sábado, 20 de agosto de 2011

Vígilia de Oração em Madrid - Homilia Bento XVI

In Vatican

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Mas, como pode um jovem ser fiel à fé cristã e continuar a aspirar a grandes ideais na sociedade actual? No evangelho que escutámos, Jesus dá-nos uma resposta a esta importante questão: «Assim como o Pai Me tem amor, assim Eu vos amo a vós. Permanecei no meu amor» (Jo 15, 9).

Sim, queridos amigos, Deus ama-nos. Esta é a grande verdade da nossa vida e que dá sentido a tudo o mais. Não somos fruto do acaso nem da irracionalidade, mas, na origem da nossa existência, há um projecto de amor de Deus. Assim permanecer no seu amor significa viver radicados na fé, porque esta não é a simples aceitação dumas verdades abstractas, mas uma relação íntima com Cristo que nos leva a abrir o nosso coração a este mistério de amor e a viver como pessoas que se sabem amadas por Deus.

Se permanecerdes no amor de Cristo, radicados na fé, encontrareis, mesmo no meio de contrariedades e sofrimentos, a fonte do júbilo e a alegria. A fé não se opõe aos vossos ideais mais altos; pelo contrário, exalta-os e aperfeiçoa-os. Queridos jovens, não vos conformeis com nada menos do que a Verdade e o Amor, não vos conformeis com nada menos do que Cristo.

Precisamente agora, quando a cultura relativista dominante renuncia e menospreza a busca da verdade, que é a aspiração mais alta do espírito humano, devemos propor, com coragem e humildade, o valor universal de Cristo como Salvador de todos os homens e fonte de esperança para a nossa vida. Ele, que tomou sobre si as nossas aflições, conhece bem o mistério do sofrimento humano e mostra a sua presença amorosa em todos aqueles que sofrem. Estes, por sua vez, unidos à paixão de Cristo, participam intimamente da Sua obra de redenção. Além disso, a nossa atenção desinteressada pelos doentes e aos desamparados, sempre será um testemunho humilde e silencioso do rosto compassivo de Deus.

Queridos amigos, que nenhuma dificuldade vos paralise: Não tenhais medo do mundo, nem do futuro, nem da vossa fraqueza. O Senhor concedeu-vos viver neste momento da história, repleto de grandes possibilidades e oportunidades, para que, graças à vossa fé, continue a ressoar o nome de Cristo em toda a terra.

Nesta vigília de oração, convido-vos a pedir a Deus que vos ajude a descobrir a vossa vocação na sociedade e na Igreja e a perseverar nela com alegria e fidelidade. Vale acolher dentro de nós o chamado de Cristo e seguir com coragem e generosidade o caminho que Ele nos proponha.

A muitos, o Senhor chama ao matrimónio, no qual um homem e uma mulher, formando uma só carne (cf. Gn 3, 24), se realizam numa profunda vida de comunhão. É um horizonte de vida ao mesmo tempo luminoso e exigente; um projecto de amor verdadeiro, que se renova e consolida cada dia, partilhando alegrias e dificuldades, e que se caracteriza por uma entrega da totalidade da pessoa. Por isso, reconhecer a beleza e bondade do matrimónio significa estar conscientes de que o âmbito adequado à grandeza e dignidade do amor matrimonial só pode ser um âmbito de fidelidade e indissolubilidade e também de abertura ao dom divino da vida.

A outros, diversamente, Cristo chama-os a segui-Lo mais de perto no sacerdócio ou na vida consagrada. Como é belo saber que Jesus vem à tua procura, fixa o seu olhar em ti e, com a sua voz inconfundível, diz também a ti: «Segue-Me» (cf. Mc 2, 14).

Queridos jovens, para descobrir e seguir fielmente a forma de vida a que o Senhor chama cada um de vós, é indispensável permanecer no seu amor como amigos. E, como se mantém a amizade se não com o trato frequente, o diálogo, o estar juntos e o partilhar anseios ou penas? Dizia Santa Teresa de Ávila que a oração não é outra coisa senão «tratar de amizade – estando muitas vezes tratando a sós – com Quem sabemos que nos ama» (Livro da Vida, 8).

Convido-vos, pois, a ficardes agora em adoração a Cristo, realmente presente na Eucaristia; a dialogar com Ele, a expor na sua presença as vossas questões e a escutá-Lo. Queridos amigos, rezo por vos com toda a minha alma; suplico-vos que rezeis também por mim. Peçamos-Lhe, ao Senhor, nesta noite que, atraídos pela beleza do seu amor, vivamos sempre fielmente como seus discípulos. Amen.

Saudação em francês

Queridos jovens francófonos, sede orgulhosos por ter recebido o dom da fé. Será ela a iluminar o vosso caminho em cada instante. Apoiai-vos igualmente sobre a fé dos vossos familiares, sobre a fé da Igreja! Pela fé, estamos fundados em Cristo; encontrai-vos com outros para a aprofundar, participai na Eucaristia, mistério por excelência da fé. Só Cristo pode dar resposta às aspirações que trazeis dentro de vós. Deixai-vos agarrar por Deus, para que a vossa presença na Igreja lhe dê um novo vigor!

Saudação em inglês

Queridos jovens, nestes momentos de silêncio diante do Santíssimo Sacramento, elevemos as nossas mentes e os nossos corações até Jesus Cristo, o Senhor das nossas vidas e do futuro. Que ele derrame sobre nós o Seu Espírito e sobre toda a Igreja para que sejamos um sinal luminoso de liberdade, reconciliação e paz para o mundo inteiro.

Saudação em alemão

Queridos jovens cristãos de língua alemã, no profundo do nosso coração desejamos aquilo que é grande e belo na vida! Não deixeis que os vossos desejos e anelos caiam no esquecimento, mas tornai-os firmes em Jesus Cristo. Ele mesmo é o fundamento que sustenta e o ponto de referência seguro para uma vida plena.

Saudação em italiano

Dirijo-me agora aos jovens de língua italiana. Queridos amigos, esta Vigília ficará como uma experiência inesquecível da vossa vida. Guardai a chama que Deus acendeu em vossos corações nesta noite: fazei com que não se apague, alimentai-a cada dia, partilhai-a com os vossos coetâneos que vivem na escuridão e procuram uma luz para o seu caminho. Obrigado! Até amanhã de manhã!

Saudação em português

Meus queridos amigos, convido cada um e cada uma de vós a estabelecer um diálogo pessoal com Cristo, expondo-Lhe as próprias dúvidas e sobretudo escutando-O. O Senhor está aqui e chama-te! Jovens amigos, vale a pena ouvir dentro de nós a Palavra de Jesus e caminhar seguindo os seus passos. Pedi ao Senhor que vos ajude a descobrir a vossa vocação na vida e na Igreja, e a perseverar nela com alegria e fidelidade, sabendo que Ele nunca vos abandona nem atraiçoa! Ele está connosco até ao fim do mundo

Saudação em polaco

Queridos jovens amigos vindos da Polónia! Esta nossa vigília de oração está permeada pela presença de Cristo. Seguros do seu amor e com a chama da vossa fé, aproximai-vos d’Ele. Encher-vos-á da sua vida. Edificai a vossa vida sobre Cristo e o seu evangelho. De coração, vos abençoo.

* * *

Queridos jovens!

Antes de ir embora, quero desejar-vos a todos uma boa noite. Que possais descansar bem. Obrigado pelo sacrifício que estais fazendo e, não duvido, que estais oferecendo generosamente ao Senhor. Vemo-nos amanhã, se Deus quiser, na celebração eucarística. Espero-vos a todos vós. Muito Obrigado!


