De há uns tempos a esta parte têm cirandado, vertiginosamente, notícias, sondagens, correspondência electrónica, páginas na Inter-rede, que em nome de um natural “Cavaco, nunca mais!” lançam nomes alternativos com um fervor messiânico. Ora é esta fogosidade que me preocupa, uma vez que no seu arroubamento tenderá a cegar as mentes e os corações.
Há aí alguém que ainda se lembre de um ministro declarar, pouco tempo depois de tomar posse, ao jornal Público que as suas convicções católicas, no respeitante ao aborto, teriam de ser postas entre parênteses? Ou de um primeiro-ministro que em debate de campanha eleitoral defendeu a eutanásia em determinadas circunstâncias? Ou do político favorável à adopção de crianças por homossexuais?
Se eu não fora Sacerdote mas um leigo empenhado no meu dever/direito de contribuir através das actividades temporais para o Bem Comum, procuraria com todo o empenho um candidato com peso político suficiente para enfrentar as candidaturas existentes, com garantias solenes de que respeitaria, advogaria e defenderia os princípios e valores inegociáveis, de si não confessionais, e de que no caso de não obter votação suficiente para concorrer a uma segunda volta se recusasse a dar indicação de voto em qualquer um dos outros candidatos. Cheques em branco, nunca mais!
Nuno Serras Pereira
12. 06. 2010