otros cuatro hijos.

“En el hospital trabajaba una mujer que perteneció a la congregación de las Carmelitas, llamada Yurima Cañizal. Ella me entregó una estampita de la Madre Candelaria y me dijo: “Vamos a rezar, Rafaela, no llores, vamos a pedirle un milagro a la Madre Candelaria". Antes de darme esa estampita ya yo venía con mi fe y tenía confianza en Dios y en ella de que me iba a hacer el milagro, a pesar de que me decían que el bebé estaba muerto".

Sorpresa. A las 8 de la noche la niña salió viva, y lloró. Pesaba un kilo 300 gramos y medía 32 centímetros. Estuvo tres meses en incubadora y soportó varios paros respiratorios. Al escuchar el llanto de la pequeña, el padre, José Bermúdez, salió del hospital y abrió los brazos. Le dio alabanzas a Dios y dijo: “Hija, te llamarás Milagros del Valle Candelaria". La niña hoy sigue sana y es buena estudiante, aunque su familia sigue siendo pobre: el padre es agricultor y la madre planchadora.

“¿Qué pasó? No lo sé”, se interrogaba con insistencia el doctor Carlos Limonghi en radios y diarios venezolanos. “Había cerca de 14 personas observando que el feto estaba muerto y yo busqué argumentos para tratar de negar el diagnóstico, estimulándole la barriga, moviéndola y colocándole una solución glucosada para mover al bebé, pero no había actividad cardíaca. Lo aseguro. Cuando se movió y respiró ocurrió un hecho extraordinario”.

Madre Candelaria de San José, fundadora de la Congregación Hermanas Carmelitas, en Venezuela, fue beatificada el 28 de abril de 2008 en Venezuela, con la presencia de 30.000 fieles y la notoria ausencia de las autoridades bolivarianas.

6. Sandra Grossi de Almeida, Sao Paulo, Brasil, 1999
Intercesor: Antonio de Sant´Anna Galvao, "Fray Galvao" (1739-1822)

Aquí el milagro no reside en el bebé, sino en la madre, Sandra Grossi. A San Fray Galvão, el primer santo brasileño, canonizado en 2007, se le atribuye el milagroso parto de Sandra Grossi, de 37 años, licenciada en química y madre también de una niña adoptada. Ella tenía un«útero bicorde», un cartílago que se forma en medio del útero, separándolo en dos partes, lo que imposibilita el crecimiento del feto por falta de espacio, lo que le había causado ya tres abortos naturales.

Sandra comenzó a rezar las oraciones llamadas "píldoras de Fray Galvao". En la primera noche de la primera novena a Fray Galvão, la hemorragia paró y los dolores cesaron. Sandra reconoció a este hecho : «Fue una señal de la intercesión de Fray Galvao por mí». En el cuarto mes de gestación la sometieron a una cirugía para cerrar el cuello del útero. Sandra siguió encomendándose a Dios por intercesión de Fray Galvao. En el quinto mes de gestación se dio un riesgo de aborto a causa del tamaño del bebé.

Después de pasar por esa fase crítica, consiguió llegar a la 32ª semana de gestación, algo inimaginable para su caso. «Para los médicos parecía imposible pero no para Dios», reconoce Sandra. También parecía inimaginable la conservación del útero tras el parto, ya que el cartílago imposibilitaría la expulsión de la placenta y la única salida sería una histerectomía (extracción total del útero). El parto fue por cesárea el 11 de diciembre de 1999. Enzo padeció al nacer un problema pulmonar grave, una de las principales causas de muerte entre los prematuros. Su madre volvió a encomendarse al futuro santo. Al pequeño le quitaron los tubos al día siguiente, algo que en casos similares sucede sólo después de varias semanas. Hoy Enzo es un niño sano. Y Fray Galvão fue canonizado en Brasil personalmente por Benedicto XVI en su viaje del 11 de mayo de 2007: el primer santo brasileño.

7. Begoña León, Madrid, España, 2000
Intercesor: Rafael Arnáiz, "Hermano Rafael"

De nuevo aquí el milagro se centra en la madre, no en el bebé. El hermano Rafael, hoy San Rafael de Arnáiz, uno de los patronos de la JMJ de Madrid, es el santo que intercedió por la madrileña Begoña León. La cosa empezó como una historia de Navidad, pero mala. El suplemento "Fe y Razón" de La Razón lo contó con detalle.

El 25 de diciembre de 2000, Begoña León Alonso, embarazada de siete meses, ingresó de urgencias al hospital madrileño Gregorio Marañón, donde le practicaron la cesárea. La niña estaba sana, pero Begoña sufría una tensión altísima llamada «eclampsia» y no creían que el corazón aguantara. Además, se le añadía un fallo hepático y tenía hemorragias internas. Fue ingresada en reanimación: sufría el infrecuente «Síndrome de Hellp». «Yo oía decir, “corre, corre, que se nos va...» Pero no podía hacer nada», explicó Begoña a La Razón.

Una amiga, Mª Josefa González Cueva, «muy devota del beato Rafael», comenzó a rezar por ella. «Gracias a ella yo ya conocía al beato Rafael, me había dado alguna estampa y la novena, que rezaba mi madre», relata Begoña. Rezaban también en la Trapa de Dueñas, antiguo hogar del monje. «Cuando pasó todo, los médicos me llegaron a decir que en aquellos momentos no daban por mí ni medio real», asegura Begoña.

Pero como un regalo de Reyes, todo cambió el 6 de enero, cuando mejoró sin razón aparente. «Yo lo atribuyo a un milagro, pero no por el hecho de ser creyente, que lo soy, sino porque ningún médico ha sabido darme una explicación científica. Cuando salí del hospital y les di las gracias, me dijeron “nosotros no hemos hecho nada, Begoña, has sido tú”. Yo estoy convencida de que fue el beato Rafael», asegura. Fue canonizado el 11 de octubre de 2009.