Saudação do Papa aos portadores de deficiencia e seus cuidadores em Madrid

In Vatican
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A juventude, como recordei outras vezes, é a idade em que a vida se revela à pessoa em toda a riqueza e plenitude das suas potencialidades, incitando à busca de metas mais altas que dêem sentido à mesma. Por isso, quando o sofrimento assoma ao horizonte duma vida jovem, ficamos desconcertados e talvez nos interroguemos: Poderá a vida continuar a ser grande, quando irrompe nela o sofrimento? A este respeito, escrevi na minha encíclica sobre a esperança cristã: «A grandeza da humanidade determina-se essencialmente na relação com o sofrimento e com quem sofre. (…) Uma sociedade que não consegue aceitar os que sofrem e não é capaz de contribuir, mediante a compaixão, para fazer com que o sofrimento seja compartilhado e assumido mesmo interiormente é uma sociedade cruel e desumana» (Spe salvi, 38). Estas palavras reflectem uma larga tradição de humanidade que brota da oferta que Cristo faz de Si mesmo na Cruz por nós e pela nossa redenção. Jesus e, seguindo os seus passos, a sua Mãe Dolorosa e os santos são as testemunhas que nos ensinam a viver o drama do sofrimento para o nosso bem e a salvação do mundo.

Estas testemunhas falam-nos, antes de mais nada, da dignidade de cada vida humana, criada à imagem de Deus. Nenhuma aflição é capaz de apagar esta efígie divina gravada no mais fundo do homem. E não só: desde que o Filho de Deus quis abraçar livremente a dor e a morte, a imagem de Deus é-nos oferecida também no rosto de quem padece. Esta predilecção especial do Senhor por quem sofre leva-nos a contemplar o outro com olhos puros, para lhe dar, além das coisas exteriores que precisa, aquele olhar de amor que necessita. Mas isso, só é possível realizá-lo como fruto de um encontro pessoal com Cristo. Bem conscientes disto sois vós, religiosos, familiares, profissionais da saúde e voluntários que viveis e trabalhais diariamente com estes jovens. A vossa vida e dedicação proclamam a grandeza a que é chamado o homem: compadecer-se e acompanhar quem sofre, como o fez o próprio Deus. E, no vosso maravilhoso trabalho, ressoam também estas palavras evangélicas: «Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes» (Mt 25, 40).

Por outro lado, vós sois também testemunhas do bem imenso que constitui a vida destes jovens para quem está ao seu lado e para a humanidade inteira. De maneira misteriosa mas muito real, a sua presença suscita em nossos corações, frequentemente endurecidos, uma ternura que nos abre à salvação. Sem dúvida, a vida destes jovens muda o coração dos homens e, por isso, damos graças ao Senhor por tê-los conhecido.

Queridos amigos, a nossa sociedade – onde demasiadas vezes se põe em dúvida a dignidade inestimável da vida, de cada vida – precisa de vós: vós contribuís decididamente para edificar a civilização do amor. Mais ainda, sois protagonistas desta civilização. E, como filhos da Igreja, ofereceis ao Senhor as vossas vidas, com as suas penas e as suas alegrias, colaborando com Ele e entrando, de algum modo, «a fazer parte do tesouro de compaixão de que o género humano necessita» (Spe salvi, 40).

Com íntimo afecto e por intercessão de São José, de São João de Deus e de São Bento Menni, confio-vos de todo o coração a Deus nosso Senhor: Seja Ele a vossa força e o vosso prémio. Como sinal do seu amor, concedo-vos, a vós e a todos os vossos familiares e amigos, a Bênção Apostólica. Muito obrigado.


The success of World Youth Day reflects the vigor of “Evangelical Catholicism"

In Catholic Culture

The success of World Youth Day reflects the vigor of “Evangelical Catholicism,” writes John Allen in a revealing analysis for the National Catholic Reporter.

Allen concedes that the phenomenon he calls “Evangelical Catholicism” might be described by many others as simply “conservative” Catholicism. But he argues, quite reasonably, that “conservative” is not an accurate term, “because there’s precious little cultural Catholicism these days left to conserve.”

Evangelical Catholicism, Allen says, is characterized by:

  • A strong defense of traditional Catholic identity, meaning attachment to classic markers of Catholic thought (doctrinal orthodoxy) and Catholic practice (liturgical tradition, devotional life, and authority).
  • Robust public proclamation of Catholic teaching, with the accent on Catholicism’s mission ad extra, transforming the culture in light of the Gospel, rather than ad intra, on internal church reform.
  • Robust public proclamation of Catholic teaching, with the accent on Catholicism’s mission ad extra, transforming the culture in light of the Gospel, rather than ad intra, on internal church reform.

This approach to the faith is shared by most of the active participants at World Youth Day, Allen argues—although he makes some interesting distinctions about the different sorts of young people who gather for the events.

(By the way, Allen notes that World Youth Day celebrations have now drawn more than 15 million participants, making WYD the “largest regularly held international religious event on the planet.”)

Whether there are described as “evangelical” or “conservative,” Allen has no doubt that the young people at WYD celebrations represent the future of the Church. He writes:

Once upon a time, the idea that the younger generation of intensely committed Catholics was more “conservative” belonged to the realm of anecdotal impressions. By now, it’s an iron-clad empirical certainty.

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Homilia de Bento XVI na Missa com seminaristas em Madrid


In Vatican.va
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Sinto uma profunda alegria ao celebrar a Santa Missa para todos vós, que aspirais a ser sacerdotes de Cristo para o serviço da Igreja e dos homens, e agradeço as amáveis palavras de saudação com que me acolhestes. Hoje esta Catedral de Santa Maria a Real da Almudena lembra um imenso cenáculo onde o Senhor desejou ardentemente celebrar a Sua Pascoa com todos vós que um dia desejais presidir em seu nome os mistérios da salvação. Vendo-vos, comprovo de novo como Cristo continua chamando jovens discípulos para fazer deles seus apóstolos, permanecendo assim viva a missão da Igreja e a oferta do evangelho ao mundo. Como seminaristas, estais a caminho para uma meta santa: ser continuadores da missão que Cristo recebeu do Pai. Chamados por Ele, seguistes a sua voz; e, atraídos pelo seu olhar amoroso, avançais para o ministério sagrado. Ponde os vossos olhos n’Ele, que, pela sua encarnação, é o revelador supremo de Deus ao mundo e, pela sua ressurreição, é a fiel realização da sua promessa. Dai-Lhe graças por este sinal de predilecção que reserva para cada um de vós.

A primeira leitura que escutámos mostra-nos Cristo como o novo e definitivo sacerdote, que fez uma oferta total da sua existência. A antífona do salmo aplica-se perfeitamente a Ele, quando, ao entrar no mundo, Se dirigiu a seu Pai dizendo: «Eis-me aqui para fazer a tua vontade» (cf. Sal 39, 8-9). Procurava agradar-Lhe em tudo: ao falar e ao agir, percorrendo os caminhos ou acolhendo os pecadores. A sua vida foi um serviço, e a sua dedicação abnegada uma intercessão perene, colocando-Se em nome de todos diante do Pai com Primogénito de muitos irmãos. O autor da Carta aos Hebreus afirma que, através desta entrega, nos tornou perfeitos para sempre, a nós que estávamos chamados a participar da sua filiação (cf. Heb 10, 14).

A Eucaristia, de cuja instituição nos fala o evangelho proclamado (cf. Lc 22, 14-20), é a expressão real dessa entrega incondicional de Jesus por todos, incluindo aqueles que O entregavam: entrega do seu corpo e sangue para a vida dos homens e para a remissão dos pecados. O sangue, sinal da vida, foi-nos dado por Deus como aliança, a fim de podermos inserir a força da sua vida onde reina a morte por causa do nosso pecado, e assim destruí-lo. O corpo rasgado e o sangue derramado de Cristo, isto é, a sua liberdade sacrificada, converteram-se, através dos sinais eucarísticos, na nova fonte da liberdade redimida dos homens. N’Ele temos a promessa duma redenção definitiva e a esperança segura dos bens futuros. Por Cristo, sabemos que não estamos caminhando para o abismo, para o silêncio do nada ou da morte, mas seguindo para a terra prometida, para Ele que é nossa meta e também nosso princípio.

Queridos amigos, vos preparais para ser apóstolos com Cristo e como Cristo, para ser companheiros de viagem e servidores dos homens.

