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quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Intelijumento e impiedoso - por Nuno Serras Pereira

29. 08. 2013


Entre as formidáveis características da vasta maioria do povo português (para não dizer europeu) que se tem como católico, e tal se diz, há duas que se destacam sobremaneira: a boçalidade e a desumanidade. Estas propriedades espantosas são louvadas, encorajadas e mesmo abençoadas por amplos sectores da Hierarquia que parecem ver nelas instrumentos e sinais essenciais de comunhão, de unidade e de paz.


Muitos cuidam que desimitando a exemplaridade de Jesus Cristo, anunciando e afirmando tão só “coisas positivas”, descurando a denúncia e a oposição ao mal, ao erro e ao pecado sossegam os anticristos que por aí pululam ferozmente organizados, quando na verdade lhes abrem as portas à progressão, ao avantajamento, ao domínio implacável das consciências e de um criminoso poder totalitário. Outros descansam no dito de Jesus Cristo que se O perseguiram a Ele também nos perseguirão a nós. Asserção, de facto, infalível mas o que daí inferem é uma alarvice. De feito, concluem que nada lhes resta senão conformarem-se à perseguição entregando-se ao martírio; sem reflectirem que não são somente eles que estão em perigo mas também o bem das suas famílias, da sociedade, dos mais fracos e desfavorecidos, dos indefesos e dos inocentes, enfim o Bem-comum, pelo qual têm o dever estrito e grave de combater com todas as veras, prudência (não timoratamente, mas escolhendo os meios mais adequados fim que se propõem) e inteligência. Há ainda quem olhe para o presente com a mesma distância neutra e fria com que se consideram acontecimentos trágicos e nefastos de séculos passados, esquecendo que se nada podem fazer em relação ao que já sucedeu, têm a obrigação rigorosa de evitar que as mesmas catástrofes se repitam. Talvez se possa afirmar que os que assim pensam e procedem padecem de um embrutecimento comum: não aprenderem nada com o passado. De facto, temos aí todos os sinais e mais alguns que precederam os mais cruéis terrores e perseguições a que os povos e a Igreja foram submetidos – a revolução francesa, o socialismo, o comunismo, o fascismo (Mussolini), o nazismo -: o jacobinismo maçónico, a ideologia lgbt, a ideologia do género, a devastação da família fundada no matrimónio, a vigilância universal, a destruição da inocência das crianças nas escolas, a perversão das mentalidades pelas séries e telenovelas nas tevês, o eugenismo, o controlo demográfico, a matança sistemática, sem precedentes, dos inocentes, a experimentação descabelada, faustiana, nas pessoas na etapa inicial das suas vidas, a eutanásia, o efeminizar dos homens, o aniquilamento da maternidade e da nupcialidade, a fantasia de “parentalidades” canalhas, o rapto por parte do estado de crianças a seus pais, etc., etc. 


Os exemplos atrás que ilustram a cretinice e indiferença de tantos perante a malignidade que nos acomete e abocanha mostra outrossim o desprezo frio e cruel para com todas as vítimas, não só actuais mas futuras, das trevas que vertiginosamente se vão adensando. O carácter profundamente egoísta e inumano destas gentes revela-se com uma clarividência meridiana quando topamos com a reacção veemente e colérica da classe média e alta perante os cortes no bolso próprio, e o insensível marasmo displicente quando em relação aos pequeninos: os nascituros, as vítimas do divórcio, as crianças produzidas-congeladas-eliminadas-e-pouquíssimas-nascidas por processos técnico-laboratoriais, a co-adopção-adopção-plena por parelhas do mesmo sexo; e tudo o mais que já anteriormente foi referido.