8. Gianna Mª Arcolino, Brasil, 2000
Intercesora: Gianna Beretta Molla

Santa Gianna Beretta está destinada a ser una de las más populares santas "comadronas", que ayuden a las parturientas y sus bebés. Por un lado, ella era doctora y madre de familia en pleno siglo XX. Por otro, murió en 1962 por salvar a su bebé, retrasando unos tratamientos. El milagro que concedió a Gianna María Arcolino llegó apenas unas semanas después del de Begoña León en Madrid.

Elisabete Comparini, brasileña, tenía tres hijos y quedó nuevamente encinta en 1999. Pero perdía mucha sangre y el 11 de febrero del 2000, a las 16 semanas de gestación, tuvo pérdida completa del líquido amniótico. Los doctores le recomendaron un aborto para evitar riesgos de infección para ella. Primero con suavidad, luego con insistencia. Según los médicos, la posibilidad de supervivencia del niño en esas circunstancias era cero.

Pero Elisabete y su marido decidieron seguir adelante con el embarazo. Apareció por el hospital el obispo diocesano de Franca (Brasil), que les había casado, y su párroco... para darle la unción de los enfermos. Pero el obispo le dio además información sobre la beata Gianna Beretta, cuyo milagro de beatificación había sido curar a una parturienta tras una gravísima cesárea. Y el matrimonio y muchos más rezaron a la doctora Beretta.

Las semanas pasaron y la niña, contra toda lógica, seguía viva sin líquido amniótico... y así estuvo 16 semanas. Llegada la semana 32, el 31 de mayo del 2000, Elisabete fue operada y trajo al mundo una niña sana, que se llama Gianna María. La doctora Beretta fue canonizada el 16 de mayo de 2004.

9. Pietro Schiliro, Milán, Italia, 2002
Intercesores: Louis y Zelie Guérin

Louis Martin y Marie-Celie Guerin de Martin, los padres de Santa Teresita de Lisieux, perdieron a cuatro de sus nueve hijos cuando aún eran niños. Por eso es significativo el milagro que los elevó conjuntamente a los altares como beatos: la curación del bebé italiano Pietro Schiliro. Pietro nació en Milán el 25 de mayo de 2002, el quinto hijo de Walter y Adele Schiliro.

El bebé no podía respirar: "malformación congénita caracterizada por una grave subversión de estructura pulmonar". No podía respirar ni podría hacerlo nunca, según la ciencia. En teoría debía morir de un momento a otro, y cuando cumplió una semana fue bautizado de urgencia. Ese día, el sacerdote carmelita Antonio Sangalli recomendó a los padres de Pietro rezar una novena a los padres de Santa Teresa, con amigos y conocidos. Muchos se sumaron a la oración... y a partir del 29 de junio el niño mejoró. El 27 de julio estaba en casa. La beatificación conjunta se celebró el 19 de octubre de 2008 en Lisieux, con la presencia de Benedicto XVI (y del actual Ministro de Interior español, Jorge Fernández Díaz, devoto de la pareja).

10. Rafael de Jesús Barroso Santiago, Xalapa, México, 2002
Intercesor: Rafael Guízar y Valencia

Desde 2006, San Rafael Guízar es el primer obispo mexicano santo. Su oración desde el Cielo curó al hijo de Valentina Santiago y Enrique Barroso, de Xalapa. A los 7 meses de embarazo, los médicos dieron la noticia a Valentina: el niño nacería con labio leporino y paladar hendido. "Nos encomendamos mucho a Rafael Guízar para pedirle su intercesión para que mi hijo naciera sano", rememora Valentina. "Nunca nos cansamos de pasar a la tumba de Rafael Guizar en la catedral", dice la madre de Rafael. "Mis padres siempre fueron muy devotos a monseñor y nos inculcaron eso, venerarle y pedirle cualquier milagro", agrega la mujer.

El 2 de marzo de 2002, su vástago nació completamente sano para sorpresa de los médicos. "Por eso mi hijo se llama Rafael de Jesús", declara Enrique. Luego el postulador de la causa "nos pidió las pruebas, los dos ultrasonidos y un video, preguntó al radiólogo del ultrasonido y se basó en eso para comenzar a investigar más". El obispo Rafael Guízar fue canonizado el 15 de octubre del 2006.

Son sólo algunos de los casos asombrosos del siglo XX y XXI, médicamente acreditados ante la Congregación para la Causa de los Santos, casos que implican a madres y bebés en la era de la tecnología pre-natal, las ecografías y, tristemente, del aborto provocado.


quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

El milagro de Santa Kateri contra una bacteria devoradora de carne puede ser el más mediático

In Religión en Libertad

Milagro oficial. No sucedió en un lugar remoto, en circunstancias confusas, ni hace cientos de años... pasó en 2006, en Estados Unidos, en el país mejor comunicado del mundo, en el Hospital Infantil de Seattle y la cámara hiperbárica del centro médico Virginia Mason, bajo la supervisión de un equipo pediatra e interdisciplinar.

El milagrado lo contará durante décadas
Su protagonista, Jake Finkbonner, tenía cinco años y estuvo a punto de morir, pero milagrosamente vive... y si no pasa nada extraño vivirá muchos años, y contará su testimonio bien adentrado el siglo XXI.

Jake tiene once años y ha colocado las fotos de su rostro deformado por la enfermedad en su web www.jakefinkbonner.com . Todo a la vista.

Y habla en televisiones y se deja entrevistar, como aquí, en KomoNews.com (KomoTV). .

Así, Kateri (Catalina) Tekakwitha, una india insignificante, de cara desfigurada por la viruela y despreciada por su pueblo en el siglo XVI, que murió joven, se convierte en la primera india de América del Norte santa, una de las pocas laicas santas de Estados Unidos, un país que pedirá que se cuente una y otra vez el milagro.

