quarta-feira, 6 de março de 2013

Amar o Amor que muito nos Ama - por Nuno Serras Pereira



Neste texto direi, ao final, da razão, inesperada, que me leva a retirar-me da organização e distribuição dos pendões ou estandartes de Cristo. Mas para inteira inteligência desse motivo importará ler tudo desde o princípio, sem saltar precipitadamente para o fim.

06. 03. 2013
Atravessava os densos bosques de carvalhais seculares que então se estendiam por aquela larga planície, agora desflorestada, circundando a Igrejinha de Nossa Senhora dos Anjos, a caminho de Assis, quando ouviu grandes lamentos, fundos suspiros, vozes magoadas, um enorme pranto soluçando quantiosos sofrimentos. Aflito, deixou-se guiar pelos clamores até deparar com o pobrezinho, da cidade para onde se dirigia, prostrado por terra, numa agonia de penas Pelo que, estimulado pela caridade, logo lhe perguntou no intento de o socorrer, se estava ferido ou enfermo. Então, com o rosto inundado de copiosas lágrimas, S. Francisco, entre singultos, retorquiu a custo: O Amor não é amado! Eu devia ir pelo mundo chorando assim a Paixão do meu Senhor! O Amor não é Amado!


Mais tarde S. Francisco deixará aos seus discípulos a recomendação de muito amarem o Amor que muito os Amou. Esse Amor a que se refere é Jesus Cristo, é Deus. E a grande prova do Seu Amor, podemos dizer o selo que O autentica, é a Sua entrega, a morte de Cruz. Como aliás Ele próprio o diz, referindo-Se à proximidade da Sua Paixão, não há maior Amor do que dar a vida (na Cruz) pelos Seus amigos e ainda mais pelos inimigos, pois como diz outro passo das Escrituras, Ele deu a vida por nós quando ainda éramos Seus inimigos. Por isso, não há dúvida de que o Crucifixo é o grande sinal do Amor que muito nos Ama. Mais, é a maior figuração da eternidade de Deus e da Sua Ressurreição de entre os mortos, uma vez que como Ele próprio afirma, Eu dou a vida para retomá-la de novo. De facto, se tivéssemos que sintetizar o Cristianismo numa palavra ou numa imagem, assim o creio, seria Crucifixo. Tudo ali está resumido, tudo ali está anunciado. 


Ninguém pense que os cristãos são uma cambada de gente sinistra que pinta ou modela lúgubres cadáveres suspensos de cruzes venerando-os macabramente nas Igrejas, e trazendo-os tetricamente dependurados ao peito. Se assim fora seríamos os mais desgraçados de entre os homens. Mas Aquele morto que ali é representado está ali Vivo. O Catecismo da Igreja Católica (nº 626) declara-o muito bem: 

“Uma vez que o «Príncipe da Vida», a quem deram a morte (518), é precisamente o mesmo «Vivente que ressuscitou» (519), é forçoso que a pessoa divina do Filho de Deus tenha continuado a assumir a alma e o corpo, separados um do outro pela morte:


«Embora Cristo, enquanto homem tenha sofrido a morte e a sua santa alma tenha sido separada do seu corpo imaculado, nem por isso a divindade se separou, de nenhum modo, nem da alma nem do corpo: e nem por isso a Pessoa única foi dividida em duas. Tanto o corpo como a alma tiveram existência simultânea, desde o início, na Pessoa do Verbo; e, apesar de na morte terem sido separados, nenhum dos dois deixou de subsistir na Pessoa única do Verbo» ”.
 
E a indicação mística disso mesmo, é que Ele apareceu Crucificado a vários Santos que O adoravam e, como nos casos de S. Francisco de Assis e de S. Bernardo de Claravale, desprendeu um dos braços do madeiro para com eles se abraçar. E a S. Francisco apareceu Crucificado, num velocíssimo voo de Amor, imprimindo nos seus membros os Seus estigmas. É por isso que quem rejeita o Crucifixo repulsa o Ressuscitado. 


Não sei se haverá alguém no nosso tempo que Ame tão intensamente o Amor que muito nos Amou, como S. Francisco. É bem possível. Mas sei que há muitos que o Amam e procuram intensificar ainda mais esse mesmo Amor com a devoção (entrega verdadeira de si mesmos a Cristo Crucificado para com Ele se conformarem) ao Crucifixo que os conduz à doação Caritativa a todos os outros, em particular aos que mais precisam. 


Um, entre muitos, dos sinais desse zelo fervoroso de Amor ao Amor que muito nos Ama tem sido a quantidade de pessoas, para mim surpreendente, embora bem aquém do que seria desejável, que têm aderido ao estandarte de Cristo Crucificado, para o Ano da Fé.


Tendo recebido inúmeros pedidos, de pessoas espalhadas por Portugal, para enviar por correio os estandartes, e vendo-me na impossibilidade de o fazer veio em auxílio dessas gentes a Providência Divina que me enviou dois apóstolos muito competentes e disponíveis os quais se dispuseram com muita Caridade a tratar de tudo. Surpreendido, primeiro fiquei hesitante mas logo percebi que tudo devia ser colocar em suas mãos. De facto, sempre pensei simplesmente em dar, passe a expressão, o pontapé de saída.

Resta-me agradecer ao João Sotomayor o seu trabalho notável de designer e a extraordinária ajuda que me prestou, sem a qual, verdade seja dita, eu não teria conseguido nada.


Assim, exceptuados os casos de alguém que tenha algo pendente comigo, todos os pedidos ou encomendas deverão ser feitas a Joaquim Castro Pernas a Nuno Galvão Amado; email: estandartedecristo@gmail.com; Telm: 96 801 67 84, ou 911 788 811, ou 96 448 52 35


À Honra e Glória de Cristo. Ámen.