Neste texto direi, ao final, da razão,
inesperada, que me leva a retirar-me da organização e distribuição dos pendões
ou estandartes de Cristo. Mas para inteira inteligência desse motivo
importará ler tudo desde o princípio, sem saltar precipitadamente para o fim.
06. 03. 2013
Atravessava os densos bosques de
carvalhais seculares que então se estendiam por aquela larga planície, agora desflorestada,
circundando a Igrejinha de Nossa Senhora dos Anjos, a caminho de Assis, quando
ouviu grandes lamentos, fundos suspiros, vozes magoadas, um enorme pranto
soluçando quantiosos sofrimentos. Aflito, deixou-se guiar pelos clamores até
deparar com o pobrezinho, da cidade para onde se dirigia, prostrado por terra,
numa agonia de penas Pelo que, estimulado pela caridade, logo lhe perguntou no
intento de o socorrer, se estava ferido ou enfermo. Então, com o rosto inundado
de copiosas lágrimas, S. Francisco, entre singultos, retorquiu a custo: O Amor
não é amado! Eu devia ir pelo mundo chorando assim a Paixão do meu Senhor! O
Amor não é Amado!
Mais tarde S. Francisco deixará
aos seus discípulos a recomendação de muito amarem o Amor que muito os Amou.
Esse Amor a que se refere é Jesus Cristo, é Deus. E a grande prova do Seu Amor,
podemos dizer o selo que O autentica, é a Sua entrega, a morte de Cruz. Como aliás
Ele próprio o diz, referindo-Se à proximidade da Sua Paixão, não há maior Amor do
que dar a vida (na Cruz) pelos Seus amigos e ainda mais pelos inimigos, pois
como diz outro passo das Escrituras, Ele deu a vida por nós quando ainda éramos
Seus inimigos. Por isso, não há dúvida de que o Crucifixo é o grande sinal do
Amor que muito nos Ama. Mais, é a maior figuração da eternidade de Deus e da
Sua Ressurreição de entre os mortos, uma vez que como Ele próprio afirma, Eu
dou a vida para retomá-la de novo. De facto, se tivéssemos que sintetizar o
Cristianismo numa palavra ou numa imagem, assim o creio, seria Crucifixo. Tudo
ali está resumido, tudo ali está anunciado.
Ninguém
pense que os cristãos são uma cambada de gente sinistra que pinta ou modela lúgubres
cadáveres suspensos de cruzes venerando-os macabramente nas Igrejas, e
trazendo-os tetricamente dependurados ao peito. Se assim fora seríamos os mais
desgraçados de entre os homens. Mas Aquele morto que ali é representado está
ali Vivo. O Catecismo da Igreja Católica (nº
626) declara-o muito bem:
“Uma vez
que o «Príncipe da Vida», a quem deram a morte (518), é precisamente o mesmo
«Vivente que ressuscitou» (519), é forçoso que a pessoa divina do Filho de Deus
tenha continuado a assumir a alma e o corpo, separados um do outro pela morte:
«Embora
Cristo, enquanto homem tenha sofrido a morte e a sua santa alma tenha sido
separada do seu corpo imaculado, nem por isso a divindade se separou, de nenhum
modo, nem da alma nem do corpo: e nem por isso a Pessoa única foi dividida em
duas. Tanto o corpo como a alma tiveram existência simultânea, desde o início,
na Pessoa do Verbo; e, apesar de na morte terem sido separados, nenhum dos dois
deixou de subsistir na Pessoa única do Verbo» ”.
E a indicação mística disso
mesmo, é que Ele apareceu Crucificado a vários Santos que O adoravam e, como
nos casos de S. Francisco de Assis e de S. Bernardo de Claravale, desprendeu um
dos braços do madeiro para com eles se abraçar. E a S. Francisco apareceu Crucificado,
num velocíssimo voo de Amor, imprimindo nos seus membros os Seus estigmas. É
por isso que quem rejeita o Crucifixo repulsa o Ressuscitado.
Não sei se haverá alguém no nosso
tempo que Ame tão intensamente o Amor que muito nos Amou, como S. Francisco. É bem
possível. Mas sei que há muitos que o Amam e procuram intensificar ainda mais
esse mesmo Amor com a devoção (entrega verdadeira de si mesmos a Cristo Crucificado
para com Ele se conformarem) ao Crucifixo que os conduz à doação Caritativa a
todos os outros, em particular aos que mais precisam.
Um, entre muitos, dos sinais
desse zelo fervoroso de Amor ao Amor que muito nos Ama tem sido a quantidade de
pessoas, para mim surpreendente, embora bem aquém do que seria desejável, que
têm aderido ao estandarte
de Cristo Crucificado, para o Ano da Fé.
Tendo recebido inúmeros pedidos,
de pessoas espalhadas por Portugal, para enviar por correio os estandartes, e vendo-me
na impossibilidade de o fazer veio em auxílio dessas gentes a Providência
Divina que me enviou dois apóstolos muito competentes e disponíveis os quais se
dispuseram com muita Caridade a tratar de tudo. Surpreendido, primeiro fiquei
hesitante mas logo percebi que tudo devia ser colocar em suas mãos. De facto,
sempre pensei simplesmente em dar, passe a expressão, o pontapé de saída.
Resta-me agradecer ao João
Sotomayor o seu trabalho notável de designer
e a extraordinária ajuda que me prestou, sem a qual, verdade seja dita, eu não
teria conseguido nada.
Assim, exceptuados os casos de
alguém que tenha algo pendente comigo, todos os pedidos ou encomendas deverão
ser feitas a Joaquim Castro Pernas a Nuno Galvão Amado; email: estandartedecristo@gmail.com;
Telm: 96 801 67 84, ou 911 788 811, ou 96 448 52 35
À Honra e Glória de Cristo. Ámen.