Por muy anticatólico que sea Hollywood, la asombrosa relación entre Kateri y Jake (que es indio lummi por rama paterna) y el drama de la enfermedad invencible y asombrosamente vencida, da para más de una película. Como ha insistido siempre el cristianismo, el sufrimiento esperanzado de aquella (Kateri) trae la liberación luminosa de éste (Jake). Kateri gana batallas después de muerta, porque los santos viven con Dios. De hecho, Jake dice que lo vio, a Dios, durante su enfermedad.

Una bacteria devoradora de carne
El milagro sucedió en 2006 y hace tiempo que se conocía, pero solo este lunes 19 de diciembre de 2011 el vicepostulador de la causa de Kateri Tekakwitha confirmó que éste es el milagro aceptado en la Congregación de la Causa de los Santos para canonizar a la joven india. Los expertos médicos del proceso de canonización y los que atendieron a Jake, según parece probado, no saben por qué se curó el niño.

Todo empezó cuando Jake tenía cinco años y, jugando al baloncesto en su ciudad de Sandy Point, se cayó al suelo y se hizo una herida en la boca. Por esa herida entró la bacteria Fasciitis necrocitante, también llamada Strep A, y, de forma más popular, la "bacteria devoradora de carne". En realidad no come la carne pero genera toxinas que disuelven los tejidos a gran velocidad y a menudo la única forma de salvarse es cortar con rapidez el miembro infectado; así perdió su pierna en 1994 el antiguo primer ministro de Quebec, Lucien Bouchard, o quedó sin brazo en 2004 el Nobel de física Eric Allin Cornell.

La madre de Jake, Elsa Finkbonner, lo explica con claridad: "lo normal es que la gente adquiera esta enfermedad en una extremidad, y la solución más simple es amputar. Pero no podías hacer eso por Jake, porque la infección estaba en su cara".

Las fotos son terribles.Cada día los doctores del Hospital Infantil de Seattle cortaban más y más trozos de piel y tejidos, pero la enfermedad avanzaba. Cada día llevaban al niño a la cercana cámara hiperbárica del centro Virginia Mason: el oxígeno debía ayudar a ralentizar el proceso. Pero la enfermedad no se detenía. Se extendió por el cuello y por los hombros. Cada día los médicos pensaban que el niño iba a morir, pero seguían actuando contra toda esperanza.

Indios de la nación lummi y católicos
Mientras tanto, Elsa y su marido Donny rezaban por su hijo. Donny es miembro de la nación india lummi, también llamada Lhaq´temish, (www.lummi-nsn.org), de los que quedan unos 5.000, y que son católicos en su mayoría desde que fueron evangelizados por los oblatos en el siglo XIX. Muchos viven en una pequeña península en la costa pacífica, cerca de la frontera de Canadá, y sus ancestros controlaban en esas costas e islas, un pueblo de mar y canoas.

Fueron los médicos los que recomendaron a los Finkbonner que llamaran a su sacerdote. El padre Tim Sauer atendía la parroquia de la reserva lummi y dos parroquias más. El padre Sauer llamó al capellán del hospital, conocido suyo, que le dijo "bien, padre, es muy posible que Jake ya no esté aquí mañana". Así entendió que Jake podía morir en cualquier momento.

El padre Sauer pensó en la beata Kateri Tekakwitha, hija de un indio mohawk y una india algonquina raptada, cuyo rostro había quedado marcado por la viruela en su infancia, y que dedicó toda su juventud a orar y cuidar enfermos. Se dice que cuando murió, las marcas de su rostro desaparecieron, y todos los enfermos que había estado cuidando se curaron milagrosamente en el día de su funeral. Kateri es patrona de los indios, así que Tim Sauer animó a los padres a rezar pidiendo su intercesión. Lo mismo hicieron en sus tres parroquias, incluyendo la de la nación lummi, y mucha otra gente alertada por los parroquianos.

18 días cortando tejidos
Durante 18 días, los médicos cortaron piel y tejidos. Realizaron 20 operaciones quirúrgicas en esos días. Y la enfermedad remitió. Se detuvo la corrupción de tejidos y desapareció el peligro de muerte. Quedaron las cicatrices y el rostro deformado.

Todavía no circulan declaraciones públicas del equipo médico sobre lo que pasó, pero sí ha hablado el vicepostulador de la causa, Paul A. Lenz: "ellos [los médicos de Seattle y los de la comisión del Vaticano] no creen que su habilidad médica fuese la cura; cada noche pensaban que Jake iba a morir".

La familia, encantada con los médicos
Los Finkbonner están encantados con los médicos. Consideran que su entrega y pasión ya son en sí mismas milagrosas y lo han declarado muchas veces. En su web, Jake escribe: "estoy agradecido a los médicos del Hospital Infantil de Seattle que salvaron mi vida". Y la familia anima a la gente a donar sangre, con fotos y todo. Su hijo a los 9 años ya había necesitado 100 unidades de sangre, por las 20 operaciones de 2006 y otras cinco que vendrían después. En 2011, ya son 29 operaciones.

La familia cumple lo que enseña la Biblia en Eclesiástico 38 (Sirácida): "Honra al médico por sus servicios, como corresponde, porque también a él lo ha creado el Señor. La curación procede del Altísimo (...). El Señor dio a los hombres la ciencia, para ser glorificado por sus maravillas. Con esos remedios el médico cura y quita el dolor, y el farmacéutico prepara sus ungüentos."

"Fue realmente un milagro"
Pero los Finkbonner también están agradecidos a la santa y a Dios. "En mi corazón, todos nosotros, hemos visto siempre que la recuperación de Jake, su curación y supervivencia, fue realmente un milagro. Si hacen santa a la beata Kateri, será un honor formar parte del proceso", afirma Elsa, la madre, en The Bellingham Herald.

"En nuestro corazón, sabemos que lo de Jake es un milagro, lo hemos visto con nuestros propios ojos", dice el padre, Donny.

