1. O instituto
de estudos políticos da universidade católica portuguesa realizará nos dias
25 a 27 do corrente o Estoril political forum
2012 intitulado “open societies, open economies and citizenship”.
No dia 27 numa cerimónia presidida
pelo professor Adriano Moreira serão concedidas condecorações a três pessoas em
reconhecimento das suas vidas de Fé e de empenho pela liberdade - Faith
and liberty life tribute. Uma dessas pessoas, que será apresentada pelo
reitor da ucp, professor Manuel Braga da Cruz, é Maria Barroso Soares.
Maria
Barroso na sua qualidade de presidente da pro
dignitate estampou um artigo no jornal Público, 08.02.2007, aquando do último referendo sobre
o aborto, intitulado “sim à despenalização”. Nesse texto soezmente
tendencioso procurou propagandear de um modo manhoso o “sim” à liberalização do
aborto, citando inclusive, tirando embora a frase do seu contexto, o Cardeal
Patriarca de Lisboa. Assim termina o seu perverso artigo: “Não nos podemos …
levar apenas por impulsos ou sentimentos suscitados e explorados por cidadãos
não tolerantes (os que eram pelo “Não”) que extremam, acaloradamente, as suas
posições. … Em suma - pelo direito à felicidade das crianças que nascem, e o direito à
dignidade das mulheres - eu devo votar pela liberdade que deve ser concedida às
mulheres de fazerem, em consciência, a sua escolha. Digo, com Frei Bento
Domingues: «O "sim" à despenalização da interrupção voluntária da
gravidez dentro das dez semanas é contra o sofrimento das mulheres redobrado
com a sua criminalização. Não pode ser confundido com a apologia da cultura da
morte, da cultura do aborto.»”.
Quanto ao empenho desta senhora pela
liberdade as palavras do Bem-aventurado João Paulo II são esclarecedoras: “Reivindicar
o direito ao aborto … e reconhecê-lo legalmente, equivale a atribuir à
liberdade humana um significado perverso e iníquo: o significado de um poder
absoluto sobre os outros e contra os outros. Mas isto é a morte da verdadeira
liberdade: «Em verdade, em verdade vos digo: todo aquele que comete o pecado é
escravo do pecado» (Jo 8, 34).”
(João Paulo II, O Evangelho da
vida, nº 20). E ainda: “No referente ao direito à vida, cada ser humano
inocente é absolutamente igual a todos os demais. Esta igualdade é a base de
todo o relacionamento social autêntico, o qual, para o ser verdadeiramente, não
pode deixar de se fundar sobre a verdade e a justiça, reconhecendo e tutelando
cada homem e cada mulher como pessoa, e não como coisa de que se possa dispor.
Diante da norma moral que proíbe a eliminação directa de um ser humano
inocente, «não existem privilégios, nem excepções para ninguém. Ser o dono do
mundo ou o último "miserável" sobre a face da terra, não faz
diferença alguma: perante as exigências morais, todos somos absolutamente iguais».”
(Idem nº 57). Por isso: “no caso de uma lei intrinsecamente
injusta, como aquela que admite o aborto ou a eutanásia, nunca é lícito
conformar-se com ela, «nem participar numa campanha de opinião a favor de uma
lei de tal natureza, nem dar-lhe a aprovação com o próprio voto».” (Idem,
nº 73). De facto, “O aborto e a eutanásia são … crimes que nenhuma lei
humana pode pretender legitimar. Leis deste tipo não só não criam obrigação
alguma para a consciência, como, ao contrário, geram uma grave e precisa
obrigação de opor-se a elas através da objecção de consciência.” (Ibidem).
Quanto à Fé: “ … a
inviolabilidade absoluta da vida humana inocente é uma verdade moral
explicitamente ensinada na Sagrada Escritura, constantemente mantida na
Tradição da Igreja e unanimemente proposta pelo seu Magistério. Tal unanimidade
é fruto evidente daquele «sentido sobrenatural da fé» que, suscitado e apoiado
pelo Espírito Santo, preserva do erro o Povo de Deus, quando «manifesta
consenso universal em matéria de fé e costumes». … Portanto, com a autoridade
que Cristo conferiu a Pedro e aos seus Sucessores, em comunhão com os Bispos da
Igreja Católica, confirmo que a morte
directa e voluntária de um ser humano inocente é sempre gravemente imoral.
Esta doutrina, fundada naquela lei não-escrita que todo o homem, pela luz da
razão, encontra no próprio coração (cf. Rm 2, 14-15), é confirmada pela Sagrada Escritura,
transmitida pela Tradição da Igreja e ensinada pelo Magistério ordinário e
universal.” (Idem, nº 57).
Esta afirmação, como o ensina a Carta Apostólica sob forma de Motu Proprio Ad
Tuendam Fidem, deve ser crida com fé divina e católica: “Deve-se crer
com fé divina e católica em tudo o que se contém na palavra de Deus escrita ou
transmitida por Tradição, ou seja, no único depósito da fé confiado à Igreja,
quando ao mesmo tempo é proposto como divinamente revelado quer pelo magistério
solene da Igreja, quer pelo seu magistério ordinário e universal …”. Pelo que quem
duvida ou nega obstinadamente esta verdade incorre no crime e na censura de
heresia, excluindo-se da Igreja.
Segundo a doutrina de sempre da
Igreja, confirmada pela encíclica Veritatis
Splendor do Bem-aventurado João Paulo II, a cooperação formal com o mal,
como seja, por exemplo, a votação ou promulgação de uma “lei” injusta que
admite o aborto ou a eutanásia, é sempre ilícita. No caso em apreço isto significa
que quem votou no “sim” tornou-se moralmente responsável pelos abortamentos de
todas as crianças nascituras realizadas ao abrigo da “lei” e por todas as
demais consequências, tanto as previsíveis como também as imprevisíveis.
Por tudo o que fica dito e pelo
mais que se podia acrescentar invade-me uma enorme amargura e uma melancólica indignação
por se prestar este tributo a tal personagem. Tanto mais que isso confirmá-la-á
no seu pecado e constituirá um escândalo (teológico), isto é, induzirá muitos ao
pecado.
Conta-se que Mário Soares teria
dito um dia que casou com uma Passionária
e agora se encontrava casado com uma Madre Teresa de Calcutá. Caso isto seja
certo posso garantir com toda a segurança a Mário Soares que sua mulher não se
transformou, nem por sombras, numa Madre Teresa.
Caso alguém queira, com bons modos,
manifestar a sua tristeza e pedir que não se produza tal escândalo poderá
escrever para:
Magno Chanceler da UCP, Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José
Policarpo: gab.patriarca@patriarcado-lisboa.pt
Reitor da UCP, Prof. Manuel Braga
da Cruz: info@reitoria.ucp.pt
Nunciatura Apostólica: nunciaturapt@netcabo.pt
Secretaria do Núncio Apostólico, D. Rino
Passigato: secretarianunci@netcabo.pt