Os temas da família são os que mais dividem o nosso tempo. Numa época que aceita pacificamente a liberdade, mercado e democracia, antes tão controversos, é nas questões do casamento, nascimento e morte que se travam os combates culturais. Mas aí existe um teste decisivo.
Portugal anda há muito a reboque das posições extremistas do Bloco de Esquerda. Em poucos anos a legislação saltou de uma atitude equilibrada no quadro mundial para soluções radicais na ponta do espectro. Até há meses a explicação podia ser a vacuidade de valores e oportunismo táctico do Governo Sócrates, cuja irresponsabilidade aliás foi geral. Mas esta explicação conveniente e simplista deve ser abandonada. Vigora um governo diferente e a situação, não só não melhorou, mas agravou-se.
O edifício legal antifamília, abusivamente construído pela maioria socialista, mantém-se intocado sem perspectivas de revisão. Pior, permanece toda a prática administrativa e financeira que aproveita esses diplomas para ir subsidiando o aborto, minando o casamento, prejudicando as famílias numerosas, anulando a liberdade educativa. Sobretudo, foi dada continuidade à cavalgada infame, abrindo-se agora a porta a filhos de mães múltiplas.
Perante tal realidade muitos alarmam-se ou desesperam, mas sem justificação. Vivemos uma vaga cultural, como tantas que as gerações anteriores enfrentaram. Hoje é a defesa da família, há cinquenta anos a empresa livre, há cem o voto das mulheres, há duzentos a extinção da escravatura. Em todos os casos havia uma linha ideológica que parecia dominante, imparável, avassaladora, mas que o tempo se encarregou de esgotar. No embate, o choque surge insuportável e definitivo, e muitos cedem, desviam-se, fogem. Depois, como nas violentas ondas do mar, tudo se esfuma.
Um exemplo nosso serve bem de ilustração. A 11 de Abril de 1975 CDS e PPD assinaram, junto com PCP, FSP, PS e MDP/CDE, o "Pacto MFA--Partidos", que preconizava a "continuação da revolução política, económica e social iniciada em 25 de Abril de 1974, dentro do pluralismo político e da via socializante". Hoje, quando sociedade sem classes e a ditadura do proletariado são personagens de pantomima, parece grotesco que partidos responsáveis tenham caído aí. Mas quem viveu esses tempos dramáticos entende-o bem. Daqui a 37 anos os mesmos partidos envergonhar-se-ão das actuais cedências no campo familiar, tanto quanto hoje se sentem embaraçados pelos compromissos do Verão quente.
Como lidar com uma vaga cultural? Esbracejar face à onda é tolice e fugir cobardia. Devem evitar-se a atitude apática e facilitista, que escamoteia a gravidade do tema em nome da paz podre, e o fanatismo intolerante, que transforma essa gravidade em agressão. Nestas discussões vitais existem três exigências básicas. Primeiro ter ideias claras e opiniões firmes, ao nível da importância do assunto, com argumentos sólidos e elaborados para as suportar. Depois respeitar sempre os opositores, por mais chocantes que sejam as suas posições, procurando um diálogo sereno e profundo. Acima de tudo, deve reinar a certeza que no fim a verdade triunfará. Lutamos, não pelo futuro que só pode ser melhor, mas pelas vítimas pontuais de um mal sem hipóteses.
O Pacto MFA-Partidos não teve consequências por ser parte da vaga marxista que já se aproximava do fim, após rugir há cem anos. Mas os ataques à família ainda crescem imparáveis para o auge. Será a tibieza do actual Governo mais parecida com os Acordos de Munique de 29 de Setembro de 1938, em que tímido Neville Chamberlain cedeu à violência triunfante de Hitler, precipitando como cúmplice a futura catástrofe?
A onda lasciva está mais perto do fim do que parece. Já chegou à velhice a geração do amor livre, Woodstock e Maio de 68. E será a velhice mais longa e solitária de sempre. Com uma pesada herança de famílias desfeitas, filhos e netos alheios ou não nascidos, promiscuidade, traição, luxúria, enfrenta agora o teste definitivo. As gerações seguintes aprenderão depressa esta triste lição.
