sábado, 29 de maio de 2010

O superior interesse de Portugal. A eleição


1. Hoje, ou terá sido ontem?, ficámos a saber, por alguém que se diz católico praticante, que a liberalização do homicídio/aborto, o genocídio de pessoas na sua etapa embrionária, a clonagem, o divórcio sem culpa (unilateral), a perversão sexual de crianças nas escolas e o pseudo-casamento entre pessoas homossexuais são do superior interesse de Portugal. De facto, todas estas determinações/promulgações são da responsabilidade do presidente cujas decisões, segundo o próprio, são feitas sempre nesse sentido.

2. Imaginemos, num exercício de delírio, que Hitler e Estaline tinham nascido no mesmo país, por estes tempos. Astutos conseguiam alcançar o poder alternadamente. O estado e a nação estavam na sua vasta maioria dominada pelos dois partidos que intercaladamente a dividiam entre si.

Adolfo nos seus dez anos de poder tinha exterminado milhões de judeus. José, por seu lado, tinha sido responsável pelo genocídio de milhões de camponeses. Qualquer dos dois atropelara sistematicamente o Direito Natural e a Lei de Deus. Cada um a seu modo. Católicos publicamente conhecidos opinavam subtilezas sobre a ética e a responsabilidade, como se foram coisas diferentes.

Entretanto chegava o tempo das eleições e muitos católicos ditos conservadores apoiavam Hitler, tinha mais jeito para a economia e crescimento, enquanto os denominados progressistas seguiam José porque tinha mais jeito para os sindicatos e para a cultura. Os partidos que os apoiavam tinham, nessa altura, basicamente a mesma posição em relação a umas questões a que algumas pessoas chamavam fracturantes e outros, princípios inegociáveis.

Ah! Havia também um terceiro candidato chamado Pol Pot com uns apoiantes relativamente residuais.

Houve grande indignação porque um alucinado, fundamentalista radical e ortodoxo barbudo, disse: eu não escolho! Eu não voto! Não alinho nisto!, nesta palhaçada criminosa! Não me cumpliciarei! Combaterei de outro modo.[1]


Nuno Serras Pereira

29. 05. 2010


[1] Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência.