A expressão que intitula este breve texto é utilizada pela aglomeração “gay” para significar o acto de uma pessoa publicitar que tem comportamentos sodomitas, ou seja, que pratica actos sexuais com pessoas do mesmo sexo, que os acha não somente normais como bons e recomendáveis. A revelação pública é feita com propósitos político-ideológicos muito concretos que pretendem tornar esses comportamentos socialmente aceitáveis e respeitáveis, destruir a família natural, induzir subliminarmente, quando não descaradamente, crianças, adolescentes e jovens à confusão e à experimentação desses mesmos comportamentos, criminalizar toda a oposição aos seus objectivos, e mudar, corrompendo-o, o cristianismo cuja Revelação de Deus, a Tradição Bíblica e a da Igreja sempre ensinaram a malícia intrínseca e a perversidade de tais actos. Sigmund Freud, aliás, apesar de não ser crente e muito menos cristão, também considerava tais actos como perversos. O Catecismo da Igreja Católica refere-se a eles como depravações graves, contrários à lei natural, incapazes de realizar uma complementaridade ou comunhão afectiva sexual, porque delas não procedem, e que em nenhum caso podem ser aprovados.
Ora o católico que “sai do armário” não aceita de modo nenhum esta Verdade Revelada, diz que não é tal, arranja, com os seus teólogos e biblistas, uma manipulação dos textos da Sagrada Escritura, de modo a distorcer o que eles dizem, faz apelos pungentes à misericórdia e à compaixão, não em relação à pessoa enquanto tal, que merece todo o respeito (porque a consideram uma condescendência inaceitável), mas às suas práticas, afirma categoricamente que a Igreja está errada e que ela é que tem que mudar e não ele. Partilha, vitimizando-se, a sua vida, com as dificuldades e incompreensões, próprias, aliás, de qualquer percurso humano, até ter encontrado a salvação que consiste, segundo ele, em passar à prática os seus desejos desordenados. Não poucas vezes este percurso é acompanhado e incentivado por especialistas de saúde mental, por Sacerdotes e Religiosas.
Ainda não há muito escrevi sobre uma entrevista, dada à revista Pública, em que algumas pessoas que decidiram viver um estilo de comportamento sexual com pessoas do mesmo sexo, se apresentavam como católicas e confessavam o apoio que tinham por parte de alguns sacerdotes. Embora escondessem a sua identidade, por detrás de uma letra ou inicial, um número considerável de leitores que conheciam um ou outro bem perceberam de quem se tratava. De um deles posso eu asseverar que, em certos pontos, a história estava muito mal contada (o que de resto pode não ser culpa sua mas do jornalista). Mas o que importa aqui notar é a estratégia: a iniciativa da entrevista, como lá é dito, não partiu da revista mas sim deles.
Agora, o director do MSV (movimento ao serviço da vida), ao “sair do armário” publicamente, através do anúncio de um encontro organizado pelo Centro Universitário Manuel da Nóbrega, onde palestrará, que conta com a presença do Bispo de Coimbra, consegue objectivamente, independentemente das intenções subjectivas de quem o organiza, a cobertura da Igreja para a estratégia político-ideológica da conglomeração sodomita.
Como se sentirá aquela comunidade numerosa de jovens generosos e dedicados que ao longo destes anos deram o melhor de si neste movimento que nasceu da Igreja através do cruzamento da iniciativa de alguns jovens com o ministério de diversos carismas? Aquela vida que o nome do movimento tem não se refere somente a esta vida mas à Vida divina e eterna que é o próprio Jesus Cristo Ressuscitado, que quando passou entre nós disse de si Mesmo, definindo a Sua missão: “Eu vim … chamar os pecadores para que se arrependam”. Para que se arrependam e convertam e não para que se obstinem no seu pecado, o justifiquem e o alardeiem.
No meu tempo, que velho que eu sou…, e creio bem que ao longo da história da Igreja, chamava-se a testemunhar aquele que tendo vivido em pecado, se arrependera, reencontrando o Seu Salvador, e penitencialmente procurava no dia-a-dia uma conversão sempre maior. Agora dá impressão que é o contrário. A pessoa que viveu bem muitos anos, embora com os percalços próprios da condição humana, e depois desmente tudo entregando-se a uma vida depravada, é chamada, nessa qualidade de dissoluta, a dar o “testemunho da sua ‘vocação’.
A “Igreja plural – Deus a uma chamou para ser freira, a outro para ser homossexual, e a outros para serem adúlteros”! Sei que não será isto que está na mente dos organizadores mas não será essa a mensagem que as pessoas receberão?
Nuno Serras Pereira
21. 03. 2011