En la nación lummi, Henry Cage, antiguo presidente de la reserva y parroquiano de la Iglesia Católica de St. Joachim, afirma: "mucha gente está contenta hoy, es algo que todos estábamos esperando." Una causa de alegría para todos los indios de Estados Unidos y Canadá (Kateri Tekakwitha vivió en ambos países).

Vio a Dios y a sus parientes difuntos
Un aspecto curioso de este milagro no es solo que el milagrado vive para contarlo, sino que además, a sus once años, tiene una experiencia mística que explicar a cualquier televisión o radio que le pregunte. Le sucedió durante los días en que se debatía entre la vida y la muerte. Dice que sintió su cuerpo muy ligero, y que entonces tuvo una visión. "Veía abajo el hospital, veía mi familia. Lo único que no veía era a mí mismo", explica.

También vio a parientes difuntos, como su tío y su bisabuela, y ángeles. Y el Cielo y a Dios. Dice que Dios se sentaba en una gran silla y que era muy alto. "No era del tamaño de una persona normal", afirma Jake. "Le di un abrazo a Dios. Le pregunté si podía estar en el Cielo, porque me gustaba de verdad estar allí. Y Él me dijo que no, porque mi familia me necesitaba en la tierra".

Elsa Finkbonner recuerda que ella estaba sentada junto a su hijo de cinco años, terriblemente deformado. "Recuerdo que él yacía allí, en su cama de hospital, en su habitación, y se sentó muy recto y dijo: me han alzado ["I´ve been raised", en inglés]. Y yo dije: ¿dónde? Y me dijo: al Cielo". Y le contó su visión.

Sin miedo a morir

Hoy Jake estudia en Bellingham, en la Assumption Catholic School, y le atrae ser cirujano plástico, pero también arquitecto. Su madre dice que "le emocionará ver al Papa, sería la guinda del pastel para él". Sigue jugando a baloncesto y le gustan los videojuegos.

Y tiene un consejo para los que sufren enfermedades que pueden ser mortales. "No os asustéis en absoluto. En cualquier caso, será algo bueno. Si vais al Cielo, estaréis en un lugar mejor. Si vivís, volveréis con vuestra familia", asegura con tranquilidad.

En el país con los medios de comunicación más potentes e influyentes del mundo, este mensaje puede llegar a millones de personas. Cuando se establezca la fecha de la canonización y las televisiones americanas se vuelquen en Roma, la familia Finkbonner tendrá mucho que decir a sus compatriotas.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Saints Joachim and Anne: The Icon Of Marital Love - by Christopher West

In Theology of the Body Institute

By Christopher West

Several years ago, while a Byzantine Catholic priest was giving me a tour of his church, I spotted a large, prominent icon of a couple embracing. Looking closer, I realized there was a marriage bed behind them. It was clear that this was a beautifully chaste portrayal of marital love and union. Of course, with my keen interest in the Theology of the Body and the history of "spousal symbolism" in the Church, I wanted to know the story behind this "icon of marital love" in Eastern theology.

"You know who they are, don't you?" asked the priest. "No, I don't." "That's Joachim and Anne," he said. "Do you know what we call this icon?" "No, I don't," I replied, with interest in learning. "The Immaculate Conception." I was filled with a sense of wonder and also with deep gratitude for the "holy daring" often found in the Eastern theological tradition.

To be honest, I had never given any thought to the reality of Joachim and Anne's loving union. If I thought at all about the "coming to be" of Mary in her Immaculate Conception, the word "conception" made me think in terms of that miraculous event in the womb of Anne when the full merits of Christ's death and resurrection were applied "in advance" to Mary from the first moment of her existence (see CCC 491-492). But in terms of the union of Joachim and Anne that preceded the biological and theological event of Mary's conception, I never really considered it. I may have even thought one shouldn't consider it. Yet here, in this sacred icon - unbeknownst to most of us in the West – the tradition of the Eastern Church holds up the chaste, loving union of Joachim and Anne as the main symbol for contemplation in the mystery of the Immaculate Conception.

What are we to make of this? It goes without saying, of course, that we must respect the important veil that surrounds the mystery of Joachim and Anne's embrace, as this icon does. With that respect as our starting point, at least one thing I think this icon leads us to consider is the possibility of real holiness and virtue in the marital embrace, not only as an intellectual idea, but as a lived experience. The marital embrace of Joachim and Anne, as chastely portrayed in the sacred icon of the Immaculate Conception, should help all married couples to aspire to an intimate life that is "full of grace." The conjugal act itself, John Paul tells us, as the consummate expression of the sacrament of marriage, is meant to be an expression of and participation in the "life 'according to the Spirit'" (see TOB 101:6), that is, in the very life of the Holy Trinity.

Of course, if this "grace-filled" reality is to become a lived experience for couples and not just an intellectual idea, we must be willing to undergo a "full purification," as Blessed John Paul II put it (see TOB 116:3). And this involves ongoing and often very painful trials. We are purified by fire, and that fire can "burn" in various seasons of our life with great intensity. Certainly, Joachim and Anne were no strangers to that journey of purification.

Since I first discovered it, the sacred icon of the Immaculate Conception has become one of my favorite treasures of the East. Contemplating the chaste love of Joachim and Anne has led me all the more, to use Blessed John Paul II's words, to be "full of veneration for the essential values of conjugal union .... of the conjugal act." It has led me to appreciate more deeply the fact that the conjugal act "bears in itself the sign of the divine mystery of creation and redemption" (TOB 131:5).

This July 26th, as we celebrate the feast of Saints Joachim and Anne, may we be filled with great veneration for their marriage, and may we not fear the "full purification" required in following their example. Amen.

sábado, 2 de abril de 2011

"Juan Pablo II murió, ahora vive para siempre": Testigo recuerda 2 de abril de 2005

ROMA, 02 Abr. 11 / 03:17 am (ACI/EWTN Noticias)

Al cumplirse hoy seis años de la muerte del Papa Juan Pablo II, uno de los testigos de su muerte el 2 de abril de 2005 y miembro de la Oficina de Celebraciones Litúrgicas del Pontífice durante 13 años, Mons. Konrad Krajewski, recuerda la fecha y afirma que "Juan Pablo II ha muerto, eso quiere decir que ahora él vive para siempre".

