sábado, 10 de abril de 2010

O Ataque à Igreja


“A hipocrisia é o juro que o vício paga à virtude” (não me lembro do autor)


João José Brandão Ferreira


TCor/Pilav(Ref)

6/4/2010


O grande alarido que por aí vai por causa dos hipotéticos e dos provados, casos de pedofilia em que estão envolvidos padres católicos poderia parecer mais um ataque daqueles recorrentes que se fazem à Igreja de Roma, sobretudo desde que uns revolucionários em Paris deram em cortar cabeças a esmo.


A extensão, organização e o alvo dos ataques leva, contudo, a que se deva prestar mais atenção ao fenómeno e em formas de actuação. A pedofilia é a desculpa, o objectivo a atingir é enlamear o Papa e com isso vibrar um golpe, eventualmente, mortal na Igreja de Cristo. A estratégia parece visar mais alto ainda: a vitória do laicismo sobre a religião. E não é contra o islamismo, o judaísmo, o cristianismo ou o budismo, que os laicistas empedernidos se viram, não, é contra o cristianismo. Porque será?


Os laicistas não estão satisfeitos com a separação do Estado e das confissões religiosas; não pretendem o respeito e a harmonia entre as pessoas, modos de vida e crenças, não, o que eles querem é domínio absoluto e para isso não hesitam em abrir as guerras que julgarem necessárias. Ainda não é uma guerra no sentido literal do termo – com mortos e feridos – mas lá poderemos chegar.


Como estão organizados os laicistas (que não os laicos…) e como se manifestam? Que organizações os representam? Eis perguntas que carecem de respostas explícitas. Os instigadores têm que passar a ter nomes, caras, identidade. Um dia um qualquer tribunal terá que apurar responsabilidades.


Casos, reais ou fictícios, de pedofilia envolvendo membros da Igreja Católica (os ocorridos com outros ramos do cristianismo, são curiosamente mais poupados…), viraram a brecha por onde entraram os Hunos!


Diga-se em abono da verdade que algum encobrimento e lentidão em reagir adequadamente aos casos conhecidos e provados, não abonam à hierarquia da Igreja. Mas esta, na sua prudência milenar e culto dos preceitos de indulgência, caridade e perdão, que a enformam, tentou talvez resolver as questões no seu seio sem causar escândalo público. Entende-se, mas uma coisa é o conceito de pecado e outra o de crime, abrangido pelas leis penais.


Por isso a Igreja só tem que fazer uma coisa nestes casos: é aplicar ela própria o direito canónico e deixar as autoridades aplicarem o direito público. E isto, tem que ser rápido porque afecta terceiros que ainda por cima são menores. O arrependimento, a reconciliação e o perdão, farão o seu caminho, mais tarde.


Quis a Igreja garantir todos os meios de defesa aos acusados, não se lhes pode levar a mal, já que a sociedade está cheia de leis onde os direitos prevalecem sobre os deveres e onde até os delinquentes estão mais defendidos do que os cidadãos honestos. Achar o contrário é hipocrisia política e social.


Ora a sociedade tem que olhar para estes casos como pontuais e circunscritos. Não deve aproveitá-los para se fazer um libelo contra a Igreja como Instituição e um julgamento público contra os sacerdotes e o seu múnus, no seu todo. E não podemos desligar do facto da Igreja, como Instituição, ser servida por homens. Homens que devem pautar o seu comportamento por preceitos elevados de conduta – o magistério de Cristo é exigente – nos homens. Só raros vão a Santos…


Ora não é isto que se tem tentado fazer. E o despautério chega ao ponto de querer responsabilizar Sua Santidade o Papa como se ele tivesse decretado alguma lei iníqua no sentido dos abusos sexuais, ou a Igreja fosse uma associação de malfeitores. Os advogados americanos e ingleses que querem julgar o Papa, porque não exigem também julgar o Presidente Obama e a Rainha Elisabete, pelos pedófilos de todas as profissões existentes nos respectivos países? Se um dia destes houver um caso de pedofilia numa unidade militar, vai-se pedir a cabeça do Chefe de Estado-Maior ou acabar com a tropa?


Tudo isto já foi longe demais.


Curioso também é verificar a tentativa de considerar como de causa/efeito, os abusos pedófilos com o celibato exigido aos sacerdotes. Outra demagogia, que pretende atacar indirectamente um preceito que parece preocupar tanto, os não católicos, sem lhes dizer minimamente respeito. Fica sem explicar, os casos de membros de outras confissões, que são casados ou podem casar e também foram acusados de pedofilia.

E é curioso verificar que nenhuma preocupação existe em ponderar os casos de pedofilia, com o desregramento das relações, o relativismo moral, a pornografia, a propaganda explícita e descarada que passa nos “media”, cinema, etc. Nem sequer afloram o facto de cerca de 80% dos casos de pedofilia registados, em geral, serem ocasionados por homossexuais…


Ora perante toda esta avalanche de ataques – que não vão parar – há que cerrar fileiras e passar ao contra ataque.


E para isto resultar bem, é imperioso que a hierarquia da Igreja passe a funcionar e dê as suas ordens. A Igreja já fez o número de genuflexões suficientes e já pediu perdão que baste. Ser humilde, reconhecer erros e pedir perdão por pecados, fica bem, até ao momento em que passe o limiar da dignidade, do decoro e da justiça.


Já é, até, discutível se é razoável pedir desculpas colectivas. Eu não me sinto responsável, pela escravatura, pelos pecados da Inquisição, a expulsão dos Judeus, a revolta dos Albigenses ou o saque de Constantinopla. Já basta ter que herdar as consequências. Não há purismos históricos. Mais a mais, quando mais ninguém no mundo segue o exemplo do Papa e dos Católicos! Sim, ainda estou para ver um rabino ou um pregador muçulmano, pedir desculpa seja pelo que for e já agora algum membro da Maçonaria, por terem mandado o Luís XVI e a Maria Antonieta para a guilhotina!


Por isso caríssimos Bispos, V. Exªs Reverendíssimas não usam o anel e o báculo apenas como símbolos de autoridade, é vosso dever merecê-los.


Por isso eu vos incito ao bom combate. Basta de ser saco de levar pancada, e já devem ter percebido que contemporizar não leva a lado nenhum.


Entende-se a prudência mas não se pode aceitar a paralisia do medo. E por mais que isso vos possa custar, enquanto “passamos” pela terra, estamos no Reino dos Homens. Não no reino de Deus.