O Senhor ensinou que quem procurar salvar a sua própria vida perdê-la-á mas quem a perder por Sua causa salvá-la-á. Também poderíamos parafrasear afirmando que quem procurar salvar a Igreja (espertezas saloias, diplomacias humanas, etc.) perdê-la-á (recordemos que historicamente ela já foi perdida em vários sítios do mundo, como lembrou o Papa Bento XVI) mas quem a perder (quem não recear a loucura da Cruz) por caus ade Jesus salvá-la-á. A Igreja é Cristo em nós. Nós somos o Corpo de Cristo. À honra e Glória do mesmo e de Sua e nossa Mãe a Imaculada Virgem Maria. Ámen.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Quando Satanás domina os partidos do poder - por Nuno Serras Pereira

17. 05. 2013


A votação de hoje na assembleia da república que aprovou a “co-adopção” por parte de sodomitas sofregamente sobrepostos, macaqueando, em frenesins lascivos e invertidos, o casamento, é, para quem ainda tivesse dúvidas, a prova definitiva da entrega, ou “consagração”, de todos os partidos do parlamento, a Lúcifer.


A fuga cobarde e hipócrita de deputados do psd do hemiciclo, a hedionda votação favorável de 16 deles, a dolosa abstenção de três, que se somaram a outros tantos fingidos do cds, indica clarissimamente a cumplicidade activa destes dois partidos no resultado ignóbil da votação. Já o facto, de não terem posição enquanto partidos e de concederem “liberdade” de voto em mais uma questão inegociável e essencial para o Bem-comum, meta de toda a acção política, revelava claramente a infame cooperação com o mal que se preparava.


Sejamos cristalinos: Não só é totalmente impossível estar de bem com Deus e com o Diabo; mas também o é estar de bem com o valor transcendente da pessoa humana (e, ainda, com os bens da sociedade e da nação) e com o Maligno. Pelo que concluo que actualmente não existe nenhum partido político com assento parlamentar no qual um cristão possa votar ou com o qual possa cooperar. Quando a circunstância que nos é imposta nos quer forçar a escolher entre Mao Tsé-Tung e Estaline a única resposta legítima é a insurreição evangélica (o que se tem passado em França é um exemplo a considerar atentamente). A continuarmos nas estratégias de colaboração com alguns partidos, em nome do mal menor, temos vindo a escavar alegremente a vala comum, à beira da qual seremos eliminados e na qual seremos sepultados, caso não cessemos, de imediato, essas cretinices.


Há outros partidos políticos marginais, do ponto de vista eleitoral, que sendo aceitáveis para um cristão, infelizmente, não têm, geralmente falando, quadros credíveis e/ou suficientes para uma alternativa. Pelo que me parece absolutamente devido e urgente que os cristãos e demais homens de boa vontade, abandonando o vómito asqueroso em que estão mergulhados, se unam para constituir uma nova realidade. É um dever grave que se impõe, não só para a salvação das próprias almas, mas também para impedir que se continue a alargar o número de vítimas inocentes.


Sei que prelados, que chegaram a fazer por escrito profissões de “fé” nesta falsa democracia e nas suas instituições, e outros presbíteros vos dirão o contrário do que aqui digo. Estou consciente de que iluminados eclesiais, autênticos deuses dos modernos “fiéis” idólatras, ignorarão, descartarão ou ridicularizarão o que escrevo. Não tenho também dúvidas de que, como habitualmente, muitos se indignarão e enraivecerão, não contra mais esta abominação da política nacional, como seria de esperar, mas contra o “tom” do que aqui estampo.


Entretanto a RR, sempre solícita em participar, subtil ou descaradamente, nas campanhas contra os absolutos morais e os princípios inegociáveis, continua, nos seus noticiários, a cavilosamente chamar casais (sic) à perversa ficção jurídica do aberrante ajuntamento entre pessoas do mesmo sexo. Pelo que é de esperar que a partir de agora chame família aos “casais” que têm filhos adoptados. E quando a assembleia da república legislar que a terra é quadrada, que as árvores são pastéis de nata, que os pedregulhos são manteiga, que os excrementos são alimentos saudáveis e recomendáveis, logo a RR, zelosa e diligentemente, se submeterá a esse nominalismo surrealista; porque não interessa o que as coisas são, porque elas são aquilo que delas dissermos: a nomeação que decidimos dar às coisas é uma varinha mágica que cria a sua realidade – e quem contradisser estas coisas é um perigosíssimo fundamentalista, ortodoxo raivoso, extremista barbudo, intolerante fanático, enfim é eu.