Como haveis de viver estes anos de preparação? Em primeiro lugar, devem ser anos de silêncio interior, de oração permanente, de estudo constante e de progressiva inserção nas actividades e estruturas pastorais da Igreja. Igreja, que é comunidade e instituição, família e missão, criação de Cristo pelo seu Espírito Santo e simultaneamente resultado de quanto a configuramos com a nossa santidade e com os nossos pecados. Assim o quis Deus, que não se incomoda de tomar pobres e pecadores para fazer deles seus amigos e instrumentos para redenção do género humano. A santidade da Igreja é, antes de mais nada, a santidade objectiva da própria pessoa de Cristo, do seu evangelho e dos seus sacramentos, a santidade daquela força do alto que a anima e impele. Nós devemos ser santos para não gerar uma contradição entre o sinal que somos e a realidade que queremos significar.

Meditai bem este mistério da Igreja, vivendo os anos da vossa formação com profunda alegria, em atitude de docilidade, de lucidez e de radical fidelidade evangélica, bem como numa amorosa relação com o tempo e as pessoas no meio de quem viveis. É que ninguém escolhe o contexto nem os destinatários da sua missão. Cada época tem os seus problemas, mas Deus dá em cada tempo a graça oportuna para os assumir e superar com amor e realismo. Por isso, em toda e qualquer circunstância em que se encontre e por mais dura que esta seja, o sacerdote tem de frutificar em toda a espécie de boas obras, conservando sempre vivas no seu íntimo aquelas palavras do dia da sua Ordenação com que se lhe exortava a configurar a sua vida com o mistério da cruz do Senhor.

Configurar-se com Cristo comporta, queridos seminaristas, identificar-se sempre mais com Aquele que por nós Se fez servo, sacerdote e vítima. Na realidade, configurar-se com Ele é a tarefa em que o sacerdote há-de gastar toda a sua vida. Já sabemos que nos ultrapassa e não a conseguiremos cumprir plenamente, mas, como diz São Paulo, corremos para a meta esperando alcançá-la (cf. Flp 3, 12-14).

Mas Cristo, Sumo Sacerdote, é igualmente o Bom Pastor, que cuida das suas ovelhas até ao ponto de dar a vida por elas (cf. Jo 10, 11). Para imitar nisto também o Senhor, o vosso corações tem de ir amadurecendo no Seminário, colocando-se totalmente à disposição do Mestre. Dom do Espírito Santo, esta disponibilidade é que inspira a decisão de viver o celibato pelo Reino dos céus, o desprendimento dos bens da terra, a austeridade de vida e a obediência sincera e sem dissimulação.

Pedi-Lhe, pois, que vos conceda imitá-Lo na sua caridade até ao fim para com todos, sem excluir os afastados e pecadores, de tal forma que, com a vossa ajuda, se convertam e voltem ao bom caminho. Pedi-Lhe que vos ensine a aproximar-vos dos enfermos e dos pobres, com simplicidade e generosidade. Afrontai este desafio sem complexos nem mediocridade, mas antes como uma forma estupenda de realizar a vida humana na gratuidade e no serviço, sendo testemunhas de Deus feito homem, mensageiros da dignidade altíssima da pessoa humana e, consequentemente, seus defensores incondicionais. Apoiados no seu amor, não vos deixeis amedrontar por um ambiente onde se pretende excluir Deus e no qual os principais critérios por que se rege a existência são, frequentemente, o poder, o ter ou o prazer. Pode acontecer que vos desprezem, como se costuma fazer com quem aponta metas mais altas ou desmascara os ídolos diante dos quais muito se prostram hoje. Será então que uma vida profundamente radicada em Cristo se revele realmente como uma novidade, atraindo com vigor a quantos verdadeiramente procuram Deus, a verdade e a justiça.

Animados pelos vossos formadores, abri a vossa alma à luz do Senhor para ver se este caminho, que requer coragem e autenticidade, é o vosso, avançando para o sacerdócio só se estiverdes firmemente persuadidos de que Deus vos chama para ser seus ministros e plenamente decididos a exercê-lo obedecendo às disposições da Igreja.

Com esta confiança, aprendei d’Aquele que Se definiu a Si mesmo como manso e humilde de coração, despojando-vos para isso de todo o desejo mundano, de modo que não busqueis o vosso próprio interesse, mas edifiqueis, com a vossa conduta, aos vossos irmãos, como fez o santo padroeiro do clero secular espanhol São João de Ávila. Animados pelo seu exemplo, olhai sobretudo para a Virgem Maria, Mãe dos sacerdotes. Ela saberá forjar a vossa alma segundo o modelo de Cristo, seu divino Filho, e vos ensinará incessantemente a guardar os bens que Ele adquiriu no Calvário para a salvação do mundo. Amen.


sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Discurso doe Bento XVI aos jovens Professores Universitários no Escorial


In Vatican.va
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Com regozijo esperava este encontro convosco, jovens professores das universidades espanholas, que prestais uma colaboração esplêndida para a difusão da verdade em circunstâncias nem sempre fáceis. Saúdo-vos cordialmente e agradeço as amáveis palavras de boas-vindas e também a música executada que ressoou maravilhosamente neste mosteiro de grande beleza artística, testemunho eloquente durante séculos de uma vida de oração e estudo. Neste lugar emblemático, razão e fé fundiram-se harmoniosamente na pedra austera para modelar um dos monumentos mais renomados de Espanha.

Saúdo também com particular afecto quantos participaram nestes dias no Congresso Mundial das Universidades Católicas, em Ávila, sob o lema: «Identidade e missão da Universidade Católica».

Encontrar-me aqui no vosso meio faz-me recordar os meus primeiros passos como professor na Universidade de Bonn. Quando ainda se sentiam as feridas da guerra e eram muitas as carências materiais, a tudo supria o encanto de uma actividade apaixonante, o trato com colegas das diversas disciplinas e o desejo de dar resposta às inquietações últimas e fundamentais dos alunos. Esta universitas, que então vivi, de professores e estudantes que procuram, juntos, a verdade em todos os saberes ou – como diria Afonso X, o Sábio – esse «ajuntamento de mestres e escolares com vontade e capacidade para aprender os saberes» (Sete Partidas, partida II, título XXXI), clarifica o sentido e mesmo a definição da Universidade.

No lema da presente Jornada Mundial da Juventude - «Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé» (cf. Col 2, 7) -, podeis também encontrar luz para compreender melhor o vosso ser e ocupação. Neste sentido, como escrevi aos jovens na Mensagem preparatória para estes dias, os termos «enraizados, edificados e firmes» falam de alicerces seguros para a vida (cf. n. 2).

Mas onde poderão os jovens encontrar estes pontos de referência numa sociedade vacilante e instável? Às vezes pensa-se que a missão dum professor universitário seja hoje, exclusivamente, a de formar profissionais competentes e eficientes que satisfaçam as exigências laborais de cada período concreto. Diz-se também que a única coisa que se deve privilegiar, na presente conjuntura, é a capacitação meramente técnica. Sem dúvida, prospera na actualidade esta visão utilitarista da educação mesmo universitária, difundida especialmente a partir de âmbitos extra-universitários. Contudo vós que vivestes como eu a Universidade e que a viveis agora como docentes, sentis certamente o anseio de algo mais elevado que corresponda a todas as dimensões que constituem o homem. Como se sabe, quando a mera utilidade e o pragmatismo imediato se erigem como critério principal, os danos podem ser dramáticos: desde os abusos duma ciência que não reconhece limites para além de si mesma, até ao totalitarismo político que se reanima facilmente quando é eliminada toda a referência superior ao mero cálculo de poder. Ao invés, a genuína ideia de universidade é que nos preserva precisamente desta visão reducionista e distorcida do humano.

Com efeito, a universidade foi, e deve continuar sendo, a casa onde se busca a verdade própria da pessoa humana. Por isso, não é uma casualidade que tenha sido precisamente a Igreja quem promoveu a instituição universitária; é que a fé cristã nos fala de Cristo como o Logos por Quem tudo foi feito (cf. Jo 1, 3) e do ser humano criado à imagem e semelhança de Deus. Esta boa nova divisa uma racionalidade em toda a criação e contempla o homem como uma criatura que compartilha e pode chegar a reconhecer esta racionalidade. Deste modo, a universidade encarna um ideal que não deve ser desvirtuado por ideologias fechadas ao diálogo racional, nem por servilismos a um lógica utilitarista de simples mercado, que olha para o homem como mero consumidor.

