1. Desde há muito que para mim era evidente o propósito de substituir o crucifixo nas escolas pelo preservativo, e o capelão, director espiritual ou professor de religião e moral pelo pervertedor sexual, isto é, pela APF e seus comparsas. Por isso, a notícia da directiva ou decisão do Ministério da Educação, não me surpreendeu absolutamente nada. A partir do momento em que o Estado assume tiranicamente o papel de doutrinador materialista e naturalista só se pode esperar que seja coerente com essa lógica intrinsecamente perversa explicitando desaustinadamente o confessionalismo aberrante, implícito nas penetrações obscenas da inocência, violada pela imunda “educação” sexual e outras ignomínias lambodas. Neste sentido, não teria sido, porventura, prudente que fosse a própria Igreja a antecipar-se exigindo a retirada dos crucifixos em nome do pudor, para que, ao menos, as desvergonhas descaradas não se cometessem diante das imagens do seu Senhor? Quem sabe se isso não teria despertado a consciência dos fiéis e das famílias para as malvadezes que a cainçalha ignobilmente perpetra contra os seus filhos? Não poderia esse choque provocar um tumulto, uma rebeldia, contra a matula totalitária?
2. Argumentar com a separação entre a Igreja e o Estado é uma insânia, um desvairamento. De facto, essa separação que se aplica a outras tantas realidades, não suscita qualquer escrúpulo a esse respeito. Pois não há ruas com nomes de maçónicos e estátuas com as suas figuras? Não estão as escolas invadidas pela ideologia técnica que nelas se ensina e pratica? Não autoriza o Estado que as vias públicas sejam infestadas de capital privado através de publicidade, frequentemente indecorosa e não raro utilizando símbolos religiosos para transmitir, tantas vezes sacrilegamente, mensagens opostas ao que eles significam? Não veiculam a RTP e a RDP, ideologias, visões agnósticas, ateias, etc.?
Depois, o Estado não é mais do que a sociedade que se constitui em parte (o Estado está para a sociedade como a parte para o todo) organizando-se politicamente com o objectivo de servir o bem comum, isto é, o bem de todos e de cada um. Donde o Estado existe para cuidar subsidiariamente da pessoa e da sociedade que o precedem e não para as controlar, dominar e oprimir. Uma vez que Portugal é um país que desde a sua origem é católico e que a maioria do povo português se reconhece nesta confissão, o propósito de sanear Jesus Cristo das escolas só poderá ser entendido como uma violenta agressão à nossa cultura, à nossa história e, principalmente, à liberdade religiosa, direito fundamental que merece o máximo respeito.
3. Recebi, creio que ontem, umas mensagens de correio electrónico propondo uma manifestação contra a retirada dos crucifixos, suponho que depois de amanhã, diante do Ministério da Educação. Salvo melhor opinião e sem intenção alguma de desmobilizar seja quem for, não me parece boa ideia. Pelo contrário, considero bem mais interessante a sugestão do sítio Pensabem.net (nota: o site algum tempo depois de escrito este texto foi desactivado) disponibilizando uma propositura de mensagem para ser enviada a algumas autoridades do país – Ministra da Educação, Primeiro-ministro e Presidente da Assembleia da República. No entanto, creio que se poderia ir, ainda, mais longe. É certo que os nossos bispos se irão pronunciar, através do Conselho Permanente da Conferência Episcopal, e que importa estar disponíveis e prontos para acolher e seguir as orientações que creiam por bem dar-nos. Não obstante, há coisas, e esta é seguramente uma delas, que clamam pela responsabilidade imediata e directa dos fiéis leigos, os quais não só podem como devem ter iniciativas concordes com o juízo prudencial que realizem. Neste sentido, a minha proposta é a de que as famílias e os jovens considerem a hipótese de levarem ao pescoço, por fora da roupa, crucifixos bem visíveis e que arranjem outros suficientemente grandes para fixarem nas paredes exteriores ou varandas de suas casas, de modo a serem perceptíveis da rua. Se o futebol foi capaz de encher Portugal de bandeiras, esperemos que o nosso amor a Deus e ao próximo seja capaz de inundá-lo de crucifixos.
4. Como evitar, porém, a transformação, durante as aulas, das obscenidades em blasfémias, devido à circunstância de serem realizadas na presença da imagem de Deus Redentor?, preocupação que manifestei no início deste texto. De facto, se os alunos vão para as escolas com crucifixos fora da roupa, bem expostos, não se vê como será possível evitar esses desacatos. Creio que importará aqui considerar outros factores que poderão obviar a que isso venha a suceder. O facto de se tratar de uma acção deliberadamente feita em conjunto, dotada de um propósito consciente de amor a Cristo, para o bem de todos, teria a meu ver, pelo menos, duas consequências: i) tornaria os alunos mais conscientes dos padecimentos do Crucificado, que carregou com todo o nosso enxurdeiro, suscitando um asco a tudo o que é espurco, abjecto e sórdido; ii) provocaria um avivamento da sua fé exorcizando os cães-tinhosos e porcos-sujos, que por lá defecam e vomitam suas infâmias.
Nuno Serras Pereira