1. Para evitar juízos precipitados de algum leitor desprevenido esclareço, desde já, que a expressão que intitula este texto não é minha mas sim do Papa Bento XVI. De facto, sua Santidade na mensagem que escreveu para o dia mundial do doente, celebrado a 11 de Fevereiro do ano corrente, denuncia a existência de “menores profanados por pessoas abjectas que violam a sua inocência, provocando nelas uma ferida psicológica que as marcará para o resto da vida.” Creio eu que esta profanação não se referirá somente aos actos directos de pedófilos e abusadores de menores, uma vez que aqueles para além dos danos de ordem psíquica costumam também provocar injúrias de ordem física.
Aliás, há muitos estudos, por exemplo, que mostram à saciedade que a pornografia ou uma doutrinação sexual dissonante da lei moral natural “violam a inocência” de crianças, adolescentes e jovens “provocando nelas uma ferida psicológica que as marcará para o resto da vida”.
2. O parlamento aprovou, no dia 19 de Fevereiro, o projecto lei 660/X que Estabelece o regime de aplicação da educação sexual em meio escolar. O grande mentor ideólogo que elucubrou esse monstro abjecto foi, segundo a comunicação social, o psiquiatra Daniel Sampaio, um notório apoiante da liberalização do aborto e um promotor ou divulgador de espurcícias várias. Daquilo que se conhece, já aprovado na generalidade, não resta qualquer dúvida de que o estado decidiu impor uma ideologização sexual perversa, atropelando os pais nos seus direitos de educação e de liberdade religiosa. O estado, através da escola, contrariamente ao que está fazendo, não pode substituir-se aos pais na educação sexual de seus filhos. Os pais têm todo o direito, quer natural quer positivo, reconhecido, aliás, pela constituição, de resolverem se os seus filhos recebem ou não educação sexual nas escolas. E se decidirem que recebem, a escola tem a obrigação estrita de o fazer subsidiariamente, não tomando o lugar dos pais mas sim auxiliando-os e seguindo as suas directrizes.
3. Todos os pais, mas em particular os crentes, devem estar conscientes da grave responsabilidade que têm de proteger os filhos que geraram e que são obrigados a educar segundo a lei moral natural, confirmada pela Revelação de Deus, e de acordo, para os cristãos, com a doutrina Evangélica. Os pais têm de estar conscientes que terão de responder, no Juízo particular e final, perante Deus, do cumprimento ou não das suas missões de protectores e educadores. O pecado de omissão em tão grave matéria é, naturalmente, mortal. Os pais têm de estar conscientes de que devem estar dispostos a tudo o que seja eticamente legítimo para que os seus filhos não sejam vitimados por essa deseducação obscena. Não podem de modo nenhum deixá-los assistir a esses ensinamentos de corrupção moral, sejam quais forem as consequências que daí advenham. Será melhor pois que se organizem, uma vez que apoiados uns nos outros terão mais coragem e força para salvarem vossos filhos. Não queiram ouvir no dia do Juízo Jesus Cristo dizer-vos: “Em verdade, em verdade vos digo; afastai-vos de Mim, vós que praticáveis o mal” (cf. Mt 7, 23) entregando os vossos filhos a deformações abjectas que profanavam e violavam a sua inocência.
Nuno Serras Pereira