quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

A Manifestação pela Família e contra o casamento gay


João José Brandão Ferreira


TCor/Pilav (Ref)

21/2/2010


Ocorreu no dia 20 de Fevereiro e acabou por ser um sucesso relativo. Apesar de tudo, um sucesso.


Porque a consideramos um sucesso embora relativo? Por várias razões que passaremos a dilucidar.


Em primeiro lugar porque se conseguiu tirar do conforto do seu lar uns milhares de pessoas que pertencem a um conjunto de portugueses que não tem por norma manifestar-se publicamente. Sabe-se a dificuldade existente (é um facto social/humano) que as chamadas “maiorias silenciosas” têm em defender com ardor causas de princípio até mesmo, interesses pessoais ou de grupo. Essa militância está, normalmente, reservada a minorias determinadas que visam objectivos específicos e, ou, revolucionários.


Depois porque este “feito” foi conseguido por um grupo de pessoas voluntariosas, que não estão ligadas a partidos ou grupos “de interesse” e que, aparentemente, se dispuseram a trabalhar em troca de nada. E sem o apoio objectivo e material de qualquer organização ou instituição estruturada, existente. Sequer com o apoio explícito de figuras com visibilidade pública, de nomeada (há até quem se disponha a aparecer só depois de saberem da visibilidade do sucesso…)


Depois constitui um bom augúrio a participação de centenas de jovens – que representam o futuro – faixa etária que, naturalmente, se dedica a actividades de cariz mais lúdico.


Apesar do voluntarismo e insipiências de toda a ordem, a manifestação decorreu de uma forma muito razoavelmente organizada, em boa ordem de marcha e alto grau de civilidade.


Foi até bom que tivesse havido uma mini contra manifestação por alturas do cinema S. Jorge. E foi bom porque deu para ver o contraste de (muito) poucos que estavam com ela, versus os milhares que desfilaram à sua frente, tendo-os olimpicamente ignorado com a excepção de uns poucos casos individuais prontamente circunscritos. Saíu-se por cima!


E tudo isto se passou contando-se com uma hostilidade contida e indiferença, da maioria dos órgãos de comunicação social, o que demonstra o longo caminho que há a percorrer para se atingir um grau aceitável de ética profissional na classe dos jornalistas e, ou, empresas de comunicação.


Cumpre saudar a família real nas pessoas de SAR o Sr. D. Duarte e mulher, a Duquesa D. Isabel, que estiveram na linha da frente da manifestação. Assim deve ser, pois o exemplo deve vir de cima.


Já da hierarquia da Igreja se esperava mais. É certo que a manifestação não era de católicos (e seria bom que numa próxima oportunidade se pudesse contar não só com os evangélicos, mas também com judeus, muçulmanos e hindús), mas sim de todos os portugueses que se queiram bater pelos princípios fundamentais da sua cultura, identidade e liberdades fundamentais, que lhes vêm do princípio da nacionalidade.


Sem embargo, o que está em jogo, também, são princípios doutrinários da Igreja de Cristo. Compreendemos a necessidade de prudência, de reflexão e de ponderação. Mas quando o que está em causa são coisas essenciais, vai-se à luta com tudo o que se tem. Os generais têm que se pôr à frente das tropas, senão tal facto vai-se reflectir no moral das mesmas. Dá ideia, até, que se perdeu a Fé… Há coisas com que não se pode contemporizar sob pena de derrota total e humilhação. Na dúvida, evoca-se o Espírito Santo e vai-se ao combate, porque de um combate se trata!


O sucesso foi, pois, relativo, mas o absoluto é intangível…


Há pois que perseverar, criar capacidades e manter a coesão; o entusiasmo contagia e os menos crédulos na importância do seu contributo, precisam de ver coisas acontecer.


É precioso haver acção política e cívica fora da ditadura partidária, que inquina a vida nacional e está longe de ser representativa do todo português. É de suma importância fazer trabalho doutrinário (não se combatem ideias com bombas…), e ter paciência para esperar pelo resultado, não amanhã, mas para depois de amanhã. Ninguém vai mudar as coisas por cada um de nós.


A luta está longe de estar ganha. É preciso parar a lei iníqua que foi aprovada; é necessário conseguir um referendo sobre esta abominação do desvirtuamento do casamento; é urgente parar a destruição da família tradicional. E estes são apenas alguns aspectos em que incorre a verdadeira subversão da sociedade portuguesa (e ocidental!) que está em marcha.


Tal levará à descaracterização da nossa identidade o que aliado aos constantes ataques que têm sido desferidos relativamente à nossa individualidade augura, a prazo, não o “Finis Patriae” de que falava Guerra Junqueiro, mas o definitivo.