Numa entrevista concedida, a 13 de Maio, ao boletim da ordem dos advogados, que foi sintetizada a 22 do corrente pela agência ecclesia, a propósito do sacerdócio ministerial das mulheres, entre outras considerações, o Cardeal Patriarca afirmou o seguinte: “O Santo Padre João Paulo II, a certa altura, pareceu dirimir a questão. Penso que a questão não se dirime assim; teologicamente não há nenhum obstáculo fundamental; há esta tradição, digamos assim… nunca foi de outra maneira” (In Boletim da Ordem dos Advogados Nº 78 – Maio 2011, pág. 40). A entrevistadora, provavelmente assarapantada – é isso que parecem significar as reticências, ou talvez não -, pergunta: “Do ponto de vista teológico, não há nenhum obstáculo…” O Cardeal repete peremptório: “Penso que não há nenhum obstáculo fundamental.” Ora o Senhor Cardeal Patriarca de Lisboa não pode, é simplesmente impossível!, ignorar que aquilo que afirma é falso e implica a negação de uma doutrina infalível pertencente ao Depósito da Fé, acarretando necessariamente a rejeição de uma Verdade de Fé.
Importa pois que os fiéis e toda a gente em geral - pois todos têm o direito de conhecer a Verdade que Deus transmite através da Sua Igreja -, não sejam induzidos em erro sobre a constituição divina da Igreja. Por isso aqui traslado a resposta, dada pela Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, sobre a dúvida proposta acerca da doutrina da Carta Apostólica Ordinatio Sacerdotalis – como no sítio da Inter-rede do Vaticano não existe a versão portuguesa reproduzo a espanhola e indicarei as ligações para a italiana e para a inglesa:
Resposta sobre a doutrina da Carta Apostólica “Ordinatio Sacerdotalis”
(Responsum ad dubium circa doctrinam in Epist. Ap.“Ordinatio Sacerdotalis” traditam), 28 de outubro de 1995
Pregunta: Si la doctrina que debe mantenerse de manera definitiva, según la cual la Iglesia no tiene facultad de conferir la ordenación sacerdotal a las mujeres propuesta en la Carta Apostólica Ordinatio sacerdotalis, se ha de entender como perteneciente al depósito de la fe.
Respuesta: Sí.
Esta doctrina exige un asentimiento definitivo, puesto que, basada en la Palabra de Dios escrita y constantemente conservada y aplicada en la Tradición de la Iglesia desde el principio, ha sido propuesta infaliblemente por el Magisterio ordinario y universal (cf. Lumen gentium, 25,2). Por consiguiente, en las presentes circunstancias, el Sumo Pontífice, al ejercer su ministerio de confirmar en la fe a sus hermanos (cf. Lc 22,32), ha propuesto la misma doctrina con una declaración formal, afirmando explícitamente lo que siempre, en todas partes y por todos los fieles se debe mantener, en cuanto perteneciente al depósito de la fe.
El Sumo Pontífice Juan Pablo II, durante la Audiencia concedida al infrascrito Cardenal Prefecto, ha aprobado la presente Respuesta, decidida en la Reunión ordinaria de esta Congregación, y ha ordenado su publicación.
Roma, en la sede de la Congregación para la Doctrina de la Fe, el 28 de octubre de 1995, en la fiesta de los Santos Simón y Judas.
Joseph Card. Ratzinger
Prefecto
Tarcisio Bertone
Arzobispo emérito de Vercelli
Secretario
Em italiano , em inglês e em francês
Nuno Serras Pereira
23. 06. 2011