Aqui está a vossa importante e vital missão. Sois vós que tendes a honra e a responsabilidade de transmitir este ideal universitário: um ideal que recebestes dos vossos mais velhos, muitos deles humildes seguidores do Evangelho e que, como tais, se converteram em gigantes do espírito. Devemos sentir-nos seus continuadores, numa história muito diferente da deles mas cujas questões essenciais do ser humano continuam a exigir a nossa atenção convidando-nos a ir mais longe. Sentimo-nos unidos com eles, nesta cadeia de homens e mulheres que se devotaram a propor e valorizar a fé perante a inteligência dos homens. E, para o fazer, não basta ensiná-lo, é preciso vivê-lo, encarná-lo, à semelhança do Logos que também encarnou para colocar a sua morada entre nós. Neste sentido, os jovens precisam de mestres autênticos: pessoas abertas à verdade total nos diversos ramos do saber, capazes de escutar e viver dentro de si mesmos este diálogo interdisciplinar; pessoas convencidas sobretudo da capacidade humana de avançar a caminho da verdade. A juventude é tempo privilegiado para a busca e o encontro com a verdade. Como já disse Platão: «Busca a verdade enquanto és jovem, porque, se o não fizeres, depois escapar-te-á das mãos» (Parménides, 135d). Esta sublime aspiração é o que de mais valioso podeis transmitir, pessoal e vitalmente, aos vossos estudantes, e não simplesmente umas técnicas instrumentais e anónimas nem uns dados frios e utilizáveis apenas funcionalmente.

Por isso, encarecidamente vos exorto a não perderdes jamais tal sensibilidade e encanto pela verdade, a não esquecerdes que o ensino não é uma simples transmissão de conteúdos, mas uma formação de jovens a quem deveis compreender e amar, em quem deveis suscitar aquela sede de verdade que possuem no mais fundo de si mesmos e aquele anseio de superação. Sede para eles estímulo e fortaleza.

Para isso, é preciso ter em conta, em primeiro lugar, que o caminho para a verdade completa empenha o ser humano na sua integralidade: é um caminho da inteligência e do amor, da razão e da fé. Não podemos avançar no conhecimento de algo, se não nos mover o amor; nem tampouco amar uma coisa em que não vemos racionalidade; porque «não aparece a inteligência e depois o amor: há o amor rico de inteligência e a inteligência cheia de amor» (Caritas in veritate, 30). Se estão unidos a verdade e o bem, estão-no igualmente o conhecimento e o amor. Desta unidade deriva a coerência de vida e pensamento, a exemplaridade que se exige de todo o bom educador.

Em segundo lugar, havemos de considerar que a verdade em si mesma está para além do nosso alcance. Podemos procurá-la e aproximar-nos dela, mas não possuí-la totalmente; antes, é ela que nos possui a nós e estimula. Na actividade intelectual e docente, a humildade é também uma virtude indispensável, pois protege da vaidade que fecha o acesso à verdade. Não devemos atrair os estudantes para nós mesmos, mas encaminhá-los para essa verdade que todos procuramos. Nisto vos ajudará o Senhor, que vos propõe ser simples e eficazes como o sal, ou como a lâmpada que dá luz sem fazer ruído (cf. Mt 5, 13).

Tudo isto nos convida a voltar incessantemente o olhar para Cristo, em cujo rosto resplandece a Verdade que nos ilumina; mas que é também o Caminho que leva à plenitude sem fim, fazendo-Se caminhante connosco e sustentando-nos com o seu amor. Radicados n’Ele, sereis bons guias dos nossos jovens. Com esta esperança, coloco-vos sob o amparo da Virgem Maria, Trono da Sabedoria, para que Ele vos faça colaboradores do seu Filho com uma vida repleta de sentido para vós mesmos, e fecunda de frutos, tanto de conhecimento como de fé, para vossos alunos. Muito obrigado.


Ai, sei lá, é tão fixe bater no Papa


por Henrique Raposo (www.expresso.pt)

Em Madrid, um bando de tolerantes resolveu mostrar mais uma vez a sua intolerância em relação ao Papa e em relação aos católicos em geral. Com atitudes, vá, pouco educadas, os tolerantes provocaram deliberadamente os jovens católicos que invadiram Madrid. Faz sentido, sim senhora: estes jovens devem estar a preparar, às escondidas, uma nova Armada Invencível destinada a espalhar a inquisição pelos quatro cantos do mundo.

Os nossos queridos tolerantes dizem que as suas provocações (eles usam um eufemismo: manifs) são a guarda avançada da laicidade. Perdão? A laicidade não legitima manifestações públicas de intolerância, de ódio puro e visceral (aquela raiva até pinga). A laicidade não é esta demonstração de desprezo pelos padrecos e beatas. Laicidade é uma questão institucional, é viver num Estado não-religioso, é viver num país cujo governo é imune a um Ayatollah ou a um Richelieu. Ou seja, a laicidade remete para o Estado, e não para a sociedade. Problema? Os nossos tolerantes têm dificuldades em separar estes dois conceitos. É por isso que não aceitam que, na sociedade, os grupos religiosos têm o direito a intervir, têm o direito às suas demonstrações públicas de fé. No fundo, a coisa tem uma explicação mui simples: os nossos tolerantes-que-não-tomam-banho-durante-uma-semana-porque-isso-é-cool-e-bom-para-o-ambiente não aceitam a mera visibilidade pública dos católicos. Na sua visão do mundo, os católicos deviam ser uma tribo clandestina, com o direito a missas em garagens ou assim . E, já agora, o argumento do dinheiro público é patético. Uma visita do Papa custa dinheiro, sobretudo no lado da segurança? A sério? Bom, sendo assim, a Espanha também não pode receber Barack Obama, Sarkozy ou o Dalai Lama, e também não pode receber uma cimeira da UE, porque tudo isso implica gastar dinheiro público. É mais honesto dizer "eu não gosto destes católicos nojentos, e não os quero na minha cidade".

Para terminar, convém reparar nas indignações selectivas destes tolerantes. Durante todo o ano, chegam notícias preocupantes das comunidades muçulmanas. A homofobia e a misoginia são fortíssimas entre os muçulmanos europeus, mas estes tolerantes não abrem a boca sobre este assunto. Conclusão? Esta gente não está preocupada com a laicidade ou com a tolerância. Estes tolerantes são apenas os bons e velhos jacobinos, e odiar o catolicismo é a sua virtude.


40 Years Later: How to Undo the Autonomy Argument for Abortion Rights

In response to pro-choice appeals to autonomy in support of abortion, we feminists should advocate that parents—both mothers and fathers—have binding duties to their unborn child as the product of their life-giving sexual act.

by Erika Bachiochi

In The Public Discourse - August 19, 2011

In response to pro-choice appeals to autonomy in support of abortion, we feminists should advocate that parents—both mothers and fathers—have binding duties to their unborn child as the product of their life-giving sexual act.

During the last decade or so, pro-lifers have worked to defeat the central pro-choice claim that abortion is necessary to women’s health and well-being. We’ve uncovered medical data revealing the short-term and long-term damage caused by abortion to a woman’s body. We’ve brought to light stories of women who have regretted their abortions. And we’ve spent considerable time and treasure giving women in crisis the practical tools necessary to bring their unborn children to term—since most women experience the abortion right as anything but the boon to women that feminists often claim it is. The once-ridiculed notion that one could be both pro-woman and pro-life has finally made its mark.

Yet, despite the gains pro-lifers have made in this regard, pro-choice feminists still adhere to another set of arguments entirely, arguments that resound in a popular slogan: “get your hands off my body.” In this view, because women, rather than men, get pregnant, a pregnancy forced by abortion restrictions signifies a basic gender inequality that no practical, pro-life social supports can alleviate, no matter what the medical data (which they still consider questionable) say about abortion’s aftermath. Indeed, “forced” pregnancy, for the most radical of pro-choice scholars and jurists, amounts to something akin to military conscription. As Justice Harry Blackmun wrote in his opinion in Planned Parenthood v. Casey nearly twenty years ago, “[Abortion restrictions] conscript women’s bodies into [the service of the State], forcing women to continue their pregnancies, suffer the pains of childbirth, and … provide years of material care.”

