quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Referendo sodomita?


1. Como se nada tivesse sido de há muito anunciado e denunciado andam agora alguns prelados, políticos e instituições pertencentes à Igreja numa lufa-lufa reivindicando um referendo sobre o malignamente intitulado “casamento” de pessoas do mesmo sexo. Durante anos a fio recusaram-se a esclarecer e formar sistematicamente os fiéis e o povo em geral nas verdades da moral natural relativas ao matrimónio e no desmascarar as mentiras e fingimentos sodomitas. Tem sido confrangedor o modo como se tem admitido e permitido a invasão e a manipulação das mentalidades que eles e os seus cúmplices têm vindo metódica e publicamente a promover, inclusive na Rádio Renascença. Tem-se vindo a passar com esta questão algo de parecido com o que aconteceu com a estratégia e tácticas utilizadas para conseguir a liberalização do aborto. O resultado está à vista. Parece que não aprendemos rigorosamente nada e que continuamos, por inércia, desleixo, desânimo e desistência, a entregar a alma ao Diabo.

2. Os princípios inegociáveis, os absolutos morais, não são evidentemente referendáveis e a sua vigência não pode estar dependente de maiorias flutuantes ao sabor da astúcia e do poder dos mais fortes. Isto dito, muito repetido, bem assimilado e correctamente entendido, não significa que em absoluto não se possa reivindicar um referendo se essa for a única maneira possível de impedir a legalização do “casamento” entre pessoas do mesmo sexo. Porém, este objectivo tem de ser muito bem ponderado (pesar bem os prós e os contras) para que a decisão seja prudente, isto é, capaz de alcançar o fim bom que anela. Porque se o referendo se perde o mal que daí advirá é muito pior do que aquele que resultará da aprovação na assembleia da república, como é claro.

3. Para além das estratégias elaboradas por movimentos eclesiais, aconfessionais e partidos políticos há coisas elementares que têm de ser garantidas por parte da Igreja. Por exemplo:

a) Não admitir funcionários, nem professores nem congressos ou conferências na UCP, nem colaboradores de órgãos de comunicação social da Igreja que dissintam publicamente da Verdade por ela proclamada;

b) Reforçando o ponto anterior: não permitir de modo nenhum como foi feito aquando do referendo sobre o aborto que órgãos de comunicação social da Igreja organizem debates e comuniquem notas em que alguém seja favorável ao “casamento” entre sodomitas.

c) Que a comunicação social da Igreja tenha largos espaços de formação ou catecumenato sobre o assunto (no mínimo, tanto quanto se dá ao programa “Bola branca” sobre futebol…), não se limitando ao anúncio da verdade mas rebatendo e desmascarando as falsidades e as manipulações sodomitas.

d) Que o Episcopado elabore uma Nota Pastoral, bem preparada, com princípio, meio e fim, em linguagem acessível (estilo, por exemplo, “Cem perguntas e cem respostas”) e a faça publicar e ler nas homilias, mesmo que por partes. E que o essencial seja sintetizado e publicado em anúncios de página(s) inteira(s) nos principais jornais do país, como é uso nos EUA, de modo a que a mensagem chegue íntegra e não truncada ou mutilada aos leitores. Que cada Bispo, com os seus auxiliares, caso os tenha, percorra todas as Paróquias, Domingo a Domingo, para por voz própria dar a compreender o que está em jogo e a importância crucial do assunto.

e) Que aqueles prelados que têm acesso à comunicação social, por vezes com programas semanais, falem do assunto, pelo menos com a mesma insistência que empregam noutros – por exemplo a primazia que se deve dar a Cristo e não aos Santos quando se entra numa Igreja…

f) Que peguem no telefone e convidem pessoalmente os católicos de peso na sociedade para uma audiência onde, um a um ou em grupo, lhes dêem conta das suas apreensões e da gravidade do que está em jogo, pedindo-lhes um empenho efectivo.

g) Recusar a Sagrada Comunhão a todo aquele que publicamente persistir em não acatar a Verdade que a Igreja proclama.

h) Disponibilizar meios económicos e financeiros para que as associações de fiéis leigos possam usar os recursos indispensáveis nos dias de hoje em batalhas deste género. O dinheiro não deve servir somente para levantar templos de pedra mas também para amparar, reconstruir e erguer templos vivos.

i) Que nas declarações que fazem ou nos escritos que redigem os prelados não sejam ambíguos nem dêem sinais contraditórios, como sucedeu aquando do referendo sobre o aborto.

