sexta-feira, 15 de junho de 2012

Maria Barroso, Patriarca de Lisboa e UCP - Amargura e Indignação

1. O instituto de estudos políticos da universidade católica portuguesa realizará nos dias 25 a 27 do corrente o Estoril political forum 2012 intitulado “open societies, open economies and citizenship”.

No dia 27 numa cerimónia presidida pelo professor Adriano Moreira serão concedidas condecorações a três pessoas em reconhecimento das suas vidas de Fé e de empenho pela liberdade - Faith and liberty life tribute. Uma dessas pessoas, que será apresentada pelo reitor da ucp, professor Manuel Braga da Cruz, é Maria Barroso Soares. 

Maria Barroso na sua qualidade de presidente da pro dignitate estampou um artigo no jornal Público, 08.02.2007, aquando do último referendo sobre o aborto, intitulado “sim à despenalização”. Nesse texto soezmente tendencioso procurou propagandear de um modo manhoso o “sim” à liberalização do aborto, citando inclusive, tirando embora a frase do seu contexto, o Cardeal Patriarca de Lisboa. Assim termina o seu perverso artigo: “Não nos podemos … levar apenas por impulsos ou sentimentos suscitados e explorados por cidadãos não tolerantes (os que eram pelo “Não”) que extremam, acaloradamente, as suas posições. … Em suma - pelo direito à felicidade das crianças que nascem, e o direito à dignidade das mulheres - eu devo votar pela liberdade que deve ser concedida às mulheres de fazerem, em consciência, a sua escolha. Digo, com Frei Bento Domingues: «O "sim" à despenalização da interrupção voluntária da gravidez dentro das dez semanas é contra o sofrimento das mulheres redobrado com a sua criminalização. Não pode ser confundido com a apologia da cultura da morte, da cultura do aborto.»”.

Quanto ao empenho desta senhora pela liberdade as palavras do Bem-aventurado João Paulo II são esclarecedoras: “Reivindicar o direito ao aborto … e reconhecê-lo legalmente, equivale a atribuir à liberdade humana um significado perverso e iníquo: o significado de um poder absoluto sobre os outros e contra os outros. Mas isto é a morte da verdadeira liberdade: «Em verdade, em verdade vos digo: todo aquele que comete o pecado é escravo do pecado» (Jo 8, 34).” (João Paulo II, O Evangelho da vida, nº 20). E ainda: “No referente ao direito à vida, cada ser humano inocente é absolutamente igual a todos os demais. Esta igualdade é a base de todo o relacionamento social autêntico, o qual, para o ser verdadeiramente, não pode deixar de se fundar sobre a verdade e a justiça, reconhecendo e tutelando cada homem e cada mulher como pessoa, e não como coisa de que se possa dispor. Diante da norma moral que proíbe a eliminação directa de um ser humano inocente, «não existem privilégios, nem excepções para ninguém. Ser o dono do mundo ou o último "miserável" sobre a face da terra, não faz diferença alguma: perante as exigências morais, todos somos absolutamente iguais».” (Idem nº 57). Por isso: “no caso de uma lei intrinsecamente injusta, como aquela que admite o aborto ou a eutanásia, nunca é lícito conformar-se com ela, «nem participar numa campanha de opinião a favor de uma lei de tal natureza, nem dar-lhe a aprovação com o próprio voto».” (Idem, nº 73). De facto, “O aborto e a eutanásia são … crimes que nenhuma lei humana pode pretender legitimar. Leis deste tipo não só não criam obrigação alguma para a consciência, como, ao contrário, geram uma grave e precisa obrigação de opor-se a elas através da objecção de consciência.” (Ibidem).

Quanto à Fé: “ … a inviolabilidade absoluta da vida humana inocente é uma verdade moral explicitamente ensinada na Sagrada Escritura, constantemente mantida na Tradição da Igreja e unanimemente proposta pelo seu Magistério. Tal unanimidade é fruto evidente daquele «sentido sobrenatural da fé» que, suscitado e apoiado pelo Espírito Santo, preserva do erro o Povo de Deus, quando «manifesta consenso universal em matéria de fé e costumes». … Portanto, com a autoridade que Cristo conferiu a Pedro e aos seus Sucessores, em comunhão com os Bispos da Igreja Católica, confirmo que a morte directa e voluntária de um ser humano inocente é sempre gravemente imoral. Esta doutrina, fundada naquela lei não-escrita que todo o homem, pela luz da razão, encontra no próprio coração (cf. Rm 2, 14-15), é confirmada pela Sagrada Escritura, transmitida pela Tradição da Igreja e ensinada pelo Magistério ordinário e universal.” (Idem, nº 57). Esta afirmação, como o ensina a Carta Apostólica sob forma de Motu Proprio Ad Tuendam Fidem, deve ser crida com fé divina e católica: “Deve-se crer com fé divina e católica em tudo o que se contém na palavra de Deus escrita ou transmitida por Tradição, ou seja, no único depósito da fé confiado à Igreja, quando ao mesmo tempo é proposto como divinamente revelado quer pelo magistério solene da Igreja, quer pelo seu magistério ordinário e universal …”. Pelo que quem duvida ou nega obstinadamente esta verdade incorre no crime e na censura de heresia, excluindo-se da Igreja. 

Segundo a doutrina de sempre da Igreja, confirmada pela encíclica Veritatis Splendor do Bem-aventurado João Paulo II, a cooperação formal com o mal, como seja, por exemplo, a votação ou promulgação de uma “lei” injusta que admite o aborto ou a eutanásia, é sempre ilícita. No caso em apreço isto significa que quem votou no “sim” tornou-se moralmente responsável pelos abortamentos de todas as crianças nascituras realizadas ao abrigo da “lei” e por todas as demais consequências, tanto as previsíveis como também as imprevisíveis.

Por tudo o que fica dito e pelo mais que se podia acrescentar invade-me uma enorme amargura e uma melancólica indignação por se prestar este tributo a tal personagem. Tanto mais que isso confirmá-la-á no seu pecado e constituirá um escândalo (teológico), isto é, induzirá muitos ao pecado.
Conta-se que Mário Soares teria dito um dia que casou com uma Passionária e agora se encontrava casado com uma Madre Teresa de Calcutá. Caso isto seja certo posso garantir com toda a segurança a Mário Soares que sua mulher não se transformou, nem por sombras, numa Madre Teresa.

Caso alguém queira, com bons modos, manifestar a sua tristeza e pedir que não se produza tal escândalo poderá escrever para:

Magno Chanceler da UCP, Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo: gab.patriarca@patriarcado-lisboa.pt

Reitor da UCP, Prof. Manuel Braga da Cruz: info@reitoria.ucp.pt

Nunciatura Apostólica: nunciaturapt@netcabo.pt

Secretaria do Núncio Apostólico, D. Rino Passigato: secretarianunci@netcabo.pt