The philosophical argument underlying pro-choice appeals to bodily autonomy is not a new one; indeed, the original version cast by moral philosopher Judith Jarvis Thomson is old enough to commemorate its 40th anniversary this year. Forty years later, the autonomy argument is still wildly popular among supporters of abortion and especially among pro-choice academics.

Thomson’s 1971 philosophical argument is utterly unpersuasive for the ardent pro-lifer who upholds the embodied uniqueness of women, but it resonates profoundly with pro-choicers. Today her argument is especially weighty for abortion advocates, because she makes no effort to dabble in ineffectual claims that the fetus is anything but a human being, or even that such a human being somehow lacks the status of a human person. These claims are becoming less and less tenable, even if some pro-choicers continue to cling to them for whatever remaining rhetorical help such claims give their cause. Thomson grants the personhood of the fetus and, as many readers will remember, depicts abortion as something akin to self-defense. The dependent fetus is imaginatively analogized to a famous unconscious violinist who is kept alive by being attached, for nine months, to an innocent bystander’s circulatory system. The act of abortion thus detaches the bodily invader from the unwilling host.

This analogy for bodily autonomy has taken a variety of forms over the years, and each has been engaged philosophically by the greatest of pro-life minds. Of late, however, pro-choice feminist legal literature that is more critical of straightforward autonomy arguments has morphed the analogy into something more nuanced. The argument concedes the bond that a pregnant woman often experiences with her developing unborn child, but maintains that a woman should not be forced to enter into a “relationship of nurture” with the fetus nonconsensually. Another version concedes the responsibility mothers feel toward both their born and unborn children, and portrays abortion as a “parenting decision” that dutiful mothers elect when they find themselves unable to care for another (or a disabled) child. For those scholars who embrace a sort of “care” or “relational” feminism, the fetus is no longer an aggressor, but one with whom an emotional relationship is likely to develop, even before birth. Thus, the enormous emotional strain of putting an unborn child up for adoption, and the various physical and psychological risks for a pregnant woman, should entail that we recognize her prerogative to consent to this “relationship of nurture.”

The common-law argument that underlies these Thomson and Thomsonesque analogies is that one need not play the “good Samaritan” to another: a bystander need not keep a famous violinist alive with his own body; a passerby need not rescue a drowning stranger; a parent need not donate bone marrow to his dying adult child; a woman need not continue an unwanted pregnancy. All of these tasks pose risks and demands of various and often unforeseen levels on the autonomous individual. The law, thus, does not require anyone to undertake these risks.

There is an element of truth to these analogies concerning pregnancy. Pregnancy is difficult, and it can often be burdensome. For some women, it poses enormous risks and demands. For almost all women, it can be a trial at times, and for some, that trial lasts all nine months. But, as many over the last forty years have argued, pregnancy is most unlike any of these other situations. The affirmative and destructive act of abortion cannot seriously be analogized to failure to rescue a stranger, nor can it be honestly described as the mere failure to continue a pregnancy.

Even if “failure to rescue” were an accurate approximation to abortion, special affirmative duties arise, both morally and legally, when the drowning individual is not a stranger, but is one’s own dependent child. One does not play the “good Samaritan” but the responsible and law-abiding parent when she rescues her drowning child from a pool of water. In pregnancy, the dependency and vulnerability of the nascent, developing child are even more evident, and the parent’s affirmative duty of care is arguably more obvious. For not only is the unborn child dependent and vulnerable, but her mere existence (as a dependent and vulnerable developing child) is due, at least biologically, to the life-giving act in which her parents engaged.

This reasoning does not cede philosophical ground to the contractarian view (that underlies pro-choice rhetoric) by arguing that because a woman consented to sex, she consents to pregnancy. Rather, the argument, based in centuries-old common law, maintains that when an individual puts another individual in a position of vulnerability (“in harm’s way”) and has the ability to offer help and assistance, the law requires that individual to do so. As philosopher Francis Beckwith has written, “The parents of the fetus are responsible for assisting it because they are in fact responsible for bringing into existence a being that is needy by nature and thus are responsible for its neediness.” Thus, parents share an affirmative legal duty toward their unborn child who, in his vulnerability, is utterly dependent upon their help and assistance—even more so than their born child, for whom other competent adults could care.

Three important implications flow from this response to the bodily autonomy argument. The first concerns the proper way to conceive of the relationship between the pregnant mother and her unborn child in accord with this affirmative duty of care; the second examines the paternal duties neglected by both sides of the abortion debate; the third indicates the necessary—pro-woman—course of action.

Like the aforementioned “relational” feminists, Justice Kennedy, in the 2007 Gonzales v. Carhart decision, noted “the bond of love a mother has for her child.” Pro-lifers would do well to make more of the mother-child relationship Kennedy affirms—an acknowledgment that legal scholar Helen Alvaré suggests could begin the shift of abortion law into the province of family law. Yet they should not do so precisely the way that Kennedy does in Gonzales, nor the way legislators tried to do in South Dakota’s 2006 abortion ban. Both Justice Kennedy and South Dakota lawmakers attempted to connect causally the “natural” bond of love between mother and child and the emotional devastation abortion has caused many women, whose stories of regret and suffering were offered in amicus briefs and legislative testimony, respectively. Justice Ginsburg in her Gonzales dissent, and other academic pro-choicers in their writings, criticized this causal link, not only because Kennedy and the South Dakotans were unable to point to any “reliable data to measure the phenomenon,” but because such a presumption of the mother’s “bond of love” is, in Ginsburg’s words, hardly “self-evident.” Ginsburg cannot be that far off: opting for abortion certainly does not indicate an evident “bond of love” between mother and unborn child—even if the aforementioned “relational” feminists have admitted to experiencing it.

Such a natural—felt—bond of love of mother for child (born or unborn) may in fact be outside the experience of the more hard-hitting professional feminists who drive opinion in the pro-choice movement. Though one hopes the psychological burdens that post-abortive women often face will become more widely recognized, it would be to our advantage, when shaping legislative proposals or making legal arguments, to focus not on the subjective, experienced “bond” or “feelings” of love, which are so easily denied by those with a penchant for the autonomy argument, but on the objective relationship of dependency that exists between pregnant mother and vulnerable unborn child, and the moral and legal duties that follow. Once pro-choicers have conceded the humanity of the fetus, which all but the most obtuse of pro-choicers have done, it can no longer be denied that the unborn human being is very much a child, that is, a human being who shares his mother’s and father’s DNA, as a product of their life-giving sexual act. Establishing constitutional personhood, while certainly a laudable goal, is legally unnecessary: while “person” may indicate “rights-bearing,” “child” signifies one to whom certain parental duties are owed. Parallels between the legally binding duties of parents to their unborn children and their duties to their born children follow from this view of the unborn.

But the relationship of dependency that an unborn child has with her pregnant mother does not translate into maternal duties alone. Whereas pro-choice legal efforts encourage women to imitate male reproductive irresponsibility by abandoning the child brought forth by their sexual escapades, pro-lifers must demand that the law also obligate men who sire children. For the pregnant woman surely did not bring about the vulnerable, dependent new human being solely by her own doing, and though her body is uniquely capable of gestating developing human life, she does not carry sole responsibility to care for that life. Feminists are right to argue that pregnancy disproportionately “burdens” women and it is high time pro-lifers thought more about what paternal responsibility for unborn children might mean.

Acknowledging parental duty for unborn children also gives an added punch to pro-woman arguments in favor of chastity. Sex does not always make babies, but neither does it always make babies exactly according to our plans. This biological reality need not tread upon questions of the morality of contraception. Rather, the unassailable fact that contraception fails, and fails often, is enough to underscore the reality that sex is a serious enterprise, to be engaged in only by those prepared to become mothers and fathers. Concomitant with this reality is the gendered fact that the consequences of sex are far more serious and immediate for women than for men—even if abortion is an open option. The feminist hope that liberalized abortion would usher in a new era in which women would enjoy sexual and reproductive autonomy akin to that enjoyed by men is simply illusory. While abortion has freed men further from the consequences of the potentially procreative sexual act, women must act affirmatively—and destructively—if they are to imitate male reproductive autonomy. Indeed, coupled with the documented harm of abortion to women, a whole cottage industry of scholarship has arisen of late to document the anti-woman reality of non-marital sex. It’s time for women to recognize that self-respect requires that they disentangle themselves from the culture’s current male-centered mode of sexuality. Just as the men followed us into the woods, they’ll follow us out.