J) Que se façam preces públicas em Fátima e nas Igrejas de todo o país - por exemplo, nos terços (rosários), Vias-sacras e nas Missas.

Nuno Serras Pereira

05. 11. 2009

O Crucifixo nas Escolas


1. Desde há muito que para mim era evidente o propósito de substituir o crucifixo nas escolas pelo preservativo, e o capelão, director espiritual ou professor de religião e moral pelo pervertedor sexual, isto é, pela APF e seus comparsas. Por isso, a notícia da directiva ou decisão do Ministério da Educação, não me surpreendeu absolutamente nada. A partir do momento em que o Estado assume tiranicamente o papel de doutrinador materialista e naturalista só se pode esperar que seja coerente com essa lógica intrinsecamente perversa explicitando desaustinadamente o confessionalismo aberrante, implícito nas penetrações obscenas da inocência, violada pela imunda “educação” sexual e outras ignomínias lambodas. Neste sentido, não teria sido, porventura, prudente que fosse a própria Igreja a antecipar-se exigindo a retirada dos crucifixos em nome do pudor, para que, ao menos, as desvergonhas descaradas não se cometessem diante das imagens do seu Senhor? Quem sabe se isso não teria despertado a consciência dos fiéis e das famílias para as malvadezes que a cainçalha ignobilmente perpetra contra os seus filhos? Não poderia esse choque provocar um tumulto, uma rebeldia, contra a matula totalitária?

2. Argumentar com a separação entre a Igreja e o Estado é uma insânia, um desvairamento. De facto, essa separação que se aplica a outras tantas realidades, não suscita qualquer escrúpulo a esse respeito. Pois não há ruas com nomes de maçónicos e estátuas com as suas figuras? Não estão as escolas invadidas pela ideologia técnica que nelas se ensina e pratica? Não autoriza o Estado que as vias públicas sejam infestadas de capital privado através de publicidade, frequentemente indecorosa e não raro utilizando símbolos religiosos para transmitir, tantas vezes sacrilegamente, mensagens opostas ao que eles significam? Não veiculam a RTP e a RDP, ideologias, visões agnósticas, ateias, etc.?

Depois, o Estado não é mais do que a sociedade que se constitui em parte (o Estado está para a sociedade como a parte para o todo) organizando-se politicamente com o objectivo de servir o bem comum, isto é, o bem de todos e de cada um. Donde o Estado existe para cuidar subsidiariamente da pessoa e da sociedade que o precedem e não para as controlar, dominar e oprimir. Uma vez que Portugal é um país que desde a sua origem é católico e que a maioria do povo português se reconhece nesta confissão, o propósito de sanear Jesus Cristo das escolas só poderá ser entendido como uma violenta agressão à nossa cultura, à nossa história e, principalmente, à liberdade religiosa, direito fundamental que merece o máximo respeito.

