O júbilo é um regozijo tão exuberante que não se conseguindo exprimir por palavras exterioriza-se contraindo e ajuntando as frases significativas da exultação de alegria num brado modelado em entoações sobreabundantes de um canto, à primeira vista excessivo. Exemplos disto podemos encontrar, por exemplo, em Glórias e Aleluias das Missas de Mozart, nas quais, contrariamente ao gregoriano onde a melodia serve de suporte à Palavra, ali aquela se desprende desta e voa desatada e sublime até às alturas inefáveis da Majestade Divina.
A expressão Aleluia, que estamos acostumados a cantar (infelizmente, nos dias de hoje, com melodias que mais parecem barregos de carneiro mal morto) antes do Evangelho na celebração do Sacrifício Eucarístico, é um exemplo disso mesmo. De facto, o termo resulta da “contracção” de duas palavras hebraicas “Hallel YaHVeH”, que significam louvai a Deus. E faz todo o sentido cantá-la nesse momento por que o vocábulo Evangelho, na sua acepção cristã, significa uma novidade esplendidíssima, excelsa, sobrenatural, anunciada por Alguém dotado de autoridade e poder para realizar aquilo que Revela, isto é a nossa Redenção, salvando-nos do pecado e da morte eterna, garantindo-nos, caso queiramos cooperar com Ele, a Ressurreição gloriosa dos corpos, e uma imensa felicidade infinita que, porque desmesurada, não a conseguimos sequer antever ou imaginar.
Hoje, o semanário expresso traz na sua primeira página uma notícia a todos os títulos admirável. Reza assim: “Petição para revogar leis de Sócrates (título) - A Federação Portuguesa pela Vida quer que o Governo revogue as leis que regulam a liberalização do aborto, a reprodução artificial, o divórcio, o casamento homossexual, a mudança de sexo e a educação sexual nas escolas. O pedido será feito ao Parlamento através de uma petição.”. É verdade que requerer menos do que isto era exigir pouco. Mas que finalmente alguém tenha a audácia e a firmeza de, opondo-se ao tenebroso reinado de Sócrates, se interpor corajosamente entre os carrascos e as vítimas, reclamando das autoridades o abandono da cumplicidade, ou cobarde e fingida neutralidade, reclamando que se ponham, como é seu dever, ao serviço da Justiça e do Bem-comum só pode ser fruto do Espírito Santo. Por isso, é bom que entoemos Aleluias em Acção de Graças e para que todos contagiados pela nossa alegria se unam a este objectivo da Federação Portuguesa pela Vida formando uma onda de amor e de vida que submerja numa enxurrada de limpeza a putrefacção dominante. À honra de Cristo, Caminho, Verdade e Vida. Ámen.
Nuno Serras Pereira
10. 03. 2012