30. 08. 2013
No ano 388 Teodósio I ordenou uma
matança em Tessalónica que vitimou, consoante as interpretações, algumas
centenas (300? 500?) ou alguns milhares (5000? 7000?) de pessoas. Santo Ambrósio
escreveu então ao imperador proibindo-o de participar na Eucaristia: não me é possível (não me atrevo a) oferecer
o Sacrifício Divino na tua presença. E como cuidas tu que essa boca que ordenou
tamanho crime possa receber o Senhor na hóstia consagrada? Somente depois
de dois anos de penitência rigorosa e da confissão pública do seu pecado é que
Teodósio I foi readmitido à Mesa Eucarística.
Esta atitude de St. Ambrósio não
foi um capricho seu, não resultou de nenhum fundamentalismo, não foi o produto
de qualquer fanatismo ou intolerância, nada teve a ver com qualquer manipulação
política da Eucaristia, nem se tratou de uma descaridade divisiva da comunhão
da Igreja e dos católicos. Foi exactamente o contrário – um gesto de amor autêntico,
uma atitude em conformidade total com o Evangelho, uma salvaguarda da verdadeira
Comunhão da Igreja, um sinal instrumental da unidade do género humano, uma
consequência da Fé na Encarnação e na Redenção, uma evitação de um sacrilégio e
de um escândalo de vastas proporções. Do que se conclui que a atitude de St. Ambrósio
não é opcional, mas, pelo contrário, é um modelo exemplar a seguir por todos os
presbíteros e Bispos se querem ser fiéis ao múnus sagrado que lhes foi
conferido pelo Altíssimo.
A 7 de Julho do corrente ano, dia
da entrada solene do Senhor D. Manuel Clemente como Patriarca de Lisboa,
enquanto este se paramentava na sacristia, a nata do catolicismo do Patriarcado,
que enchia plenamente a vetusta Igreja da Santa Maria de Belém (os Jerónimos)
prorrompeu numa ovação estrondosa de palmas aquando da entrada do presidente da
república e ainda da do primeiro-ministro. O presidente Aníbal ao ter
promulgado a “lei” iníqua da liberalização do aborto é, indubitavelmente,
moralmente responsável da matança de cem mil pessoas nascituras – só é possível
negar esta evidência arrenegando da Lei Moral Natural, da Doutrina da Igreja e
da Revelação contida quer na Sagrada Tradição quer na Sagrada Escritura. O
primeiro-ministro Pedro, antes de ascender ao cargo, militou ferozmente pela
mesma matança; agora, como chefe do governo tudo faz para que ela se consolide
nas mentalidades e nos costumes cooperando para a sua efectivação através da
segurança social e do ministério da saúde.
Que a “elite” do catolicismo felicite
atroadoramente numa Igreja, feita Catedral, políticos tão desmedidamente
sanguinários, revela bem o grau de desenvagelização dos católicos daqui. Sinais
dos tempos. St. Ambrósio, rogai por nós.