01. 01. 2014
Já escrevi por mais de uma vez
que se tem que dizer das coisas aquilo que elas são, e se agora torno a insistir
no mesmo é por me parecer que muitos, incluindo eu mesmo, ainda não se dão
conta da importância do assunto. De facto, abalizados e argutos sociólogos têm
vindo a declarar cada vez mais repetidamente que a transformação da cultura não
depende tanto da persuasão ou mesmo conversão individual mas sim do poder de
nomear as coisas e de se organizar e trabalhar em rede.
Não tratarei agora da “rede” mas
limitar-me-ei a dar algumas dicas sobre alguns termos que julgo deverem ser
usados não somente para nós ganharmos uma consciência maior dos problemas com
que nos defrontamos mas também para desmascarar as manipulações dos inimigos da
Família e da pessoa humana, impedindo-os assim de induzirem as mentes em erro.
Não dizer:
Embrião, nem embrião humano (o que já é melhor), mas sim: pessoa
humana na sua fase (ou etapa ou estado) embrionária.
Feto, mas sim criança ou bebé nascituro (ou em processo de
nascimento).
IVG, mas sim aborto propositado (ou provocado). Com a banalização
que impera nos dias de hoje a palavra aborto perdeu muito do horror que evocava.
Por isso, ao falar do aborto provocado deve-se dizer homicídio/aborto ou homicídio
na forma de aborto (cf. S. João
Paulo II, Evangelium vitae, 58).
Grávida ou mulher grávida, mas sim Mãe grávida.
Vou ser pai, ou mãe (ou avô ou avó), quando sabem da concepção de
um novo filho/a, mas sim sou pai ou mãe, ou sou de novo pai e mãe, etc.
À espera de um filho deficiente ou portador de deficiência, mas sim
gerei ou gerámos, ou, melhor, Deus deu-nos um Seu predilecto, um amigo
particular de Jesus, participante de uma missão especial.
PMA – procriação medicamente assistida, quando referido à fecundação
extracorpórea, mas sim procriação tecnicamente substituída – os pais são
substituídos pelos médicos, pela técnica, no acto de fecundação. Deverá também
usar-se a expressão de Ortega y Gasset, a este propósito, “terrorismo dos
laboratórios”.
Embriões excedentários, mas sim pessoas humanas na sua fase mais
vulnerável, totalmente indefesas e inocentes, que são condenadas ao horror de
um concentracionário inferno gelado.
Experimentação embrionária, mas sim cruéis experiências mortais em
pessoas, em debilidade extrema, no início das suas vidas.
Abstractamente, defesa da vida, mas sim defesa da vida de
cada pessoa humana desde a sua etapa unicelular até à morte natural.
Dignidade da pessoa, mas sim dignidade, isto é, valor excepcional e
transcendente, de cada pessoa.
Uniões homossexuais, mas sim emaranhados (depravados) homossexuais
(ou melhor sodomitas).
Casais homossexuais ou do mesmo sexo, mas sim cumplicidades
depravadas (legalmente reconhecidas); ou simetrias sexuais incompatíveis.
Divorciados recasados, mas sim pessoas em estado objectivo
(independentemente da culpabilidade subjectiva) de adultério. De facto, ou
houve casamento rato e consumado ou não o houve; se existiu é impossível
contrair novo matrimónio; se pelo contrário não existiu, não houve recasamento
nenhum.
Claro que havia muito mais a
acrescentar mas não vos quero cansar, prolongando maçudamente a lista. Espero,
no entanto, que não só fique claro o que no início dizia, a recordar, a guerra
cultural em que nos encontramos será vencida por quem diz a verdade sobre a
realidade, nomeando-a adequadamente, mas também que tem sido uma enorme falta
de Caridade e de Misericórdia deixarmos que este magnetismo mentiroso a que os
nossos inimigos recorrem submeta as multidões e os próprios que a ele recorrem.
À honra e glória de Cristo. Ámen.