28. 04. 2012
Tenho recebido mensagens de
correio electrónico, desde que comecei a enviar ligações para as intervenções
do meu confrade frei Nuno Allen, no youtube, queixando-se de que estas são
demasiado longas e que por isso ninguém as ouvirá. Na minha solicitude
fraterna, de cada vez que isso acontece, logo lhe transmito as queixas ou
recados recebidos. Mas, para meu grande espanto, responde-me sempre: “Que alívio!”;
“Ainda bem!”.
Desta última vez, em que a sua
peroração ultrapassou as duas horas, afoitei-me a perguntar-lhe por que é que,
se não queria que as suas palestras fossem vistas e ouvidas, as gravava e as
colocava no “teucanal”. Com enorme
pasmo, ouvi a sua resposta que transmito sinteticamente (uma vez que com os desvios,
as dispersões, as hesitações, as emendas, a muito custo me mantive desperto),
pois tive o cuidado de a gravar discretamente, dando-lhe depois conhecimento
disso mesmo e pedindo-lhe a licença para a transcrever: “Tu bem sabes como sou
um grande trapalhão a falar e a incapacidade que tenho para preparar qualquer
discurso.”; até aqui, não me deu novidade nenhuma, pois o que dele conheço, me
diz do acerto da sua resposta; o grande desconcerto em que me deixou foi quando
adiantou: “Sabes muito bem que há uns anos era continuamente solicitado para
isto, para aquilo e para aqueloutro, enfim, para tudo o que era anúncio da Palavra
de Deus, andando num grande rodopio. Deus sabe quantas asneiras terei dito, em
quantas incorrecções terei induzido os que me escutavam… Tudo isso acabou há
muito. Agora, certamente por desígnio Divino, não há, com raríssimas excepções,
quem a mim recorra. A verdade é que daí tiraria grande sossego, não fora a gravíssima
obrigação moral, que recai principalmente sobre nós Ordenados Sacerdotes, de exercitarmos
sem desfalecer a Pregação, pois é por esta que vem a Fé, é por ela que se
desenvolve, se consolida e empuxa e nutre a Caridade. Terei, seguramente, de
prestar muitas contas a Deus, aquando do Juízo, mas tenho terror de ser acusado
desta falta de anúncio da Verdade, pois a sua proclamação, assim o dizia o Papa
Paulo VI, é uma forma eminente de Caridade. Que aqueles que podem escutar-me,
clicando num computador, não estejam dispostos a fazê-lo, por muitas e boas razões
que tenham para isso, já não é responsabilidade minha. Sucede que a grandíssima
falta de humildade que tenho, leva-me a sentir-me aliviado por ninguém assistir
às misérrimas prestações nessas alocuções.”; Mas, adiantei eu pressuroso,
recordo-me perfeitamente de te ouvir em práticas Dominicais que demoravam entre
três a seis minutos, não poderias fazer o mesmo no “teucanal”? Ao que ele prontamente retorquiu: “Uma coisa é sermonear
diante de uma assembleia, outra bem distinta é falar para uma máquina.”
Espero poder ter contribuído para
elucidar os porquês, ou se calhar sem-razões,
deste excêntrico (?) confrade. De qualquer modo, mesmo sem sua autorização,
aqui deixo o seu endereço electrónico, caso haja alguém que a ele se queira
dirigir: FreiNunoAllen@netcabo.pt
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