S. João Maria Vianney costumava dizer a muitos dos seus penitentes: podereis ir a outro confessor, há os muitos, que vos diga o contrário, mas eu não vos aconselho a que o façais. O mesmo digo eu, apesar de ser pecador.


À honra de Cristo. Ámen.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

A propósito dos recentes ataques a Isabel Jonet - por Mário Pinto (Prof. jubilado do ISCTE e da UCP)

1. Com as estruturas constitucionais e legais que ninguém nos impôs, mas são aquelas que como povo decidimos e gerimos democraticamente, entrámos numa grave crise económica e social. Essas estruturas são, aliás, análogas às de muitos outros países que não estão, ou estão muito menos, em crise como nós. É portanto evidente que as causas não são apenas estruturais, mas sim dos nossos costumes: não estaríamos como estamos, super-endividados e sem competitividade económica (ou estaríamos muito menos) se, governantes e governados, tivéssemos sido suficientemente sóbrios, diligentes e honestos. Mas esta explicação da crise é tabu. Como se comprova com a clamorosa agressão mediática raivosa, de uns tantos contra Isabel Jonet, apenas porque ela expressou algumas opiniões sobre a crise e os costumes na televisão. 


2. Porquê tanto «ódio ideológico»? Porque se sentem incomodados (eles dirão: indignados, porque cada um padroniza a sua dignidade) por haver quem (por amor, ou caridade, é a mesma coisa) vai socorrer os que precisam, sem estar à espera de reformas estruturais ou políticas, utópicas e falsas — porque nunca e em nenhum lugar deixou de haver pobres e necessitados, e não se pode esperar por elas enquanto alguém sofre? 

Se estes «indignados» fossem interrogados acerca da sua opinião sobre a legitimidade da censura à liberdade de expressão, eles indignar-se-iam outra vez, só porque se lhes admitia a indignidade de adeptos da censura. E contudo são censores; e ferinos censores. Eles são, aliás, os «acusadores eternos» — não apenas críticos — por tudo e por nada enquanto não seja tal e qual como pensam e querem mandar, apesar de se reclamarem como democratas.


3. A sua tese é muito simples, mesmo caricatural: nada de sentimentos personalizados, tudo estruturas e funcionários remunerados. Nada de doação, de gratuitidade na sociedade civil (que é sociedade de relações personalizadas entre iguais); tudo de prestações do Estado, pagas pelos impostos forçados de todos, proporcionalmente dos mais ricos, e realizadas mediante a intermediação de funcionários profissionalizados. Isto é, tudo em relações burocráticas exclusivamente políticas: entre, por um lado, o Estado sem face; e, por outro lado, cidadãos anónimos. O problema das relações das pessoas dos cidadãos, entre si, não se coloca. É assim que, paradoxalmente, defendem a liberdade, a igualdade e a responsabilidade dignificantes, em nome da dignidade da pessoa humana, segundo o lema da Contemporaneidade: liberdade, igualdade, fraternidade. 


4. Não dizem é quem garante a «moralidade» do Estado e dos funcionários — quem guarda o guarda — quando tudo colocam na sua acção e poder burocrático, em que toda a gente é ninguém porque é anónima. Não admitem que o paradoxo que a sociologia moderna já desmascarou, entre o alegadamente generoso interesse geral e o realíssimo interesse egoísta privado, opera mesmo nos políticos e nos funcionários, como pode por exemplo aprender-se com o sociólogo Mancur Olson. Não será por acaso que os impostos o são pela força; e que a parábola do (Estado) predador sedentário tem verosimilhança. 