Portugal anda há muito a reboque das posições extremistas do Bloco de Esquerda. Em poucos anos a legislação saltou de uma atitude equilibrada no quadro mundial para soluções radicais na ponta do espectro. Até há meses a explicação podia ser a vacuidade de valores e oportunismo táctico do Governo Sócrates, cuja irresponsabilidade aliás foi geral. Mas esta explicação conveniente e simplista deve ser abandonada. Vigora um governo diferente e a situação, não só não melhorou, mas agravou-se.
O edifício legal antifamília, abusivamente construído pela maioria socialista, mantém-se intocado sem perspectivas de revisão. Pior, permanece toda a prática administrativa e financeira que aproveita esses diplomas para ir subsidiando o aborto, minando o casamento, prejudicando as famílias numerosas, anulando a liberdade educativa. Sobretudo, foi dada continuidade à cavalgada infame, abrindo-se agora a porta a filhos de mães múltiplas.
Perante tal realidade muitos alarmam-se ou desesperam, mas sem justificação. Vivemos uma vaga cultural, como tantas que as gerações anteriores enfrentaram. Hoje é a defesa da família, há cinquenta anos a empresa livre, há cem o voto das mulheres, há duzentos a extinção da escravatura. Em todos os casos havia uma linha ideológica que parecia dominante, imparável, avassaladora, mas que o tempo se encarregou de esgotar. No embate, o choque surge insuportável e definitivo, e muitos cedem, desviam-se, fogem. Depois, como nas violentas ondas do mar, tudo se esfuma.
Um exemplo nosso serve bem de ilustração. A 11 de Abril de 1975 CDS e PPD assinaram, junto com PCP, FSP, PS e MDP/CDE, o "Pacto MFA--Partidos", que preconizava a "continuação da revolução política, económica e social iniciada em 25 de Abril de 1974, dentro do pluralismo político e da via socializante". Hoje, quando sociedade sem classes e a ditadura do proletariado são personagens de pantomima, parece grotesco que partidos responsáveis tenham caído aí. Mas quem viveu esses tempos dramáticos entende-o bem. Daqui a 37 anos os mesmos partidos envergonhar-se-ão das actuais cedências no campo familiar, tanto quanto hoje se sentem embaraçados pelos compromissos do Verão quente.
Como lidar com uma vaga cultural? Esbracejar face à onda é tolice e fugir cobardia. Devem evitar-se a atitude apática e facilitista, que escamoteia a gravidade do tema em nome da paz podre, e o fanatismo intolerante, que transforma essa gravidade em agressão. Nestas discussões vitais existem três exigências básicas. Primeiro ter ideias claras e opiniões firmes, ao nível da importância do assunto, com argumentos sólidos e elaborados para as suportar. Depois respeitar sempre os opositores, por mais chocantes que sejam as suas posições, procurando um diálogo sereno e profundo. Acima de tudo, deve reinar a certeza que no fim a verdade triunfará. Lutamos, não pelo futuro que só pode ser melhor, mas pelas vítimas pontuais de um mal sem hipóteses.
O Pacto MFA-Partidos não teve consequências por ser parte da vaga marxista que já se aproximava do fim, após rugir há cem anos. Mas os ataques à família ainda crescem imparáveis para o auge. Será a tibieza do actual Governo mais parecida com os Acordos de Munique de 29 de Setembro de 1938, em que tímido Neville Chamberlain cedeu à violência triunfante de Hitler, precipitando como cúmplice a futura catástrofe?
A onda lasciva está mais perto do fim do que parece. Já chegou à velhice a geração do amor livre, Woodstock e Maio de 68. E será a velhice mais longa e solitária de sempre. Com uma pesada herança de famílias desfeitas, filhos e netos alheios ou não nascidos, promiscuidade, traição, luxúria, enfrenta agora o teste definitivo. As gerações seguintes aprenderão depressa esta triste lição.