terça-feira, 24 de março de 2009

A prostituição eclesiástica e a Paixão do Papa


1. Haverá aí alguém que não tenha ouvido falar num Bispo, até há pouco desconhecido, chamado Williamson? Creio que ninguém ignorará o grande clamor que se levantou por todo o mundo e mesmo na Igreja a propósito das suas disparatadas, ingénuas ou imbecis, maliciosas ou simplesmente apatetadas, afirmações sobre o holocausto perpetrado pelos nazis ao povo judeu. É fácil de compreender a grave apreensão que esse pronunciamento público provocou, principalmente nos sobreviventes e familiares dos que padeceram e morreram vítimas daquela monstruosa injustiça. Se hoje é ponto assente, não subsistindo dúvidas, sobre a enormidade e extensão daquele genocídio maquiavélico, entende-se também, muito bem, a perigosidade de tais declarações, uma vez que poderá contribuir, em certa medida, para gerar ou incrementar movimentos anti-semitas que advoguem que tudo não tenha passado de um delírio ou de uma propaganda dolosa, por parte desse povo, com objectivos inconfessáveis. Concebida a suspeita, a desconfiança, e com esta a hostilidade, tende a crescer dando à luz desentendimentos, discórdias, agressividades, perseguições, etc.

No entanto, tanto quanto nos é dado saber, este Bispo, que recordemo-nos está suspenso a divinis, nunca promoveu a ideologia nazi, aceitando plenamente as pesadas e implacáveis condenações que da mesma fizeram os Papas Pio XI e Pio XII, e nunca matou nenhum judeu.

Nos dias de hoje há um outro holocausto – a palavra é do Papa João Paulo II – o do aborto. Este genocídio foi advogado, propagandeado, promovido e votado por muitos que várias instituições católicas, desde a RR à UCP, têm como colaboradores ou convidados a debater e palestrar sobre os mais variados assuntos, inclusive acerca da licitude deste crime que João Paulo II classificou como o mais perverso e abominável.

O Bispo Williamson nunca, mas mesmo nunca, seria convidado ou autorizado a palestrar sobre qualquer tema, mesmo que fosse o do amor aos inimigos, como o são os promotores do holocausto contemporâneo.

Parece-me, pois, que isto só poderá significar o seguinte: quem manda na Igreja em Portugal não se rege por princípios e valores, mas pela popularidade e benefícios que pode ganhar. O que me leva a concluir que se o anti-semitismo estivesse de moda, contasse com maiorias, tivesse a comunicação social a seu favor e mandasse no estado, o Bispo Williamson e outros como ele, talvez mesmo Goebbels, caso fosse vivo, seguramente teriam as mesmas atenções e gozariam da mesma presença na RR, na UCP e em outras instituições da Igreja. As Sagradas Escrituras ao indicarem este tipo de comportamento chamam-lhe prostituição.

2. O Papa Bento XVI tem aquele traço que caracterizava Jesus Cristo, de Quem é vigário na Terra. Quando ensina, pela palavra ou pelo exemplo, desencadeia vendavais. Foi o que aconteceu agora, mais uma vez, a propósito de preservativo. Porque disse a verdade, a comunidade internacional, constituída por políticos, grandes multinacionais farmacêuticas, comunicação social, membros da hierarquia da Igreja, movimentos de controlo demográfico, instituições eugenistas, etc., formaram furacões, cuja característica parece ser a de, por incapacidade de se abrirem para irem ao encontro do outro, rodopiarem sobre si mesmos levando a destruição e desolação a toda a parte. O Santo Padre foi, de novo, flagelado pelos grandes deste mundo, acusado injustamente, condenado na praça pública. O semanário português Expresso ultrapassou ignobilmente em infâmia os algozes que coroaram Cristo de espinhos, ao encapuzar o representante do mesmo Cristo com aquele látex posto ao serviço da promiscuidade imunda que domina grande parte do mundo.

O Norte e o Ocidente rasgaram hipocritamente as faustosas e luxuriosas vestes arguindo o Papa de ser responsável por um genocídio sexual, como se a castidade e a fidelidade no matrimónio pudessem liquidar alguém! Este mesmo multimilionário Noroeste que atulha África de preservativos mas que é incapaz de auxiliar esse continente num verdadeiro combate à malária que mata muito mais que a sida; que ignora as mães que têm de andar 40 quilómetros a pé para arranjarem uma aspirina para o seu filho doente, ou 10 quilómetros para irem buscar água; que assistiu impávido e sereno aquele tenebroso e imenso genocídio do Ruanda. Este Noroeste que censura a informação verdadeira e cientificamente comprovada do incentivo à promiscuidade que as suas campanhas do látex imundo têm promovido com o consequente aumento exponencial das doenças sexualmente transmissíveis, algumas incuráveis e outras mais mortais que a sida. Em 20 anos, por exemplo, nos USA elas subiram de três para cerca de vinte. O preservativos é incapaz de deter o vírus do papiloma humano (HPV) que é responsável por muito mais mortes que a sida. E o vírus desta, com o decorrer do tempo, acabará inevitavelmente, mesmo com o uso consistente do preservativo, em virtude do chamado “efeito roleta russa”, por contagiar quem o usa. Isto quem o afirma não é a Igreja mas sim a IPPF a maior organização não governamental do mundo que se dedica ao incentivo do aborto, da promiscuidade sexual, da contracepção e do preservativo.

Não por acaso Edward C. Green, Director do projecto de investigação sobre a sida do Centro de Estudos, da Universidade de Harvard (USA), para a População e Desenvolvimento veio a terreno defender o Papa Bento XVI: “O Papa tem razão, ou dito de outra maneira, as melhores provas que temos estão de acordo, suportam, as palavras do Papa”. E continuou “ os nossos estudos, incluindo o US – funded Demographic Healt Surveys’, mostram uma associação consistente entre a maior disponibilidade e uso de preservativos e uma taxa mais alta (não mais baixa) de infecção por HIV.”[1]

Os médicos que trabalham em África sabem-no bem. Em entrevistas, por estes dias, ao Avvennire afirmaram categoricamente que não é possível diminuir o contágio sem uma alteração radical dos comportamentos. E que só onde ela se deu é que se verificou uma diminuição substancial do mesmo. Sendo porventura os exemplos mais eloquentes o Uganda, em África, e as Filipinas, no Pacífico.

Acima falei de vendaval e logo a seguir dos furacões. Espero que não se tenha entendido que eu atribuía a responsabilidade por estes últimos ao Santo Padre. Não! Estes devastadores como são devem ser atribuídos ao império que as potestades malignas exercem sobre os grandes deste mundo. Os vendavais, pelo contrário, são causados pelo Espírito Santo, como no Pentecostes, e suscitam conversões e adesão a Jesus Cristo e à Sua Igreja. É isso mesmo que verificamos com o Papa Bento XVI. Bem podem as autoridades mundanas e algumas eclesiásticas arreganhar-lhe o dente e rosnar-lhe impropérios que o povo simples está com ele e segue-o avidamente, como outrora seguia Jesus.

Nuno Serras Pereira

23. 03. 2009