One cannot know with certainty whether the new pro-woman strategies adopted by pro-lifers can take credit for the change in public sentiment about abortion over the last decade. Surely 3D imaging of one’s unborn child and the educative impact of the partial-birth and live-birth legislation and litigation have also had their consequences. Perhaps we might say that a focus on the multifaceted truths of abortion is working, when they are presented incrementally and non-polemically, in all their objectivity: abortion snuffs out the life of a nascent human being; abortion poses serious risks to women’s well-being and future reproductive health; abortion shifts the costs of sex and pregnancy onto women alone, freeing men to abdicate their paternal responsibilities; and abortion rejects the moral and legal duties that mothers and fathers have toward their most vulnerable and dependent children. Pro-choicers are correct to worry that abortion restrictions would impact the ability of mothers (and fathers) to design their own lives autonomously. Dependent and vulnerable children do that.

Erika Bachiochi is an independent scholar whose most recent book, Women, Sex & the Church: A Case for Catholic Teaching, was published in 2010. This essay was inspired by themes in parts III & IV of her recent article “Embodied Equality: Debunking Equal Protection Arguments for Abortion Rights (Harvard Journal of Law & Public Policy, Summer, 2011), now available online.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Conference aims to normalize pedophilia

If a small group of psychiatrists and other mental health professionals have their way at a conference this week, pedophiles themselves could play a role in removing pedophilia from the American Psychiatric Association’s bible of mental illnesses — the Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM), set to undergo a significant revision by 2013. Critics warn that their success could lead to the decriminalization of pedophilia.

Christian Church facing a revolution that is shaking its foundations: the gay revolution

by Albert Mohler

August 17, 2011 (AlbertMohler.com) - The Christian church has faced no shortage of challenges in its 2,000-year history. But now it’s facing a challenge that is shaking its foundations: homosexuality.

To many onlookers, this seems strange or even tragic. Why can’t Christians just join the revolution?

And make no mistake, it is a moral revolution. As philosopher Kwame Anthony Appiah of Princeton University demonstrated in his recent book, “The Honor Code,” moral revolutions generally happen over a long period of time. But this is hardly the case with the shift we’ve witnessed on the question of homosexuality.

In less than a single generation, homosexuality has gone from something almost universally understood to be sinful, to something now declared to be the moral equivalent of heterosexuality—and deserving of both legal protection and public encouragement. Theo Hobson, a British theologian, has argued that this is not just the waning of a taboo. Instead, it is a moral inversion that has left those holding the old morality now accused of nothing less than “moral deficiency.”

The liberal churches and denominations have an easy way out of this predicament. They simply accommodate themselves to the new moral reality. By now the pattern is clear: These churches debate the issue, with conservatives arguing to retain the older morality and liberals arguing that the church must adapt to the new one. Eventually, the liberals win and the conservatives lose. Next, the denomination ordains openly gay candidates or decides to bless same-sex unions.

This is a route that evangelical Christians committed to the full authority of the Bible cannot take. Since we believe that the Bible is God’s revealed word, we cannot accommodate ourselves to this new morality. We cannot pretend as if we do not know that the Bible clearly teaches that all homosexual acts are sinful, as is all human sexual behavior outside the covenant of marriage. We believe that God has revealed a pattern for human sexuality that not only points the way to holiness, but to true happiness.

Thus we cannot accept the seductive arguments that the liberal churches so readily adopt. The fact that same-sex marriage is a now a legal reality in several states means that we must further stipulate that we are bound by scripture to define marriage as the union of one man and one woman—and nothing else.

We do so knowing that most Americans once shared the same moral assumptions, but that a new world is coming fast. We do not have to read the polls and surveys; all we need to do is to talk to our neighbors or listen to the cultural chatter.

In this most awkward cultural predicament, evangelicals must be excruciatingly clear that we do not speak about the sinfulness of homosexuality as if we have no sin. As a matter of fact, it is precisely because we have come to know ourselves as sinners and of our need for a savior that we have come to faith in Jesus Christ. Our greatest fear is not that homosexuality will be normalized and accepted, but that homosexuals will not come to know of their own need for Christ and the forgiveness of their sins.

This is not a concern that is easily expressed in sound bites. But it is what we truly believe.

It is now abundantly clear that evangelicals have failed in so many ways to meet this challenge. We have often spoken about homosexuality in ways that are crude and simplistic. We have failed to take account of how tenaciously sexuality comes to define us as human beings. We have failed to see the challenge of homosexuality as a Gospel issue. We are the ones, after all, who are supposed to know that the Gospel of Jesus Christ is the only remedy for sin, starting with our own.

We have demonstrated our own form of homophobia—not in the way that activists have used that word, but in the sense that we have been afraid to face this issue where it is most difficult . . . face to face.

My hope is that evangelicals are ready now to take on this challenge in a new and more faithful way. We really have no choice, for we are talking about our own brothers and sisters, our own friends and neighbors, or maybe the young person in the next pew.

There is no escaping the fact that we are living in the midst of a moral revolution. And yet, it is not the world around us that is being tested, so much as the believing church. We are about to find out just how much we believe the Gospel we so eagerly preach.

Discurso do Papa na festa de acolhimento dos jovens em Madrid

In Vatican.va
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Na leitura que há pouco foi proclamada, ouvimos uma passagem do Evangelho onde se fala de acolher as palavras de Jesus e de as pôr em prática. Há palavras que servem apenas para entreter, e passam como o vento; outras instruem, sob alguns aspectos, a mente; as palavras de Jesus, ao invés, têm de chegar ao coração, radicar-se nele e modelar a vida inteira. Sem isso, ficam estéreis e tornam-se efémeras; não nos aproximam d’Ele. E, deste modo, Cristo continua distante, como uma voz entre muitas outras que nos rodeiam e às quais estamos habituados. Além disso, o Mestre que fala não ensina algo que aprendeu de outros, mas o que Ele mesmo é, o único que conhece verdadeiramente o caminho do homem para Deus, pois foi Ele que o abriu para nós, que o criou para podermos alcançar a vida autêntica, a vida que sempre vale a pena viver em todas as circunstâncias e que nem mesmo a morte pode destruir. O Evangelho continua explicando estas coisas com a sugestiva imagem de quem constrói sobre a rocha firme, resistente às investidas das adversidades, contrariamente a quem edifica sobre a areia, talvez numa paisagem paradisíaca, poderíamos dizer hoje, mas que se desmorona à primeira rajada de ventos e fica em ruínas.

Queridos jovens, escutai verdadeiramente as palavras do Senhor, para que sejam em vós «espírito e vida» (Jo 6, 63), raízes que alimentam o vosso ser, linhas de conduta que nos assemelham à pessoa de Cristo, sendo pobres de espírito, famintos de justiça, misericordiosos, puros de coração, amantes da paz. Escutai-as frequentemente cada dia, como se faz com o único Amigo que não engana e com o qual queremos partilhar o caminho da vida. Bem sabeis que, quando não se caminha ao lado de Cristo, que nos guia, extraviamo-nos por outra sendas como a dos nossos próprios impulsos cegos e egoístas, a de propostas lisonjeiras mas interesseiras, enganadoras e volúveis, que atrás de si deixam o vazio e a frustração.

Aproveitai estes dias para conhecer melhor a Cristo e inteirar-vos de que, enraizados n’Ele, o vosso entusiasmo e alegria, os vossos anseios de crescer, de chegar ao mais alto, ou seja, a Deus, têm futuro sempre assegurado, porque a vida em plenitude já habita dentro do vosso ser. Fazei-a crescer com a graça divina, generosamente e sem mediocridade, propondo-vos seriamente a meta da santidade. E, perante as nossas fraquezas, que às vezes nos oprimem contamos também com a misericórdia do Senhor, sempre disposto a dar-nos de novo a mão e que nos oferece o perdão no sacramento da Penitência.

