Um movimento pró vida norte-americano de inspiração cristã, chamado Live Action, conseguiu, filmando e gravando à sorrelfa, mostrar aos incrédulos, sem margem para dúvidas, aquilo que os mais informados já sabiam, isto é, a corrupção criminosa da industria do aborto, a sua cumplicidade com a pedofilia e o abuso de menores, o seu desprezo pelas mulheres coonestando a sua exploração, o desdém pela saúde pública, promovendo inclusive o contágio das multidões, etc. A PP, ou seja, a APF (associação para o planeamento da família) lá do sítio, estará em muitos maus lençóis.
Pois, imagine o leitor, se é capaz de o fazer, que um Católico pró vida, Professor Catedrático de Filosofia - C. O. Tollefson -, em vez de falar em particular com Lila Rose, fundadora e líder do Live Action, publicou um artigo na Internet no qual reconhecendo embora a importância dos resultados obtidos é muito crítico em relação aos meios utilizados para os conseguir. Para maior espanto de quem me lê, importará ainda saber que C. Kaczor, outro eminente filósofo católico, amigo de Tollefson, em vez de conversar com este, publicou um texto crítico em relação ao do seu amigo e, de algum modo, justificando os métodos de Live Action. Entretanto sai à liça o conhecidíssimo Robert P. George, outro Católico, que dispensa qualquer tipo de apresentação, defendendo Tollefson e, em vez de falar com ele, criticando Kaczor. Como isto não bastasse, F. J. Becwith, outro notável filósofo, convertido do protestantismo ao catolicismo, em vez de falar com os seus amigos redige um texto avançando outras críticas e propondo novas soluções. Para cúmulo, disto que em Portugal seria considerado uma zaragata escandalosa, o famosíssimo e respeitadíssimo H. Arkes, um filósofo judeu convertido ao catolicismo e conhecido e amigos dos restantes, em vez de falar com Tollefsen redige um artigo muito crítico em relação ao texto dele. C. O. Tollefsen, já respondeu; e esperam-se novos episódios.
Isto que se passa assim nos EUA é considerado uma conversação útil e proveitosa para esclarecimento de todos e para o aprofundamento da verdade. Ora nós, portugueses, sabemos que eles são muitíssimo primitivos e estão completamente enganados. Comportam-se como trogloditas. Porque o que eles estão realmente a fazer é a magoarem-se e a ferirem-se mutuamente com uma falta de caridade medonha. Isto pelo menos é o que eu concluo a partir daquilo que alguns amigos e conhecidos meus, e ainda outros que não conheço me têm repetidamente ensinado ao longo destes longos anos. Se eu soubera inglês suficiente para o escrever com o à vontade com que o faço na língua materna, trasladaria para aquele linguajar bárbaro as preciosas admoestações e imprecações com que sou presenteado.
O mesmo, aliás, faria em italiano. Porque saberão, os meus queridos amigos, embora fiquem muito chocados, que a Congregação para a Doutrina da Fé quando publicou a Nota sobre a banalização da sexualidade. A propósito de algumas leituras de “Luz do Mundo” fez sair também a correcção da tradução italiana do livro/entrevista do Santo Padre. Reparem bem que não foram falar em particular com os responsáveis da editorial vaticana para que eles colocassem uma errata nos livros. Não! Limitaram-se a publicar a tradução correcta daquilo que o Papa tinha dito a propósito do preservativo. Achei estranhíssimo que essa correcção, seguramente da mão do próprio Papa, correspondesse às emendas que eu tinha sugerido para a tradução portuguesa. Tanto mais que nas livrarias em que tenho visto o livro em português não tenho encontrado nenhuma errata respeitante a essa passagem do livro. Pelo que concluo que o que lá está é o contrário do que o Santo Padre disse. Basta comparar. Evidentemente que escrever isto é uma grande falta de caridade, mas “vender gato por lebre”, ou seja, fazer com que o Papa diga o contrário do que disse não o é.
Nuno Serras Pereira
22. 02. 2011