03. 03. 2013
Previno, desde já, o leitor incauto de que o tropeço presente de que vou tratar é da maior gravidade e que, além disso, não encontra paralelo na história da humanidade. Sendo de tão grande cópia os textos em que tenho abordado temas tão criticáveis, dolorosos e oprobriosos é natural, e não sei se mesmo recomendável, que arreceados do que vão encontrar, os leitores, se porventura os há, se quedem por aqui. No caso de haver algum mais destemido, talvez seja de maior rigor escrever temerário ou mesmo desvairado, que, não obstante, o grande temor e tremor, se arrisque, com perigo de perder a própria vida, a prosseguir, de novo o advirto que pense, reflexione e pondere se quer e está mesmo decidido a fazê-lo. Creio, embora hesitante e duvidoso, que postos todos estes alertas e recomendações posso agora abordar, embora relutantemente, o assunto para o qual o título deste artigo aponta. Antes, no entanto, para não entrar de chofre abalando violentamente os corações mais intrépidos que bravamente se aventuram nesta leitura, procurarei prepará-los introduzindo-os com amenidades edificantes no que ao depois direi.
Saberá quem até aqui se atreveu
que uma médica de um grande hospital garantiu-me ter sido testemunha ocular do
seguinte episódio. Um ministro da saúde de um governo que não este, há poucos
anos, recusou-se a entrar num hospital enquanto não retiraram um Crucificado (=
Crucifixo) do espaço de entrada do mesmo. Este político, antes de ser alçado
como garante da saúde dos portugueses, era comentador residente de uma estação
emissora de rádio, que se afirma, quotidianamente, católica, nela advogou a
liberalização do aborto, isto é, da matança sistemática perpetrada pelos
serviços que chefiava. É-me árduo compreender como é que esta emissora e os
demais órgãos de comunicação social, que acompanhavam esta visita oficial
omitiram esta atitude tão exemplarmente construtiva e democrática, de uma personalidade
de tão alta grandeza.
Este insigne personagem pertence
a uma ilustríssima loja maçónica, como aliás o são todas, na qual, como de
resto nas demais, se exige os espezinhamento do Crucifixo (= Crucificado) nos
ritos de iniciação a determinado grau, como revela, entre variadíssimos outros
autores, o Sacerdote Católico e Professor Catedrático Manuel Guerra, no seu
livro A Trama Maçónica.
Percebe-se pois que o governo para que foi convidado se tenha fortemente
empenhado na nobilíssima tarefa de expulsar o Crucificado (Crucifixo) das
escolas públicas, de legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo, de
liberalizar o divórcio expresso e sem culpa, de liberalizar e financiar o
aborto, patrocinando o subsídio de maternidade para as mães grávidas que propositadamente
eliminassem, a pedido, a seus filhos, através dos serviços de saúde do estado
ou com ele convencionados. Desaparecida, do espaço público, a presença e
influência maligna do Crucifixo (Crucificado), que perverte as pessoas
ensinando-as e fortificando-as na dávida de si mesmas, no sacrifício em prole
daqueles que amam, e mesmo dos que as odeiam, finalmente se podia celebrar o
benigno triunfo narcisista do “eu”, do seu salutar egocentrismo, do seu
benfazejo utilitarismo, do seu benéfico hedonismo, do seu, enfim, admirável
relativismo. Felizmente, deixamos agora esta introdução suave e aprazível e
começamos a adentrarmo-nos, ainda que não de supetão, na soturnidade tenebrosa
do sórdido horror, a proposta
fanática de um frade demente foi prontamente repelida por católicos
esclarecidos e conceituados, em vários órgãos de comunicação social, e muito
ajuizadamente ignorada por prelados iluminados que, importa reconhecê-lo com
gratidão, já tinham deixado cair em desuso nas suas escolas, colégios e outros
espaços a presença dessa maldição ignominiosa do Crucificado (Crucifixo).
Chegamos agora, advirto-vos
instantemente que não avancem na leitura, à mais execrável abjecção, ao
ressurgir da malignidade asquerosa do mais infame fundamentalismo. Graças
ao grande arquitecto, que o infame não tem praticamente encontrado ressonância
nem apoios à sua repugnante iniciativa. Afortunadamente que os católicos de
hoje, tão bem formados pelos nossos ilustrados pedagogos, entendem muito bem a
insensatez cretina e se abstêm de contribuir ou cumpliciarem-se no empestamento
das mentalidades e das consciências, dando-se às coisas verdadeiramente
essenciais, repulsando o absurdo inominável de que a redenção ou salvação
possam vir pela tortura e pela morte de um homem. Têm mais que fazer do que dar
crédito a tamanhas patranhas de péssimo gosto. Se ainda fosse um ressuscitado,
uma fábula detestável, é certo, mas que pelo menos pode ter uma interpretação
alegórica sem que nos alembremos da petalhada de um morto que voltou à vida!!!
