Está instalada a confusão!
Faz este ano trinta anos que Portugal não faz renovação das gerações. Isto é uma geração inteira que não se renovou… O buraco demográfico está já actualmente perto do milhão e meio de crianças e jovens.
Faz este ano trinta anos que Portugal não faz renovação das gerações. Isto é uma geração inteira que não se renovou… O buraco demográfico está já actualmente perto do milhão e meio de crianças e jovens.
Tudo isto implica que as empresas irão continuar a assistir ao
encolhimento, primeiro de algumas áreas de mercado e depois,
sucessivamente, de outras. Que a capacidade de empreender e de inovar
para competir no mundo global fica seriamente comprometida. Que vão
continuar a surgir bolsas de desemprego primeiro nos obstetras e
pediatras, depois nos educadores e professores,…
Implica que as reformas vão continuar a diminuir e a idade da reforma
a aumentar. Implica que, ou o Estado continua a aumentar os impostos,
ou os gastos com a saúde vão começar, cada vez mais, a ser
administrativamente reduzidos.
Há planos nacionais para tudo e mais alguma coisa, páginas,
capítulos, volumes de metas, medidas e acções para o que se consiga e
não consiga imaginar.
E sobre o brutal défice demográfico o que está a ser feito? Nada.
Mas, questionemo-nos, todos os restantes países europeus também têm baixa natalidade? Verdade, mas todos adoptaram medidas, uns mais timidamente, outros de forma mais decisiva, e inverteram a tendência de queda.
Mas é uma decisão das pessoas? Claro que é, mas para as pessoas terem
verdadeira liberdade para decidir ter filhos, tê-los não pode continuar
a significar empobrecer da forma como se empobrece.
Mas é uma questão cultural e não uma questão de dinheiro? Claro. Mas
as politicas públicas, os sinais que são dados ou a sua ausência também
fazem a cultura.
Numa altura em que há, e bem, necessidade de apertar os orçamentos,
faz sentido que os impostos tenham tido aumentos superiores para as
famílias com dependentes?
Numa altura em que sobem todos os encargos com a saúde, faz sentido
que o cálculo de isenção das taxas moderadoras, ignore por completo a
existência de dependentes?
Hoje mesmo, mais uma medida que prejudica fortemente as famílias com
filhos: um dos tímidos apoios existentes, a comparticipação dos passes
escolares, para ajudar a suportar o ensino obrigatório, vai ser
retirado…
É urgente agir e não podemos esperar pelo Estado. Temos que ajudar as
pessoas a compreender a dimensão do problema e a mobilizarem-se para
encontrar soluções.
Hoje, dia 11 de Julho, Dia Mundial da População centenas de
personalidades, famílias e organizações juntam-se para lançar um
Manifesto denominado “Um Filho Vale Um”.
Queremos uma sociedade que compreenda e valorize toda a importância
do nascimento em cada família de um filho ou de mais um filho:
- Queremos que se saiba que cada criança, ainda antes de nascer, representa crescimento económico para o país.
- Queremos que se saiba que cada criança, ainda antes de nascer, representa emprego para o país.
- Queremos que se saiba que cada criança representa a possibilidade de, no futuro, existir maior capacidade de pagar reformas e cuidar melhor dos nossos idosos.
- Queremos que se saiba que cada criança representa a possibilidade de termos amanhã maior capacidade de ter um sistema de saúde sustentável e que abranja todos os que dele precisam.
- Queremos que se saiba que cada criança representa a possibilidade de termos amanhã mais população activa e maior capacidade empreendedora.
- Queremos que se saiba que cada filho que nasce numa família representa para toda a sociedade, para cada um de nós, também bem mais do que um.
Queremos que, connosco, olhem uma grávida e sorriam, olhem uma criança e sorriam.
Queremos que connosco fiquem contentes por nascerem mais crianças.
Queremos que seja reconhecido o contributo das famílias por cada
criança que nasce e que elas se encarregam de durante anos, alimentar,
vestir, educar, ensinar,… para que mais tarde exista Futuro.
Queremos que seja dada igualdade de oportunidades às famílias com
filhos a cargo e que elas não sejam prejudicadas pelo contributo que
deram.
Queremos que se juntem a nós!
Leia o manifesto
*Ana Cid é secretária-geral da APFN