5. Em seu entender, quem não entende as coisas à sua maneira politicamente correcta, não reconhece direitos e deveres. Ora isso é falso. Os direitos e os deveres fundamentais do Estado de Direito Democrático de modelo social europeu, de que nos reclamamos constitucionalmente, fundamentam uma sociedade de titulares que são pessoas responsáveis de direitos e de deveres com conteúdo personalizante (ou não seriam então reconhecidos com base na dignidade da pessoa humana, como efectivamente são). Os deveres constitucionais de solidariedade não se limitam a pagar impostos; e as liberdades fundamentais pessoais, como as «caritativas», que não forçam ninguém, não podem ser censuradas como heréticas. 


6. O que Isabel Jonet faz, distribuindo gratuitamente pela federação do Banco Alimentar, é apenas facilitar a doação de muitos milhares de pessoas, que dão para Isabel Jonet distribuir. Se o que ela faz é «caridadezinha» que merece ser ridicularizada, então os ridicularizados são esses muitos milhares de pessoas que, sem se cansar, repetidamente têm vindo a dar; e os que aceitam receber. Digam lá, esses mal-dizentes, se querem acusar todos estes milhares de cidadãos de «caridadezinha». Algumas vozes anónimas até disseram que vão deixar de dar, sinal de que já deram para a caridadezinha — obviamente, ninguém dá nada pessoalmente a Isabel Jonet. Terão dado? Vão deixar de dar? 


7. Se o que se pretende atingir é o humanismo ou o credo cristão — que, na nossa sociedade, possa estar por detrás destas iniciativas caridosas —, então é preciso responder bem alto e destemidamente que os cristãos não podem ceder perante a tentativa de ridicularizar [1] a sua verdade, [2] a sua liberdade e [3] a sua história. 


8. A sua verdade é que confessam sem vergonha Deus e o amor ao próximo, como indissociáveis. A sua liberdade é que estão dispostos ao martírio final, se necessário, o que definitivamente os liberta perante tudo e todos. A sua história é que, com muitos erros e muitos acertos, muitos pecados e muita virtude, confessam-se diariamente pecadores perante Deus, mas não se envergonham perante quaisquer juízes humanos que agora pretendam ter descoberto a suprema iluminação e a suprema perfeição que os legitima para julgar e condenar sumariamente. 


9. A doutrina cristã da Igreja tem um conteúdo teológico de fé, de esperança e de caridade, que engloba não apenas a relação com Deus, como solidariamente também a relação fraterna entre os homens. E acerca da fraternidade, as obras de caridade dos filhos da Igreja, por todo o mundo e ao longo de séculos (bem como a Doutrina Social da Igreja, mais sistematizada na Contemporaneidade), pedem meças com o património histórico dos que hoje se apresentam como julgadores perfeitos e detentores da justiça automática, eficiente e perfeita, das máquinas estatais.


10. O pensamento social cristão — constantemente proclamado pelos Papas e por mil instâncias dentro da Igreja, como por exemplo as conhecidas Comissões Justiça e Paz —, não é apenas pensamento; é também acção politicamente fecunda, de muitos modos, designadamente em partidos e em sindicatos, na Contemporaneidade. Não é possível agora aqui invocar os legítimos títulos de cidadania política e social dos católicos, na experiência histórica ocidental da Contemporaneidade (embora erros concretos também haja). Baste lembrar que a mais antiga internacional sindical é de origem cristã; que a União Europeia e a defesa da ONU e da paz e cooperação internacional são bandeiras destacadamente levantadas pelos católicos; que, no Parlamento Europeu, o maior grupo parlamentar é ainda hoje de ascendência cristã. 


11. Os católicos, com erros e acertos como todos os homens, não se envergonham do seu passado em Igreja; não se envergonham da sua fé, da sua esperança e da sua caridade. E não faltarão com o seu testemunho contra aqueles que se erguem como censores totalitários do pensamento caridoso. Merece aprovação que os católicos sejam pacientes. Sobretudo a hierarquia católica. Mas, paciência é uma coisa; deixar passar sem crítica pública e destemida o erro agressivo e prepotente, permitindo a impressão de que esse erro tem razão, seria covardia na defesa da Verdade da Fé e da liberdade da Cidade.