por José Maria André
No último «Expresso» (24 de Julho de 2010) a jornalista Inês Pedrosa assina um artigo a tentar defender que o aborto não atinge as mães e a congratular-se com o aumento do número de abortos. Como se isto não bastasse, exprime a sua opinião de forma muito deselegante.
Em primeiro lugar, não podemos aceitar a desculpa de que, apesar de o número de abortos ser gigantesco, a parcela dos abortos clandestinos teria diminuído. As indicações disponíveis não o confirmam e, mesmo que tivesse havido alguma redução dos abortos clandestinos, o total do número de abortos, que disparou de maneira impressionante e continua a crescer mês a mês, mais do que compensaria a redução. Hoje em dia, o número anual de abortos é notavelmente superior a qualquer estimativa anterior à lei do aborto.
A ideia de que os abortos clandestinos se efectuam geralmente nos «vãos de escada», muito repetida na campanha do Referendo, há décadas que não corresponde à realidade portuguesa: aborto clandestino é aquele que não se quer tornar público. Clandestino não significa improvisado ou inseguro. Por isso se compreende que o aborto clandestino não diminua, porque muitas pessoas preferem pagar o aborto do seu bolso, para evitarem a vergonha de dizer, cara a cara, aos médicos e ao pessoal administrativo, que querem matar um bebé.
A própria APF, grande defensora do aborto, reconhece que a generalidade dos abortos clandestinos é realizada por médicos e enfermeiras tecnicamente competentes. Para a maioria, a despesa do aborto não é o mais relevante e, por isso, o facto de o Estado pagar não é suficiente para desviar um aborto clandestino para as vias legais. É por este motivo que a legalização do aborto não serve para reduzir o aborto clandestino.
Por outro lado, a legalização do aborto e as campanhas que procuram habituar a opinião pública a um crime tão triste estão a surtir o seu efeito sinistro. O aborto clandestino não diminuiu, e talvez tenha aumentado; e os números do aborto legal, a crescerem todos os meses, mostram como está a descer em Portugal o respeito pela vida.
Na estatística oficial acerca das causas que levam ao aborto, a esmagadora maioria das respostas invoca motivações fúteis. Mata-se um bebé porque não dá jeito, porque apetece, porque estraga os planos de férias. Quase sempre (concretamente, em 97% dos casos), não há uma razão especial para acabar com a vida do bebé. O Estado paga e ainda concede um subsídio: por que não?... Por que havíamos de ter respeito pela vida dos outros, se podemos acabar já com ela?
O artigo de Inês Pedrosa argumenta que as mulheres não são também vítimas da lei do aborto. Pelo contrário, todos sabemos que cada vez mais mulheres são pressionadas para abortar. Há minutos, recebi um «mail» a contar mais uma história: «Na escola onde a minha mulher dá aulas, houve 1 caso de uma miúda que contou a toda a gente que ia ter um bebé e que estava muito contente. Passados uns dias, após ter faltado à escola, voltou triste porque os pais a obrigaram a fazer um aborto». Noutro caso recente, cuja notícia também me chegou hoje, foi o patrão que pressionou a funcionária a praticar o aborto. Não adianta fechar os olhos.
Para quem não queira ouvir as pessoas e prefira lidar com informações mais abstractas, basta consultar as estatísticas oficiais portuguesas, segundo as quais uma percentagem significativa das mulheres que fizeram um aborto declara ter sofrido pressões graves. A estatística fala por si. Por trás de cada resposta, e são milhares, está uma mulher vítima de injustiça.
Por último, parece-me que a deselegância do texto de Inês Pedrosa não pode ficar sem comentário. O artigo talvez tenha sido escrito à pressa, num momento exaltado, mas não deixa de ser um texto escrito, disponível na Net e impresso num órgão de grande tiragem.
A forma desprimorosa como a articulista se refere à Presidente da Federação Portuguesa pela Vida e a todos os que não aceitam o aborto desqualifica, por si, todo o artigo. Mesmo antes de Inês Pedrosa estudar melhor o assunto e repensar as suas opiniões, ficava-lhe bem pedir desculpa pelo excesso.