3. Recebi, creio que ontem, umas mensagens de correio electrónico propondo uma manifestação contra a retirada dos crucifixos, suponho que depois de amanhã, diante do Ministério da Educação. Salvo melhor opinião e sem intenção alguma de desmobilizar seja quem for, não me parece boa ideia. Pelo contrário, considero bem mais interessante a sugestão do sítio Pensabem.net (nota: o site algum tempo depois de escrito este texto foi desactivado) disponibilizando uma propositura de mensagem para ser enviada a algumas autoridades do país – Ministra da Educação, Primeiro-ministro e Presidente da Assembleia da República. No entanto, creio que se poderia ir, ainda, mais longe. É certo que os nossos bispos se irão pronunciar, através do Conselho Permanente da Conferência Episcopal, e que importa estar disponíveis e prontos para acolher e seguir as orientações que creiam por bem dar-nos. Não obstante, há coisas, e esta é seguramente uma delas, que clamam pela responsabilidade imediata e directa dos fiéis leigos, os quais não só podem como devem ter iniciativas concordes com o juízo prudencial que realizem. Neste sentido, a minha proposta é a de que as famílias e os jovens considerem a hipótese de levarem ao pescoço, por fora da roupa, crucifixos bem visíveis e que arranjem outros suficientemente grandes para fixarem nas paredes exteriores ou varandas de suas casas, de modo a serem perceptíveis da rua. Se o futebol foi capaz de encher Portugal de bandeiras, esperemos que o nosso amor a Deus e ao próximo seja capaz de inundá-lo de crucifixos.

4. Como evitar, porém, a transformação, durante as aulas, das obscenidades em blasfémias, devido à circunstância de serem realizadas na presença da imagem de Deus Redentor?, preocupação que manifestei no início deste texto. De facto, se os alunos vão para as escolas com crucifixos fora da roupa, bem expostos, não se vê como será possível evitar esses desacatos. Creio que importará aqui considerar outros factores que poderão obviar a que isso venha a suceder. O facto de se tratar de uma acção deliberadamente feita em conjunto, dotada de um propósito consciente de amor a Cristo, para o bem de todos, teria a meu ver, pelo menos, duas consequências: i) tornaria os alunos mais conscientes dos padecimentos do Crucificado, que carregou com todo o nosso enxurdeiro, suscitando um asco a tudo o que é espurco, abjecto e sórdido; ii) provocaria um avivamento da sua fé exorcizando os cães-tinhosos e porcos-sujos, que por lá defecam e vomitam suas infâmias.


Nuno Serras Pereira

28. 11. 2005


terça-feira, 3 de novembro de 2009

As Megeras


1. Uma das primeiras vezes que Deus me concedeu a Graça de salvar uma criança nascitura andava pelos 23 anos de idade. Tenho agora 56. A experiência pessoal e a de outros que partilham comigo confirmam cada vez mais a falsidade das generalizações abstractas ou pseudo-científicas que ilibam “as mulheres” de qualquer responsabilidade e malícia no aborto provocado. Os culpados são sempre os outros, geralmente os homens. O varão, aos olhos de muitos celibatários, que tendem a idealizar a mulher como incapaz de qualquer malvadez ou pecado, é o monstro medonho, capaz de todas as patifarias, causador único de todas as desgraças que sucedem às mulheres. Estas, pelo contrário, são entes etéreos, indefesos, acossados, manipulados, coagidos, vítimas de todas as indignidades, canalhices, sordidezes e ignomínias.

Não se pode negar que com alguma frequência assim é. Mas não o é sempre. E Nosso Senhor Jesus Cristo veio Redimir e Salvar não só a varões mas também a mulheres.

Deixando agora de parte aqueles casos, não raros, em que a mulher grávida, contra tudo e contra todos e por motivos fúteis, é a única responsável na eliminação violenta do seu filho consideremos, exemplificando com um caso recentíssimo, aquelas situações e circunstâncias em que se dá uma rede de cumplicidades femininas que concorrem à uma para a matança da criança nascitura.

2. São casados. Ele, em virtude da sua profissão, tem, por vezes, de andar por fora. Ela, durante a sua ausência, embeiçou-se de um estrangeiro. Arroubada entregou-se a ele em fornicações adúlteras. Naturalmente, apesar das prevenções e cautelas hormonais e mecânicas que a propaganda milionária garante que são eficazes, ficou pejada.

Quando o marido regressa, aparentemente arrependida, conta-lhe tudo e comunica-lhe a decisão de abortar o bebé em gestação. Que não!, diz-lhe o esposo peremptório. Deixe-se de sustos e desvarios, pois ele, diz-lhe com ternura, acolherá a criança como a um filho, dando-lhe o melhor de si.

