1. Já me tinham alertado para o facto de pessoas favoráveis à legalização do “casamento” entre pessoas do mesmo sexo, depois da aprovação do projecto-lei do governo na assembleia da república, elogiarem, na comunicação social, a Igreja (Hierarquia) pelo modo como se tinha comportado em relação a esta questão. Eu, porém, só ontem à noite o ouvi, com estes ouvidos que a terra há-de comer. Foi na RTPN num espaço informativo onde opinavam representantes dos principais partidos com assento naquela assembleia dominada pela alcateia. Falava um do bloco de esquerda (BE) e lá desatou os seus louvores. Zarpei logo daquele canal pensando para comigo: o que levará os lobos depois dos assaltos às ovelhas, enquanto nelas se cevam, a elogiar os Pastores? Há aí alguém que me saiba responder?
2. Telefonou-me desolada, numa aflição. Ai Padre Nuno o que eu ouvi agora na Rádio Renascença da boca do Bispo de Viseu. Percebia-se na voz as lágrimas dos olhos, o desconsolo, o desânimo.
Liguei o computador e fui ao sítio da RR, cliquei na entrevista e verifiquei que o seu relato era correcto. De facto, aos seis minutos e quarenta e oito (6. 48) o Senhor Bispo afirma o seguinte: “Eu e a Igreja não temos nada contra a orientação individual de cada pessoa. As pessoas homossexuais têm todo o direito a ser felizes, agora, criando um instituto que no nome, que seja um instituto próprio diferente do casamento”.[1]
Eu não comentarei, pois há quem por isso me repreenda – apesar de ser um costume muito antigo na Igreja -, as palavras do Senhor Bispo, limito-me a transcrever o que está ao alcance de todos no sítio da “rádio católica portuguesa” propriedade do Episcopado. Posso, no entanto, lembrar que o Catecismo da Igreja Católica ensina que a “orientação homossexual” é desordenada, pois está dirigida para algo que é intrinsecamente perverso; que toda a Sagrada Escritura e Tradição da Igreja ensina que se deve resistir a esses desejos desordenados, dando ao mesmo tempo os meios que capacitam a pessoa para a superação dos mesmos; que não é possível alcançar a felicidade à margem e contra a lei de Deus; que os documentos da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé ensinam explicitamente o carácter imoral e ilícito da legalização das uniões entre homossexuais. E por aqui me fico.
3. Um último pedido de esclarecimento. Porque será que há Pastores tão cheios de contentamento quando são louvados pelos lobos?
Nuno Serras Pereira
12. 01. 2009