Em primeiro lugar, não podemos aceitar a desculpa de que, apesar de o número de abortos ser gigantesco, a parcela dos abortos clandestinos teria diminuído. As indicações disponíveis não o confirmam e, mesmo que tivesse havido alguma redução dos abortos clandestinos, o total do número de abortos, que disparou de maneira impressionante e continua a crescer mês a mês, mais do que compensaria a redução. Hoje em dia, o número anual de abortos é notavelmente superior a qualquer estimativa anterior à lei do aborto.
A ideia de que os abortos clandestinos se efectuam geralmente nos «vãos de escada», muito repetida na campanha do Referendo, há décadas que não corresponde à realidade portuguesa: aborto clandestino é aquele que não se quer tornar público. Clandestino não significa improvisado ou inseguro. Por isso se compreende que o aborto clandestino não diminua, porque muitas pessoas preferem pagar o aborto do seu bolso, para evitarem a vergonha de dizer, cara a cara, aos médicos e ao pessoal administrativo, que querem matar um bebé.
A própria APF, grande defensora do aborto, reconhece que a generalidade dos abortos clandestinos é realizada por médicos e enfermeiras tecnicamente competentes. Para a maioria, a despesa do aborto não é o mais relevante e, por isso, o facto de o Estado pagar não é suficiente para desviar um aborto clandestino para as vias legais. É por este motivo que a legalização do aborto não serve para reduzir o aborto clandestino.
Por outro lado, a legalização do aborto e as campanhas que procuram habituar a opinião pública a um crime tão triste estão a surtir o seu efeito sinistro. O aborto clandestino não diminuiu, e talvez tenha aumentado; e os números do aborto legal, a crescerem todos os meses, mostram como está a descer em Portugal o respeito pela vida.
Na estatística oficial acerca das causas que levam ao aborto, a esmagadora maioria das respostas invoca motivações fúteis. Mata-se um bebé porque não dá jeito, porque apetece, porque estraga os planos de férias. Quase sempre (concretamente, em 97% dos casos), não há uma razão especial para acabar com a vida do bebé. O Estado paga e ainda concede um subsídio: por que não?... Por que havíamos de ter respeito pela vida dos outros, se podemos acabar já com ela?
O artigo de Inês Pedrosa argumenta que as mulheres não são também vítimas da lei do aborto. Pelo contrário, todos sabemos que cada vez mais mulheres são pressionadas para abortar. Há minutos, recebi um «mail» a contar mais uma história: «Na escola onde a minha mulher dá aulas, houve 1 caso de uma miúda que contou a toda a gente que ia ter um bebé e que estava muito contente. Passados uns dias, após ter faltado à escola, voltou triste porque os pais a obrigaram a fazer um aborto». Noutro caso recente, cuja notícia também me chegou hoje, foi o patrão que pressionou a funcionária a praticar o aborto. Não adianta fechar os olhos.
Para quem não queira ouvir as pessoas e prefira lidar com informações mais abstractas, basta consultar as estatísticas oficiais portuguesas, segundo as quais uma percentagem significativa das mulheres que fizeram um aborto declara ter sofrido pressões graves. A estatística fala por si. Por trás de cada resposta, e são milhares, está uma mulher vítima de injustiça.
Por último, parece-me que a deselegância do texto de Inês Pedrosa não pode ficar sem comentário. O artigo talvez tenha sido escrito à pressa, num momento exaltado, mas não deixa de ser um texto escrito, disponível na Net e impresso num órgão de grande tiragem.
A forma desprimorosa como a articulista se refere à Presidente da Federação Portuguesa pela Vida e a todos os que não aceitam o aborto desqualifica, por si, todo o artigo. Mesmo antes de Inês Pedrosa estudar melhor o assunto e repensar as suas opiniões, ficava-lhe bem pedir desculpa pelo excesso.