Alguns, escravos ainda da abominável superstição, mantêm o Crucifixo (Crucificado)
paredes dentro, estes têm pelo menos o bom senso de não nos agredir expondo-o
publicamente. De qualquer modo, teremos de velar pela saúde e integridade das
crianças sujeitas crudelissimamente a essa brutal violência doméstica por parte
de seus pais, os maiores inimigos dos filhos, tornando crime público essa
injusta exposição, será esse um próximo passo, que estamos preparando.
Mas importa ir mais longe,
extirpar a raiz daninha e peçonhenta que está na origem de tudo. Este
intolerante contumaz foi formatado por uma organização fundada por um alucinado
delirante de quem é discípulo – Francisco de Assis. Esse adoidejado
embezerrou-se tão maniacamente no Crucifixo (Crucificado) que na sua delusão
exaltada julgou ter visto vindo dos ares o Cristo fixado na cruz, cheio de
asas, imprimindo-o, com lampejos de fogo disparados de suas chagas, com os seus
estigmas, feitos cravos em seus pés e mãos, da cor do ferro escuro com as
cabeças de um lado, e do outro, as pontas dobradas e rebatidas, e mais uma
ferida que no peito que derramava sangue. O facto de não haver testemunhas que
desmintam estes sucessos narrados pelos biógrafos, pelo contrário mesmo as
cépticas, entre as quias se encontravam médicos e cardeais, as comprovaram
depois da sua morte, não significa que não seja, como é, um caso de histerismos
extremo ou de uma emergência espontânea nanotecnolgiconatural antecipada, que
se nos dias de hoje a ciência ainda não consegue explicar certamente o fará, se
não dentro de algumas décadas ou séculos, seguramente daqui a alguns milhões ou
então biliões de anos ou quando os multiversos se compenetrarem formidavelmente
em fusões puramente casuais, inesperadas e deslumbrantes.
O pancão de Assis foi produto de
um húmus empapado das mais alucinogénias e virais toxinas de sempre, cujas
origens remontam ao destrambelho palonço do maldito dependurado na cruz, primeiro
perseguido e depois propagandeado pelo tresloucado Paulo de Tarso. Os frenesis
obstinados e febris desta mente desvairado são patentes nos dislates dos seus escritos:
“A linguagem da cruz é
certamente loucura para os que se perdem mas, para os que se salvam, para nós,
é força de Deus.” (1 Cor 1, 18)
“Quanto a mim, porém, de nada me
quero gloriar, a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual
o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo.” (Gal 6, 14)
“(Cristo) anulou
a lei, que contém os mandamentos em forma de prescrições, para, a partir do
judeu e do pagão, criar em si próprio um só homem novo, fazendo a paz, e para os reconciliar com Deus, num só Corpo, por meio da cruz, matando assim a inimizade.” (Ef 2, 15-16)
“(Cristo) rebaixou-se
a si mesmo, tornando-se obediente até à
morte e morte de cruz.” (Filp 2, 8)
“É que muitos … são … inimigos da
cruz de Cristo” (Filp 3, 18)
“Já não sou eu que vivo, mas é
Cristo que vive em mim. E a vida
que agora tenho na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus que me amou e a si
mesmo se entregou (deixando-se
crucificar) por mim.” (Gal 2, 20)
“ … nós pregamos um Messias (Cristo) crucificado, escândalo para
os judeus e loucura
para os gentios.”
(1 Cor 1, 23)
Claro que todo este desatino foi
bebido do amaldiçoado pregado no madeiro:
“Quem não tomar a sua cruz
para me seguir, não é digno de mim.” (Mt 10, 38)
“Jesus disse, então, aos
discípulos: «Se alguém quiser vir comigo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz
e siga-me.” (Mt16, 24)
“Jesus, levando a cruz às
costas, saiu para o chamado Lugar da Caveira, que em hebraico se diz Gólgota” (Jo 19, 17)
“Junto à cruz de Jesus
estavam, de pé, sua mãe e a irmã da sua mãe, Maria, a mulher de Clopas, e Maria
Madalena.” (Jo 19, 25)
Está assim explicado o desacerto
mental e a patologia religiosa do intolerante fanático que nos quer impingir os
estandartes
de Cristo para o Ano da Fé. Felizmente, que actualmente os Católicos são esclarecidos,
e dotados de uma saudável capacidade de escândalo perante a insanidade do
Crucificado; e ainda de uma profunda lucidez laicista que os leva a reconhecer
a loucura colossal do Crucifixo.