sábado, 18 de maio de 2013

O novo Patriarca de Lisboa - por Nuno Serras Pereira

18. 05. 2013


A Nunciatura Apostólica tornou hoje pública a nomeação do Senhor D. Manuel Clemente como sucessor na Diocese de Lisboa do Senhor Cardeal Patriarca D. José da Cruz Policarpo. No entanto, desde ontem, por desrespeito do embargo, já se conhecia a notícia e logo se levantou um extenso e colorido coro de loas ao novo Bispo da capital. Todos lhe lisonjeiam a inteligência brilhante, a enorme erudição, a extraordinária simpatia, o tacto invulgar para o diálogo, a ingente capacidade de suscitar união. Não serei eu que lhe negarei o reconhecimento nem a gratidão ao Altíssimo por estes talentos que aprouve conceder ao Senhor D. Manuel Clemente. Porém, não posso deixar de lembrar que o Diabo também os possui, e num grau muitíssimo mais elevado e refinado – sim, o da união também, basta ver como conseguiu congregar a todos na construção da torre de babel. Pelo que muitos destes louvores poderão não passar de excrescências vãs e mundanas.


O que importa saber é se D. Manuel Clemente coloca todos esses talentos ao serviço d’ Aquele que veio para ser sinal de contradição, e assim reunir as ovelhas dispersas da casa de Israel, d’ Aquele que foi aclamado mas também ultrajado, que regozijou de alegria mas também suou sangue, que absolutamente inocente foi tido por criminoso, torturado, injustamente julgado e crucificado; entregando-Se pela Salvação de todos.


Quanto a mim, não tenho dúvidas que o Senhor D. Manuel é um varão episcopal fascinado por Jesus Cristo, dotado de um grande ardor apostólico, de salvação das almas, homem de muita oração, de confissão sacramental frequente, de grande caridade para com os pobres, quer materiais quer espirituais, e muito solícito pela justiça social. 


É verdade que num texto recente manifestei as minhas reservas quanto a uma sua possível nomeação para a missão que agora lhe foi confiada. Mas uma vez que o Santo Padre, o Papa Francisco, um grande homem de Deus, assim o determinou a nossa resposta só pode ser a de total acolhimento, de obediência e reverência, e inteira disponibilidade para o que ele entender, se o entender, para o que de nós quiser.