1. A Sagrada Escritura recorrendo às circunstâncias, mentalidade e temas dos tempos em que foi escrita designa a Deus, a Jesus Cristo, como o Verdadeiro e Bom Pastor e ao Seu povo como as ovelhas do Seu rebanho. Naquele tempo, a designação de rebanho com que se qualificava o povo não tinha de modo nenhum o sentido pejorativo dos dias de hoje, nem se poderia comparar à designação de massas, no sentido que lhe dá Ortega y Gasset.
Convirá notar, em primeiro lugar, a distância enorme que vai entre uma pessoa humana e um animal é infinitamente mais pequena do que a entre Deus, qualquer da Pessoa Trindade Divina, e o ser humano. De modo que a comparação a ser desprimorosa não o seria para nós mas sim para o Senhor. Acresce que naqueles tempos entre os pastores e as ovelhas havia como que uma “familiaridade”, elas seguiam-no confiantes, “sabendo” que as conduziam a pastagens abundantes, que as protegeriam de todos os perigos, as abrigariam nas intempéries e que se alguma se perdesse qualquer bom pastor não descansaria enquanto não a encontrasse. Como as ovelhas tinham grande valor aos olhos dos pastores estes não fugiam quando os lobos, a alcateia, a elas se arremessavam, mas com perigo da própria vida os enfrentavam com denodo e bravura. Quem o não fizesse revelava que de facto não era pastor mas sim mercenário que buscava o seu interesse e não o do rebanho. Este não cuidava das feridas, não fortalecia as débeis, não alimentava as famintas, não enfrentava os perigos.
Pelo Sacramento da Ordem, Bispos e Presbíteros (Padres) são configurados com Jesus Cristo, Sumo-sacerdote, Cabeça da Igreja, Bom Pastor. Com os outros católicos são ovelhas, mas, para esses mesmos católicos, são Pastores, membros da Hierarquia. Evidentemente, como trazem esse tesouro nos vasos de barro frágil e estaladiço que são têm de continuamente implorar a Graça de Deus para serem fiéis e não abandonarem as ovelhas que lhes foram confiadas. O Papa Bento XVI, numa das primeiras intervenções que fez aquando da sua eleição a Sumo Pontífice pediu publicamente a Graça de não fugir quando os lobos aparecessem, a fortaleza para os enfrentar.
A 20 de Fevereiro, dia dos Bem-aventurados Francisco e Jacinta, pastorinhos de Fátima, uma multidão de ovelhas vai reunir-se (às 15h, na praça do Marquês de Pombal, descendo depois a Av. da Liberdade e terminando na praça dos Restauradores em Lisboa) com a finalidade de testemunharem publicamente a verdade sobre o casamento e a família. Tenho para mim que onde está o rebanho, acossado aliás pela alcateia, não pode faltar o Pastor e essa é claramente uma razão para não faltar. Por isso, se Deus quiser, lá estarei.
2. Lá estarei, por amor ao único e verdadeiro casamento, a saber, entre um homem e uma mulher, numa união aberta à vida, exclusiva e indissolúvel até que a morte os separe.
Lá estarei por amor ao conceito de vida Boa que possibilite o Bem Comum, isto é, o bem de todos e de cada um.
Lá estarei por amor à Justiça que é negada por leis iníquas que a violam.
Lá estarei por amor à Família tão desdenhada, agredida e maltratada neste últimos anos.
Lá estarei por amor às novas gerações para que não sejam corrompidas, em nome do amor e da felicidade com aquilo que o polui e a desgraça.
Lá estarei por amor a todas as pessoas que experimentam desejos eróticos/sexuais por outras do mesmo sexo para que se vejam livres de uma lei injusta (legalização do “casamento” entre pessoas do mesmo sexo) que só contribuirá para agravar os seus problemas.
3. Há aí alguém que me queira acompanhar? Que queira também assim amar?
Nuno Serras Pereira
09. 02. 2010