Edificando-a sobre a rocha firme, a vossa vida será não só segura e estável, mas contribuirá também para projectar a luz de Cristo sobre os vossos coetâneos e sobre toda a humanidade, mostrando uma alternativa válida a tantos que viram a sua vida desmoronar-se, porque os alicerces da sua existência eram inconsistentes: a tantos que se contentam com seguir as correntes da moda, se refugiam no interesse imediato, esquecendo a justiça verdadeira, ou se refugiam em opiniões pessoais em vez de procurar a verdade sem adjectivos.

Sim, há muitos que, julgando-se deuses, pensam que não têm necessidade de outras raízes nem de outros alicerces para além de si mesmo. Desejariam decidir, por si sós, o que é verdade ou não, o que é bom ou mau, justo ou injusto; decidir quem é digno de viver ou pode ser sacrificado nas aras de outras preferências; em cada momento dar um passo à sorte, sem rumo fixo, deixando-se levar pelo impulso de cada instante. Estas tentações estão sempre à espreita. É importante não sucumbir a elas, porque na realidade conduzem a algo tão fútil como uma existência sem horizontes, uma liberdade sem Deus. Pelo contrário, sabemos bem que fomos criados livres, à imagem de Deus, precisamente para ser protagonistas da busca da verdade e do bem, responsáveis pelas nossas acções e não meros executores cegos, colaboradores criativos com a tarefa de cultivar e embelezar a obra da criação. Deus quer um interlocutor responsável, alguém que possa dialogar com Ele e amá-Lo. Por Cristo, podemos verdadeiramente consegui-lo e, radicados n’Ele, damos asas à nossa liberdade. Porventura não é este o grande motivo da nossa alegria? Não é este um terreno firme para construir a civilização do amor e da vida, capaz de humanizar todo homem?

Queridos amigos, sede prudentes e sábios, edificai as vossas vidas sobre o alicerce firme que é Cristo. Esta sabedoria e prudência guiará os vossos passos, nada vos fará tremer e, em vosso coração, reinará a paz. Então sereis bem-aventurados, ditosos, e a vossa alegria contagiará os outros. Perguntar-se-ão qual seja o segredo da vossa vida e descobrirão que a rocha que sustenta todo o edifício e sobre a qual assenta toda a vossa existência é a própria pessoa de Cristo, vosso amigo, irmão e Senhor, o Filho de Deus feito homem, que dá consistência a todo o universo. Ele morreu por nós e ressuscitou para que tivéssemos vida, e agora, junto do trono do Pai, continua vivo e próximo a todos os homens, velando continuamente com amor por cada um de nós.

Confio os frutos desta Jornada Mundial da Juventude à Santíssima Virgem, que soube dizer «sim» à vontade de Deus e nos ensina, como ninguém, a fidelidade ao seu divino Filho, que acompanhou até à sua morte na cruz. Meditaremos tudo isto mais pausadamente ao longo das diversas estações da Via-Sacra. Peçamos para que o nosso «sim» de hoje a Cristo seja também, como o d’Ela, um «sim» incondicional à sua amizade, no fim desta Jornada Mundial e durante toda a nossa vida. Muito obrigado!


Ettore Gotti Tedeschi, the head of the Vatican Bank sees flaws in Western economies

"Among his many useful observation, Tedeschi notes that a strong capitalist economy is predicated on growth, and economic growth requires a steady expansion of both the workforce and the market of consumers--which, in turn, requires growth in the overall population. The Western nations, he observes, are no longer growing in population, and their economic systems are now based not on production but on a steady expansion of consumption and debt."

Read the interview Catholic World Report


Corey Feldman: Pedófilos em Hollywood cercam crianças como abutres - confissão de ex-menino ator

by Kathleen Gilbert
15 de agosto de 2011 (Notícias Pró-Família) — Um homem que na infância foi um famoso ator descreveu a pedofilia generalizada como um segredo grande e de longa data em Hollywood, onde ele disse que magnatas mais velhos de Hollywood cercavam as crianças atores “como abutres”.

“Posso lhes dizer que o problema número um de Hollywood era, é e sempre será a pedofilia”, o ator Corey Feldman disse para o programa “Nightline” da ABC News em 10 de agosto.
Feldman, que começou sua carreira de televisão com a idade de três anos, e é conhecido por seus papéis em filmes como Gremlins e Tartarugas Ninjas, disse que a “cama de lançamento” — um termo que descreve negociar sexo por papéis em filmes — se aplicava até mesmo às estrelas mais jovens de Hollywood.
“Nem sempre é feito do mesmo jeito, mas tudo é feito fora da atenção de todos”, disse Feldman. “É o grande segredo”.
Feldman, que diz que foi um das muitas vítimas de abuso sexual de Hollywood, descreveu como aos poucos veio a ter noção da realidade da cultura de Hollywood.
“Eu era cercado por eles quando eu tinha 14 anos de idade. Cercado. Literalmente. Mas eu não sabia o que era aquilo”, disse ele. “Só mais tarde, quando alcancei suficiente maturidade, compreendi o que eles eram e o que queriam, e qual era a natureza deles… Oh, meu Deus! Eles estavam em todas as partes, como abutres”.
“Havia um círculo de homens mais velhos que ficava ao redor desse grupo de crianças”, continuou ele, “e eles tinham seu próprio poder ou conexões de grande poder na indústria do entretenimento”.
A afirmação de que uma cultura de segredos protege a pedofilia de grande escala na sede mundial do entretenimento foi republicada num número pequeno de publicações de fofoca online, e alcançou a CNN, Huffington Post e MSNBC apenas por meio de seus respectivos blogs de entretenimento: uma evidente escassez de cobertura que foi questionada por Bill Donohu, diretor da Liga Católica.
“Os mesmos principais meios de comunicação que perdem o folego quando falam de um padre acusado de ‘passar dos limites’, como dar um beijo na cabeça de uma menina, parecem aceitar com serenidade os recentes comentários de Corey Feldman sobre o predomínio da pedofilia em Hollywood”, Donohue disse para LifeSiteNews.com.
De acordo com um relatório feito pela Faculdade John Jay de Justiça Criminal e comissionado pelos bispos dos EUA, quatro por cento de todos os padres católicos entre 1950 e 2010 foram acusados de abuso sexual, dos quais três por cento foram condenados.
“Os católicos, em particular, adorariam saber o motivo por que a mídia está reagindo de modo indiferente às confissões de Feldman: Será que é por que os jornalistas há muito tempo sabem dos generalizados abusos sexuais em Hollywood e têm uma norma não escrita de que não se deve fazer pressão na questão? Se a resposta for positiva, a reação aos padres canalhas parece forçada”.
Artigos relacionados:
Traduzido por Julio Severo: www.juliosevero.com
Veja também este artigo original em inglês: http://www.lifesitenews.com/news/pedophiles-in-hollywood-surround-children-like-vultures-former-child-actor

La fragancia del nardo - por Juan Manuel de Prada

"Y esta carnalidad insultante de la fe halla su expresión más subversiva y escandalosa en la institución del papado, que es la consecuencia más extrema del misterio de la Encarnación"

In ABC

Seguramente sea el Evangelio de San Marcos el más cercano en el tiempo a los hechos que relata; y es, desde luego, el más liberado de florituras literarias, el más «pegado al terreno», con esa sequedad esencial que sólo poseen las grandes crónicas periodísticas. Al principio de su Evangelio, Marcos nos narra con su habitual despojamiento un episodio muy inquietante y revelador. Jesús se halla en Carfarnaún, enseñando en la sinagoga. De repente, un endemoniado se pone a gritar: «¿Qué tenemos nosotros contigo, Jesús de Nazaret? ¿Has venido a destruirnos? Sé quién eres: el Santo de Dios». Jesús manda callar al espíritu inmundo que habla por boca del endemoniado y le ordena abandonar su cuerpo; orden que el espíritu inmundo acata a regañadientes, no sin antes ofrecer el numerito que uno se espera del demonio: «El espíritu inmundo lo retorció violentamente y, dando un grito muy fuerte, salió de él».