Como a avó e a tia (mulheres!), da esposa – órfã de mãe – soubessem do caso, vai de instigá-la a matar a criança. Por mais que o marido instasse com ela, no dia a dia, para que não desse tal passo e a sossegasse pintando-lhe na fantasia um futuro risonho e cheio de alegrias teimou na obsessão homicida alimentada pela avó!, e pela tia!, que não perdiam oportunidade de lançar achas para fogueira. Pobre criança inocente e indefesa alvo de uma perseguição demoníaca de três mulheres tuas familiares que te odeiam ainda antes de teres nascido e conjuram o teu aniquilamento!

Antes que ultrapassasse as dez semanas de idade, dirigiu-se a mãe grávida ao abortadouro dos Arcos, propriedade de uma mulher, tratou da papelada numa recepção dirigida por mulheres e, passado o tempo exigido por lei, foi anestesiada por uma mulher médica… e entregou o filho (ou filha?) a uma morte violenta e cruel.

3. Exerceu, como hoje se diz eufemísticamente, o seu “direito à autodeterminação sexual e reprodutiva”, consciente e livremente, a conselho e com o auxílio de mulheres, a expensas dos serviços de saúde do estado português, pagos com os impostos de todos. Deve estar feliz, sorridente, orgulhosa de si, verdadeiramente realizada. Pois não teve o que queria!? A verdade, porém, é que está uma lástima… Emocionalmente esbodegada, inteiramente derreada, derramando lágrimas infinitas, numa desconsolação de quebrar o coração, prenhe de moléstias interiores, desgarrada de si mesmo, num pasmo de alienada. Quem a abraça agora? Quem a acompanha? Quem lhe deita a mão? Quem a aconchega do seu coração? Quem infunde Esperança naquele abismo de desespero? Quem lhe impede o suicídio? Quem lhe alivia a depressão? Quem desassombra aquela angústia? Quem aplaca aqueles urros do coração dilacerado? Quem!? Quem!? Quem!? QUEM!!? QUEM!!!? QUEM!!!!!??

Onde está a corja dos que advogavam o aborto em nome das mulheres!? Onde estão os partidos homicidas que batalharam a favor do “sim” no referendo do aborto!? Onde está a Odete idolatrada pela comunicação social que dançava em concursos televisivos enquanto reivindicava o holocausto de crianças nascituras? Onde estão os canalhas que o votaram favoravelmente!? Onde estão os covardes inqualificáveis e os preguiçosos safardanas que se abstiveram!? Onde está o maléfico primeiro-ministro que orquestrou a liberalização da matança!? Onde estão os deputados necrófilos que a aprovaram no Coliseu da república!? Onde está o presidente da república que infamemente promulgou a nefanda e iníqua “lei”, a abominação horrenda!? Onde está a cambada, a súcia!? Onde!? Onde!? Onde!?

Estão gozando, estão sorrindo, estão dando entrevista, estão sendo recebidos e elogiados pelos príncipes da Igreja, estão jurando a bondade e incorruptibilidade dos seus caracteres, estão sendo adulados, estão fazendo marketing comunicacional, estão prometendo mundos de felicidades para a república, estão comungando nas Missas televisionadas, estão seduzindo o povo incauto sem que alguém tenha uma pouca de misericórdia para com os infelizes e os desmascare e chame as coisas pelo nome e se disponha a enfrentá-los e a dizer-lhes, sem titubeios os seus crimes e os seus pecados.

E ela, a criança? Desfeita, decapitada, esfrangalhada, dilacerada, esquartejada, triturada, lançada ao lixo, como escória da humanidade ou feita cobaia em investigações ignóbeis. Nem o estado nem a Igreja lhe fazem funeral, lhe celebram as exéquias, a entregam à Misericórdia de Deus. Esquecida de todos, de todos menosprezada, diante dela todos viram o rosto, ninguém faz caso, é reputada como uma amaldiçoada, não tem graça nem beleza para atrair os nossos olhares, o seu aspecto não nos seduz.

Nuno Serras Pereira

03. 11. 2009