En un artículo publicado en la edición de este 2 de abril en L'Osservatore Romano, Mons. Krajewski recuerda que fue el ahora Cardenal Stanislao Dziwisz, quien fuera por más de 40 años secretario personal del Papa Wojtyla, quien rompió el silencio alrededor del fallecido Pontífice.

"Estábamos de rodillas alrededor de la cama de Juan Pablo II. El Papa yacía en la penumbra. La luz discreta de la lámpara iluminaba la pared, pero se le podía ver bien. Luego el Arzobispo se levantó. Encendió la luz de la recámara, interrumpiendo así el silencio de la muerte de Juan Pablo II".

"Con voz conmovida, pero sorprendentemente firme, con el típico acento montañero, alargando algunas sílabas, comenzó a cantar: 'Te alabamos Dios, te proclamamos Señor'. Parecía una voz que venía del cielo. Todos miramos maravillados a Don Stanislao. Y la luz seguía al canto y las palabras que seguían: 'Oh eterno Padre, toda la tierra te adora...' y nos daba la certeza a cada uno de nosotros".

Mons. Krajewski añade: "Así -pensábamos- nos encontramos ante una realidad totalmente distinta. Juan Pablo II ha muerto, eso quiere decir que ahora él vive para siempre".

"A pesar del corazón sollozante y con el llanto anegando la garganta, pudimos cantar. A cada palabra nuestra voz se hacía más segura y más fuerte. El canto proclamaba: 'Vencedor de la muerte, has abierto a los creyentes el Reino de los Cielos'. Así, con el himno del Te Deum, hemos glorificado a Dios, bien visible y reconocible en la persona del Papa".

En cierto sentido, prosigue el sacerdote, "esta es también la experiencia de todos los que se han encontrado con él durante su pontificado. Quien entraba en contacto con Juan Pablo II se encontraba con Jesús, a quien el Papa mostraba con todo su ser: con la palabra, el silencio, los gestos, el modo de rezar, el modo de actuar en la liturgia, el recogimiento en la sacristía: con todo su modo de ser. Se notaba inmediatamente que era una persona colmada de Dios".

Durante los últimos años de su vida, señala Mons. Krajewski, "bastaba con verlo para descubrir la presencia de Dios, y así comenzar a rezar. Era suficiente para ir a confesarse: no solo por los pecados sino por no ser santos como él".

"Cuando ya no podía caminar bien, durante las celebraciones, y se volvió totalmente dependiente de los ceremonieros, comencé a darme cuenta de que estaba tocando a una persona santa. A veces, entonces, irritaba a los penitenciarios vaticanos porque, antes de cada celebración, iba a confesarme, siguiendo un mandato interior y una fuerte necesidad de recibir la absolución para poder estar a su lado".

Ese 2 de abril de 2005, cuando salió del departamento del Papa en el Palacio Apostólico "vi a una multitud de gente que caminaba en silencio recogido. El mundo se había cerrado, se había arrodillado y había llorado".

"Estaba quien lloraba solo por el hecho de haber perdido a una persona amada y que luego volvía a su casa como había llegado. Y estaba también aquellos, que unía a las lágrimas exteriores las lágrimas interiores y se daba cuenta de que no era adecuado ante el Señor. Este llano era bendito: era el inicio del milagro de la conversión".

El sacerdote recuerda además que entre las tareas que le tocaban también estaba "hacerse cargo del cuerpo del Papa difunto. Lo hice por siete largos días hasta el funeral. Poco después de su muerte, vestí a Juan Pablo II ayudado de tres enfermeros que lo cuidado por largo tiempo".

"Ya había pasado como una hora y media del deceso, y seguían hablándole como si estuvieran hablando con su papá. Antes de vestirlo con las vestimentas propias lo tocaban con amor y reverencia, como si se tratara auténticamente alguien de la familia".

Al comentar luego que cada día celebra la Eucaristía en las Grutas Vaticanas, el sacerdote indica que ve "a los dependientes de la Basílica y a todos los que llegan a trabajar a los distintos dicasterios del Vaticano, que comienzan la jornada con un momento de oración ante la tumba de Juan Pablo II: tocan la lápida y le mandan un beso. Y eso pasa toda la mañana".

Finalmente afirma que "si quisiera indicar lo que es lo más importante para la vida sacerdotal y para cada uno de nosotros, mirándolo podría decir: no ofuscar a Dios con uno mismo, sino, al contrario, mostrarlo y hacerse signo visible de su presencia. A Dios nadie lo ha visto, pero Juan Pablo II lo ha hecho visible a través de su vida".

