quarta-feira, 10 de junho de 2009

Não Acredito!


1. Hoje no Diário de Notícias online leio o seguinte: «Isilda Pegado considera que “todo o planeamento está a falhar, não há campanhas de prevenção e nos hospitais chega-se a esperar sete meses por uma consulta de planeamento familiar”. … A presidente da Federação Portuguesa pela Vida diz que o que falta é “uma política de contracepção medicamente acompanhada”.». Evidentemente não acredito no que leio porque conheço a Dra. Isilda Pegado. Esta jurista é uma militante de um movimento católico ortodoxo e, como assinala o periódico, presidente da federação portuguesa pela vida.

a) Como católica fiel ao Magistério da Igreja sabe que a verdade, infalível e imutável, que ele ensina sobre a contracepção pertence à Lei Moral Natural, à Lei Divina, sendo por isso a expressão universal das exigências constitutivas da identidade da pessoa humana. Recomendar que o estado zelosamente a promova, através dos serviços de saúde (!), seria transformar-se, como Paulo Rangel, numa “activista radical contra as posições da Igreja”.

b) i - Acresce que a Dra. Isilda Pegado sabe muito bem que os abundantes estudos (desde os anos vinte do século passado até hoje), tanto por parte dos promotores do aborto como dos que a ele se opõem, mostram com uma evidência esmagadora que o recurso generalizado à contracepção em vez de diminuir aumenta o número de abortos cirúrgicos.

ii – Também não ignora, a Dra. Isilda, que a contracepção recomendada e promovida pelos hospitais e centros de saúde é abortiva, isto é, provoca a morte de pessoas humanas nos primeiros dias da sua existência. Outrossim, está ciente de que o número de abortos hormonais, mecânicos e químicos ultrapassa em muitos os cirúrgicos.

iii - Pelo que a ser certo o que o Diário de Notícias traz isso significaria que a presidente da federação portuguesa pela vida seria, de facto, uma abortista camuflada ou infiltrada no coração do movimento pró vida em Portugal. Mas se assim fora seria imediatamente expulsa e corrida pelos movimentos e associações que constituem a federação, o que, como está à vista de todos, não aconteceu. Como se vê o absurdo é total.

Eu não acredito, como é claro, mas pode haver muita gente que acredite. Por isso, torna-se necessário um desmentido formal ao periódico através de carta ao director ou então um comunicado, emitido quanto antes e que conte com a maior divulgação possível.

2. Enquanto almoçava, alguns confrades disseram-me que o P. Dâmaso tinha sido ou ia ser condecorado hoje pelo presidente da república. Primeiro fiquei estarrecido. Depois disse de mim para comigo: é impossível! Só podem estar a mangar comigo.

Não que eu não respeite o órgão presidente da república, como todo o cristão é chamado a fazê-lo. Mas sentir-me-ia arrepiado, mesmo devastado, saber-me objecto de escolha por parte de um presidente que promulgou as “leis” intrinsecamente perversas e gravemente injustas da fecundação artificial, da experimentação letal em pessoas na sua fase embrionária, da clonagem, e da liberalização do homicídio/aborto cirúrgico até às dez semanas de idade da criança nascitura.

Não é possível que um Sacerdote Católico aceite ser honrado, medalhado, por um presidente que é formalmente responsável pela matança violenta e cruel de muitas dezenas de milhares de seres humanos inocentes. Não acredito!

Nuno Serras Pereira

10. 06. 2009