1. No dia 12 de Abril, deste ano, fomos surpreendidos por uma reportagem, com várias entrevistas, sobre “homossexuais praticantes/católicos praticantes” que entre outras coisas revelaram que o Prior da Igreja de Santa Isabel, P. José Manuel Pereira de Almeida, tinha convidado em Setembro de 2003 Domenico Pezzini, sacerdote italiano, cujo livro “As Mãos do Oleiro” (Paulinas, 2009) virá a prefaciar. Logo em Outubro do mesmo ano nasce um grupo, denominado Riacho, inspirado na experiência da comunidade La Fonte, criada pelo padre Pezzini, que se reúne num espaço da Capela do Rato cedida, para o efeito, pelo pároco de Santa Isabel, com o conhecimento e autorização do Senhor Patriarca. Mais adiante, os padres José Manuel Pereira de Almeida e José Tolentino Mendonça, professor de exegese bíblica, afirmam peremptoriamente o acolhimento incondicional[1] da Igreja. As palavras arrependimento, penitência, conversão não aparecem na entrevista.[2]
Alguns números depois, a mesma revista recolhe declarações do Senhor Patriarca de Lisboa. Nela, a certo ponto, fala-se da reportagem de que acima referi. O Cardeal mostra-se crítico em relação à visão da sexualidade que têm as pessoas homossexuais entrevistadas. Não desmente, porém, o conhecimento e autorização da cedência dos espaços eclesiais nem se refere às declarações dos sacerdotes.
2. Quem é o padre Domenico Pezzini? É um dissidente que contesta a Doutrina da Igreja defendendo, em vários dos seus livros, que ela aceite os actos homossexuais como bons e advogando esses comportamentos. Não admira que fosse uma estrela para os activistas homossexuais, infiltrados na Igreja, em Itália.
O padre Pezzini foi preso na Segunda-feira por violência e abuso sexual de menores. Além disso, a polícia encontrou em sua casa uma grande quantidade de pornografia infantil.
Nuno Serras Pereira
27. 05. 2010
[1] " ... Cristo, o Salvador, concedeu a Israel conversão e perdão dos pecados (v. 31) – no texto grego, o termo é metanoia – deu penitência e perdão dos pecados. Para mim, esta é uma observação muito importante: a penitência é uma graça. Há uma tendência na exegese, que diz: Jesus na Galileia teria anunciado uma graça sem condições, absolutamente incondicional (sublinhados meus), portanto também sem penitência, graça como tal, sem pré-condições humanas. mas esta é uma falsa interpretação da graça. A penitência é graça; é uma graça que nós reconheçamos o nosso pecado, é uma graça que saibamos que temos necessidade de renovação, de mudança, de uma transformação do nosso ser. Penitência, poder fazer penitência, é um dom da graça. E devo dizer que nós, cristãos, também nos últimos tempos, muitas vezes evitamos a palavra penitência porque nos parecia demasiado árdua. Agora, sob os ataques do mundo que nos falam dos nossos pecados, vemos que poder fazer penitência é uma graça. E vemos que é necessário fazer penitência, ou seja, reconhecer aquilo que está errado na nossa vida, abrir-se ao perdão, preparar-se para o perdão, deixar-se transformar. A dor da penitência, isto é, da purificação, da transformação, esta dor é graça, porque é renovação, é obra da misericórdia divina. E assim estas duas coisas que São Pedro diz – penitência e perdão – correspondem ao início da pregação de Jesus: metanoeite, ou seja, convertei-vos (cf. Mc 1, 15). Portanto, este é o ponto fundamental: a metanoia não é algo particular, que pareceria substituída pela graça, mas a metanoia é a vinda da graça que nos transforma." Bento XVI, Homilia na Missa com os membros da Pontifícia Comissão Bíblica, 15. 04. 2010
[2] Comentei, na altura, essa entrevista no texto intitulado “O grande lorpa” http://jesus-logos.blogspot.com/2010/04/o-grande-lorpa.html