sábado, 11 de setembro de 2010

A história de S. Paio


por
Padre Manoel de Bernardes

In Nova Floresta

Paio, menino português, nascido no território de Coimbra (como querem os nossos autores) e da nobre família dos Cunhas e Sampaios, vivendo, na primeira flor dos seus anos, como outro Tobias, temente a Deus, mereceu ser feito vítima de Cristo. Teve ele excelente criação, em casa do bispo de Tuy, Hermógio, seu tio. Entrou naquele tempo Abderramen, rei de Córdova, III do nome, com um poderoso exército pelas terras dos cristãos, abrasando-as como se fosse um raio. E, não podendo D. Sancho Abarca resistir-lhe, pela desigualdade de forças, chamou em seu socorro a el-rei de Leão D. Ordonho II, contra este comum inimigo. Veio logo em pessoa com grande cópia de soldados, e entre eles dois zelosos bispos para animar os cristãos, Dulcídio, de Salamanca, e Hermógio, de Tuy. Porém, como os sucessos da guerra são vários e dependem do Senhor dos exércitos, declarou-se a vitória por Abderramen, que, usando de todo o gênero de hostilidade com os vencidos, voltou para Córdova rico de despojos e cativos. Um destes foi o bispo Hermógio, que, fechado e maltratado em duríssima masmorra, ofereceu por resgate alguns mouros de seu serviço, que escusava. Aceitou el-rei o partido, e o deu por livre, contanto que deixasse reféns para segurança da dívida. E assim lhe deu a Paio, seu sobrinho, que era a melhor jóia que tinha, menino neste comenos de quase dez anos. O qual se foi logo para o cárcere, não para viver como preso, mas para o santificar, como José em tempo de Faraó, com sua angélica presença. Ali guardava pureza na alma e no corpo, grande honestidade e modéstia, vivendo sempre mui ajustado com a Lei Divina. Fazia calar aos infiéis, se tocavam matérias de religião, e envergonhando-os e confundindo-os com a verdade da católica doutrina. Mas estes, admirados da sua gentileza, julgaram que era alvitre para o seu rei (escravo dos infames vícios da carne) a oferta daquele inocentezinho. Mandou logo levá-lo à sua presença. Para este intento, o vestiram ricamente, ajudando a formosura natural com a artificial, para que deste modo fizesse mais cobiça ao torpe Abderramen. Por estes passos chegou Paio aos da morte, que pudera acreditar mil vidas, quando fossem mais largas e menos ilustre que a sua. Entrou o exemplar da castidade na câmara real; e logo, pelas carícias e promessas do bárbaro, conheceu o depravado de seus intentos, e firmou seu coração com uma determinação imortal de envidar todo o resto da sua vida, a troco de não perder a graça de Deus. Começou o rei com razões a querer persuadir-lhe que deixasse a Lei de Cristo pela sua; mas respondeu a todas mais do que prometia a sua idade, porque nas virtudes, que são a da alma, era já provecto. Chegou-se a ele o bárbaro, e começou a pôr-lhe as mãos pelo rosto, e o quis abraçar e dar-lhe ósculos. Levantou o menino a mão, e deu-lhe uma grande punhada na boca, dizendo: Aparta, perro; aparta teu rosto do meu; cuidas que sou algum dos teus afeminados rapazes, com que te desenfadas? E logo rasgou as vestiduras preciosas, ficando mais desembaraçado para a luta que esperava. Neste tempo estava Abderramen já tão cego e empenhado na afeição lasciva que as afrontas e desprezos de Paio não foram bastantes para mudar de intento. Pelo que mandou a seus criados que com afagos, branduras e promessas procurassem atraí-lo à seita de Mafoma e rendê-lo à sua vontade lasciva. Durou a porfia muito tempo, porém não serviu senão de fortalecer o ânimo do menino, com grande indignação e pena do rei, quando soube da sua constância. Pelo que, trocado o amor falso em ódio verdadeiro, o mandou atenazar vivo,confiado que tão frágil corpozinho não poderia sustentar tão cruéis tormentos, e que, uma vez deixada a Lei de Cristo, logo não faria melindre de conservar a castidade. Executou-se o ímpio mandato, com tanta crueldade que em breve aquela cândida açucena com o nácar de seu sangue ficou encarnada rosa. E, porque o martírio não o faz a pena senão a causa, publicou este em altas vozes: Cristão sou, e servo indigno de Jesus Cristo, cuja Lei confessarei eternamente, sem haver coisa na vida que dela me aparte um instante. Dada conta a el-rei do que passava, mandou-lhe cortar os membros, um por um, para que o tormento fosse mais prolongado. Os algozes arremeteram então àquele cordeirinho como lobos famintos, fazendo nele tal carniçaria que mais pareciam feras do que homens, ou mais demônios que feras. Levantando o menino as mãos para o céu, onde tinha o coração, para oferecer a Deus sacrifício de si mesmo, e impetrar fortaleza para o consumar, lhas derrubaram logo a golpe de alfange. E após isto lhe deceparam os braços e pernas, e ultimamente a cabeça, durando a batalha mais de seis horas, em que sempre invocava a Jesus Cristo, de cujo braço omnipotente lhe veio a invencível fortaleza contra tão atrozes tormentos . Suas preciosas relíquias, lançadas pelos tiranos nas correntes do Guadalquibir, as santificaram, até que a piedade e industria dos fiéis as tirou do profundo, e lhes deu honroso depósito na igreja de S. Ginês; e a cabeça se colocou na cabeça de S. Cipriano, com a solenidade possível. E foi tão célebre o triunfo deste santo menino português que logo a fama estendeu pelo mundo as suas asas, de sorte que o celebrou no coração da Alemanha a laureada poetisa Roswita, freira beneditina de ilustre sangue e engenho; e festejam o dia desta vitória (que foi a 26 de junho) muitas igrejas em Espanha, especialmente as que são consagradas a seu nome em Castela, Galiza e Portugal, onde os naturais tomam o seu nome.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Nova Evangelização - à portuguesa


(Há textos que para se perceber o seu sentido têm de ser lidos na sua totalidade. Creio que este será porventura um deles.)

1. Sabereis que quando o Papa João Paulo II, esse Santo, convocou à nova Evangelização foi mal compreendido por muitos. Rosnavam estes que o Evangelho era eterno e que falar de um novo Evangelho era uma heresia. E, nisto, tinham claro toda a razão. A verdade, porém, é que o Santo Padre nunca falou de um novo Evangelho, antes sublinhou que o Evangelho de sempre deve continuamente encontrar quem o anuncie com um novo ardor, com novos métodos, enfim, com aqueles instrumentos acidentais, que não essenciais, que as circunstâncias deste tempo aconselham. A novidade, aliás, não exclui necessariamente o antigo, por vezes até o recupera, embora inserindo-o num novo contexto. A arte, por exemplo, quer nas suas expressões mais sublimes, quer quando exprime a simplicidade de um povo que genuinamente vive a sua Fé e a tem inculturada no dia-a-dia, como que ultrapassa as fronteiras da temporalidade. A sua verdade perdura e continua a comunicar-se-nos nos dias de hoje. Por isso, não obstante, se dever estar sempre aberto à criatividade, que, se autêntica, é dom gratuito do Criador, e às novas expressões da Beleza eterna, que é Deus, não só se pode como é aconselhável repropor o antigo. Aliás, este é fonte perene de novidade, uma vez que não há futuro sem memória.

