sexta-feira, 18 de março de 2011

Carta aberta ao Bispo de Coimbra – Um pedido de esclarecimento

“ ... D. Albino Cleto,

Os meus cumprimentos.


Chamo-me Luis Miguel Silva, tenho 47 anos.

Sou Católico praticante.

Sou casado com a Iva.

Quis Deus presentear o nosso casamento com três filhas: a Carolina de 15, a Beatriz de 13 e a Clarisse de 11 anos.


Sou Engenheiro Civil.

Fui membro activo do Movimento Católico de Estudantes depois de desempenhar funções como membro do Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil na Diocese da Guarda.

Feita a apresentação venho solicitar-lhe o esclarecimento para as dúvidas que me surgiram aquando da leitura de um cartaz que anuncia uma conferência no CUMN em Coimbra e que, parece, tem o seu Alto Patrocínio.


A minha primeira dúvida é a seguinte:


- O que é um “recasado”?

- Quem pode “recasar”? Em que circunstâncias?

- Estamos a criar divorciados de 1ª categoria e de 2ª categoria?

- Temos necessidade deste tipo de exibicionismo verbal?

Já agora:

- Sendo casado com a minha mulher: posso divorciar-me para depois voltar a “recasar”?

- Em que situação será aceite pela igreja o meu recasamento?

A terminar esta dúvida primeira:

- Não estaremos a re-denominar coisas demasiado sérias apenas para nos colocarmos na onda laica?

- Tem a Igreja necessidade de utilizar e nomear as coisas nobres como o é o CASAMENTO?

Que eu saiba o Sacramento patrocinado por Deus denomina-se MATRIMÓNIO e não REMATRIMÓNIO!


A segunda dúvida assenta no tema da Homossexualidade:


Nessa conferência é interessante apresentar o Homossexual como Teólogo.

Não teço os comentários seguintes com o intuito de avaliar a pessoa em questão, que não conheço e portanto por aqui me fico!

Conheço muitos Homossexuais que são jornalistas, médicos, professores, ...

Mas queremos (com a parangona que o cartaz nos oferece gratuitamente) dar a perceber aos participantes da conferência: o quê precisamente?

Deus, teologia, homossexualidade, todos iguais todos diferentes todos no mesmo saco?

Nada tenho a ver com as opções de cada um (e que Deus conhecerá no seu íntimo)... mas acho que a Igreja pode patrocinar a apologia do acolhimento a todos sem esquecer que deve patrocinar o culto maior pela diferença que é ser Cristão!

E ser-se homossexual não é propriamente ser-se diferente.


Fico sem perceber, confesso, o que quer a Igreja que eu explique às minhas três filhas sobre o tema da Homossexualidade, sobretudo na fase em que tudo lhes entra pelos olhos e em que a sociedade está organizada para nos fazer querer que a anormalidade é normal!

Já agora explique-me uma coisa D. Albino: se é normal a relação entre pessoas do mesmo sexo, porque não tornamos os Seminários mistos? Porque não ensinamos, no limite do risco, que: Homens e Mulheres, Sacerdotes e Religiosas não têm diferenças e que o “cruzamento” entre pessoas do mesmo género é obra de Deus?

Não seria normal? Não é para aí que estamos a caminhar? Para a indiferenciação dos géneros e para o “abuso dos cruzamentos”?

Qual é o limite cristão para a homossexualidade?

E qual é a fronteira da homossexualidade e da pedofilia?

E a da ambas para o mundo da adopção?

Que triângulo é este e qual é a posição da Igreja para os seus vértices e para os lados que os unem?


A terminar, pergunto-lhe:


- quando é que a Igreja começa a interpelar publicamente (e nos órgãos de comunicação social) a Sociedade quanto às novas modas laicas para as quais alguns dos seus membros (católicos) tão acérrima e silenciosamente têm contribuído, como é o caso de alguns membros do Governo?


Não esqueçamos o exemplo de Pedro Silva Pereira e da sua proximidade à Igreja Católica - predilecto do actual Cardeal Patriarca no tempo em que foi responsável pela Pastoral Juvenil da Diocese de Lisboa.

Já lá vai algum tempo é certo...


Mas tem a Igreja recebido “alguma contrapartida” pelo seu silêncio?

Tem a Igreja medo de quê, mais precisamente?

Não estamos a atingir o limiar da promiscuidade em que tudo se confunde?

Não estão os católicos a branquear os laicos?

Onde estão os valores que nos diferenciam?

Porque temos de nos reverenciar perante os valores laicos? Acaso são o novo deus do século XXI?

Acaso isso é pedido por Deus nalgum sítio?

Estamos por acaso a re-escrever os ensinamentos de Deus à luz que mais convém?

Gostaria de ser esclarecido...

É que nunca, D. Albino, gostaria de chegar ao ponto de o cumprimentar com um: “porreiro pá!” - laico e amistoso, por certo!

Há distâncias que se devem manter!

Pelo respeito que merecem as Instituições!

Pelo respeito que nos deveria merecer o Sacramento do MATRIMÓNIO!

Termino pedindo-lhe que reze por mim caso eu esteja profundamente errado!

Se assim for: que Deus me perdoe!


Um abraço,

Luis Miguel Silva


PS:

Coloco a minha mulher em cópia desta mensagem.

Não vá ela ter conhecimento do seu conteúdo por algum outro caminho e julgue que me quero mesmo divorciar.

Para nós, foi um caminho que decidimos trilhar há um tempo, e é isso que explicamos às nossas 3 filhas.

Seremos sempre tolerantes ainda que tenhamos muita dificuldade em aceitar tudo como nos querem impor!

Rezamos para que Deus as ajude a descobrir a sua vocação...

Rezamos para que se o caminho for outro, Deus ilumine uma, duas ou três famílias a que criem três rapazes à altura delas!

...”