15. 04. 2013
A lastimosa aflição em que me encontro
impede-me de ser eu mesmo a escrever-vos esta missiva. Limitei-me, com enorme
custo, com muitos gemidos e suspiros, a esboçá-la a um confrade, dotado de
grandíssima caridade, que me tem assistido neste horrível suplício em que me encontro
- é ele, partindo não só do que eu disse mas da observação contínua e demorada
que de mim tem feito, o redactor deste texto que assino.
Não há palavras que consigam
descrever nem imagens que possam mostrar a ingente e profundíssima ansiedade e
angústia que me assaltam com desmedida fúria raivosa. O quebranto inerme que de
mim se apoderou paralisa todas as minhas faculdades. Sinto-me acossado por
terrores nocturnos e pânicos diurnos. Não obstante o amparo de excelentes
amigos, proeminentes psiquiatras, e toda a panóplia de medicação em que me
encharcam, permaneço insone. Não há sequer choques eléctricos, último recurso
para as depressões de maior gravidade, que me recomponham. Não há parte sã na
minha mente… Tudo é negrume, tudo é desânimo, tudo é desespero.
Suspeitoso da medicina, recorri
aos mais autorizados e poderosos exorcistas, mas em vão. Os indescritíveis e
desmesurados tormentos que me possuem espatifando-me não são, assim o
sentenciaram, provocados pelo diabo.
Mas as febres altíssimas, os
suores gélidos, as convulsões frenéticas, os sufocos contínuos, as rigidezes
cadavéricas, as exaustões esbodegadas, as sovas misteriosas que me escavacam, não
me dão um instante de alívio, um momento de sossego. Experimento na minha pele,
na minha carne, no meu coração dilacerado, na minha alma desmaiada, sevícias
tamanhas que não duvido em afirmar que não há dor semelhante à minha dor, não há
tribulação nem agrura como a minha. Isto, não é retórica, é mesmo assim.
Desculpem lá a expressão mas
estou mesmo completamente à rasca, estou numa agonia sanguinolenta, e só os
meus queridos amigos é que me podem valer. Poderão ajudar-me? Querem
socorrer-me? Eu sei que é um sacrifício medonho o que vos imploro, mas a
verdade é que, por mais espantoso que pareça, ninguém mais me poderá remediar…
Nos meus caríssimos amigos está toda a minha Esperança! Valham-me, imploro-vos!
Perdoem-me a debilidade, mas não me abandonem! Sem ti, estou perdido!
Como é que me podem acudir, a mim
participante nos sofrimentos de Cristo?
Tudo o que fazes ao mais minúsculo
a mim mesmo o fazes, e tudo aquilo em que não o socorres é a mim mesmo que não
socorres: os embriões humanos têm direito ao mesmo respeito devido à criança já
nascida e a qualquer outra pessoa (“ … o uso de embriões … como objecto de
experimentação constitui um crime contra a sua dignidade de seres humanos, que
têm direito ao mesmo respeito devido à criança já nascida e a qualquer pessoa.”
(Bem-aventurado João Paulo II, Evangelium
vitae, 63).
Socorram-me, por Caridade, que todas as
injustiças que eles padecem se abatem sobre mim.