2. Vai para uns 30 anos que o Rafael Salinas Calado, Deus lhe fale na alma, que conheci num “cursilho de cristandade”, muito meu amigo, com quem tinha grandes conversas pelas ruas e cervejarias do bairro de Alvalade, me levou a ver o museu dos azulejos, de que era director. Com um grande entusiasmo, que eu na altura não compreendi[1], me falou do azulejo, da sua beleza, do seu valor, da sua preciosidade e até da sua portugalidade; outrossim desabafou com muita tristeza sobre as dificuldades, a incompreensão, a destruição de grande parte deste vasto património abandonado, roubado, escaqueirado.

É verdade que da parte de meus pais sempre recebi incentivos a apreciar a beleza de tantos azulejos em Igrejas e santuários. São daquelas coisas que ficam mas depois se vão desvanecendo com o tempo até que a pessoa descobre por si própria, com uma nitidez de gigapixéis[2], o que tantas vezes tinha olhado sem ver realmente. Antes tinha-me entusiasmado, e com muita razão, pelos frescos e pinturas que vi por grande parte da Itália, na minha vida de frade. Era o deslumbramento não só com a beleza genial e inspirada, mas com a lindeza do diferente, do nunca visto.

Depois, já ordenado Sacerdote, fui descobrindo, em Portugal, uma multidão de Capelas e Igrejas nos Baptizados e Casamentos que celebrava (o casamento é a união indissolúvel, exclusiva e aberta à vida, entre um homem e mulher) muitas delas azulejadas que eram de uma formosura indescritível. Muitos desses painéis que admirei são verdadeiros catecumenatos visuais. São Evangelho que nos entra pelos olhos dentro e penetra até ao âmago da unidade entre o corpo e a alma.

3. Com estas novidades, nem todas elas são boas senão que algumas são péssimas, de querer desenraizar a Europa do cristianismo e da sua cultura que se tem manifestado, entre muitas outras coisas na abolição do Crucificado e de outros símbolos religiosos do espaço público fui deparando com uma diminuição drástica dos registos nas casas portuguesas. Chamo registos àqueles painéis de azulejos figurando Jesus Cristo, Nossa Senhora, os Santos e outras figuras religiosas que era costume colocar no exterior de cada habitação. Uns deslumbravam pelo seu esplendor, outros comoviam pela sua ingenuidade, aqueles pareciam-nos pirosos no seu gosto, mas gritavam a Fé.

Estes registos, benzidos, eram por um lado uma protecção do Céu (por exemplo, em Lisboa encontram-se muitos de S. Marçal, Bispo, para proteger dos incêndios) por outro, uma ocasião de oração para quem passava que a ver a imagem sagrada elevava o pensamento a Deus, pedindo a intercessão da Virgem Maria, ou do santo representado. A câmara de Cascais em grandes painéis representa S. Pedro e S. Paulo, os quatros Evangelistas, Santo António, S. João de Brito, S. Marçal, S. Sebastião e S. Jerónimo. Não sei se a intenção era implorar a protecção da cidade. Mas sei que vale a pena ir a Cascais só para ver esse edifício e para se recolher em oração diante dessas imagens que nos remetem para a Santidade de Deus presente naqueles que ali são representados e que agora gozam da bem-aventurança eterna. Contemplando-os nessas “fotografias” azulejadas, queremos saber quem foram, o que fizeram, o que pregaram, escreveram e ensinaram. E tudo isso nos atira para os Evangelhos, para Jesus Cristo, o único Salvador e Redentor, quer das pessoas, quer dos povos e das nações.

Este deserto do Sobrenatural em que as nossas cidades se estão a tornar pode e deve ser contrariado.

Não quero de modo nenhum fomentar uma cruzada. Mas quero com todas as veras suscitar uma azulejada!, de motivos religiosos, como é claro. A nova Evangelização, à portuguesa, isto é, devidamente inculturada, passa pela azulejada. Querem expulsar Deus do espaço público? Enchamos as nossas moradias e prédios de registos de azulejos, maiores ou menores, consoante a circunstância e as possibilidades. Tornaremos as nossas cidades mais belas e mais cristãs.

Importa agora uma pausa neste assunto para a ele voltar mais adiante.

4. Foi-me concedida a Graça de poder percorrer durante vários anos muitas Igrejas e Santuários em Itália. Vamos ao exemplo de Assis (Mas podiam ser os museus do Vaticano). Nesta cidade onde S. Francisco nasceu e viveu não se pode usar flash nem tripé para tirar fotografias nas Igrejas magnificamente pintadas ou esculpidas (embora muitos não respeitem a proibição). Mas qualquer turista ou peregrino que o queira, encontra, adjacentes aos lugares de culto, lojas com reproduções, notáveis pela sua qualidade e pela sua dimensão, que pode comprar e levar para sua casa, para a Paróquia ou para oferecer aos familiares e amigos.

Pelo contrário, aqui em Portugal é um desastre. Vamos nós, por exemplo, ao museu dos azulejos (neste pelo que me informaram não existe um arquivo fotográfico nacional dos azulejos de Portugal!), ao palácio de Queluz, a o convento de Mafra. Contemplamos encantados as maravilhas que ali estão. Queremos levar uma recordação. Os livros que existem não têm a maioria dos quadros ou imagens esculpidas que queremos; as poucas que têm são minúsculas ou de reprodução fraca. Postais, são raros e manhosos. Posters, não há. O que abundam são funcionários zelosos que quando fotografamos, mesmo sem tripé nem flash, parece que contam as fotografias para nos advertir que precisamos de uma autorização superior. Enfim, um desassossego. Claro que nestas condições só mesmo com uma câmara de topo se consegue alguma coisa de jeito, com resolução suficiente para poder reproduzir e oferecer.