Nada más nos dice Marcos; pero en lo poco que nos dice se desprende una enseñanza jugosísima. Pocos fueron los que en vida reconocieron a Jesús: «Vino a los suyos, pero los suyos no lo recibieron». La incredulidad o desconcierto de los discípulos de Jesús contrasta, sin embargo, con la lucidez de este endemoniado de Carfarnaún, que afirma sin dubitación: «Sé quién eres: el Santo de Dios». Pocas afirmaciones tan contundentes hallaremos en el Evangelio sobre la identidad de Jesús; mientras la mayoría de sus seguidores se hace la picha un lío —que si Juan el Bautista, que si Elías, que si Jeremías, que si alguno de los profetas—, el endemoniado de Cafarnaún revela un conocimiento sobre su naturaleza digno de un doctor en teología. Y esta misma certeza teológica es la que demuestran, ante la visita de Benedicto XVI a Madrid, los sedicentes «ateos». Es probable que muchos escépticos (y aun muchos católicos) confundan la naturaleza de esta visita; pero quienes desde luego la conocen sin dubitación son quienes se llaman a sí mismos «ateos», pero que en realidad son católicos vueltos del revés: saben que Benedicto XVI es el signo vivo del «Santo de Dios», y reaccionan en consecuencia, como aquel pobre hombre de la sinagoga de Cafarnaún, retorciéndose violentamente y dando gritos muy fuertes. Ciertamente, desde el Cafarnaún que visitó Jesús al Madrid que visita Benedicto XVI muchas cosas han cambiado: ahora ciertos numeritos se ofrecen con aprobación gubernativa, en lo que se demuestra que la filantropía ha avanzado una barbaridad; y también que la teología es una ciencia muy apreciada por nuestros gobernantes, de lo cual debemos congratularnos.

Los «ateos» e «indignados» —en realidad, católicos vueltos del revés— que quieren jorobar a Benedicto XVI pasearán pancartas con el lema: «De mis impuestos, al Papa cero»; que viene a ser una adaptación chunga de aquellas palabras de Judas, en la unción de Betania, cuando contempla con fingido escándalo cómo María, la hermana de Lázaro, derrama una libra de perfume sobre los pies de Jesús, mientras la casa se llena con LA FRAGANCIA DEL NARDO: «¿Por qué no se ha vendido este perfume por trescientos denarios para dárselos a los pobres?». Judas, al menos, utilizaba como coartada a los pobres; estos católicos vueltos del revés quieren los impuestos para ellos, reclamación que, si bien se nos antoja poco filantrópica, resulta coherente con la cultura vigente de la subvención y el pilla-pilla. Sólo que estos «ateos» e «indignados» se equivocan de ventanilla en la reclamación; pues la visita de Benedicto XVI les va a costar, en efecto, cero, como sus organizadores se han encargado de explicar con rigor hasta la saciedad, y hasta es posible que de rebote les procure algunas monedillas. Pero la reclamación de estos católicos vueltos del revés, como la queja de Judas en Betania, es hipócrita; pues lo que a los «ateos» e «indignados» subleva de la visita de Benedicto XVI es que los deja en evidencia: al «ateo», porque la fe de la que reniega se manifiesta en su verdadera naturaleza, que no es —como a él, ¡ay!, le gustaría— «ideológica», sino magisterio vivo; al «indignado», porque le muestra el camino verdadero para regenerar el mundo.


Al «ateo» le gustaría que el cristianismo fuese un puro «espiritualismo», una ideología compendiada en un corpus doctrinal, sin cuerpo palpable alguno, que pudiese ser refutada o combatida mediante otra ideología o corpus doctrinal adverso. Pero resulta que es exactamente lo contrario: la predicación de Jesús se llevó a cabo mediante la presencia de un Cuerpo tangible; la presencia de Jesús entre sus seguidores se realiza a través de los sacramentos, que exigen la proximidad corporal y aun el contacto físico; los dones supremos de la fe reclaman el encuentro con el prójimo, la mediación de esta pobre carne perecedera nuestra, magra o rolliza, lozana o arañada por las varices y el cólico de riñón. Y esta carnalidad insultante de la fe halla su expresión más subversiva y escandalosa en la institución del papado, que es la consecuencia más extrema del misterio de la Encarnación y la refutación más apabullante del «espiritualismo», tan querido por quienes «CREEN Y TIEMBLAN». ¡Eso de que un anciano octogenario, un vejestorio que apenas se tiene en pie sea el epicentro de la presencia divina, el tabernáculo de la fe, es en verdad exasperante para el ateo! ¡Y qué decir de esos católicos repelentes, que no se congregan en torno a unas ideas, sino en torno a ese vejestorio de carnes decrépitas y huesos endebles, en cuyo rostro arrugado como una pasa ven el rostro visible del Verbo que se ha hecho uno con nosotros! El «ateo» quisiera que el católico naufragara en un tumulto de abstracciones y consignas doctrinarias; pero hete aquí que su fe se concreta en una caridad filial, juvenil y alborozada, dirigida hacia ese vejestorio, un tipo tan frágil como ellos mismos, tan pecador como ellos mismos, tan pobre hombre como ellos mismos. ¿Cómo no va a retorcerse violentamente y a dar gritos muy fuertes el ateo ante ese Santo de Dios?

¿Y cómo no van a retorcerse y a gritar los «indignados»? Durante meses, se han multiplicado en asambleas babélicas, en manifiestos regados de anacolutos, en utópicos brindis al sol y pronunciamientos abstractos con los que trataban de regenerar —¡ahí es nada!— la política, la sociedad, las finanzas internacionales; y todo su activismo desgañitado se ha revelado huero, chirle y hebén, pese a que los medios de adoctrinamiento de masas y los pescadores en río revuelto los han mimado como a chiquilines emberrinchados. Pero a los «indignados» les ocurre lo mismo que le ocurría a H. G. Wells, según advertía Chesterton: quieren cambiar lo que está mal en el mundo, pero en lugar de empezar por sí mismos, han querido empezar por lo que está fuera de ellos. Sólo cambiando la conciencia personal, dejando que nuestra naturaleza caída se abra a la luz de la Redención, es como el mundo empieza a cambiarse; y esto es, precisamente, lo que el viejo Papa viene a decirnos y a decirles: sólo la adhesión a Jesús —una adhesión concreta, carnal, sin pronunciamientos abstractos ni utópicos brindis al sol— puede regenerar el mundo. A nadie le gusta que lo dejen en evidencia; y por eso la visita de Benedicto XVI indigna tanto a los «indignados».

Un gran escritor católico llamado Oscar Wilde escribió con palabras imperecederas que sirven por todo un tratado de teología lo que el paso de Jesús por la tierra significó: «Era tal el encanto de su personalidad que su simple presencia podía traer paz a las almas angustiadas, y que aquellos que le tocaban la túnica o las manos olvidaban su dolor; o que quienes habían sido sordos a todas las voces, salvo a la del placer, oían por primera vez la voz del amor y la encontraban tan musical como el laúd de Apolo; o que las maléficas pasiones huían ante su proximidad, y que hombres como muertos en sus tediosas vidas sin imaginación resucitaban de sus tumbas cuando Él los llamaba; o que, cuando les enseñaba desde la altura de una montaña, las multitudes se olvidaban de su hambre, de su sed y de las preocupaciones de este mundo, y que cuando sus amigos lo escuchaban mientras comían, la ruda carne les parecía delicada, y el agua tenía el gusto del vino, y toda la casa se llenaba de LA FRAGANCIA DEL NARDO». Esta misma fragancia del nardo, tan próxima, tan concreta, tan carnal, es la que nos trae Benedicto XVI a Madrid. Por eso algunos se retuercen con violencia y gritan muy fuerte. Con aprobación gubernativa, por supuesto, que la filantropía ha avanzado una barbaridad.

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Nota de Amor, Verdade e Vida - A citação de Óscar Wilde não deve ser interpretada como uma negação modernista dos Milagres que Jesus operou, tal como relatam os Evangelhos, mas sim como uma afirmação de Graças acrescidas neles significadas