Creio que se estranhará o título
deste texto fundamentalmente por duas razões. A primeira, consistirá na peremptoriedade
daquele artigo inicial A, como se não
houvera uma gama alargada de possibilidades alternativas para a resolução da
mesma; a segunda, advirá de o autor deste escrito ser um sacerdote, sem
qualquer outra qualificação, a não ser a de franciscano, supondo-se assim
incompetente para tratar daquilo que parece ser próprio dos fiéis leigos.
Convirá, no entanto, atender a
que, sem merecimento algum da minha parte e, num certo sentido, mesmo contra a
minha vontade, fui constituído por Deus Criador e Redentor, pelo Sacramento da
Ordem, Seu embaixador. Ora, Deus, autor de tudo quanto existe, em virtude da
Sua Omnisciência tudo conhece e tudo sabe, e em virtude da Sua Providência acompanha
e conduz o universo e a história. Ao fazer-Se um de nós, nascendo da Imaculada
sempre Virgem Maria, Redimindo-nos do pecado e da morte pela Sua Paixão e
Ressurreição, e tornando-nos participantes dessa Sua vitória pelo Espírito que
nos comunica, em íntima união com a Sua Igreja, capacita-nos para vencer todo o
mal pessoal, social, cultural, económico, político.
Ele próprio, quando passou aqui
na terra fazendo o Bem e curando todos os que eram oprimidos pelo demónio, nos
disse com toda a clareza qual a solução da crise: “Procurai antes de tudo o
Reino de Deus e a Sua Justiça e o resto ser-vos-á dado como acréscimo” (Mt 6,
33; Lc 12, 31).
O Reino de Deus, ou o Reino dos Céus,
é o próprio Jesus Cristo; e a Sua Justiça é a Sua verdade, o Seu Amor, a Sua
vontade. Sem Ele, de facto, toda a erudição é ignorância, toda a sabedoria é
estultícia, toda a competência é ineptidão, toda a experiência é trapalhice,
todo o progresso é regressão, toda a economia é trafulhice, toda a política é ardilosa
e salteadora, toda a lucidez é inépcia, toda a prudência é doidice, todo o
enriquecer é empobrecer, toda a democracia é tirania, toda a lei é violência,
toda a justiça é iniquidade, todo o amor é egoísmo, toda a fecundidade é
esterilidade e crueldade.
Que isto é assim é facilmente
verificável se tivermos em conta as últimas décadas. Fomos avisando
insistentemente da tragédia. Muitos nos deram por obsessivos… Pois bendita seja
esta obsessão!, digo eu.
Quem se afasta de Deus, quem
renega a Jesus Cristo, produz para si e para os outros um inferno antecipado na
terra, uma sombra ténue do verdadeiro Inferno.
É tempo de nos convertermos.
À Honra e Glória de Jesus Cristo.
Ámen.