Esta gente da cultura ou do estado é como os cães que não comem nem deixam comer (quando antigamente o cão se deitava na manjedoura cheia de palha, não a comia por não ser alimento próprio de caninos, mas também, rosnando e ladrando, que o jumento ou a vaca se nutrissem).

5. Recordo-me de na minha meninice e adolescência acompanhar os meus irmãos mais velhos, em especial o Gonçalo, na descoberta da fotografia. Foi em Abrantes que pela primeira vez assisti extasiado à revelação de fotografias na loja a que habitualmente recorríamos para comprar material fotográfico e revelar os rolos.

Mais tarde, em Lisboa, entusiasmei-me pela arte, embora, nem por sombras, como a de um amigo que é hoje um conceituado fotógrafo. Passei então algumas férias fotografando, experimentando ângulos, aberturas, velocidades e revelando, a preto e branco – uma vez ia ficando debaixo de um comboio rápido na Parede…

6. Depois a vida tornou-se vertiginosa e sucederam tantas coisas, algumas das quais já tenho partilhado convosco, que não obstante conservar o gosto pela fotografia não a praticava. Porém de há una anos a esta parte tenho vindo a fotografar esporadicamente quer confrades, quer familiares, quer motivos religiosos. Há alguns meses, no entanto, caiu-me do Céu, desígnios da Providência Divina, uma câmara boa, de alta resolução. Entendi, pois, que tina obrigação de a aproveitar na azulejada e missões similares. De modo que, antes que desapareçam, disparando sobre os registos que encontro, nos lugares por onde passo. Muitas vezes as condições não são as ideais mas a fotografia cá fica para memória futura. Recordando-me de algumas, ainda poucas, Igrejas e museus conhecidos em Lisboa ou à sua beira, “passo-os a pente fino”. De modo que o meu computador está atafulhado de imagens sagradas, de azulejadas. Entretanto verifiquei duas coisas. Apesar de a máquina ser boa, não é suficiente para grandes painéis que se queiram reproduzir nem tem a definição bastante para fotografar com nitidez quadros ou imagens em locais de ténue iluminação, como Igrejas e museus, sem flash – ficam com imenso ruído. Em Cascais, por exemplo, no parque Marechal Carmona, há dois larguíssimos e lindíssimos painéis de azulejos antigos, ambos referentes à Imaculada Conceição da Virgem Maria. No primeiro, vê-se o Beato Duns Escoto, franciscano, defendendo essa Verdade de Fé numa assembleia de grandes teólogos contraditando a mesma. A um canto painel está S. Francisco de Assis, ajoelhado, rezando a uma Imagem de Nossa Senhora. O outro ilustra “o triunfo da Imaculada”. Vai a Virgem, Senhora Nossa, num coche, com São Boaventura e S. Ivo, guiado por Duns Escoto, acompanhada de Anjos e precedida por muitos outros Santos e sábios franciscanos – Alexandre de Halles, as Santas Isabel de Hungria e de Portugal, S. Luís, rei de França, etc., etc. Estes preciosos painéis terão cada um entre 8 a 10 metros, suponho eu. Com a máquina de que vos falei alcancei tirar fotografias que imprimidas com o tamanho de dois a três metros os conseguem reproduzir com definição. Com uma câmara melhor, que tenho em vista, assim Deus o queira, seria possível reproduzi-los no tamanho original.

Provavelmente muitos dos leitores não saberão mas nos dias de hoje pode-se imprimir fotografia em praticamente todo o material – vinil, pedra, azulejo, etc. O que significa que se alguém quiser colocar numa sua propriedade painéis idênticos àqueles só tem de pagar uns azulejos em branco, muito baratuchos, e a impressão. O que lhe sairá “infinitamente” mais barato do que pedir às cerâmicas (por exemplo, viúva Lamego ou Isabel Garcia) que produzam uma cópia pintada à mão.

6. Se, quem me lê, experimentar ir, por exemplo, à Igreja de Palmela vê-se, do chão até ao tecto rodeado de azul (do Céu!) de Nosso Senhor, dos Santos e das virtudes. Repara particularmente num pormenor que gostaria de ver estampado em azulejo, no interior ou no exterior de sua casa, pede-me a fotografia, envio-lha por correio electrónico, e só tem de mandar imprimir. É fácil, é barato (o azulejo e a impressão, nada mais) e dá devoção.

Claro que pode acontecer que tenha conhecimento de um painel o qual esteja de tal modo degradado que não fique bem tal e qual. Aí será de toda a conveniência tratar com uma cerâmica, mostrar-lhes a fotografia, se é que a não têm na sua base de dados e pedir uma “cópia restaurada”.

7. No que puder servir estou ao dispor, porque isto é também um bom meio de Evangelização. Isto foi percebido pelo governo da nossa Província portuguesa franciscana que para comemorar os 800 anos da fundação da Ordem pediu ao arquitecto João Sousa Araújo um grande e outro enorme painel de azulejos, magníficos, para o Convento da Imaculada Conceição da Luz.

“Recebestes de graça, dai de graça”.

Nuno Serras Pereira

16. 07. 2010



[1] Não que eu fosse insensível à questão. Uns 7 ou 8 anos antes, frequentando o antigo 7 ano no colégio Manuel Bernardes, indignava-me o estado a que tinha deixado chegar muitos a “quinta dos azulejos” onde espairecíamos, no intervalo das aulas. Recordo-me de falar com o então director, o Sr. Louro, sobre a gravidade do assunto.

[2] É verdade, já há máquinas fotográficas cuja resolução não se mede em megapixéis, mas sim em giga! Tanto quanto sei, não se encontram no mercado português.